Hinderman Brasileira

Autor(a): Oliver K.


Volume 1

Capítulo 22.2: Homem Lagarto

 Não para minha surpresa, o lugar era outro moquifo escondido, com aparência precária, cerrado com porta de ferro e sem janelas, que aparentava ser mais uma carcaça de loja recém-vendida. Eu tinha entrado em tantos estabelecimentos parecidos nos últimos dias.

 E pensar que aquele horror era em High Cheawuld Garden. O que o prefeito de Sproustown anda fazendo?

 Lá dentro, em meio a literalmente nada — Não tinha nada no interior do estabelecimento — estavam em rodinha: Sarah, Chapman, Ewalyn, Joey e o cabeludo que vi na sexta da semana retrasada, que fugiu de nós no evento dos Johnson: Eliott Solis. Ele estava menos parecido com um herói medieval de capa esvoaçante desta vez. Tinha o cabelo preso e vestia camisa e jeans.

  Ao ouvirem me aproximar, cessaram o assunto. Sarah foi a primeira a comentar:

 — Este é tenente Dotson, também do DCAE. Tenente Dotson, este é...

 — Solis, eu imagino.

 — Você chegou rápido. — Comentou Joey.

 — Eu já estava vindo para cá. Solis me indicou esse mesmo endereço por mensagem antes da explosão.

 Houve um instante de silêncio.

 — E então? Alguém vai me por a par do que está acontecendo aqui?

 — Para começar, tenente Dotson... Por que não conta para nós o que você estava fazendo durante as últimas duas horas?

 Cocei minha costeleta.

 — Ora essa? Vai colocar a culpa em mim agora? Muito bem... Eu assumo que devo ser sim culpado de alguma coisa, mas o que quer que seja foi provocado por uma ligação inoportuna. Então está feito. Vou satisfazer sua curiosidade primeiro, capitã:

 Esta manhã, Chapman irá confirmar, eu recebi um telefonema de ninguém menos que Sarah Harmon. O telefone era o mesmo e a voz era idêntica. Ela me ligou há cerca de duas horas e meia atrás, quando me concedeu as ordens para ir até a antiga sede da Dalilah para fazer uma apreensão disto aqui — estendi o convite de Cooper na direção dela — Adicionalmente esta Sarah que me ligou disse que ainda estava em Silverbay e comentou sobre um tal de Verde, que supostamente seria o culpado pelo caso da segunda passada. De acordo com o depoimento dos marginais apreendidos pelo departamento no outro dia, ele seria um suposto líder de tráfico de Deluxes que estaria trazendo uma entrega das drogas em caixas, e esse convite que você segura seria conteúdo de uma delas. Qual foi a minha surpresa quando você me ligou há uns minutos atrás demandando que eu retornasse. Deduzi que alguém imitou sua voz com algum tipo de finesse e armou uma cilada. A cilada provavelmente visava duas coisas: um, me afastar do local onde eu estava antes, isto é, literalmente na frente da valiosa fonte de informação Alexander Sprohic; e dois: me aproximar de Dalilah, onde supus que teriam armado algum estratagema.

 Não sei se cheguei a comentar, mas eu tomei este convite — entreguei para Sarah — das mãos do negro da sexta-feira, aquele que te derrubou com um pedaço de pau — fiz menção a Joey com a cabeça. Ele ficou desconsertado — Tal pedaço de pau era feito de silisolita, e isto e mais uma série de fatores me levam a levar que se tratava de um homem-lagarto. Como ele lutava para me manter no local mais do que para me deter, imaginei que poderiam ter colocado explosivos nas caixas de Deluxes, que era o que o pessoal do Howard estava mexendo.

 Depois disso eu desfiz a armadilha e vim embora. É só isso. Se importam se eu fumar aqui?

 Peguei um cigarro do meu bolso da camisa. Acendi. Sarah, com o convite em mãos, esticou-as e simplesmente rasgou o papel.

 Deixei o cigarro cair.

 — Sarah?

 — Esse convite é mais uma farsa, tenente Dotson.

 — “Mais” uma? Quer dizer que teve uma farsa antes? Então minha teoria estava certa! Você falsificou o último!

 Sarah me olhou com cara de sonsa.

 — Aquele que eu deixei o fim de semana retrasado na central? Sim, tenente Dotson era um falso.

 — Como? Como você pôde? E aposto que ter deixado Crane sozinha lá atribuindo folga para todo mundo era parte do seu plano também!?

 —  Henry... — Intermeou Ewalyn.

 Apontei para Sarah.

 — Ela usou Crane de isca para que pudesse atrair os criminosos que queriam pôr as mãos no convite.

 Todo mundo me olhava como se eu fosse inconveniente.

 — O que é!? Vão dizer que isso é aceitável?

 — Tenente Dotson. — Ela apontou para Solis — O convite que Solis deixou cair já era falso a princípio. Não fui eu quem fiz a cópia. Eu só fiz aquela cópia que entreguei em suas mãos, a que você decidiu usar em sua luta hoje.

 Virei-me para o jovem de cabelo comprido. Encontrava-se silencioso e com uma aura depressiva, fitando algo entre o chão e o grupo.

 — Está na hora de você começar a falar alguma coisa.

 Pela primeira vez ouvi a voz dele. Soava baixo e de maneira engolida. Era uma voz de garoto. Como um garoto em estado nervoso que está tentando encontrar as palavras corretas para se expressar diante de uma grande multidão. Solis pelo visto era bem mais novo do que aparentava.

 — Eu... Eu tenho que começar do começo. Mais precisamente há duas semanas atrás: eu não matei o casal de velhos. Eu nem conheço eles. Eu fui contratado por alguém que eu não conheço. Ele evitou contato, foi tudo feito por cartas escritas com recortes de revista.

 — Você chegou a... — Comecei.

 — Shh! — Fez Sarah. Deixei-o falar.

 — ...Ele me contou sobre aquele torneio ilegal torturador de seres paranormais na Arena e que o convite estava em algum lugar aqui na cidade. Ele que me deu o convite colocando-o na minha caixa de correio... Disse que tinha pegado escondido de um traficante. Ele me disse para dar um jeito de entregar o convite ao DCAE, para que eles pudessem tomar as devidas providências. Ele me disse que tinha arranjado um encontro com um supervisor da central em Little Quarry e para que eu fosse lá portando o convite. Todo o resto seria negociado diretamente com a polícia porque ele queria se manter anônimo. Deixou a tarefa comigo...

 ...Eu achei muito esquisito no começo. Por que ele não queria entregar o convite ele mesmo? Ainda assim... Não sei se é porque eu tenho tentado combater as três equipes de Deluxes nessa cidade já faz algum tempo, mas... Sabendo da existência daquele torneio, eu me senti impulsionado a ajudar.

 ...Eu acabei indo na quinta feira no endereço para então aprender que haviam matado duas pessoas lá dentro da casa. Eu rapidamente soube que se tratava de uma cilada então apaguei minhas pistas e saí para a minha casa. Estava tão nervoso que... Não consegui ligar para a polícia. Fiquei com medo que a polícia achasse que eu estava envolvido...

 ...No final eu me arrependi e voltei no dia seguinte. Não só para fazer a entrega como para contar o caso da armadilha. Contudo depois que vi vocês três e a outra detetive naquele dia eu fiquei com medo de novo e acabei me escondendo ao invés de tentar me explicar. ..

 ...Quando o senhor e os outros detetives vieram atrás de mim eu tive a ideia de atrair vocês com meu ductu para aí deixar o papel cair, pois pelo menos a polícia ficaria sabendo do torneio, mas isso acabou dificultando ainda mais defender a minha história... Agora tinha certeza que vocês achavam que eu estava envolvido com o tráfico...

 ...Mas eu sou paranormal... Eu consigo me esconder perfeitamente. O que importa é que vocês estavam investigando o caso. Então assim eu fiz, esperando que quando as coisas começassem a se acertar eu poderia voltar à minha vida normal e continuar minha saga contra o tráfico, talvez com a ajuda da polícia...

 ...Foi quando descobri sobre a morte de Sanford que eu acabei ponderando sobre a ideia de fazer aparição e contar minha história. Usando dos meus conhecimentos eu acabei sabendo que paralelamente ao assassinato de Sanford, o traficante enrustido, a polícia também havia tentado defender sem sucesso Alexander Sprohic, irmão de Jeffrey Sprohic, que tinha sido condenado por caso de assassinato similar ao do traficante Sanford. Somei dois com dois e concluí que Jeffrey devia ter caído em cilada armada pelo tráfico, e o irmão provavelmente saberia me dizer quem estava armando a cilada. Então antes de aparecer para a polícia eu passei a tentar encontrar Alexander Sprohic, usando minhas habilidades...

 ...Fazendo uma inspeção cuidadosa a partir do local onde fiquei sabendo que Sprohic tinha sido sequestrado, naquela casa de madeira em East Elmsley, acabei achando o lugar onde ele se encontrava. Fiquei surpreso que ele estava dentro de uma geladeira em um compartimento secreto de um hotel. Não havia ninguém dentro do hotel. Quem quer que seja que tivesse colocado seu corpo dentro do freezer estava fora do local no momento. Eu então o retirei de lá e o levei para uma das lojas abandonadas do centro. Foi aí que eu entrei em contato com o DCAE. Eu queria que Sprohic pudesse confirmar minha história, sendo que ele provavelmente sabia sobre pelo menos um dos ataques violentos parecidos com mordidas que tinham ocorrido nas últimas semanas...

 O garoto parou para tomar um fôlego. Eu aproveitei para acender outro cigarro. Ele finalizou:

 — E foi aí que eu recebi um telefonema de uma voz censurada dizendo que tinham sequestrado uma pessoa próxima de mim, me dizendo para aparecer no local. Eu fiquei com raiva... Sabia que não era coincidência temporal. Eles estavam planejando sabotar o encontro entre eu, a polícia e Sprohic, mas eu não tive escolha senão ir até o local combinado. Achei que fosse se tratar de uma armadilha, mas não... Tinha sido apenas um trote. E então eu fiquei sabendo que o mesmo tinha acontecido com o senhor, quando eu retornei para cá.

 — E essa é a sua versão da história... — Traguei — É um baita conto. O que você acha? — Perguntei à Sarah.

 Sarah fez uma pequena pigarra e então começou:

 — Tem vários pontos a serem considerados na versão de Solis. Supondo que tudo o que ele disse seja verdade, e iremos considerar a alternativa quando ele não estiver presente, por respeito — Sarah dirigiu um olhar ao garoto de cabelos compridos — gostaria de começar apontando o seguinte: você mencionou que estava combatendo o tráfico de Deluxes em Sproustown de um modo indie, desapegada da polícia e de qualquer outra organização investigativa. Chegou a comentar também na existência de três equipes distribuidoras da droga. Eu posso apontar que foi o que fiquei sabendo de Phillip em Silverbay, após ter analisado o relato de Jeffrey Sprohic após sua captura no dia posterior ao assalto à joalheria. Phillip me disse que conhecem as alcunhas dos três grandes distribuidores: Dragão, Wilkinson e Verde.

 Ela pronunciou Verde pausadamente enquanto olhava para mim. Esse tinha sido o nome que escutei no telefone. Ela continuou:

 — A informação passada por Phillip é confiável. E temos indícios de que todos os três estejam envolvidos com contrato de mercenários e assassinos de aluguel de natureza paranormal.

 Joey soltou um assovio:

 — Não um, mas três grupos usando paranormais em Sproustown? Vai virar uma guerra civil!

 — Eu achei que vocês já soubessem dos nomes dos traficantes... — Declarou Solis expressando leve indignação.

 — Nossa divisão em geral deixa as questões do tráfico para o departamento de drogas. — Respondi ao deixar a bituca de meu cigarro no chão — confesso que o nome “Dragão” não me é estranho. Devo ter ouvido o pessoal do Howard falar a respeito a algum tempo atrás, mas não imaginei que fosse alguém envolvido com atividade paranormal. Assumi que fosse só mais um traficante de esquina da meia noite.

 Sarah retomou:

 — E quanto à sua declaração... De que estava combatendo de modo veemente as práticas dos três grupos mencionados... Pode dar mais explicações a respeito?

 — Como eu disse: eu já venho acompanhando Dragão, Verde e Wilkinson há algum tempo. Nunca cheguei à fonte realmente. Usando minhas habilidades eu acompanho parte das atividades dos departamentos — ele passeou o olho por nós com expressão levemente culposa — todos eles: homicídio, latrocínio, drogas... o DCAE... E coleto informações que podem me ajudar a levar aos três chefões, mas é muito difícil. Nenhum departamento conseguiu chegar até eles. As investigações sempre acabam quando chegam a algum subordinado do calibre de Sprohic.

 — E nunca pensou em se aliar à polícia? Dividir suas informações? Ampliar o alcance da investigação trabalhando em conjunto como bom cidadão? — Perguntou Sarah.

 Solis fez cara feia.

 — A senhora deve entender... Tenho motivos para desconfiar da participação da polícia, ou pelo menos de alguns departamentos, com o tráfico de drogas. Inclusive o policial Jim Sanford, como eu já disse...

 — Sim. Você chegou a afirmar que ele era criminoso. Um “traficante enrustido” foi sua seleção de adjetivo. Esse é outro ponto.

 — E ele era! Ele facilitava a entrada dos lotes de balas no porto! Ele que era da fiscalização!

 Eu apenas observava a expressão dos integrantes da roda. Ewalyn, Joey, até mesmo o Mark... Apenas se entreolhavam curiosamente, esperando reação dos demais.

 — Teremos que analisar isso com mais cuidado. — Cortou Sarah — E sobre seu medo de repartir informação com a polícia?

 — É por causa do seguinte: toda vez que ocorre algum crime, seja roubo de joalheria, assassinato... Alguma coisa a ver com drogas... Que tenha a ver com paranormais, o caso é passado para o departamento de vocês. E então o crime muda de tipo e acaba virando crime de paranormal. Mas aí o departamento de vocês se empenha e acha um culpado, como aconteceu com Jeffrey Sprohic, e para por aí. Mas vocês não se dão conta que pode ter mais coisa por trás. O crime do roubo de joalheria não acabou com Jeffrey Sprohic! Pelo contrário! Esse foi o começo!

 Houve um momento de silêncio na roda.

 — Bem... Com este grau de envolvimento direto com os casos em aberto das últimas semanas, você entende, cidadão Solis, que terá que ser trazido para a delegacia do DCAE para... Troca de informações. Detetive Meyers... Detetive Chapman: por favor encaminhem Solis à viatura. A primeira coisa que precisamos é sair deste lugar. — Sarah olhou à sua volta.

 Solis não resistiu à sugestão. E assim aquela parte da conversa acabou ali. A roda dispersou e cada qual começou a procurar seu lugar nas viaturas.

 — Henry... Você está bem? — Perguntou Ewalyn se aproximando de mim. Fiquei preocupada...

 — O que é isso? Foi apenas uma tentativa de homicídio coletivo provocada por uma organização terrorista.

 — Não é engraçado.

 Começamos a caminhar na direção do Guerra azul, o carro no qual eu tinha vindo.

 Comecei a cutucar o meu bolso. Ewalyn segurou meu braço de leve.

 — Você não disse que não era bom fumar tanto assim?

 — Ha! Você vai começar a me fiscalizar agora? Entre. — Fiz menção ao abrir a porta do carro.

 Os demais ainda estavam no interior do prédio, havendo se separado em pequenos grupos e iniciando conversa paralela, assim como nós dois.

 — E você? Tudo bem?

 Ewalyn suspirou. Entrou no banco do passageiro da frente, e eu dei a volta e entrei no do motorista em seguida.

 — Você sabe... Estamos naquela correria. Você não ficou sabendo... Mas enquanto você lidava com o bandido da sexta-feira aconteceram algumas coisas por aqui.

 — É uma coisa que eu precisava perguntar. Eu imagino que tenha a ver com Sprohic, hã? Não o vi deitado e nem a equipe médica, então imagino que tenha uma notícia ruim.

 — Enquanto esperava a equipe médica Chapman recebeu um telefonema... De “Sarah”. Teve que deixar Sprohic sozinho por um minuto...

 Ewalyn me fitava, encostado no banco, o qual encontrava-se inclinado o máximo para trás.

 — Merda.

 — Não é?

 A mesma “Sarah” que tinha me contatado me ordenando a dirigir-me para o prédio da Dalilah. Não seríamos enganados tão facilmente por um software imitador de voz. Era uma finesse alienígena, evidentemente. E uma finesse muito chata de se lidar.

 — Essa situação toda pede um cigarro.

 Ewalyn estendeu sua mão.

 — Se for para se matar, que o façamos juntos.

 Ambos acendemos cada um um Tar Light.

 — Você sabe... Você tem que parar com isso.

 — E você também.

 O gosto leve de cereja do Tar vermelho era tudo que minha garganta precisava após aquela sequência traumática de eventos.

 — Quem será que está fazendo essas ligações hein, Ewalyn? Como conseguiram o nosso número?

 Ewalyn olhou para fora ligeiramente, então apertou para fechar a janela.

 — Você disse que quem entrou em contato com você mencionou o Verde no telefone, certo?

 Ela baixou o tom da voz.

 — A gente não exatamente sabia sobre esse Verde até ouvir da boca do Pierre e do Bad Boy. Então seja quem for que ligou... É alguém que sabia que a gente sabia. Alguém que estava por dentro das atividades do DCAE nos últimos dias.

 — O que quer dizer... Ou é alguém de dentro do DCAE, alguém que está trabalhando com o tráfico... Ou existe um especialista em finesse que monitora nossos movimentos. É... Eu já tinha pensado nisso. Mas essas possibilidades infelizmente não nos trazem à luz grandes conclusões.

 — Trazem sim, detetive.

 — Detetive?

 Ewalyn chegou mais perto e encostou-se no meu ombro.

 — Está há tanto tempo no cargo de tenente que esqueceu como atuar como detetive, Henry?

 — Você... Quer me dizer alguma coisa?

 — Veja só: seja lá quem for que ligou para você e para o Chapman: ligado ao DCAE ou não, está informado quanto ao que o DCAE está fazendo, pelo menos até certo ponto, correto?

 — ...

 — Então o fato de ele ter mencionado Verde corriqueiramente indica que ele deve achar que o DCAE estava informado de que era o grupo criminoso subordinado ao Verde quem estava ligado com os acontecimentos dos últimos dias.

 — O que significa que provavelmente o culpado é o Verde?

 — Exato! E não só isso: o fato de o nome ter sido solto corriqueiramente indica que já devíamos saber que era com o Verde que lidávamos a partir de alguma informação que nos foi passada anteriormente, a qual aquele que monitora nossas atividades ficou sabendo seja como for. E fomos nós que não conseguimos inferir essa informação a partir dos acontecimentos.

 — Alguma informação passada em um detalhe pequeno que passou despercebido?

 — Isso. E quem teria se dado conta de informação passado em detalhe de pequena importância? Quem teria percebido antes de nós mesmos que poderíamos inferir algo que não inferimos?

 — Aquele próprio que está nos monitorando!

 — Exato! Esse pequeno deslize de língua pelo telefone não só indica que o culpado pelos crimes das últimas semanas é o Verde, como também dedura que o próprio está monitorando as atividades do DCAE de alguma maneira.

 Verde desgraçado! Como será que ele está fazendo isso? Será um agente infiltrado? Será o Chapman? Não. Impossível... Os acontecimentos daquela manhã deixavam claro que Chapman poderia ter dado cabo na investigação acerca de Sprohic no momento que bem entendesse. E também poderia ter dado cabo de mim, que fui encontrá-lo sozinho em North Avenue se fosse o caso. Então poderia ser... Richard Galloway? Falando nisso: será que Joey teria terminado de revistar aquele restaurante que Galloway tinha mencionado, em Helmsley?

 — Uau, Ewalyn. Isso é bastante coisa...

 — Viu? Às vezes você tem que deixar o trabalho com os detetives...

“Toc toc toc”

 Joey bateu na porta da viatura.

 Ewalyn se desencostou de mim e retornou a seu lugar em seu banco. Eu apertei para abrir a porta.

 — Tenente? Se importa se eu for com vocês? Sarah vai com Chapman e o pessoal.

 — Você também vai voltar para a central?

 — Tenho né. Eu já acabei a minha tarefa em Helmsley... — Ele respondeu pausadamente olhando para Ewalyn enquanto segurava na parte superior do carro pelo lado de fora — e Sarah pediu para que todos voltássemos para lá.

 — Sarah?

 — Sim... Do nada parece que ela teve uma revelação e estava empolgada para partilhar uma ideia.

 Ewalyn sorriu.

 — Pelo jeito ela tem algo em mente.



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