Hant! Os Piores Brasileira

Autor(a): Pedro Suzuki


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 48: Grupo dos bardos viajantes

— Uma tragédia!? Em um circo? Que ousado — comentei com o Khajilamiv, enquanto aplaudia de pé.

“Ouvi que muitas histórias clássicas, adaptadas pelos estúdios de animação modernos foram consideravelmente censurados para servir ao público infantil da minha geração”, talvez mostrar conteúdos mais pesados seja uma prática que acontecia na Terra, mas em um passado além do meu nascimento.

— É uma história relativamente famosa.

— Aconteceu realmente ou é apenas ficção?

— É uma dramatização baseada nos rumores espalhados pelo governo, para esconderem o vexame que foi a derrota das ilhas centrais. Na história real, todos morreram e apenas o herói sobreviveu, mas eles nem chegaram perto do portão do palácio. Assassinos do rei dos mares foram enviados e todos seus companheiros foram feridos gravemente ou mortos antes de iniciarem sua aventura.

Então aqui também houve uma censura.

— Já viu essa peça antes? — perguntei.

— Que eu saiba, essa é a primeira vez que qualquer um tentou adaptar essa história nesse formato. O livro que criou essa dramatização já foi publicado faz um tempo, mas também não cheguei a ler.

— Nunca foi feito por ser recente ou difícil?

— Um pouco dos dois.

Saindo da barraca, encontramos uma cena desagradável.

— Seu inútil! Como pôde entregar todos os prêmios de uma vez? — gritou o supervisor dos supervisores das barraquinhas, pisando nas costas dos responsáveis pelos jogos.

— Eles eram nobres... O que poderia fazer?

Me virei para conversar com o Khajilamiv, mas ele já marchava em direção ao conflito, tentando se meter onde não devia.

Corri até ele e o segurei em seu ombro, dizendo:

— Já não estamos com problemas o suficiente? Se está se sentindo culpado, podemos voltar aqui e resolver depois de lidarmos com os assassinos.

— Eu não estou irritado, nem agindo apenas por impulso! Somente vi uma oportunidade de receber um pequeno mérito e chegar mais próximo do meu sonho de encontrar com o Gamaliel!

— Que desculpa esfarrapada... Das últimas vezes até fazia sentido, visto que eram problemas maiores, mas quem vai premiar uma ação tão pequena? E subjetiva ainda por cima. Tudo que vai conseguir se metendo nisso, é um processo do circo.

— Admito que é um caso menos louvável que os anteriores, porém ainda conta para o segundo tipo de condecoração: honra por méritos acumulados. Se eu continuar conseguindo esses pequenos casos, eventualmente posso até receber uma medalha digna de ir até a capital e consequentemente, conhecer o Gamaliel. Pura lógica.

— Admita que a peça te deixou com as emoções instáveis, tome um pouco de ar e reflita antes de agir precipitadamente.

— Já pensei o bastante, preciso parar com essa injustiça — se livrando da minha mão e acelerando até a cena, ele gritou: — Pare já com isso!

— Quem é que... Oh, um caro cliente nobre. Me perdoe por essa visão desagradável, mas é que esse povo deve ser sempre mantido em cheque, senão fazem igual aquele genocida do ducado das minas de cristal. Por favor, espere um pouco e já reabrirei as tendinhas de jogos.

Um compatriota do Saturno?

— Desconhece que a escravidão foi abolida? Por que maltrata e desmerece os habitantes das montanhas?

— Escravidão? Oh não, está entendendo errado, muito errado. Agi com um pouco mais de... Intensidade, mas nada que ultrapassasse as leis do Ducado. Esses mesmos, recebem um bom pagamento, sempre em dia. Não estou certo? — E mandou um olhar ameaçador para o chão.

—Sim, sim... Ele está certo.

— Não precisam se acovardar! Só um pedido de... — Tapei a boca do Khajilamiv e comecei a recuar.

— Se eles mesmos disseram, então é isso. Me desculpe por interromper seu trabalho. — Então cochichei: — Quer ser pego por difamação?

— Mas só disse a verdade — respondeu Khajilamiv.

— Apesar de tudo, ainda é uma criança. Não levei insulto nenhum, fique tranquilo — disse o supervisor.

— Está com medo da multa pífia por esse crime? — perguntou Khajilamiv, assim que nos afastamos das barraquinhas.

— Não subestime o poder da mídia. Se irritar o circo demais, eles podem retaliar, espalhando e elevando esse pequeno caso por meio dos jornais, até um nível problemático. A queda dos nobres se inicia com a queda da impressão pública!

— De onde tirou essa frase? E como sabe que eles têm conexões com os jornalistas?

— Me lembro de ver a logo deles em diversas propagandas em jornais e revistas de todo tipo. Eles podem ameaçar cortar o patrocínio contra aqueles que se recusarem a cobrir essa matéria.

— Primeiro, que o Grão-Duque nunca permitiria isso e os jornalistas sabem muito bem disso. E segundo, os anúncios que você deve ter visto eram da escola de artes marciais do circo Formosa ou de uma tenda fixa de alto ranque. Eles só enviam os recém formados para essas viagens por todo continente.

— E se o dono tiver um tio que trabalha em um circo importante?

— No que isso afetaria o resultado?

No meio da discussão, cheguei à conclusão de que era eu que havia me esquecido que dentro desse território os Fortuna são onipotentes.

Mas sem querer admitir que havia interferido sem necessidade, comecei a inventar qualquer motivo para ter medo desse circo.

— Que estranho.

— O que?

— Um circo ter uma escola de artes marciais.

— Formosa é uma das escolas de artes marciais mais proeminentes. O que há de estranho? Eles usam a cultivação de mana com foco em ilusões físicas, mobilidade e reflexão, todos aspectos que podem ser utilizados em performances de circo. Os truques do artefato do Rafun vieram de um ramo deles... Espera, você está tentando me distrair?

— Com licença! Me concederiam um minuto de suas atenções? — disse um garoto, vestido de bobo da corte.

— Estamos acabando com o clima? Desculpe, discutiremos mais baixo — disse, assumindo que era um palhaço fazendo estágio.

— Não é isso... Por favor, é importante! — seu tom parecia bastante sincero, então decidimos escutá-lo. — Já tentei avisar os guardas locais, mas nenhum me leva a sério... Por favor, impeçam a próxima seção da peça a todo custo!

“Talvez mudar seu visual resulte em uma mudança imediata...”

— Por que devemos fazer isso? — perguntei.

— Porque eles estão planejando algo de ruim!

— Uma pegadinha? Tipo naqueles parques aquáticos onde as orcas jogam água na plateia? Realmente, um resfriado seria problemático para os espectadores. Para congelar tão fácil, a água deve estar bem fria.

— É sério!

— Espera, eu me lembro de você... Se apresenta no bar do outro lado do rio, não é?

— Isso mesmo.

— Fala com tanta tranquilidade em cima do palco, mas tem problemas em falar casualmente... Deve ser difícil. Se nossa agenda permitir, certamente apareceremos no seu show. — No segundo palpite, presumi que esse era o truque de marketing para atrair tantas pessoas para sua apresentação.

Fazendo as pessoas se sentirem mau por ele, então convidando para apoiar depois. Apelar para o emocional é uma tática boa.

— É mesmo?! Quero dizer... Se quiserem ver o meu show de comédia, ficaria muito feliz, mas por favor, me ajudem!

Talvez se encontrasse com ele antes, o levaria mais a sério, porém, já levei no mínimo uns três calotes desde que pisei nesse viscondado.

— Tem alguma prova? — perguntou Khajilamiv.

— Claro que tenho!

— Pode mostrar?

— Entreguei para alguns amigos... E-eu até pedi reforços para uma banda que toca na abertura dos meus shows. Eles têm experiência lutando nos baronatos do leste, mas só chegam a partir do pôr do Sol, quando terminarem os preparativos de outro evento que vai acontecer daqui a alguns dias em uma cidade distante... Até lá vai ser tarde demais!

— Seja mais específico, qual a ameaça?

— Não posso dizer... Precisam concordar primeiro.

Essa última frase me convenceu completamente de que isso era algum tipo de golpe de turista, então recusamos educadamente.

— Uma banda como reforços... A batalha é musical? Essa é boa...

Tristan Ebenhardt

“A técnica secreta da escola de artes marciais Formosa, se baseia em três fundamentos: ilusões físicas, mobilidade e reflexão.

Que mentira descarada.”

— Estão prontos?

Com o alvo a vista: uma caravana protegida por quarenta pessoas, o grupo dos bardos viajantes Sordom, composto por apenas quatro, saltou e pousou, se colocando em frente ao estreito caminho que eles precisavam seguir.

— O tempo está escasso, eliminem eles — ordenou o comandante de defesa.

Um dos guardas desceu de seu cavalo, sacou sua espada, começou a avançar diante dos quatro e desferiu um ataque amplo, de aviso.

Em resposta, os quatro se dispersaram e gritos começaram a ecoar de todos os lados.

Quando o guarda se virou para olhar para trás, ele caiu no chão, inconsciente.

— Se juntem! — gritou o comandante. — Cerquem o lanceiro! Primeira formação.

Assim como ordenado, um círculo de altos escudos rapidamente encurralou o lanceiro e com facilidade, jogou sua arma para longe.

— Finalizem ele!

Todos saltaram como cães famintos, arremessando adagas, pisando e esmagando com seus escudos.

O lanceiro, porém, fechou seus olhos e levantou um de seus braços.

— Está pedindo ajuda?

— Mas para onde foram os outros?

— Devem ter fugido! Hahaha!

Um sutil som de estática pode ser ouvido por aqueles mais atentos, antes que a lança desaparecesse dos braços de um dos guardas e caísse do céu, criando um estrondo que os espalhou para longe.

Antes mesmo de sentirem o impacto da batida, todos sentiram um corte, simultaneamente, criando um coral de gritos desesperados.

Dezenas de raios se espalharam e se materializaram em novas lanças, perfurando a todos, incapacitando alguns e matando cinco.

— Droga! — Mas apesar dessa vantagem colossal, logo de início, o lanceiro, intacto, socou o chão, frustrado. — Ele nunca erraria um ataque tão básico... A distância é tanta assim?

Tristan Ebenhardt, o vocalista da banda: um homem alto, de expressão assustadora, atlético elevado ao nível perfeito. Por causa dos cortes, sua roupa de couro se rasgou, revelando sua enorme tatuagem de dragão. Com um cabelo raspado e vermelho, decorado pelo símbolo de um trovão; olhos castanhos avermelhados e piercings na orelha.

O centro, quem todos buscam por aconselhamento, criador da banda.

— Desgraçado! — Vendo o enorme dano sofrido, o comandante avançou pessoalmente, usando suas melhores técnicas.

Tristan perfurou seu peito, mas a lança passou direto, permitindo um golpe direto no rosto, menos efetivo que esperava.

Percebendo que falhou, saltou para trás imediatamente, com sua velocidade, atributo que mais confiava.

— Fingir e enganar... Descobri! — Após anunciar sua descoberta ao mundo, Tristan complementou: — Essa era a essência que faltava!

O comandante tremeu por ouvir essas duas simples e tão ordinárias palavras.

— Maldito! Quem te revelou o segredo de Formosa! — gritou com todas as suas forças. — Há um espião entre nós!? Quem é?

Fingir e enganar.

Esses são os dois princípios da escola de artes marciais do circo Formosa.

Princípio tão enganador, que até os fundamentos conhecidos e disponibilizados ao público são, na verdade, uma mentira. 

Uma série de técnicas compradas de outras escolas, adaptadas para se parecerem com as técnicas de Formosa, um disfarce para confundir seus oponentes 

Caso essa verdade fosse revelada ao mundo, as consequências seriam terríveis e as punições inimagináveis.

“Se isso chegar ao imperador, qual serão as consequências? Eu devo matar ele aqui mesmo, custe o que custar”, pensou o comandante.

— Venha! Me mostre mais! — gritou Tristan.

— Vai se arrepender de ter pedido isso! — E o comandante quebrou seu artefato, criando milhares de ilusões e alterando a percepção espacial do lanceiro.

Um artefato de primeira categoria, que requeria o sacrifício de cem humanos por uso de sua habilidade característica, um artefato demoníaco entregue como presente de graduação, pelo seu mestre.

— Está acabado, rastreie os outros — disse o comandante, vendo que Tristan parou de se mover e suas pupilas se tornaram vazias.

Mas prestes a perfurar seu coração, uma mulher surgiu e sorrindo, aconselhou:

— Peça para sua amiguinha usar logo o que ela está escondendo.

— Uma maga? — A lâmina do comandante se retorceu e se tornou inutilizável, como uma bola de metal. — Anule ela logo!

— Estou tentando... Mas meus feitiços estão sendo anulados, descubra qual caminho ela segue!

— Borboleta! — revelou em uma arrogância incrível, se colocando em desvantagem.

Uma bolha de água começou a se formar e crescer, então um jato avançou na direção da maga da banda.

Mas como se atingisse uma parede invisível, toda gota agiu da mesma forma, caindo em uma linha reta e se dispersando.

— Já descansou o suficiente? — perguntou ela.

— Desculpe, fui pego desprevenido.

Enquanto conversavam, o comandante tentou um chute, mas passando da linha invisível, sua perna foi jogada ao chão e esmagada como uma panqueca.

Gritando de dor, xingou a maga.

Aika, a guitarrista da banda: baixa e sem músculos enormes, em um físico oposto ao vocalista, possuía olhos amarelos brilhantes, com olheiras profundas, cabelos castanhos escuros de altura média, com franja; roupas que escondem a maior parte do corpo e uma boina.

— Já chega. — Um tatu bola repousava em seu ombro, responsável pela magia de gravidade.

— Eles deixaram o mais fraco deles desprotegido! Vão e o use de refém! — ordenou o comandante, em uma medida desesperada.

Cinco homens partiram para cima do homem de idade avançada, mas nenhum deles acertou seus ataques.

Sem truques chamativos, ele usou a força dos guardas contra eles mesmos, em uma execução impecável. Finalizando seus oponentes com um corte elegante e mínimo, com ajuda de uma agulha fina.

Mas em um deslise, permitiu que um deles puxasse seu capuz e revelasse sua aparência.

— M-marcado! Se afastem, não toquem nele!

Konstantin, o percussionista da banda: demônio de uma marca, altura média, cabelos brancos, repartidos em dois, barba branca com um bigode levemente maior, uma chamativa cicatriz de queimadura no olho, não mais chamativas que suas orelhas pontudas e chifres, normalmente ocultos por um chapéu cilíndrico de pelo, ou por um capuz, em missões oficiais. Sempre com roupas pesadas de inverno, independente do clima, para esconder suas características demoníacas.

Seu elemento mais icônico, porém, se mantinha oculto: sua marca nas costas da mão, horizontal, vermelho como carne viva, era coberto por uma faixa branca.

— Estamos condenados, todos eles são monstros nojentos que vivem entre marcados! Fujam! Levem o orbe em segurança, eu os atrasarei!

— Olhe a boca. — E Tristan fez um corte limpo no seu pescoço, o matando. — Busque os que restaram.

— É para já!

Pensando que havia fugido, um dos guardas colocou a sua mão no bolso, para usar um artefato de comunicação, mas não conseguiu encontrar de jeito nenhum.

Retraindo seu braço, ele percebeu que sua mão havia caído.

— Como? Onde está?! Lute como homem!

— Obrigado pela proposta, mas vou recusar.

Codinome Kappa, o especialista em instrumentos complementares: alto e magro, coberto por cicatrizes de corte, mas com rosto limpo, possuía uma barba rala e cabelos lisos escuros, médios e soltos, desarrumado; um olhar de desprezo pelos guardas, roupas leves, porém com pedaços de armadura, óculos escuros e uma espada fina, desproporcionalmente longa, totalmente imprópria para o assassino que era.

Buscou com facilidade, todos que tentaram fugir.

Quatro contra quarenta, assim eles venceram essa luta teoricamente difícil.

— Quem revelou nossa localização, quem é o traidor!? — perguntou o último deles, deixado vivo para interrogação.

— Esses bananas ficaram se acusando o tempo todo e nem perceberam a escuta que nosso amigo colocou... — disse Aika.

— Falando nele, que desculpa vamos dar por nosso atraso, agora que sabemos a localização da segunda caravana?

— O Robin é inteligente, ele arranja alguém para lidar com isso — disse Tristan.

— Estou com um mau pressentimento — disse Konstantin.

— Você sempre está — respondeu Kappa.

(Tristan Ebenhardt)

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