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Capítulo 50: A Batalha pelo Selo do Sábio (5)
[Ele parece estar passando por dificuldades.]
O vento soprava. O vento natural que passava pela floresta sempre era agradável, mas o que acariciava a bochecha de Yennekar não vinha da natureza.
Era o espírito do vento de alta patente, Merilda.
Seu pelo acinzentado, que esvoaçava agradavelmente ao vento, parecia mais leve do que realmente era, por conta de seu tamanho.
Merilda sussurrou para Yennekar, que estava encostada na árvore guardiã.
[Yennekar, você já sabe que o currículo da escola não é nada fácil, certo? Mesmo para uma aluna exemplar como você, ainda é tudo muito corrido. Mas como ele também está cuidando do acampamento, deve ter chegado ao limite.]
— Então você também pensa o mesmo, Merilda.
Ela definitivamente tinha uma atitude bem diferente da que mostrava quando lidava com Takan.
Abraçando os joelhos e engolindo em seco, ela ouvia atentamente as palavras de sua amiga próxima.
[Mas essa ainda é uma chance, Yennekar. Nem mesmo aquela raposa vai conseguir vir ao acampamento, já que está ocupada com negociações e tudo mais. Você precisa aproveitar esse momento.]
— É, é…
[Humanos se apaixonam mais facilmente quando estão sob pressão. Não se sinta culpada. Aproveite essa crise o máximo que puder. Tudo bem agir um pouco de forma astuta ou gananciosa, você precisa fazer com que ele se apaixone por você logo. Você vai precisar controlar a situação.]
— Você pode explicar isso com mais detalhes?
[Hm…]
Apesar da aparência, a voz e o comportamento de Merilda eram bastante delicados e modestos. Embora… não se pudesse dizer o mesmo de seus pensamentos.
[Quer você queira ou não, precisa agir um pouco como uma raposa para fisgá-lo, Yennekar. Nesse ponto, aquela raposa tem certa esperteza. Você precisa aprender o que puder com ela.]
Merilda sentou-se com as pernas dobradas e a cabeça erguida. Então, pigarreou.
[Por exemplo, a sua roupa.]
Yennekar ficou completamente chocada ao perceber que os conselhos amorosos de Merilda eram, de fato, valiosos.
Como tinha pensado em cozinhar algumas coisas na fogueira, estava secretamente pegando vários ingredientes da cafeteria da escola. Normalmente, isso não seria permitido. Felizmente, Bell, que compreendia a situação, ignorou a infração.
Como ia cozinhar, seu traje era bastante simples. Ela arregaçou as mangas da blusa, já lavada diversas vezes. Também usava um xale amarrado na cintura, por cima da saia azul-marinho. Era algo que costumava vestir na fazenda de sua cidade natal.
Ela se lembrou do vestido glamoroso e cheio de babados que Lortel usara antes. Ela havia deixado os cabelos castanhos-avermelhados, normalmente presos de lado, soltos, e usava uma tiara com uma grande rosa azul e um acessório âmbar… Era tão bonita que qualquer um ficaria sem palavras.
Comparando aquilo com sua aparência atual… Yennekar estava mais para uma camponesa vibrante do que para alguém atraente. Havia uma grande diferença entre essa imagem e seu uniforme escolar habitual, arrumado e fofo.
[Nota 100, Yennekar. Você se tornou uma raposa.]
— Hm?
Aquela que se autodenomina um gênio dos conselhos amorosos (Sem experiência prática em relacionamentos) fez um comentário favorável.
— Eu não estou meio feinha agora?
[Yennekar, você também é bem astuta. Tem seu próprio charme. Essa sua vitalidade arrebatadora, que difere da sua energia alegre de sempre, essa diferença… Homens são obcecados por isso. Essa aparência de quem finge não ser esperta, essa sutileza é maravilhosa.]
— S-Sério…?
[Vamos tentar arregaçar mais as mangas e prender o cabelo. Tente passar a imagem de uma esposa que permanece ao lado do marido mesmo nos momentos difíceis. Isso é ótimo.]
— Ah, é mesmo! Tenho que ser pelo menos astuta assim!
Vendo Yennekar arregaçando as mangas, agindo como se aquele fosse seu plano desde o início, Merilda suspirou por dentro. Yennekar parecia achar que estava sendo extremamente esperta.
Teria sido bom se Lortel tivesse pressionado um pouco mais, para que ela fosse um pouco mais gananciosa, mas ao menos ela estava sorrindo de novo. Era mesmo como uma folha de papel em branco.
Como ela conseguiria namorar alguém desse jeito?
Ia acabar com o coração partido, jogada de lado, depois de seguir os conselhos de um romance de terceira categoria.
Merilda era muito interessada nas várias culturas que os humanos haviam criado.
Às vezes, tentava avaliar obras de arte que os próprios humanos olhavam com dúvida. Outras vezes, usava sua mágica de transformação, ainda inexperiente, para virar humana e pegar livros emprestados na biblioteca.
Merilda se lembrava dos romances de terceira que lia de vez em quando. Yennekar parecia ter as mesmas características da garota que acabava com o coração partido no livro.
Uma jovem que apertava um lenço com força, chamando o nome do seu amado que não estava mais com ela. Com essa cena e aquele clichê clássico constantemente vindo à mente, Merilda não conseguia deixar de se preocupar com Yennekar.
Ela não queria que a amiga copiasse um método ultrapassado, como o daquela garota mercadora que fazia jogo duro.
Ainda assim, se quisesse seduzi-lo, precisava ao menos saber como fazer com que ele sentisse sua falta.
[De qualquer forma, você vai vê-lo mais tarde hoje, né? Se desperdiçar essa oportunidade de ouro, mesmo que os deuses te perdoem, eu não vou. Você tem que avançar em alguma coisa hoje. Entendido?]
— Q-Quê? Avançar…?
[Deixa pra lá. Só me diga agora. O que você ia fazer hoje no acampamento, ajudando ele? Como você pretendia diminuir a distância entre vocês dois?]
— E-Eu… Isso…
Yennekar abaixou a cabeça, desviando o olhar, e falou como se estivesse envergonhada.
— N-Não ia. Não tava planejando fazer isso.
[Aaaaaaaaaaaaaaaaaaahk!]
Quase pegando fogo, Merilda começou a interrogar Yennekar com intensidade.
[Isso faz sentido?! Com uma oportunidade dessas! Você acha que vai ter outro momento em que alguém como ele vai estar tão fragilizado assim?! Olha só o quanto ele tem crescido! Tá num ritmo absurdo! Uma chance como essa não aparece fácil! Não tem jeito melhor de conquistar alguém do que estar ao lado dele numa crise! Você tem que ser a pessoa que vai apoiá-lo nesse momento difícil! Mesmo que pareça um pouco gananciosa! Ou manipuladora!]
— B-Bom, isso é verdade. Então… Eu não tava planejando fazer nada…
[HÃ?! O que isso quer dizer?!]
— Não, é que… Eu só… Só acho que…
Depois de ouvir a explicação seguinte de Yennekar, Merilda ficou completamente sem palavras de tanto choque.
Depois de um momento refletindo… Começou a pensar que aquilo era bem típico de Yennekar.
Merilda assentiu com a cabeça ao pensar nisso. Talvez isso também pudesse ser usado como uma forma de ataque.
[Muito bem. É bem a sua cara, Yennekar.]
Ao ouvir isso, Yennekar afundou o rosto nas pernas, tomada pela vergonha.
— Seu apelido de “Filha Dourada” logo vai virar coisa do passado quando a demissão de Elte se tornar oficial.
Lortel não fazia ideia de que Krepin Rothstaylor iria até a sala de reuniões da filial da Elte Company em Silvenia.
A atitude dele foi tão inesperada que Lortel precisou se preparar rapidamente para recebê-lo e sentar-se com ele.
— Vir pessoalmente à residência de uma mercadora desprezível, que só conhece a ganância e sabe contar moedas… Me sinto honrada e, ao mesmo tempo, um pouco preocupada. Será que algum funcionário meu foi desrespeitoso com o senhor?
— Não foi nada.
Krepin se sentou do outro lado da mesa e levou a xícara de chá até a boca.
Mesmo com a loja oferecendo o melhor produto que tinham, para alguém como Krepin aquilo devia parecer apenas água comum.
Lortel abaixou o olhar devagar, sentada diante dele.
Contava cada respiração, fazendo o possível para não engasgar com a própria saliva.
Krepin Rothstaylor era alguém com quem não dava pra baixar a guarda.
Ainda assim, como suas intenções eram previsíveis, não havia motivo para ficar nervosa demais.
— Vou comprar o Selo do Sábio da Elte Company.
O tom da voz dele era como se a venda já estivesse decidida.
— É só dizer o valor que tem em mente, e eu pago ainda mais. No fim das contas, não foi esse o seu plano?
O motivo pelo qual a Elte Company havia aumentado o valor ao comprar o Selo do Sábio era porque tinha confiança de que Krepin Rothstaylor acabaria comprando de qualquer forma.
Esse fato… Dava a sensação de que Krepin já sabia disso.
— Mas… É estranho.
Krepin abaixou a cabeça enquanto falava em voz baixa.
— Você sabia de antemão que eu estava disposto a gastar tanto para pôr as mãos no Selo do Sábio? Pelo que sei, a Elte Company normalmente não faria um investimento tão arriscado assim.
— Talvez.
— É como se tivesse ouvido sobre minhas verdadeiras intenções e sentimentos por outra pessoa.
Lortel não cometeu o erro de mudar o ritmo da respiração ou gaguejar nas palavras.
No entanto, as falas de Krepin estavam indo direto ao ponto.
— Você tem um informante que sabe o que acontece dentro da minha família?
— Sim. Algo assim.
Inventar uma mentira absurda só levantaria mais suspeitas.
Se ela começasse a agir com desleixo ali, Ed Rothstaylor acabaria se machucando.
Não havia nada de estranho em um negociante usar um informante para lucrar. Como as próprias ações de Krepin o levaram ao erro, ele não ficaria hostil com a Elte Company. No entanto, ele jamais deixaria o traidor escapar impune.
Por mais benevolente que o Duque Krepin pudesse parecer, ele ainda prejudicaria Ed, que vinha divulgando os assuntos internos da família após ter sido excomungado.
— No entanto, como essa pessoa está localizada bem longe, é um pouco difícil me comunicar com ela. E como é alguém com um status relativamente alto, o valor que pediu foi bem elevado. Então agora, eu preciso recuperar tudo que investi… Isso é o básico dos negócios.
Mentiras são mais eficazes quando misturadas com um pouco de verdade.
Em vez de negar tudo sem pensar ou fingir ignorância, era mais eficiente guiar o oponente com habilidade para longe da verdade.
É fácil julgar se uma fala é verdadeira ou falsa. No entanto, traçar claramente a linha entre verdade e mentira… Por mais intuição que alguém tenha, não é uma tarefa simples.
Lortel era uma negociadora que sabia usar esse fato com maestria.
— Então, quanto vai cobrar?
— 12 mil moedas de ouro.
— Ótimo. Assim que você receber o selo da escola, eu o compro imediatamente.
Não havia razão para prolongar a negociação. Na superfície, era um negócio bastante direto.
A Elte Company havia vencido oficialmente o leilão pelo Selo na escola, então, após a conclusão da transferência de posse, teria o direito de revendê-lo. Até lá, só restava esperar.
— Ah, havia mais uma coisa que eu queria dizer. Vou acabar tendo dor de cabeça se as coisas se complicarem ainda mais, então vou avisar com antecedência.
— Oh, é mesmo? O que seria?
— É sobre seu pai, Elte Kehelland. Como ele já foi rebaixado, não me diz mais respeito. Mas se ele acabar atrapalhando meus negócios, quem perde sou eu. Por isso, achei melhor avisar desde já.
Krepin abaixou a xícara de chá enquanto continuava falando em voz baixa.
— Depois que a demissão dele foi confirmada na sede, ele reuniu alguns de seus bens pessoais e contratou um grupo de mercenários. Recebi um relatório anteontem informando que ele estava atravessando meu território a caminho de Silvenia.
— O quê?
Lortel já suspeitava das ações de Elte, mas não imaginava que ele já estivesse se movendo.
— Bom, duvido que ele tente algo imprudente na Academia de Silvenia, já que está sob proteção do império… Mas, no mínimo, parece que tem algo em mente. Espero não ser arrastado para essa situação, que só vai atrasar meus negócios.
Com isso, Krepin reuniu seus servos e deixou a sala de reuniões.
Lortel o acompanhou até a saída e, em seguida, sentou-se sozinha no salão, tomando o restante do chá. Precisava de um tempo para organizar os pensamentos.
De qualquer forma, a revenda do Selo do Sábio parecia estar encaminhada.
No fim das contas, Ed só havia pedido que ela comprasse o “Selo do Sábio”… E ela fez isso sem violar o pedido dele.
Ed também sabia que ela planejava revendê-lo desde o início. Tudo o que Lortel fez foi seguir com o pedido de Ed.
Assim, tão logo a compra do selo fosse concluída, ela poderia pedir para Ed fazer “qualquer coisa” que quisesse.
Que som doce. Não demoraria muito até que pudesse ter isso.
Mesmo com apenas aquela simples palavra, “qualquer coisa”, a imaginação juvenil de Lortel começava a voar livremente.
‘Se eu realmente puder… Então vou fazer isso… E isso também…’
Enquanto flores começavam a florescer…
De repente, lembrando-se de outra coisa, ela conseguiu se acalmar.
Ela havia recebido uma informação que não podia ignorar.
Elte Kehelland estava vindo.
Para ser honesta, aquilo não era tão assustador. Era apenas uma tentativa desesperada antes de cair no abismo.
Foi um grande erro de cálculo achar que poderia usar a força contra Lortel contratando alguns mercenários.
Em primeiro lugar, não havia como tantos mercenários serem autorizados a entrar na Academia Silvenia. Além disso, a força de Lortel também não era fraca.
— Se ele tiver outro plano, então… seria pegar um refém?
Pensando bem, havia algo que lhe vinha à mente.
'Você acha que vou te tratar de forma especial só porque é leal àquela garota? Por acaso foi enfeitiçado pela beleza daquela criança?'
Elte parecia estar sob a ilusão de que Ed tinha se apaixonado profundamente por Lortel.
A realidade era bem diferente, mas de todo modo, ambos haviam demonstrado apoio um ao outro em meio a uma crise. Já era prova suficiente para ser considerado um relacionamento de confiança.
Se não fosse sobre Lortel, que sempre era protegida pelos guarda-costas de sua loja e cuja força não era pouca, mas sim sobre Ed, aí a história mudava.
Se ele estivesse realmente pensando em sequestrar Ed e usá-lo como moeda de troca…
— Isso passa dos limites.
No canto da sala, sentada em silêncio na escuridão, Lortel cobriu-se com seu manto.
— Tcharam! Não está ótimo?
Passei o dia inteiro deitado.
Tentei fazer alguma coisa, mas continuava ficando tonto, então concluí que precisava descansar por mais alguns dias.
O que eu mais agradecia era por Yennekar estar me ajudando tanto.
Já fazia dois dias desde que comecei a me recuperar do esgotamento. Yennekar, que vinha conseguindo um monte de ingredientes de algum lugar, vinha preparando vários pratos com suas habilidades culinárias refinadas.
Já era bem tarde da noite. Talvez por ser véspera de fim de semana, Yennekar não parecia ter planos de voltar ao dormitório tão cedo, mesmo sendo tão tarde.
A luz da fogueira afastava a escuridão aconchegante.
O som dos insetos, que normalmente zuniam animados à noite, havia diminuído bastante. Em seu lugar, podia-se ouvir o canto de corujas e o farfalhar das folhas ao vento.
O ensopado que Yennekar havia preparado estava realmente delicioso, especialmente em comparação com o que Ziggs havia feito.
Comecei a pensar que realmente precisava aprender mais sobre culinária, mas precisava focar na recuperação antes de pensar em crescimento. Com isso em mente, decidi adiar os treinos por enquanto.
— Eu costumava fazer ensopado todo dia na minha cidade natal. Sabia disso, Ed? Quando eu era pequena, eu criava vacas o tempo todo…
Fechei os olhos devagar enquanto observava Yennekar sentada ao lado da fogueira, sorrindo enquanto falava. Meu corpo estava lentamente se recuperando, mas ainda não havia recuperado toda minha energia.
— Você parece cansado, Ed.
— Parece que sim.
— Você deveria descansar. Hm.
— Me desculpa por te mostrar esse estado esgotado, mesmo você ajudando tanto com tudo, Yennekar.
— Hm? Não, imagina. Eu nem fiz nada demais.
Coisas como cozinhar e limpar não pareciam tarefas difíceis para Yennekar.
Ela parecia ser muito habilidosa quando se tratava de cuidar de pessoas doentes. Tinha dito que seu pai, que trabalhava na fazenda, se machucava com frequência. Ela sempre ajudava muito.
Comecei a sentir a febre subindo de novo, então levei a mão até a cabeça. Estava bem quente. Minha dor de cabeça e febre baixa pareciam estar voltando, então soltei um suspiro.
Depois de entrar na cabana, deitei na cama, e Yennekar, por algum motivo, me seguiu. Sentou-se num canto da cabana, sorrindo e rindo baixinho.
— O que você vai fazer...?
— Não vou fazer nada, ué.
— Você não vai fazer nada?
— Só vou ficar do seu lado.
Ao encará-la com incredulidade, ela respondeu:
— Ed, eu sei que você está passando por um momento difícil. Isso acontece com qualquer um, quando o corpo e o coração ficam cansados. Sei que você tem se esforçado muito e levando uma vida mais difícil do que qualquer outra pessoa. É por isso que você não precisa fingir que está tudo bem.
Limpando a garganta com um sorriso no rosto, ela estufou o peito, como se estivesse me pedindo para elogiá-la.
— E o que isso tem a ver com você ficar aqui sentada sem fazer nada?
— Você não faz ideia da força que eu estou te dando só de ficar aqui do seu lado, sem fazer nada? Deve ser porque você nunca sentiu isso!
Depois, ela abaixou o olhar e começou a falar com a voz mais suave.
— Já passei por muitas situações difíceis também. Recebi muito apoio, e também teve gente que me ajudou bastante, mas… o que mais me deu forças foi quando alguém não tentou me consolar às pressas. Simplesmente ficou ao meu lado, em silêncio. Como isso me ajudou, tenho certeza de que vai te ajudar também, Ed. Apenas aceita, tá?
Depois de dizer isso, Yennekar se aproximou da cama onde eu estava deitado… recostou-se no estrado e sentou-se calmamente. Eu fiquei preocupado se o chão estava frio, mas como ainda não era inverno de verdade, não parecia estar tão gelado assim.
Para mim, aquilo não parecia nada agradável. Eu estava deitado na cama enquanto ela se sentava no chão, mas Yennekar não parecia se incomodar nem um pouco.
— Você passou por muita coisa, né? Fez um ótimo trabalho.
Mesmo assim, de olhos fechados, ela continuava sorrindo.
— Não… Não precisa disso…
— Hmpf!
Ao vê-la se irritando, ela parecia mais fofa do que brava, então não seria estranho se eu tivesse soltado uma risada.
— Foi difícil! Você tem que admitir isso pra finalmente conseguir descansar de verdade! Admita! Ed, você passou por um momento difícil!
— ……
Sentando e me apoiando nas costas, abaixei um pouco a voz.
Talvez fosse porque eu não conseguia admitir com facilidade, então desviei o olhar.
— É… Foi difícil.
Eu havia passado todo o semestre anterior, e mais metade deste, dividindo as horas do meu dia. Nem me lembrava da última vez em que não estive cansado.
— Foi muito difícil pra mim. De verdade.
Senti como se, finalmente, conseguiria ter uma boa noite de sono, enquanto deixava meu corpo ser tomado pela sonolência.
Depois de dormir por dez horas seguidas, acordei com o corpo completamente recuperado.
Foi a primeira vez em muito tempo que me senti totalmente restabelecido, até mesmo emocionalmente.
Logo após acordar, avistei Yennekar, ali ao meu lado, com a cabeça balançando sobre meus joelhos.
Não consegui evitar de soltar uma risada ao vê-la babando e dormindo profundamente, completamente desmaiada.
Foi uma surpresa inesperada.
‘A decisão de vender o Selo do Sábio foi tomada. A pessoa encarregada do Trix Hall precisa se preparar para transferir a “ressonância de propriedade” e também entregar o relatório.’
O Professor Glast era o responsável pela transferência de ressonância do livro mágico que antes pertencia à escola.
Na realidade, a maior parte do trabalho era deixada para a equipe da biblioteca, enquanto ele apenas mantinha um título vazio.
No entanto, para uma transferência daquela escala, o responsável precisava intervir pessoalmente e cuidar de certos detalhes.
— Professor Glast! O funcionário responsável está procurando pelo selo!
A Professora Assistente Cleoh entrou às pressas pela porta do escritório do Professor Glast.
O que viu foi o Professor Glast sentado, imóvel, na cadeira do corpo docente, encarando a enorme janela.
A mesa do professor já estava coberta por diversos relatórios sobre a venda do selo.
— Ah, você já recebeu os relatórios? Então, vou adiantar o processo da papelada e reportar à escola…
Cleoh, percebendo que o Professor Glast não estava respondendo, chamou seu nome mais uma vez.
O Professor Glast permaneceu sentado, imóvel, encarando pela janela.
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