Light Novel

Capítulo 26: Expedição de Subjugação de Glasskan (6)

A ponta de seu nariz começou a formigar.

Esse era um sentimento familiar para Yennekar.

Como quando ela colocava pimenta demais em sua sopa cremosa no refeitório, ou quando entrava em uma discussão com sua amiga próxima Clara, ou quando seu amado pai ficou gravemente ferido após ser atingido por uma vaca na fazenda, ou quando voltou para Silvenia após as férias prolongadas.

Sempre que isso acontecia, Yennekar suportava a insistente sensação que subia até a ponta de seu nariz, com uma carranca na testa.

— Acho que quero chorar.

Ela conhecia esse sentimento.

Ela sempre sorria como uma princesa de contos infantis. Todos sabiam que não havia ninguém mais atenciosa do que ela.

Bastava passar um dia com Yennekar para perceber que a fonte de sua atitude jovial e relaxada, ironicamente, era sua personalidade extremamente madura.

Todos, de família a amigos, de professores a veteranos, e até colegas mais novos, não podiam evitar olhar para ela com admiração.

Ela era uma jovem promissora, que nunca havia perdido sua posição como melhor aluna do segundo ano do Departamento de Magia.

Yennekar viveu sua vida sob essas expectativas.

Ela levantou a cabeça e observou a cena diante dela.

O Espírito Sombrio de Alto Nível, Velosper, reinava calmamente sobre o Campo de Treinamento de Combate de Nail Hall.

Seu corpo possuía braços e pernas humanas, mas sua cabeça era estranha, semelhante à de um bode demoníaco.

Suas asas gigantes, semelhantes às de um morcego, se estendiam de suas costas, cobrindo todo o Nail Hall.

Em uma de suas mãos, ele segurava um maça flamejante, que parecia capaz de destruir todas as arquibancadas do campo em um único golpe.

Sem dúvida, ele tinha a aparência de um verdadeiro demônio.

Uma visão que certamente inspiraria terror em qualquer um que o visse.

Um ser cuja simples presença faria qualquer um prender a respiração e dar um passo para trás.

No entanto, a força de subjugação se manteve firme, seus olhares inabaláveis.

Taylee McLaure, Ayla Triss, Penia Elias Kroel, Ziggs Eiffelstein e Elvira Aniston.

O rosto de cada estudante ardia, não com medo, mas com uma vontade firme e determinação ardente.

Yennekar olhou para eles e então fechou os olhos lentamente.

Ela sentiu naturalmente um senso iminente de derrota.

Ela perderia essa batalha de forma humilhante, isso era certo.

Porém, os sentimentos jorrando de seu peito não eram frustração, nem tristeza.

Yennekar abriu os olhos suavemente e, logo depois, levantou sua varinha de carvalho.

Assim como esperava, a ponta de seu nariz formigava.

Para Yennekar, essa era uma sensação bastante familiar.

 

◇ ◇ ◇

 

Eu disparava escada abaixo como um louco, descendo do telhado do Obel Hall em direção à Praça dos Estudantes.

Assim que cheguei, vi que estavam quase terminando de derrotar Takan.

Crash! Crash!

— EUGHAAK! KYAAGHK! MORRE, SEU FILHO DA PUTA! JÁ DEVERIA TER MORRIDO!

A magia de raio de alto nível da Lucy era assustadoramente poderosa, mas não foi o suficiente para eliminar Takan imediatamente.

Ainda assim, considerando que Lucy não estava em sua melhor forma e que não conseguiu lançar a magia adequadamente, o fato de Takan ainda estar vivo já era digno de aplausos.

Porém, suas escamas foram completamente queimadas.

Com isso, sua tremenda resistência mágica desapareceu.

Agora, magia poderia acabar com ele.

Essa única informação acabava de reduzir drasticamente a dificuldade de derrotar esse lagarto flamejante.

Clevius continuava a gritar enquanto desviava dos ataques. Mesmo tremendo de medo, com lágrimas escorrendo pelo rosto, seus movimentos eram misteriosamente precisos.

Ele evitava os golpes, pulava no momento exato antes que a cauda de Takan o esmagasse e rolava para os lados no último segundo.

Talvez isso fosse resultado de sua alta Agilidade, mas o que estava claro era que Takan estava ficando mais lento.

Como um animal à beira da morte, se debatia freneticamente, em um último esforço desesperado para sobreviver.

Takan soltou um rugido estridente, ecoando pelo céu e sobre a Praça dos Estudantes.

Seus rugidos anteriores eram ferozes, como os de um guerreiro beligerante, pronto para enfrentar uma batalha.

Mas agora…

Agora seus gritos eram diferentes.

Eram gritos de dor.

Dor intolerável.

E eu iria acabar com isso logo.

Corri até Lortel, que continuava lançando magia contra Takan.

— Onde está a Lucy?

— Está rolando por aí. Seria bom se ela finalizasse isso, mas acho que ela não tem energia pra isso.

— Ótimo.

Na verdade, isso era um alívio.

Se Lucy finalizasse Takan, seria um problema.

Afinal, não importa o quão baixa esteja sua magia agora, Lucy certamente poderia acabar com Takan com facilidade.

E meu objetivo final era desferir o golpe final para conseguir toda a experiência massiva em magia espiritual.

Se Lucy roubasse o último golpe, todo meu plano teria sido em vão.

— Eu não vi tudo, mas Clevius está surpreendentemente eficiente como vanguarda. Não esperava que ele conseguisse manter Takan ocupado assim, mesmo ferido. Se ao menos ele fechasse essa boca, ele seria um grande guerreiro.

— Não. Essa boca dele é sua melhor arma.

— EI! AGHK! VOCÊS! O QUE ESTÃO FAZENDO PARADOS COMO IDIOTAS?! ME AJUDEM! DISPARA ALGUMA MAGIA! O QUE ESTÃO ESPERANDO?! AGGGHK! EU VOU MORRER! POR FAVOR!

O maior trunfo de Clevius era que todos o subestimavam.

Ele gritava feito um louco, o tempo todo, então as pessoas não levavam ele a sério.

Isso fazia com que seus oponentes o vissem como um alvo fácil.

Mas… no final das contas, ele não era nada fácil.

Não importava o quanto tentassem esmagá-lo, ele sempre escapava no último instante.

Takan, naturalmente, também pensava dessa forma.

Deveria ser simples se livrar de um inseto irritante como Clevius, um único golpe e pronto.

Mas não importa quantas vezes tentasse, ele ainda estava vivo.

— EU NÃO VOU ESQUECER ISSO! JAMAIS! ESTÃO ME USANDO COMO ISCA E NEM SE QUEREM MOVER! EU NÃO VOU PERDOAR VOCÊS!

Mas ele estava chegando ao limite.

Seu fôlego estava se esgotando, seus movimentos começavam a ficar mais lentos.

Era hora de finalizar isso.

— Vamos encerrar essa luta.

— É o que estou tentando fazer. Já lancei duas lanças de gelo nele, mas esse desgraçado se recusa a morrer. Ele realmente tem defesas impressionantes.

— Precisamos cortar seu pescoço.

Eu concentrei toda a magia que restava na ponta dos meus dedos.

Após treinar até o limite na biblioteca, minha energia mágica estava quase esgotada.

Mas ainda era o suficiente para lançar algumas magias básicas.

— Deixa comigo. Sua magia de gelo não é eficaz para cortes limpos. Eu vou me responsabilizar e acabar com isso. Você só precisa paralisá-lo por um instante. Consegue fazer isso?

— Se for agora, sim.

O mais importante era atacar o ponto fraco de Takan.

Agora que suas escamas estavam queimadas, mesmo Taylee seria capaz de cortar através de sua pele, mesmo sem ter completado seu treinamento como na linha do tempo original.

E eu também conseguiria fazer isso com um único golpe, usando Wind Blade. Afinal, minha proficiência na magia já havia ultrapassado o nível 10.

O problema era a distância.

Takan destruía qualquer coisa que se aproximasse, balançando sua cauda e pisoteando o chão como um louco.

Se eu entrasse no alcance dos seus ataques e cometesse um único erro, seria o fim.

Era impressionante como Clevius ainda conseguia evitar os golpes. Parecia até um número de circo.

— Quando eu me aproximar, paralise os movimentos dele. E nesse momento, eu vou cortar sua cabeça com Wind Blade.

— Se eu errar, eu morro.

Toquei o ombro de Lortel.

— Estou arriscando minha vida confiando essa parte a você, então faça isso direito.

— Haha! Você sempre diz coisas como ‘Eu assumo a responsabilidade’ e ‘Estou apostando minha vida nisso’ tão facilmente…

Ela sorriu, divertida.

— Mas não acha que isso é um pouco… um jogo de sorte?

— Não é um jogo de sorte.

Depois de lutar contra Lortel tantas vezes no jogo, eu conhecia ela bem demais.

Não importa o quão inesperada fosse a situação, Lortel sempre recuperava sua compostura em um piscar de olhos.

Ela era um monstro da lógica e razão.

Houve muitos momentos na história original onde ela precisou agir com mais urgência do que agora.

Mesmo que estivesse fingindo estar incerta, eu sabia exatamente o que ela estava pensando.

— Isso é um investimento. E como a vida não é barata, faça um bom trabalho.

Os olhos de Lortel endureceram por um instante.

Mas logo ela abriu um sorriso satisfeito.

— Um investimento… Isso é minha especialidade.

O sorriso dela era afiado e travesso.

— Mas, sinceramente, não seria melhor deixar isso para Clevius? Afinal, ele é o melhor aluno do Departamento de Combate. E se você precisa cortar algo, não seria melhor usar uma espada?"

Era uma opinião válida.

Como aluno do Departamento de Magia, eu não deveria estar no combate corpo a corpo.

E Clevius, com seus movimentos ágeis, conseguiria se aproximar e cortar os pontos vitais de Takan.

Mas eu precisava ser o responsável por finalizar Takan.

Por quê?

Porque eu precisava do golpe final!

O espírito de fogo de alto nível, Takan, era um tesouro de experiência para minhas habilidades espirituais e de combate.

Eu não poderia deixar essa chance escapar!

Claro, eu não poderia dizer isso diretamente para Lortel.

Então improvisei uma mentira convincente.

— Você acha que Clevius está em condições para isso agora?

Os olhos de Lortel se arregalaram levemente com minha resposta.

E então ela sorriu, como se tivesse entendido tudo.

— De fato… distrair Takan e realmente enfrentá-lo de frente são coisas bem diferentes. Aquele covarde do Clevius jamais conseguiria fazer isso.

E assim, ela aceitou minha explicação sem questionar.

Ao fundo, Clevius continuava berrando enquanto fugia de Takan.

— AGHK! VOCÊS VÃO MESMO ME DEIXAR MORRER AQUI?! ME AJUDEM, SEUS DESGRAÇADOS! AAAAAAARGH!

Mas ninguém realmente se importava com seus gritos…

Takan não estava mais no seu auge, então não conseguiria derrotar Clevius com facilidade.

Era apenas questão de tempo até conseguirmos acabar com essa luta.

— Por favor, não morra. Você não pode.

Lortel falou friamente, com as sobrancelhas erguidas de forma exagerada, tentando imitar grosseiramente a maneira como a Princesa Penia se expressava.

— Isso é uma ofensa à família real.

— A princesa não me puniria por uma imitação tão tola. Afinal, ela é conhecida por ser benevolente. Mas, se está curioso para saber se ela realmente faria algo… por que não tenta contar para ela, Ed?

E então, as palavras seguintes de Lortel foram… inesperadas.

— Francamente, eu não gosto da Princesa Penia. Tenho certeza de que ela tem seus motivos, mas estou cansada de ser mandada por essa líder ingênua.

— Essas são palavras perigosas para se dizer.

— É simplesmente hilário que alguém tão inocente ocasionalmente finja ser uma monarca só porque nasceu com sangue real. Para que a ordem do mundo seja correta, devemos olhar para as habilidades das pessoas, não para sua linhagem.

Fiquei em silêncio, apenas ouvindo.

— Minhas palavras são realmente perigosas, não são? Faz um bom tempo desde que pude expressar meus verdadeiros sentimentos.

— E se eu relatasse isso à princesa?

— Quem sabe? Não posso dizer com certeza. Talvez ela não acredite em você… ou talvez eu enfrente punição capital. Acho que só descobriríamos se você tentasse, não é?

— Qual o seu objetivo ao dizer tudo isso?

O sorriso travesso de Lortel se alargou.

— Da mesma forma que você está arriscando sua vida e confiando em mim, eu estou arriscando a minha e confiando em você.

Ela ergueu ambas as mãos, como se se rendesse.

— Os dois lados de uma balança precisam estar equilibrados. Esse é o segredo da longevidade e do sucesso da Elte Company.

Era um ditado hipócrita, e ambos sabíamos disso.

Mas, pensando bem… isso era exatamente o que Lortel Kehelland era.

Mesmo sua forma de demonstrar respeito era desnecessariamente complicada.

Isso era característico de um comerciante.

Eu não podia perder mais tempo.

Clevius parecia prestes a urinar nas calças.

E, por mais absurdo que parecesse, as batalhas contra Velosper e Takan estavam acontecendo ao mesmo tempo.

De alguma forma, o final de Act 1, mesmo diferente da linha do tempo original, parecia estar se encaminhando para um desfecho positivo.

Agora que o outro grupo havia iniciado a batalha contra Velosper, Taylee deveria despertar sua habilidade de Swordmaster.

A partir desse momento, nenhuma surpresa deveria acontecer.

Embora essa habilidade fosse um pouco questionável em longo prazo, suas especificações no Act 1 eram absurdamente poderosas.

Todos os jogadores sabiam da importância desse momento.

Desde que Penia conseguisse estabelecer uma defesa mágica e Ziggs assumisse o papel de tanque, Taylee deveria ser suficiente para derrotar Velosper.

Se o fluxo da história voltasse aos trilhos, eu só precisaria cuidar de mim mesmo a partir daqui.

Agora, o mais importante era derrotar Takan.

Se eu conseguisse derrotá-lo, o ganho de experiência nas habilidades espirituais seria enorme.

Essa era uma oportunidade única que eu não podia desperdiçar.

— Estou indo.

Respirei profundamente e dei um passo firme para fora da Praça dos Estudantes.

Lortel já havia preparado uma lança de gelo, pronta para agir no momento certo.

A atmosfera relaxada de antes havia desaparecido completamente.

Ela sabia que eu estava realmente apostando minha vida.

E acreditava nisso plenamente.

Isso exigia uma grande dose de coragem, mas não era impossível.

Eu conhecia os atributos de Takan como a palma da minha mão, e ele já estava enfraquecido.

Isso significava que eu poderia vencê-lo facilmente, desde que Lortel me cobrisse no momento certo.

O objetivo era atacar seu ponto fraco.

Cortar sua garganta.

— KYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Clevius ainda corria como um louco, completamente fora de si.

Takan finalmente percebeu que Clevius não era tão fácil de eliminar, apesar de parecer uma presa fácil no começo.

Enquanto me aproximava rapidamente, Takan virou-se para mim.

Agora, ambos estávamos exaustos.

Ambos percebemos esse fato.

E então, Takan rugiu e investiu contra mim.

O chão tremeu sob meus pés, meus ouvidos zumbiram.

Agora eu entendia por que Clevius estava completamente aterrorizado.

Mesmo exausto, Takan avançava enlouquecido, arrastando seu corpo ferido com uma determinação mortal.

Não. Ainda não.

Eu precisava estar mais perto.

Lortel aguardava, esperando o momento certo para lançar suas lanças de gelo.

Eu precisava chegar ainda mais perto, perto o suficiente para garantir que o pescoço de Takan estivesse ao alcance do meu feitiço.

E então…

BOOM!

Algo inesperado aconteceu de repente.

O círculo de invocação de Glasskan brilhou no céu.

— KYAAAAAAAAAAAH! O QUE É ISSO?!

O primeiro a gritar foi Clevius.

O círculo de invocação de Glasskan iluminou o céu da manhã conforme o sol começava a nascer no horizonte.

E então… uma mão gigantesca rasgou o círculo, cobrindo todo o Nail Hall.

Velosper havia sido derrotado.

Isso marcava o início da Fase 5.

Agora, bastava Taylee cortar o braço de Glasskan, e o Ato 1 chegaria ao fim.

De qualquer lugar do Distrito Acadêmico, todos podiam ver claramente o desastre que se desenrolava.

A mão direita de um demônio emergindo do céu, envolta em uma escuridão opressiva, tornava a cena apocalíptica.

Mesmo sabendo que isso aconteceria, o momento não poderia ser pior.

Era um espetáculo impossível de ignorar, um presságio do fim do mundo.

Mas Takan não se importava com isso.

E esse era o problema.

Enquanto todos os olhares estavam presos ao céu, Takan ainda corria como um louco em minha direção.

Olhei para Lortel.

Ela provavelmente estava distraída, mas no instante em que gritei, uma lança de gelo voou pelo ar.

O golpe atingiu Takan em cheio, cegando seus sentidos.

O espírito gritou em agonia, se debatendo em desespero.

Lortel virou-se para mim, seu olhar sério.

Mesmo em meio a tal crise, ela se concentrou completamente em mim.

Seus lábios se moveram silenciosamente.

"Faça agora."

Ela confiava em mim para finalizar isso.

O passo seguinte não era difícil.

Virei-me de volta para Takan, observando seu corpo titânico retorcendo-se em dor.

Concentrei todo o meu poder mágico restante nas pontas dos dedos.

Mesmo exausto após treinar no limite na biblioteca, eu ainda conseguia conjurar algumas magias básicas.

E eu precisava de apenas uma.

— Wind Blade!

O feitiço que eu já havia lançado centenas de milhares de vezes cortou o ar, atingindo diretamente a garganta de Takan.

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《 Você derrotou o espírito de fogo de alto escalão, Takan! 》

《 Habilidade Espiritual ‘Ressonância Espiritual’ subiu de nível! 》

《 Habilidade Espiritual ‘Compreensão Espiritual’ subiu de nível! 》

《 Habilidade Espiritual ‘Ressonância Espiritual’ subiu de nível! 》

《 Habilidade Espiritual ‘Compreensão Espiritual’ subiu de nível! 》

《 Habilidade Espiritual ‘Ressonância Espiritual’ subiu de nível! 》

《 Habilidade Espiritual ‘Compreensão Espiritual’ subiu de nível! 》

《 Slots de Contrato Espiritual foram desbloqueados! Agora você pode firmar contratos com espíritos! 》

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— Eu vi muitas pessoas arriscando suas vidas sinceramente ao longo da minha vida. Mas, no fim, todos eram apenas covardes.

A manifestação de Takan havia desaparecido completamente, sem deixar nenhum vestígio para trás.

Eu, Lortel, Clevius e Lucy, sentamos lado a lado sob uma árvore de Zelkova, logo fora da Praça dos Estudantes.

Clevius chorou desesperadamente por um tempo, até que desmaiou na grama, exausto.

Lucy mordiscava um pedaço de carne seca, encostada em mim, até que acabou dormindo.

Essa gata de rua provavelmente desapareceria novamente a qualquer momento.

O sol nascia sobre o Nail Hall meio destruído.

No alto do céu, uma rachadura surgiu na barreira que cobria o Distrito Acadêmico.

Eu não precisava nem explicar o que aconteceu depois que o braço direito de Glasskan foi invocado.

Taylee saltou no ar e o cortou instantaneamente com sua Habilidade de Mestre Espadachim.

Foi tão direto que eu não pude evitar dar uma risada.

Claro, deve ter havido uma cena dramática em Nail Hall, mas essa era a única visão que tínhamos de fora.

Era engraçado pensar que o capítulo final do Ato 1 era sobre a subjugação de Glasskan, mas o demônio foi derrotado em uma única cutscene.

Eu me perguntava se eles tinham a mesma impressão que eu tive quando joguei o jogo.

Mesmo assim, o Distrito Acadêmico inteiro foi envolto por um vendaval, enquanto o braço direito de Glasskan era cortado.

Definitivamente, um espetáculo digno do arco de história do protagonista.

Todos estavam maravilhados com a cena brilhante e esplêndida…

Bem, exceto Lucy, que já estava cochilando naquela hora.

E assim, o Ato 1 chegou ao fim.

— Claro, a força principal da subjugação foi o grupo que entrou no campo de combate e lutou arriscando suas vidas. Mas nós também arriscamos nossas vidas aqui fora, certo? Podemos ficar orgulhosos do que fizemos. Nós realmente apostamos tudo desta vez.

Lortel comentou inutilmente, enquanto abria um sorriso de satisfação.

— Bem, em uma vida dedicada aos negócios, o risco é inevitável. Mas essa foi a minha primeira vez em uma situação assim. Foi uma experiência e tanto.

Ela tinha muita audácia para alguém que quase morreu há poucos momentos atrás.

Bem, acho que a vida dela também não foi nada fácil.

Ela deve ter enfrentado algumas crises similares a esta antes.

— É…

Eu assenti, olhando para o céu claro.

Talvez Lortel não tenha gostado da minha reação simples, porque ela se levantou com uma expressão emburrada e se inclinou na minha direção.

— O que foi? Passamos por uma crise de vida ou morte e você não parece nem um pouco feliz com isso.

— Bom, eu estou tão cansado que sinto que vou morrer. Também não consegui dormir nada. Você também não está assim?

— Acho que sim. Nem sei mais o que está acontecendo…

O sol subia, a luz da alvorada iluminava o dia.

Foi uma longa noite.

Finalmente, alguém do grupo de subjugação apareceu, saindo do Nail Hall destruído pela metade.

Taylee vinha à frente.

Agora que havia adquirido a Habilidade de Mestre Espadachim, seus cabelos negros haviam se tornado cinza claro, e a cor de seus olhos havia se transformado em um vermelho intenso.

Atrás dele vinham Ayla, Princesa Penia, Ziggs e Elvira.

Ziggs caminhava mancando, provavelmente por ter aguentado muito como vanguarda.

Até mesmo Elvira parecia prestes a desabar a qualquer momento.

Mas todos pareciam estar seguros.

A história, de alguma forma, seguiu seu curso original.

Lortel se levantou e cumprimentou o grupo, parabenizando-os pela vitória.

Mas então, como se tivesse lembrado de algo, ela olhou para trás.

Então, estendeu a mão para mim, como se estivesse se apresentando formalmente.

— Lortel Kehelland.

— Eu sei…

— Estou me apresentando oficialmente de novo. Bom, não vou mais pregar nenhuma peça maluca em você. A partir de agora, pelo menos.

Quando ela mencionou "peças malucas", ela provavelmente se referia àquela vez em que me abordou do nada e me deu dinheiro.

Eu sabia.

Ela tinha segundas intenções naquela vez.

Eu já esperava por isso, é claro.

— Certo… Boa escolha.

Aceitei o aperto de mão de Lortel sem pensar muito, já que estava cansado.

Mas eu não esperava pelo que ela faria em seguida.

Lortel envolveu sua pequena mão em torno da minha, sacudindo-a algumas vezes, antes de soltar rapidamente e colocar as mãos atrás das costas.

Ela parecia uma verdadeira encrenqueira, com o jeito que andava para trás, mantendo aquele sorriso astuto.

— Dessa vez, eu ganhei.

Aquele sorriso de raposa era sua marca registrada.

Ao abrir minha mão, três moedas de ouro brilharam em minha palma.

Ela havia se vingado por eu ter devolvido as moedas da última vez.

— Você abaixou a guarda, não foi? Agora você me deve um favor. O que será que eu faço com isso agora?

Lortel continuou a me encarar com um olhar travesso, antes de se virar e seguir em direção ao grupo da subjugação.

— Até mais, Ed.

Ela me deixou com essas palavras, antes de seguir na frente para cumprimentar os outros.

Eu soltei um suspiro, olhando para o sol subindo no céu.

Eu já sabia que Lortel tinha esse lado astuto.

Bom, só porque eu ganhei um pouco de dinheiro enquanto estava endividado, isso não significava que eu seria influenciado.

Lortel também sabia disso, mas mesmo assim, me deu as moedas.

Ela provavelmente queria manter contato no futuro, e usaria isso como justificativa.

— Um investimento... Esse é o meu ponto forte.

Não pude evitar querer aplaudi-la por colocar suas palavras em prática com tanta precisão.

De qualquer forma, o capítulo da Subjugação de Glasskan havia terminado bem.

Esse era o momento perfeito para uma reflexão interna, enquanto observava a equipe de subjugação deixando o salão, com as costas voltadas para o sol nascente.

Foi um obstáculo difícil, mas conseguimos superá-lo muito bem.

Enquanto observava o céu clarear lentamente, senti vontade de me parabenizar.

Bom trabalho, Ed.

Embora tenha sido apenas o Ato 1, de alguma forma, consegui passar por tudo isso sem grandes problemas.

— E quanto à Yennekar?

De repente, senti que algo estava faltando.

Havia um vazio indescritível, como se uma parte essencial da história tivesse sido completamente ignorada.

Aquele era o pedaço do quebra-cabeça que mudou todas as ações de Yennekar, e ele ainda continuava vazio.

O capítulo da Subjugação de Glasskan terminou bem.

Mesmo com um imprevisto no meio, no final das contas, a história retornou ao fluxo original do jogo.

E não houve vítimas.

Isso não deveria significar que tudo acabou bem…?

E, no entanto, havia tantas coisas me preocupando que eu não conseguia simplesmente aceitar esse desfecho e seguir em frente.

— Pensando bem, não vejo nossa veterana Yennekar por aqui.

Dessa distância, não conseguia ver Yennekar com o grupo da subjugação.

Já que eles a derrotaram, não era natural que alguém a tivesse carregado para fora do salão?

— Bom, durante a batalha, todo mundo estava focado no braço direito de Glasskan.

— Provavelmente, Yennekar foi deixada para trás.

Lortel virou-se para mim, inclinando a cabeça levemente.

— Agora que penso nisso, acho que sei o que aconteceu para Yennekar agir assim.

— O quê?

— Acontece que, um tempo atrás, encontrei Yennekar nos corredores do Ophelis Hall. Nós fizemos as pazes pelo que aconteceu no Treinamento de Combate Conjunto.

E, como se não fosse nada demais, Lortel continuou falando.

— Por acaso… Dei uma olhada no quarto dela.

Lortel continuou caminhando lentamente, sem pressa alguma em terminar sua fala.

Então, virou-se para mim com um olhar enigmático.

— Quer ouvir a minha história? Hm, Ed?