Volume 1 – Arco 3
Capítulo 45: Memórias Preciosas
Era noite em Cradel, e a cidade estava em chamas. Dragões de todos os tamanhos devastavam a cidade, deixando apenas alguns pontos a salvo. Em meio ao caos, Alexia, com apenas 10 anos, corria desesperadamente. O pânico estampado em seu rosto era evidente, e suas lágrimas escorriam sem parar.
— Mamãe!!! Papai!!! Onde vocês estão? Estou com muito medo!!! — gritava ela, sua voz tremendo de terror.
Ela sabia que não podia parar, mesmo com as pernas exaustas, pois isso significaria sua morte. Sua pequena figura corria desesperadamente, com o medo estampado em seu rosto. Quando os dragões, com bocas gigantes e presas afiadas, começaram a preparar ataques flamejantes, Alexia girou rapidamente e fez um gesto com as mãos, criando uma enorme parede de gelo que bloqueava o ataque devastador.
— Roaaar! — Os dragões rugiram furiosamente, frustrados com a muralha de gelo que não derretia.
Apesar da sua defesa ser robusta, alguns dragões conseguiram contorná-la e atacar seu flanco. Alexia, com a respiração ofegante e o corpo todo tremendo de desespero, abriu os braços em um arco. Estacas de gelo se formaram e dispararam contra a maioria dos inimigos, mas a quantidade de dragões era demasiada. Ela se via cercada, sem saída.
— Não… Não posso desistir! — declarou, sua voz um misto de determinação e pavor.
Fechando os olhos, franziu a testa e seu corpo ficou tenso. O clima quente ao redor, causado pelas chamas, esfriou repentinamente. Quando abriu os olhos, viu que a área ao seu redor estava completamente congelada, com dragões transformados em estátuas de gelo. A sensação de desamparo a dominava, e ela olhou para suas mãos, agora brancas como a neve.
“Tenho que tomar cuidado. Foi assim que feri Aurora,” pensou Alexia, sentindo a frustração e a culpa misturadas.
Enquanto ela lutava com a própria mente e foco, mais dragões surgiram, quebrando as estátuas de gelo e se aproximando novamente. Ela levantou a mão, tentando concentrar energia, mas o caos mental impediu a criação eficaz de gelo.
— Mãe, Pai, onde estão? Vocês disseram que me protegeriam de qualquer coisa! — choramingou, o desamparo evidente em sua voz.
Os dragões se preparavam para lançar mais bolas de fogo quando uma nova presença fez sua entrada dramática. Dusk Tedimir, um garoto da mesma idade de Alexia, com cabelos grisalhos e olhos violetas, apareceu. Ele investiu velozmente contra um dragão, destruindo sua cabeça com magia benevolente.
— Escutem aqui! Ninguém vai se ferir enquanto eu estiver por perto! — declarou ele com confiança, seu peito estufado e uma expressão resoluta.
Os dragões voltaram-se para ele, lançando rajadas flamejantes. Dusk, sem hesitar, criou um fantasma negro que absorveu os ataques. Com um foco letal, ele conjurou uma espada de cristal e, em um movimento avassalador, decapitou um dragão com facilidade.
— Que espada fraca. Por que a minha não é resistente como a do meu pai? — questionou Dusk, frustrado, enquanto a lâmina se quebrava em estilhaços.
Os dragões atacaram em grupo, tentando abocanhar Dusk. Ele, com agilidade impressionante, saltou acima dos ataques e pousou em frente a Alexia, que estava em estado de choque e tremia visivelmente.
— Quem é você? — perguntou ela, desconfiada e com o coração batendo acelerado.
— Dusk Tedimir!!! — respondeu ele com um sorriso confiante, apesar da situação crítica. — E você, quem é?
Alexia, ainda desconfiada, olhou de um lado para o outro, procurando uma resposta.
— Me chamo Alex... Alice — respondeu, com a voz trêmula.
Enquanto se apresentavam, os dragões, enfurecidos pela nova presença, se voltaram para eles com olhos vermelhos e dentes afiados.
— Esperem!!! — gritou Dusk abruptamente.
Ele conjurou outra alma malevolente e a lançou no chão. A magia se expandiu, criando uma cortina de fumaça negra.
— Vamos, temos que aproveitar essa chance para fugir! — disse Dusk, pegando a mão de Alexia.
Sem hesitar, Alexia seguiu Dusk, sentindo um misto de gratidão e desconfiança. O fantasma expandido criou uma cortina de fumaça que os encobriu, oferecendo uma chance para escapar do caos.
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Minutos após a frenética corrida, Alexia e Dusk finalmente conseguiram escapar dos dragões, cujos rugidos e chamas haviam se distanciado. O caos na cidade de Cradel era quase total. As ruas estavam em ruínas, com casas desmoronadas e carros em chamas, lançando fumaça negra que se misturava ao céu avermelhado pela destruição. Os gritos apavorados de pessoas podiam ser ouvidos ao longe, e corpos carbonizados estirados no chão, deixando um cenário macabro.
Dusk, ainda segurando a mão de Alexia, corria com a respiração ofegante. Seus passos eram pesados, e a exaustão estava estampada em seus rostos. Alexia, com seus cabelos loiros emaranhados e olhos esverdeados cintilando em meio ao desespero, lutava para manter o ritmo, seus pés quase incapazes de continuar.
— Temos que encontrar um lugar seguro — disse Dusk, sua voz carregada de urgência.
Ele puxou Alexia em direção a uma esquina, onde um prédio em destroços oferecia um mínimo de cobertura. O local era um alívio temporário, com apenas um muro erguido e uma lixeira enferrujada para se esconder. Dusk os posicionou atrás da lixeira, observando ao redor com uma atenção intensa.
O que restava da cidade era uma sinfonia de caos e destruição. As chamas das casas queimavam intensamente, e o calor abrasador se misturava ao frio do medo que dominava Alexia. Seus olhos estavam arregalados e o peito subia e descia rapidamente com a respiração agitada. Ela se encostou no muro, tentando absorver a segurança temporária que Dusk oferecia.
— Isso é insano... — sussurrou Alexia, sua voz quase um lamento.
Dusk, ainda ofegante e com a testa suada, manteve um olhar vigilante enquanto observava a devastação ao redor. Seus sentidos estavam aguçados, captando cada ruído e movimento, enquanto seus olhos fixavam-se na escuridão do caos que os cercava.
— Fique aqui e não faça barulho — instruiu Dusk, sua voz firme apesar da exaustão. — Vou dar uma olhada para ver se a área está segura.
Enquanto Dusk se movia com uma agilidade surpreendente entre os escombros, Alexia se encolheu atrás da lixeira, sua mente repleta de confusão e medo. Ela tentava se concentrar na segurança oferecida pela presença de Dusk, mas a realidade brutal da situação a envolvia como uma sombra sinistra.
Dusk voltou com uma expressão decidida, seus olhos violetas refletindo uma determinação feroz. Ele se agachou ao lado de Alexia e disse:
— Não há sinais dos dragões aqui, mas precisamos ficar alertas. Este lugar não é seguro por muito tempo.
Alexia assentiu, ainda tremendo de medo, enquanto Dusk olhava para a cidade em chamas. O caos que os rodeava era quase palpável, e a sensação de desamparo pairava sobre eles. Mas, mesmo diante da devastação, havia uma pequena faísca de esperança na presença de Dusk, um brilho de confiança que oferecia um pouco de alívio em meio ao terror.
Enquanto os dois se escondiam, o som distante das chamas e o lamento das pessoas em fuga preenchiam o ar.
Dusk, mesmo com a cidade ao redor em ruínas e as chamas consumindo tudo, estava determinado a oferecer um pouco de conforto a Alexia. Seus olhos observavam a devastação, mas seu foco estava em manter a garota segura e, ao menos por um momento, acalmá-la.
Alexia, com os olhos marejados e brilhando com lágrimas que se recusavam a cair, estava em um estado de desamparo. Embora estivesse em um ambiente onde chorar fosse perfeitamente compreensível, ela lutava para manter sua compostura. Suas palavras, carregadas de medo, saíam em sussurros quase inaudíveis:
— Pai! Mãe! Cadê vocês? Não quero ficar desprotegida. Estou com medo, medo!
Dusk, notando a aflição dela, aproximou-se e, mesmo com o coração pesado pela situação, adotou uma expressão séria. Ele olhou diretamente nos olhos dela, tentando transmitir segurança e confiança.
— Alice — começou ele, sua voz firme e reconfortante. — Enquanto eu estiver aqui, nenhum monstro vai nos pegar. Vou te proteger como se fosse da minha própria família.
Para a surpresa de Alexia, Dusk então esfregou carinhosamente a cabeça dela com um sorriso largo e encorajador. O gesto inesperado fez com que os olhos de Alexia brilhassem ainda mais, e sua expressão de admiração era visível. Suas bochechas estavam um pouco vermelhas, e ela tentava não sucumbir ao impulso de chorar, lutando para se mostrar forte.
No entanto, a admiração rapidamente deu lugar a uma pequena frustração. Alexia franziu a testa e incheu as bochechas, sua voz agora misturando-se com um toque de irritação juvenil:
— Como você vai fazer isso se nem consegue proteger a si mesmo? Idiota!
A resposta dela pegou Dusk de surpresa. Ele soltou uma risada leve e forçada, seus ombros caindo em uma expressão de frustração fingida:
— Acabei de ser legal, e é assim que você me responde?
A tensão no ar foi aliviada pelo tom leve e pela resposta sincera de Dusk. Ele conseguiu arrancar um sorriso, mesmo que pequeno, dos lábios de Alexia. O sentimento de admiração e um toque de vergonha estavam claramente estampados em seu rosto, enquanto tentava manter a atitude dura.
Dusk percebeu a mudança na expressão dela e, embora ainda estivesse exausto, sentiu um pouco de alívio por ter conseguido trazer um leve sorriso ao rosto da garota.
Minutos depois da fuga desesperada, Alexia e Dusk ainda escondidos atrás de uma lixeira, tentando se recuperar do caos que os cercava, cheiro de fumaça e destruição preenchia o ar. O medo e a exaustão eram palpáveis, e a cada ruído distante, ambos se encolhiam, temendo o pior.
Quando sentiram a presença de inimigos se aproximando, o medo de Alexia e Dusk se tornou quase tangível. Eles ouviram os estrondos dos dragões que haviam escapado antes e, ao olhar ao redor, viram os vultos sombrios das criaturas pousando ao longe. O pânico os paralisou, e os rostos de ambos ficaram pálidos como o mármore.
— Ai, eles voltaram. O que faremos? — Dusk perguntou, a coragem que havia demonstrado anteriormente completamente evaporada, substituída por um desespero visível.
Alexia, ainda com os olhos marejados de lágrimas não derramadas, olhou para Dusk com um misto de frustração e desapontamento. Sua voz tremia com um tom de acusação:
— Não foi você que disse que me protegeria caso eles viessem? Pelo visto, foi tudo da boca pra fora.
A repreensão cortou como uma lâmina afiada. Dusk tentou recuperar sua dignidade, mas a sensação de fracasso era esmagadora. Ele se escorou na lixeira, tentando, em vão, encontrar uma solução. Com a cabeça para fora, ele fez uma rápida varredura da área, mas, com o coração acelerado e o medo dominando, sua visão foi confusa e imprecisa.
— O que você viu? — Alexia perguntou, sua voz carregada de uma ansiedade que ela tentava esconder.
— Desculpe, eu não consegui ver nada. Fui muito rápido... quero dizer, tive tanta pressa que vi quase nada — Dusk respondeu, a frustração e o medo claros em seu tom.
A raiva e o descontentamento de Alexia eram palpáveis. Ela franziu as sobrancelhas, apontando diretamente para Dusk enquanto suas bochechas coravam de vergonha e raiva.
— Mas você também, como quer ser um capitão desse jeito? No dia em que eu for ser uma capitã, serei muito melhor que você.
Dusk, com a expressão nervosa e receosa, tentou se recuperar da decepção que sentia. Ele deu um leve tapa nas próprias bochechas, um gesto quase automático na tentativa de espantar o medo.
— Sim, você tem razão. Se eu agir como um covarde, nunca serei como meus pais.
Com um esforço visível, Dusk levantou a cabeça para ver o que estava ao redor. Ele conseguiu visualizar cinco dragões, seus corpos imensos e escamosos se movendo lentamente, seus olhares ferozes vasculhando a área. A pressão da situação estava claramente pesando sobre ele, mas, com a determinação renovada, ele voltou ao lado de Alexia e explicou o que viu.
— Como vamos sair daqui se esses monstros estão bloqueando nossa passagem? — perguntou Alexia, a frustração em sua voz evidente.
— Eu posso tentar mandar uma mensagem para meus pais. Eles podem nos ajudar — sugeriu Dusk, vasculhando os bolsos de suas calças e blusa em busca de seu celular. No entanto, a expressão de aflição em seu rosto aumentou quando percebeu:
— Droga, esqueci meu celular em casa. Você trouxe o seu?
— Não costumo andar muito com o meu — respondeu Alexia, sua voz carregada de frustração, não apenas com Dusk, mas consigo mesma.
Ambos tentaram localizar os monstros com muito cuidado. Alexia, apesar de sua coragem, não pôde evitar arregalar os olhos diante da proximidade dos dragões. O medo estava estampado em seu rosto, misturado com uma sensação de urgência.
— O que faremos? Não podemos ficar aqui para sempre. Precisamos fazer alguma coisa, e rápido.
— Eu só consigo usar um ou dois fantasmas, mas não tenho mana suficiente para fazer muito mais — explicou Dusk, sua voz carregada de desânimo. — E você?
— Eu consigo congelar pelo menos dois dragões, mas isso ainda deixa três. E se pelo menos a minha lança de gelo fosse mais resistente... — respondeu Alexia, a frustração e o desespero tornando suas palavras ainda mais evidentes.
Enquanto tentavam pensar em uma solução, a tensão era quase insuportável. O barulho dos dragões e a sensação de iminente perigo os pressionavam. Eles estavam desesperados, sem conseguir encontrar uma solução eficaz, enquanto os dragões continuavam sua busca por eles, mas sem sucesso imediato.
Dusk estava visivelmente aflito, seu corpo tremia sob a pressão e o medo. Enquanto observava os dragões se aproximarem e continuarem sua busca, ele sabia que não podia permanecer escondido por muito tempo. A tensão era palpável, e a realidade do perigo iminente estava cada vez mais clara. Em um momento de desespero e coragem, ele tomou uma decisão arriscada.
— Eu sei que não tenho muita energia, técnicas e habilidades para lutar, mas se nós dois unirmos forças? Conseguiremos passar por eles, não acha, Alice? — perguntou Dusk, sua voz misturando determinação e insegurança.
Alexia, apesar do medo que ainda a dominava, entendeu o raciocínio. Enfrentar cinco monstros ferozes com apenas duas crianças era praticamente suicídio, mas a ideia de Dusk oferecia uma faísca de esperança.
— Ok, mas vamos tentar ser rápidos para que eles não tenham oportunidade de responder. Como não tenho uma grande habilidade física de combate, você vai na frente enquanto eu fico na retaguarda.
Ambos estavam conscientes do perigo que estavam prestes a enfrentar, mas a necessidade de agir os impulsionava. Com uma expressão de coragem resoluta e determinação, os dois se levantaram. Dusk, tentando aliviar um pouco a tensão do momento, estendeu o punho em direção a Alexia, oferecendo um soquinho de incentivo.
— Vamos mostrar para o mundo de como futuros capitães devem lutar? — disse ele, exibindo um sorriso confiante, mas com um tom brincalhão que contrastava com a gravidade da situação.
Alexia, com a boca entreaberta em surpresa e os olhos fixos em Dusk, não conseguiu esconder o espanto e a admiração pela maneira leve e otimista com que ele estava lidando com a situação. A coragem dele a inspirou, e, apesar do medo que ainda a consumia, seus lábios se curvaram para cima em um sorriso determinado. Ela correspondeu ao soquinho dele, seu olhar agora cheio de uma nova determinação.
— Sim, vamos lá!
Com os peitos estufados e as cabeças erguidas, os dois avançaram de trás da lixeira com passos rápidos e sincronizados. A decisão de enfrentar o perigo de frente era quase suicida, mas também era uma demonstração de coragem e parceria inabalável. Eles trocaram uma última olhada de entendimento e encorajamento antes de se lançarem na batalha, acenando afirmativamente com a cabeça.
A adrenalina e a determinação os impulsionaram à frente, enquanto o som dos dragões se aproximando ecoava na noite caótica. O risco era extremo, e a possibilidade de falhar estava à espreita, mas o espírito de luta e a coragem de ambos brilhavam intensamente.
Dusk estendeu a palma da mão e começou a concentrar uma grande quantidade de energia mágica. Daquela concentração surgiu sua espada de cristal, frágil e pouco resistente, mas necessária para a situação crítica. O brilho da magia atraiu momentaneamente a atenção dos dragões, que, enfurecidos, fixaram seus olhos vermelhos e soltaram um rugido estrondoso que reverberou pelos escombros ao redor.
— Podem vir! — desafiou Dusk, sua voz carregada de determinação.
Com um impulso avassalador, Dusk avançou em direção às criaturas. Os dragões, atraídos pela movimentação, também se lançaram em sua direção. Mas antes que ele pudesse entrar em combate direto, Alexia tomou a frente com uma velocidade surpreendente.
— Flocus Glacialis!!!
De repente, um pequeno floco de neve surgiu diante dela, transformando-se em uma lança de gelo com duas pontas extremamente afiadas. A arma emanava uma aura de névoa, sinal de sua imensa energia mágica. Alexia, com olhos fixos e concentração absoluta, lançou a lança com uma precisão letal.
— Cuidado, Dusk!
O ataque foi tão rápido que mal deixou um traço de gelo no ar. A lança cortou o espaço e atingiu três dragões em sequência, congelando-os instantaneamente. O terceiro dragão explodiu em uma poderosa onda de energia gélida que formou um gigantesco floco de neve, do tamanho de uma pequena casa, que cobriu a área com um brilho gelado.
“Essa garota é incrível. Como ela consegue canalizar tanta energia mesmo sendo tão jovem?” pensou Dusk, maravilhado e surpreendido com a força impressionante de Alexia.
Os três dragões, atingidos pelo ataque devastador, se desfizeram em pó, a magia de Alexia sendo tão eficaz que eliminou os monstros com um simples golpe. A cena estava marcada pelo brilho frio do gelo, contrastando com a devastação ao redor.
Com um impulso renovado, Dusk concentrou uma grande quantidade de energia em suas pernas, fortalecendo seus músculos e adquirindo uma velocidade sobre-humana. Erguendo sua espada de cristal, ele avançou contra o quarto dragão. A criatura, enfurecida, disparou uma rajada flamejante, mas Dusk era mais rápido. Com um salto ágil, ele se desviou das chamas e, impulsionando-se sobre um carro destruído, atacou com um corte preciso e rápido, decapitando o dragão antes que ele pudesse reagir.
Dusk e Alexia se preparavam para o confronto final com o último dragão. O monstro restante se destacava por sua aparência imponente e suas escamas afiadas, emitindo uma aura densa e ameaçadora que parecia absorver a luz ao seu redor. Mesmo sem o visual intimidante dos outros dragões, sua presença fazia o ar ao redor parecer ainda mais opressivo.
Dusk, com um olhar fixo e determinado, encarava a criatura, mas seu medo era palpável. Suas mãos, pequenas e trêmulas, lutavam para segurar firmemente o cabo da espada de cristal. O suor escorria por seu rosto, misturado com a sujeira da batalha, enquanto ele tentava desesperadamente manter a compostura.
Alexia, ao seu lado, sentia o peso da situação. A presença ameaçadora do dragão fazia seu coração acelerar, mas ela manteve o controle. Levando a mão para trás das costas, ela conjurou novamente sua lança de gelo, sua concentração e habilidades nítidas e afiadas como a própria arma. Ela estava decidida a lutar, mas a preocupação com a condição de Dusk fazia seu estômago se contorcer.
— Só falta um. Acredito que damos conta dele — disse Dusk, sua voz tentando soar firme, mas o medo era evidente em cada palavra. Ele queria esconder seu nervosismo, mas o tremor em suas mãos denunciava sua verdadeira condição.
Alexia percebeu o receio de Dusk e, mesmo com sua própria apreensão, tentou encorajar o garoto. Ela sabia que precisava da ajuda dele, mas a ideia de lutar ao lado de alguém tão visivelmente amedrontado a deixou um pouco inquieta.
— Eu acredito que posso derrotar esse Etéreo, mas vou precisar de ajuda. Você vai conseguir me acompanhar? — perguntou Alexia, sua voz carregada de preocupação. Ela não queria enfrentar o dragão sozinha, mas também temia que Dusk não estivesse à altura da tarefa.
Dusk respirou fundo, tentando forçar a si mesmo a parecer mais corajoso. Levantou a cabeça com determinação, seus olhos fixos na ameaça diante deles. Ele forçou suas mãos a parar de tremer e a manter um aperto firme na espada.
— Claro que vou, pode contar com isso. — Sua voz estava agora carregada de uma determinação quase forçada, mas ele sabia que precisava enfrentar seu medo para ajudar Alexia. Ele fez o possível para não deixar transparecer o quanto estava apavorado.
Enquanto Dusk e Alexia se preparavam para o combate final, o dragão, com seus olhos vermelhos de fúria e escamas afiadas como lâminas, avançava com uma velocidade aterrorizante. Suas garras arranhavam o chão e sua mandíbula se abria em uma ameaça de devorar os dois em uma única mordida esmagadora. O rugido estrondoso da criatura ecoava pelo ar, prometendo destruição iminente.
Mas, antes que o dragão pudesse alcançar seus alvos, a cena mudou de forma dramática. Três figuras emergiram do nada com uma velocidade que desafiava a compreensão, como relâmpagos cortando a escuridão. Eles chegaram em um instante, a força de sua chegada reverberando pelo ambiente devastado.
Uma mulher se destacou imediatamente. Vestida com um traje chamativo e um elegante vestido esvoaçante, ela tinha um longo cabelo preso com um arco sofisticado. A presença dela era tão marcante quanto sua magia. Com uma expressão séria e determinada, ela pronunciou as palavras mágicas:
— Partitura 10: Balada do Tempo!
Assim que ela falou, uma pequena folha mágica surgiu diante dela, se desfazendo em uma chuva de partículas que voaram em alta velocidade em direção ao dragão. As partículas mágicas penetraram as escamas afiadas da criatura, como se fossem agulhas de luz, e começaram a afetar seu sistema nervoso. Gradualmente, os movimentos do dragão desaceleraram, transformando sua corrida frenética em uma marcha pesada e lenta. O dragão, uma vez uma força destrutiva de natureza furiosa, agora parecia um titã enferrujado lutando para se mover.
Alexia, que estava assistindo a cena com uma mistura de incredulidade e felicidade, não conseguiu conter seu entusiasmo ao reconhecer a figura que havia acabado de aparecer. Seus olhos brilharam como duas esmeraldas, e um sorriso de alegria radiante iluminou seu rosto.
— É a Íris Victorius! — exclamou Alexia, suas palavras carregadas de emoção. O nome da maga era bem conhecido, e sua presença significava um reforço vital em meio ao caos. A visão dela no campo de batalha trouxe um alívio e uma satisfação profundos para ela.
Enquanto o dragão lutava para se mover, a batalha parecia estar em um ponto crítico. A presença da maga Íris havia proporcionado um alívio significativo, mas o dragão ainda se mantinha uma ameaça iminente. Nesse instante, uma nova onda de poder adentrou o campo de batalha.
Um fantasma negro rasgou o ar, seu contorno envolto em sombras e malevolência. O feitiço Alma Malevolente foi lançado com uma magnitude impressionante, triplicando seu tamanho habitual e cobrindo o dragão com uma aura sombria e sufocante. O monstro, agora engolfado pelo espectro negro, lutava para se libertar, seus movimentos se tornando ainda mais lentos e desordenados.
Essa magia poderosa não foi conjurada por Dusk, mas pela mulher que apareceu repentinamente no campo de batalha. Com cerca de 25 anos, ela tinha longos cabelos castanhos e olhos violetas, e sua aura emanava uma sensação de autoridade e competência. Era Aliyah Tedimir, a mãe de Dusk. Ao pousar os olhos nas crianças, seu semblante expressava uma mistura de preocupação e alívio, especialmente ao ver seu filho no meio da confusão. Embora ela parecesse inicialmente severa, um sorriso de orgulho e alívio surgiu em seus lábios ao reconhecer Dusk.
Enquanto isso, o pai de Dusk, Ronnos Tedimir, entrou em cena. Com seu cabelo grisalho e olhos vermelhos intensos, ele estava armado com duas espadas. Correndo com uma agilidade impressionante, ele avançou contra o dragão debilitado. Sua abordagem foi implacável e rápida. Com um movimento ágil e preciso, Ronnos decapitou o dragão sem esforço, sua técnica refinada e letal encerrando a ameaça com um corte impecável.
A cena foi quase mágica para Dusk e Alexia. Seus olhos se arregalaram de admiração e espanto enquanto observavam os pais de Dusk e Íris em ação. O controle absoluto que Aliyah exerceu sobre o feitiço, a precisão mortal de Ronnos e o suporte perfeito de Íris, deixaram os dois jovens em estado de êxtase. O impacto da chegada do esquadrão foi inegável, e a sensação de segurança e reverência que experimentaram foi palpável.
A empolgação tomou conta de Alexia e Dusk, e, sem poder conter o entusiasmo, ambos gritaram em uníssono:
— É o Esquadrão Zero!!!