Volume 1 – Arco 3

Capítulo 42: Kevin e Bennet, Espadachins Fervorosos

Dusk, o sentinela que havia acabado de retornar após ficar cinco dias inconsciente no hospital, desceu do décimo para o segundo andar junto com Gwen, sua amiga e parceira de esquadrão.

Assim que eles entraram na sala onde a tenente Mília estava à espera, o local emitia uma atmosfera sofisticada e moderna, com um design meticulosamente planejado para maximizar conforto e funcionalidade. As amplas janelas do chão ao teto permitem uma vista panorâmica da cidade ao fundo.

Mília após pôr os olhos em Dusk, um amplo sorriso apareceu em seu rosto. Ela estava sentado atrás de uma mesa, com os cotovelos sobre a mesa e sua mão segurando seu queixo.

— É bom ver você acordado. Nos deu um enorme susto, mas estou feliz em ver que está de volta — disse ela com um tom de voz aliviado.

De ombros erguidos, postura ereta e olhos que brilhavam com determinação. Ele sorria ligeiramente, exalando um pouco de autoconfiança.

— Está surpresa? Você ainda vai ouvir falar muito de mim, tenho muita energia ainda para gastar — respondeu ele tentando fingir estar bem.

Ao escutar isso, Gwen arqueou uma das sobrancelhas, olhou fixamente para Dusk e cruzou os braços, já fazia um tempo que ela mantinha esse discurso, mas seu amigo insistia em esquecer.

— Não querendo parecer chata, mas preciso lembrá-lo do que o doutor disse. Você precisa descansar. Não recuperou toda sua mana ainda, e se esgotar toda sua energia e desmaiar, não vou te ajudar. Faz tempo que estou avisando, mas parece que não adiantou.

— Ah, claro, eu lembro, mas sabe, às vezes os pacientes esquecem o que os médicos dizem. — Dusk forçou um sorriso e evitou olhar diretamente para Gwen enquanto coçava a nuca.

Diante dessa interação entre os dois sentinelas, Mília deu uma pequena risada, chamando a atenção dos dois, que pararam no mesmo instante. Ao perceber que os interrompeu, ela apontou seu dedo para o garoto.

— O que a Gwen comentou está certo. Para alguém que voltou e está com pouca energia, você até que está se aguentando bem. Se fosse eu no seu lugar, já teria ido dormir.

— Mesmo que eu fique inconsciente, meu corpo agiria instintivamente por mim. Mas ok, eu sei que não posso me esforçar muito. Porém, aqueles dois Etéreos que enfrentei eram super fortes. Se não conseguir ficar mais forte, não sei se terei chances contra eles. — Dusk apertou o punho e estreitou os olhos ao dizer isso.

— Você tem um bom ponto. — Ela assentiu. — Pelo pouco que pudemos sentir da energia emanada por aqueles inimigos, os classificamos como ameaça nível Delta. Como vocês sentinelas estão na primeira missão, não sei se conseguem lidar com esse tipo de perigo.

Gwen suspirou profundamente, com os ombros caídos e expressão abatida. Ela já estava cansada de tentar convencer o cabeça-dura, mas nada parecia fazê-lo ceder.

— Tenente, já tentou de tudo com o Duskizinho, mas ele também não ajuda — comentou ela, apontando para seu amigo. — O que mais podemos fazer?

O sentinela franziu a testa, desviou o olhar e, de forma rítmica, batia os pés no chão enquanto cruzava e descruzava os braços. Ele sabia que estava sendo teimoso nessa situação, mas as lembranças da batalha e de seu desempenho patético o motivavam a ficar de pé.

— Vou falar sério e apenas uma vez — começou Mília, elevando o tom de voz para capturar a atenção de Dusk no mesmo instante. — Se tivermos que lutar, não será individualmente; você terá o apoio dos demais sentinelas. Nunca tente fazer as coisas sozinho, pois isso pode ser prejudicial tanto para você quanto para nós, que ficaremos sem mais um apoio. Já perdemos Maurice, e Asta parece não estar apta para lutar.

Dusk apertou os lábios em uma linha fina, e seus olhos expressavam uma mistura de raiva e resignação. Ele desviou o olhar, evitando os olhos das duas, com as mãos fechadas em punhos discretos ao lado do corpo.

— Eu entendo, vocês têm razão — concordou ele.

A tenente cruzou os braços, satisfeita, enquanto um sorriso tranquilo se espalhava por seu rosto. Ela se inclinou para trás, apoiando-se confortavelmente na cadeira e, contente com o resultado, balançou uma das sobrancelhas para Gwen.

— Viu só? Não foi tão difícil. Mas agora que você entendeu, Dusk, não quero ver você perambulando por aí. Se eu te pegar fazendo qualquer coisa além de descansar, vou te punir severamente.

Devido ao tom de voz alto e à alta patente da Tenente Mília, Dusk parou firmemente diante dela, mantendo uma expressão séria e respeitosa.

— Sim, farei de tudo para não deixá-la nervosa — respondeu ele, fazendo uma continência.

— Muito bom ouvir isso. Agora você está liberado; vá para o seu quarto. Quero vê-lo cheio de energia amanhã cedo. Caso contrário, pedirei que descanse novamente. Gwen, você fica, precisamos conversar sobre um assunto só entre nós duas.

A dupla assentiu com a cabeça. Gwen ficou para trás enquanto Dusk, com passos ágeis, deixou a sala, passando pela porta automática que se abriu sozinha

— Com licença — disse ele ao se despedir.

 

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Tempo depois, ainda no segundo andar, Dusk perambulava pelos corredores extremamente longos. Tudo parecia em ordem naquele ambiente silencioso, mas, mais ao fundo, ele ouviu um ruído de algo colidindo.

Procurando a origem do som, Dusk avistou uma sala cuja porta estava fechada, mas um vidro retangular permitia a visão do interior.

Era uma sala de treino moderna e bem planejada. Linhas de luz LED no teto iluminavam o espaço abaixo. À direita, fileiras de esteiras avançadas; à esquerda, equipamentos de treinamento funcional bem organizados, com pesos e bolas de exercício.

Bem no centro, havia um grande espaço vazio onde dois jovens estavam duelando com espadas de madeira. Um deles, com cabelo laranja espetado, usava o uniforme padrão dos sentinelas, acompanhado de um grande casaco. Esse era Kevin. À sua frente, Bennet, com um cachecol no pescoço, o encarava.

— Você deveria sentir vergonha em se chamar de espadachim com esse seu manejo fraco. Durante toda essa manhã de luta, você não conseguiu me acertar uma única vez. Hahaha — riu Kevin, debochando.

Bennet apertou o cabo da espada e cerrou os dentes, mas logo parou, respirou fundo e relaxou os ombros tensos. Mantendo sua postura, ele encarou Kevin.

— Ei! Cuida da sua vida. Da mesma forma que não te atingi, você também não conseguiu me acertar uma vez sequer. E olha que você se diz o maior usuário de espada que existe, não é mesmo? — provocou Bennet.

Kevin ouviu a provocação e seus olhos se estreitaram de raiva. Seu maxilar trincou e suas mãos apertaram a espada com fúria. Ele avançou rapidamente, com passos pesados e decididos, movendo sua arma sem hesitar.

— Viu só o que eu disse? Só tem força, mas nada de técnica. Você parece um urso feroz sedento de sangue — zombou Bennet enquanto se esquivava do ataque.

Aproveitando a brecha, Bennet preparou sua espada de madeira e a moveu para atingir a barriga de seu oponente. No entanto, Kevin foi rápido e saiu da investida. Ao ver seu ataque falhar, Bennet sentiu um forte cascudo na cabeça.

— Ai, ai, ai! — exclamou Bennet, levando as mãos à cabeça. — Porra, isso foi golpe baixo, idiota!

— Hihihi! Baixou a guarda e levou um sopapo — riu Kevin, se divertindo com a cena.

Kevin estava parado, distraído, quando sentiu uma dor aguda no tornozelo. Seu rosto se contorceu de dor e ele mordeu o lábio, tentando suprimir um grito. Bennet havia acabado de acertar um golpe nele enquanto estava de guarda baixa.

— Ora, seu... — disse Kevin, com os olhos vermelhos de raiva.

— Viu só como é ruim ser pego de surpresa? Tem mais disso de onde veio. Estou mais confiante agora, já que parece que você não consegue usar suas técnicas com essas espadas de treino.

Ao escutar isso, Kevin sorriu amplamente. Seus olhos brilharam intensamente, cheios de convicção. Ele olhou diretamente nos olhos de Bennet, mantendo o contato visual sem vacilar.

— Sétima Forma: Espiral Glacial Qavar!

Ao dizer essas palavras, com sua espada preparada, Kevin rodopiou nos calcanhares. Na metade do giro, a imagem de um dragão apareceu em sua espada de madeira, e, quando isso aconteceu, várias agulhas feitas de gelo foram disparadas velozmente contra Bennet.

— De onde tirou essa informação falsa? — zombou Kevin. — Se não se proteger, essa aqui vai machucar, e muito.

— Asas do Vento Azul! — declarou Bennet prontamente.

Golpeando o ar vazio, magicamente, um par de asas de uma fênix azul apareceu da espada de madeira, voando em direção às agulhas de gelo.

As duas habilidades colidiram exatamente entre eles, gerando tanta energia acumulada que faíscas se espalharam por toda a sala. Até Dusk se assustou um pouco e deu um passo para trás por reflexo.

Tanto as asas quanto as agulhas desapareceram instantaneamente, sem deixar vestígios. Kevin sorriu vitoriosamente, com os olhos brilhando de satisfação, e bateu no peito com orgulho, uma atitude que deixou Bennet surpreso.

— Viu só? Minha técnica é tão superior que superou a sua num piscar de olhos. Agora quero ver se vai falar alguma coisa. Vai, estou esperando? — provocou Kevin.

— Está lutando tanto que já está imaginando coisas. Deu para ver muito bem que minha magia acabou com a sua — respondeu Bennet.

Sem perder tempo, Bennet, em uma movimentação rápida, se aproximou de Kevin, tentando acertá-lo novamente. No entanto, Kevin, com reflexos apurados, conseguiu bloquear o golpe com a espada de treino.

— Vai, desiste logo! — reclamou Kevin. — Não é feio admitir a derrota.

— Nunca que eu faria isso. Tenho a honra de guerreiro de nunca recuar. Sigo a mentalidade do meu pai: se for para lutar, lute até o fim, e se for para morrer, morra protegendo alguém.

Bennet segurou sua espada com firmeza, seus olhos se estreitando em concentração. De repente, uma onda de energia mágica começou a emanar de seu corpo, crepitando no ar ao seu redor. Uma aura brilhante e azulada cercou a lâmina da espada e a si mesmo.

Seu corpo reagiu instintivamente, saltando para trás para evitar o golpe. Ele se preparou rapidamente, respirando pesadamente e olhando ao redor com olhos atentos.

— Grito da Aurora Celestial! — gritou Bennet.

Fazendo um movimento circular com a espada de madeira, a imagem ilusória de um bico de pássaro surgiu. Quando se abriu, um intenso grito de fênix se espalhou por toda a sala.

O som foi tão forte e intenso que atravessou o corredor onde Dusk estava, trincando um pouco o vidro pelo qual ele observava o embate.

— Meu Deus — disse Dusk, assustado —, não sabia que Bennet tinha uma habilidade tão forte assim.

Mas Kevin, sem se intimidar, encarou a onda de choque que se aproximava. Preparou sua espada e, fazendo um movimento que a fez deslizar no chão, entoou.

— Oitava Forma: Uphien, Colisão Sísmica!

Do chão onde a espada passou, uma parede de terra se ergueu, com a imagem de um dragão se elevando e desaparecendo em sequência. Foi uma enorme parede que cobriu a sala de ponta a ponta.

A onda sônica gerada pelo grito colidiu com a defesa de terra, que rachou, quebrou e caiu. No entanto, a magia de Bennet também desapareceu no mesmo instante, como se ambas as magias tivessem sido anuladas juntas.

Uma gota de suor escorreu pelo rosto de Kevin. Ele caiu de joelhos, com os braços trêmulos, mas ainda segurando a espada. Ao mesmo tempo, Bennet, respirando pesadamente, deitou de costas no chão.

— E aí, Kevin? Considera isso um empate justo? — perguntou Bennet, sem forças para se levantar ou sequer virar o rosto que encarava o teto.

— Eu quero lutar mais, mas meu corpo não quer. Então aceito sua rendição — provocou Kevin.

Dusk assistiu à luta com os olhos arregalados e um sorriso crescente. Quando a luta terminou, ele saltou de alegria, batendo palmas, embora o som não chegasse aos dois. Seus olhos brilhavam de excitação enquanto gesticulava animadamente, imitando os movimentos que acabara de ver.

— Isso foi incrível! Eles até parecem meu pai lutando. Eu quero ter essa mesma garra e força que ele tem — disse ele, animado.

Erguendo o queixo e respirando fundo, Dusk deu um passo à frente. Com o coração batendo forte, ele sentia a inspiração crescendo a cada momento.

— Eu preciso me empenhar igual a eles. Se não, ficarei para trás — disse ele, cheio de convicção.


Continua no Capítulo 38: Um Teimoso Corajoso.



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