Volume 1 – Arco 3

Capítulo 38: Reforços

No grande palácio presidencial, suspenso sobre uma enorme hélice acima da cidade de Fortune Diamond, uma das salas estava devastada. O teto estava destruído e o piso completamente rachado. Dusk estava devastado, seu coração pesado pela perda de um companheiro. Maurice havia recebido um ataque mortal destinado a Dusk e, para protegê-lo, se colocou no caminho do golpe.

— Maurice!!! — gritou Asta, a namorada de Maurice, que havia voltado a si devido à cena trágica.

Com dificuldade, Dusk conseguiu conjurar um fantasma benevolente e usou-o para estancar o enorme buraco em seu braço, tentando conter o sangramento.

— Você não pode morrer também!

Frustrado por não ter conseguido proteger ninguém, Dusk usou suas energias restantes para convocar o fantasma branco. Ele tentou usar sua magia em Maurice, na esperança de curá-lo. Embora o feitiço tenha conseguido selar o ferimento, a alma de Maurice já não estava mais presente em seu corpo.

— Meu objetivo não era matá-lo agora, mas, sendo burro e idiota, ele nos forçou a eliminá-lo — disse Conanus, com um tom de desdém.

— Cala a boca! Ele deu a vida para me proteger. Eu não posso, e não quero, que ele vá embora assim — respondeu Dusk, com a voz carregada de dor e raiva.

— Apesar de tudo, você parece ser uma boa pessoa, mas mesmo assim, não vou te perdoar por matar nossa filha. Shael era importante para nós — respondeu a mulher, com um olhar carregado de tristeza e fúria.

Conanus preparou suas duas espadas curvas e se aproximou de Dusk, que estava com a guarda baixa diante do corpo de Maurice. Não havia chances de Dusk sair vivo daquela situação.

No entanto, de repente, uma lâmina caiu diante de Conanus, cravando-se firmemente no piso. Era uma faca de lâmina extremamente afiada, com a cor vermelha como sangue.

Nesse instante, uma figura surgiu à frente de Conanus. Com cabelos negros cortados até o pescoço e olhos rosas que fixavam-se diretamente no Etéreo, ela se posicionou com firmeza.

— Você não vai encostar no Duskizinho.

— Gwen? — perguntou Dusk, surpreso.

— Pode ficar tranquilo, deixe o resto conosco — respondeu Gwen, com um tom decidido.

Nesse momento, através do grande buraco no teto, Dusk viu um enorme dragão emergir. Era o mesmo dragão que Kevin havia criado para transportá-los, e em cima dele estavam todos os outros sentinelas.

Apesar da tensão e dos conflitos passados com Kevin, Dusk sentiu um alívio e uma sensação de calma ao vê-lo trazer todos de volta de uma vez.

A tenente Mília, apontando o braço em direção a Conanus e Sifari, ordenou com firmeza:

— Sentinelas! Protejam a todos, Dusk, Asta e Cristina! Não podemos permitir que mais pessoas morram.

Seguindo a ordem de Mília, Kevin fez seu dragão descer com força e pousou ferozmente na frente de Conanus, que foi forçado a recuar um pouco. Os sentinelas, armados e prontos para a batalha, pularam do dragão e formaram uma linha de defesa na frente de Dusk.

O dragão de Kevin soltou um rugido ensurdecedor, que parecia ecoar por toda a cidade, antes de desaparecer como uma névoa. Para Dusk, ver seus amigos chegarem para apoiá-lo foi como encontrar uma luz no fim do túnel. Ele sorriu aliviado ao vê-los.

Kevin, empunhando sua espada, virou-se para Dusk com uma expressão fechada. Ele arqueou as sobrancelhas e apontou para ele.

— É difícil reconhecer, mas você até segurou bem. Agora, trate de curar seus machucados e venha lutar, se conseguir. Mas se não conseguir, fique tranquilo, pois continuarei o que comecei. Vou eliminar esses Etéreos por mim mesmo! — disse Kevin.

Porém, quem tomou a iniciativa não foi Kevin, mas sim a cantora Alexia Magus. Com as mãos abertas, ela conjurou uma grande quantidade de neve que disparou em direção a Conanus. No entanto, o Etéreo, ágil e rápido, conseguiu escapar do ataque com facilidade.

— Agora é a minha vez! — disseram juntos Kevin e Bennet, com suas espadas preparadas.

Em alta velocidade, a dupla de espadachins avançou contra Conanus. A troca de golpes foi intensa: os ataques de Kevin eram brutais, os de Bennet precisos, e os de Conanus fluidos e letais.

— Vocês mataram minha filha e agora querem levar Conanus de mim! Não deixarei que façam isso! — gritou Sifari, que até então estava derramando lágrimas ao ver seu companheiro sendo atacado.

Ela levantou seu cajado mágico e fez surgir do chão um besouro feito de terra.

— Quero que vocês tenham uma morte lenta e dolorosa como preço por tirar Shael de mim. Criei esse monstro para garantir isso. Seu veneno é tão letal e eficaz que, em apenas cinco segundos de contato, é capaz de matar até mesmo os maiores dragões — ameaçou Sifari.

Sem se preocupar com nada, o besouro criado avançou em direção ao grupo de sentinelas como um animal selvagem.

Pegando o microfone dourado de seu bolso, a tenente Mília o levou até a boca e, antes que o inseto gigantesco pudesse atacá-los, pronunciou uma única palavra.

— Exploda!

Com essa simples palavra, a criatura começou a inchar e, de repente, explodiu em uma erupção de chamas. Esse foi o efeito da magia de Mília.

Conanus, ao ver a explosão, conseguiu evitar os ataques de Kevin e Bennet e se afastou, mantendo uma boa distância deles.

— Interessante! Como ela fez isso? — perguntou Conanus, surpreso com o poder demonstrado.

Durante a batalha intensa, Dusk começou a sentir seus sentidos falharem. Sua visão ficou embaçada e ele caiu no chão.

Quase imediatamente, Gwen correu para seus cuidados e conseguiu segurar sua cabeça antes que ele batesse com força no chão.

— Gwen, acho que mandei muito mal hoje! — disse Dusk, com a voz fraquejante.

— Não precisa se preocupar com isso agora. Tente recuperar suas energias. Pelo jeito, você vai apagar por um bom tempo. Usou muita mana. Não se preocupe, nós aqui vamos dar um jeito — respondeu Gwen, tentando acalmá-lo.

Dusk contorceu o rosto de dor e olhou para onde não tinha mais braço, sentindo uma dor intensa naquela região.

— Pelo que vejo, você também pagou um preço alto pelo seu braço — disse Gwen.

Ela retirou do bolso de sua camisa um adesivo circular com um círculo mágico desenhado e o colocou sobre a parte decepada do braço de Dusk.

— Você tem sorte que comprei isso com você, lembra? Esse adesivo tem um efeito poderoso, capaz de regenerar membros perdidos. No entanto, em troca, vai consumir quase toda a sua energia, então você vai apagar por pelo menos cinco dias.

Dusk começou a sentir uma leve dormência no ombro, provavelmente devido ao efeito da magia em ação.

— Queria ter lutado um pouco mais. Fui um completo inútil nessa primeira missão. Por minha culpa, Felipe, Emma e Bennet morreram — disse Dusk, com um tom de pesar.

Gwen olhou para ele com uma expressão de compreensão e apoio.

— Olha, Dusk, vou te dizer as mesmas palavras de Evelyn quando ela fala para meu irmão. Não se cobre demais. Faça o que pode. Nem sempre nos saímos bem, mas se aprendermos com as falhas, isso nos ajudará a não cometer os mesmos erros no futuro. Agora, você precisa descansar e voltar para a batalha quando estiver em boas condições.

Dusk sabia que Gwen tinha razão. Sua visão então se voltou para seus parceiros de esquadrão, que lutaram bravamente.

Sifari estava criando vários monstros planta, mas a dupla Bennet e Kevin se encarregava de lidar com eles. Na retaguarda, Mìlia usava sua magia musical, Alexia lançava feitiços de gelo, Olivier disparava suas pistolas, e as outras garotas davam suporte mútuo.

A batalha estava difícil tanto para os Etéreos quanto para os Sentinelas. Conanus estava ocupado enfrentando Kevin e Bennet. Em um momento oportuno, ele conseguiu arranhar as bochechas de Bennet com suas lâminas. Bennet ficou um pouco atordoado, mas Kevin, em completa fúria, aproveitou a brecha, fechou os punhos e desferiu um soco potente na barriga de Conanus.

O lobo, ainda atordoado pelo ataque, rapidamente se recuperou e se juntou a Sifari, que estava consumida pela raiva e continuava criando uma infinidade de criaturas.

— Sifari, acho melhor recuarmos por enquanto — sugeriu Conanus.

— O que está dizendo? Precisamos vingar Shael, ou a morte dela terá sido em vão — rebateu Sifari.

— Eu entendo isso, mas precisamos voltar e encontrar uma estratégia mais eficaz para enfrentar esses inimigos. Se continuarmos lutando nas condições atuais, corremos o risco de morrer.

Sifari franziu a testa e cerrou os dentes, reconhecendo que Conanus tinha um ponto válido.

— Certo, vamos recuar então.

Kevin, com sua espada longa em mãos, tentou encurtar a distância para atacar Conanus e Sifari, mas ambos conseguiram se esquivar. Sifari, então, fez um gesto com a mão para cima.

— Escutem bem! Da próxima vez que nos encontrarmos, será no campo de batalha. E quando esse dia chegar, eu vou devorar cada um de vocês — ameaçou Conanus.

Uma flor rosa emergiu do chão, a mesma que haviam usado para chegar àquela sala. Em questão de segundos, a flor desapareceu, descendo pelo piso.

“Droga, eles fugiram!”

Com esse pensamento, Dusk sentiu seu corpo ficar cada vez mais pesado até que, finalmente, fechou os olhos e perdeu a consciência.


Continua no Capítulo 33: Separados pelo Destino

Data de Lançamento: 05/08/2024



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