Volume 1 – Arco 3

Capítulo 26: Governantes de Fortune Diamond

No palácio presidencial de Fortune Diamond, os combatentes de Thesena estavam presentes, todos liderados pela Tenente Mília. Dusk, um dos sentinelas, ficou assustado e um pouco desconcertado com a aparição de uma dupla na reunião que tinha com Emma Paison, a governante da cidade.

O homem que entrou tinha estatura alta, seu corpo era bem definido, mas nada exagerado. Ele usava uma farda padronizada do grupo de defesa da cidade, entretanto, a farda desse sujeito em específico tinha vários adesivos adicionais, com medalhas na região do peitoral.

Ao lado dele estava uma mulher de longos cabelos ruivos, de tonalidade laranja. Ela tinha uma aparência similar à da governante da cidade, mas era anos mais nova que Emma. A moça usava uma roupa formal e um chapéu cloche.

Quando entraram na sala, perceberam os sentinelas em reunião com Emma. Entretanto, o olhar daquela dupla, que Dusk sabia ser um casal quando ninguém os olhava, foi direcionado a ele. Afonso parecia ter ficado branco como papel ao vê-lo, enquanto Cristina, ao notá-lo, colocou a mão na cintura.

— O que você está fazendo aqui? — A pergunta de Cristina foi direcionada a Dusk, que intuitivamente tentou desviar a atenção dela, fingindo que não os conhecia.

— Esses aqui, filha, são os sentinelas de que comentei com você da última vez. Foram eles que chamei para ajudar a gente com os Etéreos.

Após Emma dar essa resposta, Cristina desviou sua atenção de Dusk para Afonso, que parecia meio sem reação, mas voltou para sua mãe no centro da sala.

— Sim, entendi. Mas por que chamou a gente aqui? Estamos completamente ocupados, a cidade está em caos depois do ataque que sofremos há pouco.

— Exatamente por isso que os chamei. Vocês sabem mais sobre os monstros do que eu. Queria que dessem mais detalhes sobre o ataque de hoje e sobre eles em geral, neste mês e meio em que estamos sofrendo os ataques.

Cristina deu alguns passos e ficou ao lado de sua mãe. As duas, lado a lado, mostravam um grau de parentesco inegável, com postura ereta, cabeça erguida e peito estufado. Ela começou:

— Nos últimos um mês e meio, cada ponto da nossa cidade vem sendo atacado por esses monstros. Isso vocês já devem saber, mas tem um porém. Nossos guardas que estão de prontidão na entrada e na saída da cidade nunca avistaram uma dessas criaturas entrando. Então, pelo que parece, os Etéreos surgem do nada.

— Mas isso é possível? Os Etéreos não podem simplesmente aparecer do nada, ou podem? — perguntou a sentinela Agatha, do terceiro esquadrão.

— Não duvido que eles possam fazer isso. Nada me surpreende vindo daqueles monstros — comentou Kevin, de braços cruzados.

— Mas deixa eu fazer uma pergunta para vocês duas — disse Gwen, entrando na conversa. — Vocês chegaram a ver esses monstros alguma vez?

— Embora das outras vezes eu tenha estado ocupada resolvendo alguns assuntos, não pude ter uma imagem clara desses monstros. Mas hoje, em específico, vi um, e aquela coisa não era bonita. Parecia um humano misturado com árvore. Tinha que ver, era feio. Para piorar, aquilo era invisível — respondeu Cristina prontamente.

Gwen se virou para seu amigo Dusk, que ficou observando-a fixamente, assim como Afonso e Cristina, notando sua atitude suspeita.

— Pelo jeito que ela está falando, parece o mesmo que você derrotou, né, Dusk?

— Não parece, é o mesmo. Me lembro muito bem de ter matado aquele monstro que quase atacou Cristina e Afonso — respondeu Dusk.

Levantando uma das sobrancelhas e olhando de canto para sua filha, a expressão de Emma parecia preocupada, enquanto Cristina mostrava nervosismo, com as bochechas vermelhas.

— É sério isso? Por que não me falou nada? Agora sim estou preocupada com sua segurança. Sei de tudo que você tem, mas se esse monstro fizer algo com você, já imaginou como eu ficaria?

A vice-governante, tímida e sem jeito com a situação, levou os braços para trás das costas, jogou a cabeça de lado e lançou um olhar ameaçador como o de uma águia para Dusk.

— Já falei antes, não precisa se preocupar. Sei me virar sozinha. E tenho que acrescentar que os monstros que estão nos atacando não são muito fortes, têm o nível de ameaça Zeta. Mas você tem razão, tenho que ficar mais esperta para quando as criaturas vierem atacar.

Emma, satisfeita com a resposta, soltou um sorriso, apoiou os braços na mesa e virou a cabeça para a janela aberta. Olhou para o horizonte por um momento, depois desviou a atenção para os retratos nas paredes, onde havia imagens de várias pessoas.

— Por gerações, minha família cuida desta cidade. Em nenhum momento no governo deles a cidade esteve tão em perigo como agora. Sei que daqui a alguns anos vou ter que passar meu cargo para minha filha, mas até lá, acredito que já teremos resolvido esse problema com os Etéreos. Agradeço demais a ajuda de vocês. Podem ficar tranquilos, serei generosa na recompensa quando terminarem.

Por causa das palavras de Emma, o silêncio tomou conta da sala. Todos ali pareciam notar a convicção e determinação dela enquanto falava.

— O que vocês acham de fazer uma busca pela cidade? Tipo, para ver se encontramos alguma coisa que indique de onde os Etéreos vêm — comentou Maurice.

— Você tem um ponto, mas primeiro precisamos de uma boa base de informações, como: locais atacados com mais frequência, quantas pessoas se feriram ou morreram nesses ataques, quantos inimigos aparecem com frequência, pessoas envolvidas, esse tipo de coisa — disse Alexia.

Cristina, que escutou as sugestões, inclinou a cabeça de lado e fez uma expressão de dúvida após terminar de ouvi-la.

— Hum!? Vocês não são uma equipe de elite? Já deveriam saber essas coisas, pois coletar o máximo de informações é crucial para um bom desempenho.

— Então — interrompeu Mília — me vejo na obrigação de informar que nesta missão foram liberados três esquadrões de novatos, que participaram dos últimos exames de admissão. Esta é a primeira missão deles como Sentinelas. É normal que tenham algumas dúvidas, mas sempre estarei por perto para dar o máximo de auxílio.

Parecendo extremamente desconfiada, enraivecida e nervosa, os olhos de Cristina percorreram cada um dos sentinelas. Ela estava frustrada, o que ficou estampado em sua expressão. Ela mordeu os lábios, franziu as sobrancelhas e, com um olhar severo, ficou encarando-os.

— Não acredito que a cidade ficará nas mãos de jovens novatos que mal sabem o que fazem. Como posso ter certeza de que vão se sair bem nessa tarefa? Mais um motivo para achar que os Etéreos vão acabar com a gente — era notória a frustração de Cristina.

— Olha quem fala? Como se tivesse propriedade de dizer algo — Dusk, por causa da cena desconfortável, deixou escapar suas reclamações, nem notando que falou em voz alta.

A vice-governante cerrou os dentes, estreitou os olhos pela irritação, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Mília se levantou de seu assento, fez uma reverência para Cristina e virou sua atenção para os sentinelas.

— Não fale assim dos recrutas. Sei que esta é a primeira missão deles, mas alguns já têm experiência de combate real e todos têm um potencial de crescimento exponencial. Posso dar minha palavra de que eles vão dar tudo de si para completar esta tarefa. Além disso, estarei por perto caso algo aconteça, então pode ficar tranquila — disse Mília, mostrando um sorriso confiante para a vice-governante.

Cristina, ainda meio relutante, virou-se para os sentinelas, mas, para não demonstrar ressentimentos, eles balançaram a cabeça em concordância, demonstrando que dariam o melhor de si.

— Vejo nenhum problema, contanto que vocês acabem com aqueles monstros. Para mim, está ótimo — disse Emma. — Já falei pra você, filha, precisa ser um pouco mais simpática, agradável e educada. Ninguém gosta de uma líder severa e bruta. Temos que saber usar os dois pontos.

Gwen, que estava calada até então, levantou a mão, tomando a vez de falar. Seus olhos rosados estavam fixados em Emma e Cristina.

— Tenho uma grande dúvida que não sai da minha cabeça. Vocês duas estavam presentes nos ataques que vêm acontecendo atualmente? Pois não é normal um ataque desordenado desse jeito, eles devem estar atrás de algo.

Por causa do que ela disse, mãe e filha trocaram olhares, parecendo meio sem entender o motivo da pergunta de Gwen, mas como estavam cooperando, fizeram um grande esforço para buscar em suas memórias.

— Parando para pensar melhor… Sempre que aconteciam os ataques, ou nós duas estávamos juntas, ou estávamos separadas e uma sofria ataque e depois a outra — respondeu Emma.

— Mas o que isso tem a ver com a gente? Está querendo dizer que somos uma espécie de chamariz? Tipo, eles estão vindo atrás da gente? — questionou Cristina.

— Sim! Foi isso mesmo que pensei — disse Gwen, balançando a cabeça em concordância. — Olha, falei isso para meus parceiros aqui presentes, mas quando eliminei o Etéreo que invadiu a cidade, ele estava chamando pelos governantes.

Emma e Cristina esbugalharam os olhos com essa informação. Era difícil acreditar que elas poderiam ser o motivo desse caos todo na cidade. Os olhos da governante geral percorreram todas as direções da sala e foram para cada um ali.

— Aproveitando essa oportunidade — Mília começou — senhorita Emma, gostaria de conversar com você em particular. Tem como? Pois vi algo nos relatórios e nas informações que você passou para Thesena que chamou minha atenção.

— Sem problemas. Também tenho algo que queria falar a sós.

As duas, que rapidamente planejaram uma conversa particular, saíram da sala acompanhadas de um pequeno número de guardas, deixando alguns sentinelas e a vice-governante Cristina.

Com uma pancada forte na mesa, um barulho alto atravessou toda a sala, chamando a atenção de todos para Kevin, que teve tal atitude.

— É agora que planejamos como iremos atacar? Bom, eu tenho um plano infalível. Quando eles vierem atacar novamente, que tal irmos com tudo? Certeza que nosso elemento surpresa é poderoso nessa situação. Quando verem o tamanho da minha força, ficarão espantados e até pararão de atacar este lugarzinho — disse ele, se achando.

— Que plano merda é esse? Se fosse para dizer besteira, era melhor ter ficado de boca fechada — respondeu na lata Bennet.

— Tem uma ideia melhor, espertalhão? Enquanto você fica aí reclamando dos meus planos infalíveis, os monstros podem estar devorando alguém agora.

— Me fala então. Se vierem criaturas fortes: dragões, fadas, demônios, anjos, essas coisas, e forem de classificação Gamma para cima, podendo ser até Alfa. O que você fará?

— Aí é simples! Eu vou lá e derroto todos eles — mostrou sua confiança Kevin.

Enquanto todos prestavam atenção no bate-papo entre Kevin e Bennet, Dusk, que também estava atento, não percebeu a movimentação suspeita atrás dele e, após receber um cutucão forte no ombro, a pessoa fez um sinal com a cabeça para ele a acompanhar.

“O que ela quer? Tomara que não brigue comigo, estou de boa agora.”

 

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Longe do local onde todos estavam na reunião, Dusk, Cristina e Afonso estavam se encarando num corredor largo. O sentinela parecia ser o alvo daquela dupla de casal.

Com seu olhar analítico, Dusk notou que não havia câmeras de segurança por ali, nem guardas ou rotas de fuga, um local perfeito para uma emboscada. A tensão emitida por aqueles dois incomodava um pouco ele.

Caminhando de forma graciosa, mas determinada, Cristina, com os braços para trás das costas, mostrava um sorriso estranho nos lábios. Estando bem perto do sentinela, ela inclinou um pouco o tronco e, com as sobrancelhas erguidas, parecendo desconfiada, olhou diretamente nos olhos dele.

— O que planeja fazer? O que você pretende? Quer revelar meu segredo para minha mãe? Já te aviso que, se fizer isso antes de mim... Eu mesma vou acabar com você — ameaçou Cristina.

Dusk, com um olhar vago, lábios entreabertos, como se ainda estivesse processando o que ela disse, casualmente coçava a cabeça.

— Do que você está falando? Por que estão me ameaçando? O que fiz para irritar vocês? — disse Dusk, lançando um suspiro pesado, carregado de frustração. — Porque salvei vocês de um Etéreo? Se for isso, então da próxima vez vou deixar vocês se virarem sozinhos. Mal agradecidos, nem para agradecer.

Cruzando os braços com firmeza e batendo os pés continuamente no chão, Dusk virou o rosto de lado, parecendo uma criança emburrada diante do casal.

— Não é disso que estou falando. É sobre o nosso encontro e o que estávamos fazendo lá. As pessoas desta cidade parecem não gostar de mim como futura governante e, se isso se espalhar, minha reputação vai diminuir — disse a vice-governante.

— Exatamente isso! — respondeu Afonso, que servia de guarda-costas dela.

Mas, enquanto os dois falavam, os olhos de Dusk vagavam pelo imenso corredor, fixando-se nas paredes onde havia espadas de diversos estilos e modelos. Para ele, aquilo era mais interessante do que o assunto do casal. Eles o encaravam, até que ele percebeu isso.

— Aaah! Como é? Vocês são namorados e ficam fazendo coisas que casais fazem, o que tem demais? Não é normal? — disse Dusk, que parou para refletir um pouco. — E o que isso tem a ver comigo? Por que eu falaria para a governante? Não ganharia nada com isso. Façam o que quiserem. Cada um toma conta da sua vida.

Meio confusa e atordoada pela resposta, Cristina percebeu a falta de interesse dele nesse assunto e relaxou um pouco os ombros, que estavam tensos até então.

— Se não veio falar com minha mãe sobre isso, então por que veio aqui? — perguntou ela.

— Ué? Você não estava na mesma reunião que eu? Se não percebeu, também sou um sentinela de Thesena que veio eliminar os Etéreos. Nem me perguntaram, já vieram pressionando, sem dizer nada — reclamou Dusk.

— Acho que mandamos mal, tendo esse tipo de atitude com ele — comentou Afonso, pondo-se ao lado de Cristina, que virou para ele com olhar apaixonado.

— Vocês acham? — enfatizou Dusk.

— Desculpa — pediu Cristina, meio sem jeito, com os braços para trás e abaixando a cabeça, evitando contato visual com o sentinela. — Como pode ver, a cidade está em caos por causa dos ataques daqueles monstros. Acho que peguei esse clima pesado e acabei descontando em você. Desculpa, mesmo!

— Hum? Um pedido de desculpas? — disse Dusk, mostrando um sorriso brincalhão. — Podem ficar tranquilos, não levei muito a sério o que aconteceu, pois também ficaria apreensivo se descobrissem um segredo meu.

Nesse momento, uma nova pessoa apareceu no corredor, virando a esquina. Primeiro o casal notou, depois Dusk: era Gwen, andando com toda calma do mundo, como se estivesse passeando, enquanto observava as paredes com as espadas.

Ela caminhou até encontrar o trio, olhou para seu amigo, depois para eles e, inclinando a cabeça de lado, parecia ter sua visão fixa neles.

— Olha o que temos aqui. Um casal? — perguntou subitamente Gwen.

— Como sabe? Por acaso escutou nossa conversa? — interrogou Afonso.

— Por que perderia meu tempo fazendo isso? Disse isso porque dá para ver esse sentimento entre vocês.

A dupla, envergonhada, desviou os olhos dos dois sentinelas. Dusk pensou que ela ficaria lá, vendo a discussão entre Bennet e Kevin.

— O que veio fazer aqui? — perguntou Dusk, curioso.

— Nada demais, apenas vou atrapalhar um pouco a reunião da Tenente com Emma.

— Como? — Essa pergunta saiu quase que instantaneamente da boca de Dusk.

Deixando essas palavras ao ar, Gwen continuou seu caminho pelo corredor de forma despreocupada e sem pressa.

 

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Em uma sala ampla, com uma grande janela transparente que dava vista para o horizonte da cidade e de fora de Fortune Diamond, havia uma pequena mesa redonda onde Mília e Emma tomavam café. Ao redor delas, havia quatro guardas.

— O que aquela sentinela, Gwen, comentou me deixou um pouco apreensiva, pois se os Etéreos estão atrás de mim ou da minha filha, temos um grande problema — comentou Emma, mexendo seu café na xícara e vendo seu próprio reflexo nela.

— Certo. Se tivermos isso como base, temos um sentido para todo esse caos na cidade — concordou Mília, enquanto bebia um gole de café. Pondo a xícara na mesa, ela segurou o queixo com um dedo. — Mas vamos aproveitar esse tempo com outro assunto?

— E qual seria? — perguntou a governante, inclinando a cabeça de lado e virando para a Tenente.

— No relatório que você mandou para Thesena, comentou sobre esses ataques de monstros de níveis baixos. Mas estou pensando o seguinte: não é possível que tenha um monstro ou um grupo entre eles que esteja comandando isso? Igual àquela Dragonoide que atacou Cradel há alguns anos?

— Mas se for assim, as coisas vão complicar ainda mais, pois podemos estar lidando com Etéreos de nível Epsilon para cima. Quer dizer que pode haver um Alfa por aqui? — Por causa dessas possibilidades, Emma começou a tremer um pouco, derramando café no pires.

— Sei que cogitei isso, mas acredito que o nível não passe de Gamma para cima. Acho que estamos lidando com algo de escala Delta. Se for isso que estou pensando, acredito que meus recrutas podem lidar com a situação.

Nesse momento, tirando o ritmo da conversa, alguém bateu na porta três vezes. Mília, pega de surpresa, virou para a governante, que também parecia incerta sobre quem era.

— Está esperando alguém? — perguntou Mília.

— Não, de forma alguma. Deixei bem explicado e informei para ninguém nos incomodar enquanto conversamos. — Emma virou para a porta e pediu: — Entre!

De maneira lenta, demonstrando toda a sua calma, a sentinela de cabelo curto preto e olhos rosados entrou na sala. Emma, parecendo mais aliviada ao vê-la, relaxou um pouco sua postura, que havia ficado em alerta.

— O que faz aqui, Gwen? Não falei que queria ter uma conversa particular com Emma? Não pode deixar o que for falar para depois? — falou Mília, tentando retirá-la da sala.

Após a Tenente pedir com educação, os olhos da sentinela foram para os guardas, depois para a mesa diante delas e para as xícaras, que estavam com café. Com uma poker face, sem demonstrar emoção, ela voltou a atenção para as duas.

— Isso é uma reunião ou um café da tarde? Mas isso não importa no momento. O que tenho para dizer é importante. Desde que cheguei na cidade, venho sentindo uma alta concentração de energia vindo daqui. Não sei se são os Diamantes Rosados, Etéreos ou qualquer outra coisa. Estou comentando isso porque parece que sou a única por aqui que tem essa percepção de energias apurada — falou Gwen.

Meio que sem acreditar no que ouviram, Mília e Emma se entreolharam. Como não tinham provas reais sobre isso, não conseguiam dar apoio total a ela, então uma das sobrancelhas da tenente se levantou enquanto olhava para a recruta.

— Tem certeza disso? — perguntou ela.

— Claro! — respondeu prontamente, cruzando os braços, Gwen.

— Ok, vou levar isso em consideração. Mas agora que mencionou isso — Mília parecia perdida em seus pensamentos, seus olhos vagos pelo espaço ao redor. — Acho que vou coordenar vocês, sentinelas, para uma busca e encontrar resquícios de Etéreos em algum ponto dessa cidade.

 

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Enquanto Mília planejava os próximos passos que os sentinelas tomariam, o sol estava se pondo no céu, fazendo a lua aparecer e a escuridão tomar conta da noite. Em algum ponto perto de Fortune Diamond, havia uma floresta estranha e, no meio desse território, uma casa de madeira.

Dentro dessa moradia, havia uma figura feminina de longas orelhas pontiagudas, diante de uma lareira. Nos seus óculos, as chamas eram refletidas enquanto ela lia um livro.

— Mãe. Pai. Está tudo pronto para atacarmos amanhã. Vamos com tudo desta vez, para não ter uma próxima. Já estou cansada daquele lugar — disse a elfa, com um sorriso enigmático.


Continua no Capítulo 24: Alarme de Emergência 



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