Volume 1 – Arco 3

Capítulo 27: Começo Conturbado

Após algumas horas de viagem dentro da van, era possível ver pela janela cidades inteiras abandonadas e completamente destruídas, um verdadeiro cenário apocalíptico. Esse cenário já era tão comum que os sentinelas nem ligavam mais para aquilo.

Dusk estava sentado perto de uma janela com um livro sobre o rosto. Para qualquer um que o visse, parecia estar dormindo enquanto estudava. Uma alma caridosa cutucou seu ombro para despertá-lo. Levou alguns instantes, mas ele finalmente abriu os olhos.

— Vamos acordar, já estamos chegando — alertou Gwen.

Percebendo a situação, Dusk espreguiçou-se para tirar a sonolência e soltou um grande bocejo enquanto tirava o livro do rosto.

— Desculpa, eu estava estudando magias básicas com este livrinhoi, mas, como sempre, fiz o básico e dormi.

— Não estou surpresa. Mas conseguiu aprender algo? — perguntou Gwen, com um tom de leve ironia.

— Estava vendo como fazer um escudo de mana, mas tive uma grande dúvida que não sai da minha cabeça. Acho que até foi isso que me fez pegar no sono. Quando vamos concentrar mana para criar essa barreira, temos que concentrar o efeito de fora para dentro do corpo ou de dentro para fora?

Gwen fez uma cara de ceticismo ao ouvir a dúvida do amigo, pois para ela a resposta parecia óbvia.

— Não está claro? Se vamos criar um escudo à nossa volta, então é de dentro para fora.

— Boa! Vou até anotar isso na minha mente para nunca mais esquecer — respondeu Dusk, com um sorriso meio envergonhado.

 

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Depois de alguns minutos, no horizonte, todos começaram a ver a silhueta de uma grande cidade surgir. Era um lugar imenso, cercado por uma enorme muralha feita de pedras e concreto. No entanto, algo ainda mais impressionante se destacava: uma construção magnífica que parecia flutuar acima da cidade.

— O que é aquilo? — perguntou Dusk.

— É o Centro de Comando de Fortune Diamond, nossa parada hoje — respondeu Mília do banco do motorista, pois era ela quem dirigia.

À medida que a van prosseguia, eles chegaram a um grande portão que dava para dentro de Fortune Diamond. Vários guardas em atividade barraram a passagem.

— Com licença. Pedimos que saiam do carro e apresentem seus documentos, por favor — solicitou um dos guardas.

Seguindo o exemplo de Mília, todos saíram do veículo. Os guardas, com expressões severas e armas em punho, observaram cada movimento.

Os doze sentinelas mostraram suas carteiras de identificação, além da carteira de sentinela que receberam ao entrar em Thesena.

— Vocês são os combatentes que vieram de Cradel? — perguntou um dos guardas.

— Sim, exatamente. Viemos a pedido de Emma Paison para ajudar com os Etéreos que estão atacando a cidade — respondeu Mília.

Devolvendo as respectivas identificações, um dos guardas, aparentemente o líder, se pôs à frente dos demais.

— Desculpe, mas mesmo sendo visitantes importantes, temos que fazer uma vistoria minuciosa em vocês e no veículo, tudo bem?

— Sim! — Mília concordou, sem opção.

Os sentinelas foram revistados individualmente, com alguns sendo liberados um após o outro. Alexia Magus, no entanto, estava cercada por seguranças, tanto mulheres quanto homens, todos com folhas e canetas nas mãos, pedindo autógrafos.

— Minha filha vai ficar muito feliz! — agradeceu um senhor.

— Eu que fico feliz em atender vocês. Deixar um fã contente alegra meu dia.

Enquanto isso, Dusk não teve nada encontrado em sua vistoria, mas o guarda que o revistava mostrou a imagem de uma pedra rosa que mais parecia um diamante em um holograma.

— Sabe o que é isso?

— Sei não — respondeu Dusk.

— Isso é um diamante Rose, nativo desta cidade. É proibido ter posse desse material. Ser pego com ele pode acarretar em vários problemas, até prisão.

— E por que eu iria querer uma pedra rosa? — perguntou Dusk, confuso.

— Só estou avisando para você ficar esperto.

Após a vistoria, Gwen tocou o ombro de Dusk.

— O que foi? Por que parece perdido? — ela perguntou.

— Não entendi por que eles falaram desse tal diamante Rose. Como se eu fosse ligar para uma pedra.

Gwen sorriu gentilmente e explicou.

— Ora, Dusk, você e essa sua falta de conhecimento. O diamante Rose é um minério importante, pois tem mana concentrada. Com ele, é possível criar armas poderosas contra os Etéreos.

Enquanto Dusk processava a informação, sua visão foi para a enorme muralha em torno da cidade, que bloqueava a vista dos prédios mais altos.

— Sabe o que não entendo? Por que os Etéreos atacam a cidade se há tantos guardas protegendo?

Dusk não teve tempo de pensar melhor, pois viu sua amiga caminhando até o portão de entrada.

— Ei, me espera!

Ao passarem pela muralha, eles entraram na cidade e ficaram surpresos com o barulho. Havia muitas pessoas circulando, carros indo e vindo, e prédios altos exibindo propagandas em telões luminosos.

— Que estranho, por que não ouvimos nada disso do lado de fora? — perguntou Dusk.

Gwen olhou para o céu e viu a construção flutuante que eles viram antes.

— Deve haver algum tipo de barreira em torno da cidade que impede o som de sair.

Dusk ficou maravilhado com a cidade. Um dos telões exibia um anúncio de um anel com uma pedra rosa.

— Este é o mais novo acessório de Fortune Diamond. Anel de Seers. Capaz de criar invocações baseadas no tipo de magia usada. Apenas 10 milhões de créditos!

— Eita, que coisa cara! Nem a pau eu compraria — disse Dusk.

— Mas você não compraria? Pode ser útil em combate — perguntou Gwen.

— Claro que não, já tenho um amuleto de proteção dos meus pais — ele mostrou um anel pendurado em um cordão no pescoço.

À medida que mais sentinelas eram liberados, Dusk e Gwen observavam a agitação da cidade.

— Para um lugar que sofre ataques diários, está bem calmo — comentou Gwen.

Dusk concordou, mas antes que pudesse responder, sentiram presenças hostis. Ambos se puseram em guarda.

Ao longe, viram uma grande massa de fogo se elevar e ouviram uma explosão, seguida por gritos da população e sons bestiais.

— Etéreos! — exclamou Dusk.

Sem hesitar, a dupla correu em direção ao local da explosão. Um membro do grupo deles, Bennet Pardian, os seguiu.

— O que vão fazer? — perguntou Bennet.

— Vamos derrotar os Etéreos — respondeu Dusk.

— Não deveriam esperar pelo grupo? — sugeriu Bennet.

Gwen parecia incerta, mas Dusk percebeu a dúvida dela.

— Bennet, reúna os outros sentinelas e venha atrás da gente. Vamos lidar com esses monstros — disse Gwen.

— Ok, mas tomem cuidado.

Bennet voltou para a entrada, enquanto Gwen e Dusk se dividiam para enfrentar os Etéreos.

 

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Dusk, após um tempo em sua perseguição, corria sobre os prédios, sentindo a presença de um monstro. No entanto, ele não conseguia ver nada. Não era por causa das pessoas na rua, mas porque parecia ser algo invisível.

No meio da perseguição, ele sentiu aquela presença entrar em um beco escuro e suspeito.

— Para onde essa coisa está indo? — murmurou Dusk.

Seguindo a fonte de energia pelo espaço escuro, Dusk, lá de cima, avistou duas pessoas, um homem e uma mulher. Eles estavam abraçados em um clima romântico, trocando um grande beijo.

— Não é hora nem lugar para esse tipo de coisa — resmungou ele.

Ele sentiu a ameaça se aproximando do casal. Podia ser uma jogada arriscada e talvez não houvesse nada ali, mas ele tinha que fazer essa aposta. A probabilidade de ter um monstro era alta e, como era um inimigo, ele deveria eliminá-lo rapidamente antes que pudesse alcançar o casal.

Com um salto perfeito, Dusk tirou a espada da bainha na cintura. Com um movimento de estocada e usando seu próprio peso, ele caiu em cima do monstro invisível, cravando a ponta da lâmina no crânio da criatura que se assemelhava a um tronco de árvore.

— O que está acontecendo aqui? — perguntaram os dois, assustados.


Continua no Capítulo 22: Reunião Necessária



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