Volume 1 – Arco 2
Capítulo 16: Cantora Congelante
Correndo por uma rua deserta, Dusk estava em busca de outro Etéreo para derrotar. Observado de longe, o garoto exibia uma expressão de raiva intensa. Seus punhos estavam cerrados, as veias pulsavam em suas têmporas e seus olhos faiscavam com extrema intensidade.
— Kevin Dramus, ele se perdeu completamente. Ele se intromete em minha batalha, rouba meu adversário e o ingresso para me tornar sentinela, e ainda tem a coragem de me chamar de otário no final? Quem é ele para fazer isso? — resmungava Dusk.
Ele estava tão irritado e desapontado com o ocorrido, que até visualizava a imagem daquela pessoa em sua mente.
— Saí da minha mente! Você não vai alugar um quarto de hotel na minha cabeça!
Após um período de caminhada que ajudou a acalmar seu temperamento, Dusk chegou a uma área com um campo de futebol. Dentro dele, um grupo de pessoas se aglomerava em torno de um elfo de orelhas longas, que permanecia com os braços cruzados, observando a cena.
“Calma Dusk! Não é hora de explodir. Ficar bravo não vai ajudar em nada, pelo contrário, só vai atrapalhar, a situação já não está boa. Foco agora é encontrar outro monstro para eliminar.”
Neste momento, todos os olhares curiosos, inclusive do elfo, se voltaram para o céu. Longe dali, uma forma colossal emergiu, tão imensa e chamativa que qualquer um pararia o que estivesse fazendo para admirá-la ou temê-la.
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Em outro lugar dentro da área do exame, um pequeno grupo de pessoas, tentaram, encurralar um centauro, que tinha a forma de um humano da parte para cima cintura e da parte para baixo era cavalo.
Essa mesma criatura parecia ser uma espécie de guerreiro, pois usava uma armadura leve e portava um escudo redondo e uma espada longa.
Um homem num ato corajoso, tentou se aproximar daquele Etéreo. O mesmo era tão rápido que seus companheiros não conseguiam o acompanhar com os olhos.
Enquanto circundava o monstro, ele disparava pequenas agulhas para ferir a criatura. No entanto, graças à sua velocidade e tempo de reação, o monstro conseguiu esquivar-se, usando seu escudo como proteção. Rapidamente, diminuiu a distância entre eles e, com um golpe certeiro de sua espada, derrotou o homem, eliminando-o da prova.
— Muito fraco! — disse o Etéreo.
Uma Jovem se pôs a frente, segurando com as duas mãos sobre o ombro, uma arma de fogo cilíndrica, um canhão portátil.
Mantendo uma distância segura e o alvo em foco, ela pressionou o gatilho e uma esfera do tamanho de uma bola de tênis foi lançada com a velocidade de um foguete.
Avançando com determinação, o centauro lançou-se ao ataque, evitando a zona de impacto. O monstro tentou acertá-la com um golpe, mas graças ao seu reflexo, a jovem conseguiu desviar. Aproveitando a curta distância, ela tentou efetuar um disparo à queima-roupa.
No entanto, o projétil foi interceptado pelo escudo, que brilhou de maneira peculiar e pareceu desintegrar o projétil lançado. A jovem ficou confusa com o ocorrido e, em um golpe de escudo, foi eliminada.
— Quem está a fim de uma refeição?
Uma colher de tamanho colossal, geralmente utilizada como utensílio em refeições, caiu abruptamente no local onde o centauro se encontrava. Contudo, graças à sua agilidade, ele conseguiu evitar o impacto.
Agora foi uma outra senhora que entrou no campo de batalha, pegando o cabo da colher, ela a rodopiou com a mão, tentando mostrar sua prática e novamente tentou acertar o elfo. Os ataques da senhora embora parecessem fracos o impacto era brutal e devastador.
No entanto, o centauro, imparável e com olhos inflamados de raiva, defendeu-se cortando a colher como se fosse insignificante. Avançou, aproveitando que ela estava agora desarmada e vulnerável.
— Vocês estão tentando? — reclamou ele.
Percebendo que restava apenas uma adversária, o centauro direcionou sua atenção para ela. Tratava-se de uma jovem franzina e pequena, de aproximadamente 18 anos. Por algum motivo, ela usava uma tiara com orelhas de gato, que a tornava extremamente chamativa.
Ao perceber que estava sozinha, ela olhou ao redor. Com uma luva de gato na mão, que imitava patas felinas, apontou para si mesma.
— Hahaha! Só sobrou eu? — riu meio desconfortável.
Sem outra alternativa senão se defender, ela bateu palmas. Ao fazer isso, três raios multicoloridos emanaram de suas mãos, atingindo o chão à sua frente em um lampejo luminoso. Em seguida, três gatos do tamanho de leões surgiram.
— Miau!!!
— Pelos gatos de rua!!! — ela gritou.
Os três gatos avançaram, com a jovem correndo logo atrás, prontos para atacar. Por estarem à frente, os felinos foram os primeiros a causar danos. Apesar dos esforços do Etéreo para desviar, ele foi atingido pelas garras afiadas, resultando em marcas de arranhões visíveis em seu corpo.
Surgiram garras afiadas nas extremidades das luvas felinas da mulher. Com a intenção de desferir um golpe preciso, ela se lançou em direção ao monstro, suas garras se chocando contra a face da criatura, fazendo o sangue escorrer pelo seu rosto.
— Para de brincadeira!!!
O Etéreo, irritado e inteiramente furioso, empunhou sua espada e atacou cada gatinho. Um a um, eles foram eliminados, até que o último foi derrotado. Agora, apenas a jovem e o Etéreo restavam, prontos para o confronto final.
Avançando de maneira decidida, o centauro a encarou direto. Pode ter sido por instinto, mas ela, que até então estava na ofensiva, exibiu seus dentes, mais precisamente, seus caninos afiados, numa tentativa de intimidá-lo.
— Olha, parece um gatinho encurralado — zombou o monstro.
Antes que a criatura pudesse agir contra ela, um bloco de gelo subitamente emergiu do solo, envolvendo a jovem por completo. Isto a lançou para trás, permitindo que ela ganhasse uma boa distância. Em seguida, o gelo entrou no segundo andar de um prédio através de uma rachadura existente.
O bloco se abriu, e a jovem se armou para o ataque. No entanto, seus olhos se iluminaram e se alargaram ao avistar a mulher de cabelos azuis e compridos, trajando um vestuário elegante.
— Alexia Magus?!!! Não acredito que estou vendo você assim presencialmente, estou mega feliz.
— Obrigada! É sempre bom escutar isso. Só que agora foca no mais importante. Você está ferida? Precisa de alguma cura ou algo do tipo? — Alexia mostrava sua preocupação genuína.
Embora a garota com a tiara de gato parecesse estar bem, ela exibia algumas marcas de arranhões nos braços e pernas. Sua respiração acelerada também denotava seu cansaço.
— Estou ótimo, você pode confiar em mim, isso é simples para mim, suportar.
— De maneira alguma, você deve permanecer aqui e repousar um pouco. Observei toda a sua batalha e notei que você utilizou diversas invocações, o que deve ter consumido uma grande quantidade de sua energia. Então descanse um pouco. — Do bolso no vestido, ela retirou um frasco de vidro com um líquido azul. — Isso é um remédio que recupera a mana perdida. Se quiser pode ficar aqui e ver como acabo com aquele monstro.
— Ok! Ficarei olhando. Só uma coisa? Posso gravar ou tirar uma foto com você? — ela tentou.
— Mas é claro, porém vamos deixar isso para depois que eu derrotar aquele Etéreo?
Alexia se dirigiu ao extremo do edifício, onde avistou o centauro. Seus olhares se cruzaram, revelando suas respectivas determinações. Com toda a força de seus pulmões, a criatura emitiu um grito estrondoso.
— Foi você quem tirou aquela guerreira do campo de batalha? Venha até aqui para que possamos ter um combate justo.
Uma grande quantidade de energia mágica passou pelo braço de Alexia e nas suas mãos um bastão com duas pontas se formou, era uma lança de combate.
O centauro começou a correr em direção à cantora. Sem medo da altura, Alexia se lançou e simultaneamente conjurou uma rampa de gelo. Deslizando sobre a superfície congelada, ela se dirigiu rapidamente ao seu alvo.
— Você parece uma guerreira digna de me enfrentar. Quem é você? — perguntou o Etéreo.
— Membro da família Magus e a estrela pop número um! — Alexia deu uma piscadela simpática.
Com um salto impecável, Alexia avançou em direção ao seu adversário, sua lança prontamente posicionada para atingi-lo. Em resposta, o monstro ergueu seu escudo como medida de defesa.
Das mãos de Alexia, uma intensa nevasca assolou a área, atingindo indiscriminadamente. Qualquer um alcançado por essa tempestade enfrentaria um frio extraordinário.
Ao brandir a espada, o centauro gerou uma rajada de vento que dissipou completamente a névoa da região. Em seguida, utilizou o seu escudo para conter o ataque da jovem, que aterrissou com elegância no solo.
Aproveitando a oportunidade, o centauro desferiu um golpe com sua espada. No entanto, Alexia, habilmente, usou o corpo da lança para se defender.
— Que arma incomum para uma guerreira estar usando, ainda mais uma que usa magia, aparentemente. Como elas funcionam? Posso saber? — ele perguntou.
— Uma artista sabe deixar seu público com as expectativas altas, para no final revelar seu grande trunfo — respondeu com um sorriso maldoso.
Observando que não obteria qualquer informação dela, o centauro continuou sua ofensiva, tornando-se cada vez mais incisivo e brutal. Enquanto isso, a cantora se defendia, aparentando não demonstrar qualquer sinal de fadiga.
Cansada dos ataques incessantes, Alexia fincou a lança no solo. Utilizando-a como apoio, girou com destreza e desferiu um poderoso chute na barriga do adversário, lançando-o a uma distância considerável. No entanto, graças à sua robustez e força, ele conseguiu manter-se firme e de pé, preparado para continuar o combate.
— Já escutou o verso dessa música? Ela surge da sombra, determinação no olhar. Cada passo, um desafio, ela não vai recuar. Seu coração é uma chama, nunca vai se apagar. Nas asas da coragem, ela vai se elevar! — Alexia cantarolou.
Uma partitura musical apareceu diante da cantora, que brilhou intensamente, com várias faíscas luminosas refletindo e adentrando seu corpo.
— Vamos acelerar o ritmo?!
Alexia, movendo-se em alta velocidade, rapidamente diminuiu a distância entre ela e o centauro. Ela desferiu uma série de golpes precisos, acertando o monstro de todos os lados. O Etéreo mal conseguia acompanhar essa sequência de ataques, resultando em arranhões e cortes por todo o corpo.
— De repente, seus golpes se tornaram mais rápidos, precisos e ágeis. Como isso aconteceu? — comentou o monstro.
— Essa sim, posso revelar. É magia musical. Parece que você não está familiarizado com isso.
Em sua tentativa de desferir um golpe que desacordasse a cantora, o Etéreo empregou grande força ao mover seu escudo enquanto avançava.
Percebendo essa ação ousada da parte dele, Alexia balançou seu braço e formas cilíndricas com pontas extremamente afiadas se materializaram, era um aglomerado imenso de estalactites que foram lançadas como bolas de canhão.
As pontas de gelo penetraram o escudo do centauro, que as removeu com sua espada. O sangue vermelho escorreu de sua pele, machucada pela magia que atravessou sua defesa. A dor provocou uma expressão de raiva no rosto do centauro, que soltou um rugido de fúria.
Utilizando sua pesada espada, ele atacou a jovem que, mais uma vez, se defendeu com sua lança. Isso resultou em uma situação de impasse, com pressão sendo aplicada de ambos os lados.
— Me escuta. Sugiro que se renda e perca logo. Como um soldado de elite da tropa principal, jamais serei derrotada por uma mera mulher que usa magias estranhas.
— Isso é engraçado, você até parece meus Haters nas redes sociais. Minhas habilidades podem parecer estranhas, mas elas me definem totalmente e sei como aproveitá-las ao máximo, o que é ótimo para mim — respondeu ela.
— Não subestime, se eu empregar toda a minha força, você jamais conseguirá resistir!
Aumentando a concentração de força no punho e antebraço, onde se localizava o escudo, uma intensa pressão atingiu a jovem que desceu sobre ela e parando na arma.
Alexia sentiu-se mais forte, agarrou firmemente o bastão da lança, mostrando sua resistência extraordinária.
A partir do bastão da cantora, emergiu uma crosta de gelo que dominou o escudo e o punho do centauro, deixando-o desorientado e surpreso com esta habilidade. Notando sua guarda baixa, ela se afastou rapidamente, fazendo com que o centauro caísse ao solo devido à força que vinha aplicando. Aproveitando-se da situação, ela cravou a lâmina dupla na barriga da criatura.
— Ha!!! Acha que uma coisinha dessa vai me derrotar? Agora você vai saber porque sou temido e conhecido com o exército de um centauro.
Após ele finalizar suas ameaças, sem hesitar, Alexia retirou sua arma, provocando um fluxo de sangue do seu oponente.
Por algum motivo desconhecido, o monstro começou a irradiar um brilho intenso. Replicas dele emergiram de todos os lados, frente e costas. Cada cópia, sem exceção, ostentava um sorriso sarcástico no rosto. Estimava-se que havia facilmente cerca de vinte dessas imagens espelhadas dele.
— Magia de clone? Interessante! Nunca enfrentei alguem com esse tipo de habilidade. Como vou me sair? — considerou Alexia.
Com agilidade, as réplicas do centauro cercaram a cantora, deixando-a totalmente encurralada. Todos possuíam as mesmas armas e, com determinação ressoando em seus gritos de batalha, as duplicatas avançaram contra ela.
— Não ouse chegar perto de mim!
Nas graciosas e delicadas mãos de Alexia, encontravam-se luvas brancas. Uma delas foi erguida, permitindo que uma intensa quantidade de mana fluísse por seu corpo. Isto fez com que tudo ao seu redor congelasse instantaneamente, criando uma zona de gelo. Todos os centauros presentes naquela área foram transformados em estátuas vivas congeladas.
Sem dar a mínima chance de escaparem, a cantora, com sua lança, atacou de forma ágil e precisa cada criatura congelada, quebrando-as como vidro.
— Não me subestime! Não vou ser derrotado facilmente. Mesmo que eu morra, irei te matar!!! — gritou o verdadeiro centauro.
Emanando uma fúria intensa após deixar a prisão gélida, múltiplas versões do centauro ressurgiram. Agora, contabilizavam-se 50 clones, além de outros que, graças a uma considerável acumulação de energia, conseguiram libertar-se, totalizando assim 62 adversários.
— O que vai fazer agora? Você está em uma desvantagem e parece que ninguém virá em seu auxílio!
— Acredita mesmo nisso? Sou uma cantora por esforço próprio e uma feiticeira de nível avançado porque pratiquei. Vou mostrá-lo o que acontece quando alguém me aborrece quando falam demais. Seu ridículo — desdenhou Alexia.
Sob os pés de Alexia, uma plataforma de gelo se elevou, impulsionando-a para cima. Como resultado, ela atingiu altitudes extraordinárias, ultrapassando até mesmo os prédios mais altos da região.
Ela estalou os dedos, e com esse gesto simples, sentiu algo se formar acima dela. Uma energia intensa emanava do corpo da cantora e se elevava, enquanto uma figura colossal criava uma grande sombra que cobria tanto ela quanto os centauros abaixo.
O que ela criou foi um.
Iceberg!
— Só para deixar claro. Esse nem é meu ataque mais forte.
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Alexia caminhava elegantemente por um corredor de gelo, parte do iceberg que usou para vencer o centauro. No centro, ela viu um objeto esférico vermelho.
— Por isso que muitos estavam tendo dificuldades, era um Etéreo nível Epsilon. Como derrotei, falaram que eliminar um monstro desse nível iria oferecer uma recompensa, qual será? — Essa foi uma grande dúvida que surgiu em sua mente.
— Alexia!!! — Uma voz feminina a chamou.
A jovem com tiara e luvas com tema de gato correu e a alcançou. Ela parecia satisfeita com o que viu, seus olhos até brilhavam de entusiasmo, assim como os de um autêntico felino peludo.
— Você está bem? conseguiu recuperar um pouco da sua mana? — perguntou a cantora preocupada com ela.
— Graças a você que me deu aquele negócio para tomar, recuperei bastante energia. — A visão da moça foi para o lugar destruído e para aquela massa de gelo. — Esse seu ataque foi incrível, mas, ao mesmo tempo, catastrófico. Demais! Deve ser incrível ter tanto poder, enquanto eu só consigo controlar aqueles gatinhos.
Devido a essa pergunta, por alguma razão, o olhar de Alexia tornou-se distante, como se estivesse absorta em seus pensamentos. Inclinando a cabeça de lado, ela exibiu um amplo sorriso, enquanto seu cabelo dançava com o movimento.
— Por favor, não use essa linguagem. Deve ser uma alegria criar essas adoráveis bolas de pelo! Como eu gostaria de poder aprender a fazer o mesmo. Por enquanto, minha magia só permite que eu crie objetos inanimados. Com uma abordagem consciente e prática constante, você pode utilizar esses gatos de maneira eficiente.
— Pode valer a tentativa, eu acho — respondeu a jovem.
Depois de Alexia ter dito essas palavras, ela pegou o orbe e o encostou no broche, um círculo mágico verde de teleporte se ativou abaixo dela pronta para retirá-la dali.
— Boa sorte! Espero ver você passar — disse Alexia.
Da mesma forma que um piscar de olhos a cantora desapareceu, a jovem de tiara se esforçava para se motivar com as palavras encorajadoras daquela estrela. Ela correu com o objetivo de encontrar outro Etéreo para derrotar e assim, unir-se a ela.