Volume 1 – Arco 2

Capítulo 12: Novidades Inesperadas

Perto das instalações de Thesena, havia um parque deserto, o que era incomum, pois geralmente ali é movimentado. Dusk, Gwen e Harry estavam sentados na grama, todos com o olhar fixo em um ponto específico.

— Sério? Você gastou 1 milhão de créditos, com esse pedaço de graveto? — perguntou Harry meio indignado.

Em frente a Dusk, estava o objeto que chamava a atenção de todos, uma miniatura de espada de madeira, embainhada, com apenas cinco centímetros de comprimento.

— Poxa, você não conhece. A Forja da Espada? Um item raro e bastante popular com aqueles que usam espada mágica?

— Não mexo com esse tipo de coisa, então faz sentido eu não conhecer.

— É como o próprio nome já diz, consegui criar uma espada para mim agora, ainda mais hoje, que estou precisando urgentemente — disse Dusk.

Gwen, que constantemente verificava o horário em seu celular, parecia estar com pressa, como se algo a incomodasse.

— Tem como apressar aí não, Dusk? Faltam sete minutos para as 11 horas — disse ela.

Levantando a mão para o objeto de madeira, Dusk fechou os olhos e respirou fundo, criando um ambiente de concentração intensa.

— Daquilo que já foi algo! De sua forma que nunca foi vista! Transfiro minha alma! De sua essência surge algo novo!!! — recitou Dusk.

Um raio de luz dourada emanou de sua palma, iluminando o objeto em questão. O amigo cientista, que não compreendia completamente suas ações, aproximou-se de Gwen, cobrindo a boca.

— O que é isso? Não entendo nada.

— Ele está recitando um feitiço com conjuração verbal Em sua base, Dusk está transferindo a essência, ou como você pode entender, dados de sua alma, para aquela espada de madeira minúscula. É um pouco difícil de entender no início, mas o processo é fácil.

— Interessante. Embora tenha entendido pouca coisa, parece interessante.

Depois de um brilho intenso que forçou Harry e Gwen a cobrirem seus olhos, as três pessoas presentes exibiram uma expressão de surpresa.

Entre eles, uma enorme espada de 105 centímetros de comprimento se destacava. O cabo, com um padrão de xadrez preto e branco, contrastava fortemente com a lâmina curvada de cor cinza. A bainha da espada, também em preto e branco, correspondia às cores do cabo, trazendo equilíbrio ao conjunto.

— Olha que bonito! Funcionou!!! — disse animado Dusk.

Com determinação, Dusk colocou a espada na bainha. Ele se levantou, jogou a espada no ar e a pegou de volta, avaliando seu peso.

— Ok, Dusk. Agora podemos? Temos horário — disse Gwen já partindo.

— Espera aí, mas horário para quê? — ele perguntou.

 

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A região de Thesena, que abrange uma vasta extensão de terra, assemelha-se a uma pequena cidade para aqueles que viam de fora. Ao atravessar o portão principal, dá para ver uma variedade de construções, lojas diversas e incluindo estatuetas de figuras importantes.

Neste dia, por uma razão específica, havia uma grande concentração de pessoas na entrada, localizada perto do grande portão. Uma pessoa estava no centro, cercada por uma multidão polvorosa.

— O que está acontecendo ali? — perguntou Dusk assim que avistou aquele aglomerado de pessoas.

Indivíduos de diversas faixas etárias estavam reunidos; homens, mulheres, crianças, adolescentes, adultos e idosos, todos presente ali, admiravam conjuntamente uma pessoa em evidência.

Assim que Dusk pousou seus olhos naquela pessoa na entrada, ele reconheceu imediatamente.

— Uma capitã!!! Evelyn Bladow!

Com certeza, era ela, com seus longos cabelos pretos e olhos penetrantes da mesma cor. Vestia uma espécie de uniforme: um vestido sem mangas, totalmente preto. Usava uma luva e botas brancas, que podiam ser vistas através de uma fenda no vestido.

— Gwen, aqui! — chamou ela para a amiga de Dusk.

Algo inesperado aconteceu, um sorriso iluminou o rosto de Gwen ao ver a capitã que a chamava. Sem hesitar, ela rapidamente se dirigiu em direção à jovem mulher.

— Desculpa o atraso. Sabe como é. Tem algumas pessoas que decidem fazer as coisas na última hora. — Gwen fez uma indireta para seu amigo.

— Não se preocupe, foi só um minuto, contrário de meus colegas, não me importo com essas coisas. Aliás, também acabei de chegar, então estamos iguais. Mudando de assunto. Sabe com quem falei? Nathan. Ele disse que está nervoso com seu teste.

— Pode falar para ele que estou tranquila.

Ligeiramente afastados, Dusk e Harry observavam com surpresa, pois era inédito verem sua amiga agindo de maneira tão sociável. Notando que eles estavam lá, Gwen levou Evelyn até a dupla.

— Esses são os dois amigos que comentei. O de jaleco é Harry Carbess veio tentar conseguir uma vaga como cientista, e o outro ali com a espada é o Dusk Tedimir. — Gwen agora apontou para a moça. — Como devem saber, essa é a capitã, Evelyn Bladow. Somos bem próximas.

— Ouvi falar muito de vocês. — Acenou com a mão Evelyn.

Ainda um pouco confusos, acenaram sem muito entusiasmo, pois ainda processavam aquele evento inédito. Percebendo isso, Evelyn tomou a iniciativa.

— Você… Quero dizer, Harry. Sua mãe é Alice Carbess, diretora do nosso departamento de inteligência? Se você tiver o mesmo potencial, terá um grande futuro conosco.

De forma um tanto tímida e retraída diante dessas palavras, Harry mal conseguia expressar sua gratidão. Era uma quantidade de interação considerável para ele.

— Dusk Tedimir. Seus pais foram grandes capitães, né? Ronnos e Aliyah. Eles são uma grande fonte de inspiração aqui.

— Não só para vocês, para mim eles também são minha inspiração — respondeu Dusk. — Mas mudando de assunto, estou meio sem entender ainda. Vocês duas são próximas? Isso não entra na minha cabeça.

— Isso é novidade? Não posso ter outros amigos?

— Não claro que pode, mas que seu jeito meio apática, faz parecer você ser brava e anti social.

Parecendo se lembrar de algo, os olhos da capitã foram para o horizonte e logo soltou um suspiro apaixonada e passou o braço por cima do ombro da Gwen.

— A Gwenzinha aqui é minha cunhada, namoro o irmão dela, o fofo do Nathan — expôs Evelyn.

— Ei, você pode sair espalhando esse tipo de coisa? — advertiu Gwen.

— Não se preocupe, estamos pensando em revelar ao público daqui alguns dias.

Neste momento, interrompendo as apresentações, os alto-falantes próximos foram acionados, chamando a atenção de todos.

— Atenção! Os testes para sentinela começaram dentro de uma hora. Para aqueles que vão apreciar, podem ir já se reunindo na zona leste, no prédio 21. E a avaliação para cientista irá começar dentro de meia hora, no centro de inteligência.

Dusk, quase incapaz de conter sua empolgação, ouviu aquele áudio que apenas intensificou a chama pulsante em seu coração.

— Tô mega empolgado. E você, Harry?

— Estou me preparando mentalmente. Quero que tudo saia perfeito.

Voltando-se mais uma vez para sua amiga, Gwen fez um pedido à capitã de maneira amigável.

— Evelyn. É a primeira vez deles aqui em Thesena, que tal nós duas mostrarmos para eles o lugar? Sabe, como se fosse aqueles passeios turísticos.

— Pode ser, assim conseguimos conversar mais — disse Evelyn.

 

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Portanto, o grupo começou sua exploração em Thesena. Para um olho não familiarizado, os cinco poderiam facilmente ser confundidos com celebridades devido à grande quantidade de pessoas que os acompanhavam.

A primeira parada deles foi nos dormitórios, uma vasta área preenchida por prédios de dez andares, todos apresentando praticamente o mesmo design.

— Aqui é onde todos os sentinelas e alguns Tenentes vivem — comentou Evelyn.

Em seguida, foram para um outro local, onde nessa havia um campo, com vários paralelepípedos postos com fotos de pessoas que já participaram e contribuíram com Thesena.

— Este é nosso memorial. Aqui tem lembranças de toda e qualquer pessoa que já passou por aqui, de Sentinelas a Capitães, Tentante ou Cientistas, todos tem um lugar reservado.

Algum tempo depois, todos chegaram a um arranha-céu que parecia uma torre devido à sua elevada altura. Essa era a estrutura mais alta da área e, na realidade, do mundo inteiro, com um total de 100 andares.

— Incrível! Mal dá para ver o topo direito — comentou Dusk.

Essa situação ocorria porque ele tentava observar enquanto estava de pé, e a presença do sol atrapalhava a visão. Para obter uma referência de tamanho mais precisa, ele teria que se deitar no chão ou simplesmente observar a uma grande distância.

— Eu, assim como os outros capitães, moramos aqui.

No momento, um grande barulho no céu interrompeu suas palavras. Logo depois, ouviram mais explosões. Ao olhar para cima, todos viram o céu colorido por fogos de artifício.

— Já passou muito tempo, são 11:20 agora. Só de pensar nisso me faz perceber que faltam dez minutos para minha apresentação — comentou Harry.

— Olha, começa a preparar uma mentalidade vencedora. Não queremos te ver nervoso — disse Dusk.

— Ok, vou tentar.

Um pouco mais distante, Dusk ouviu um som. Ele não emanava da multidão ao redor, mas era uma música que estava sendo tocada.

Avançando para essa região, eles alcançaram uma praça vasta, dominada por um grandioso chafariz no centro. Logo à frente, um palco estava montado e sobre ele, uma jovem de longos cabelos azuis vestia roupas extravagantes.

Ela segurava um microfone, apresentava uma canção enquanto desfilava pela plataforma. Seu público era vasto, porém modesto se comparado ao da capitã Evelyn, que acompanhava o grupo.

Notando o crescimento do público, o olhar da cantora se fixou diretamente na capitã. Nesse momento, a música que ela estava apresentando interrompeu-se.

— Olha quem temos. Evelyn Bladow! Ter sua presença me deixa envergonhada. — ela brincou.

— Precisa ficar assim não. Você é uma boa cantora, uma das melhores. — disse Evelyn.

Dusk, que não reconhecia aquela jovem, aproximou-se de sua amiga.

— Quem é ela?

— Alexia Magus. A cantora pop número um do momento.

Alexia olhou rapidamente para Harry, Gwen e por último Dusk, sem dizer nada, e voltou a se concentrar na capitã.

— Farei o exame de admissão daqui a pouco, espero que veja — comentou a cantora.

— Pode contar com isso.

— 1, 2, 3 e 4!!!

Como se nada tivesse ocorrido, Alexia retomou a apresentação. Agora, com a chegada da capitã, houve um aumento notável no público.

E Dusk acabou percebendo que havia um grande telão montado perto do palco, nas estava desligado.

 

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Após algum tempo, os quatro se dirigiam a um novo local, ainda perseguidos por um grupo de pessoas que os filmava à distância, fãs da capitã Evelyn.

— E agora? Para aonde vamos? — perguntou Dusk.

— Vou levá-los para onde serão os exames dos sentinelas. É bem provável que vocês vão gostar, é um lugar grande que parece até uma cidade — respondeu Evelyn.

Tudo parecia estar indo bem, no entanto, no meio do caminho, algo capturou a atenção de Dusk. Um pequeno grupo de pessoas parecia agitado, formando um círculo. Ele observou que no centro havia um par de garotos com expressões bravas, prestes a sair no soco. Assim como ele, todos notaram por causa dos gritos e agitação vindo daquele lugar.

— Retire o que você disse. Ais é um grande espadachim, melhor que qualquer outro — Disse um rapaz alto de longos cabelos negros.

— Hahaha! Não me faça rir. Um espadachim que se preze sabe manusear uma espada como ninguém, tudo o que ele faz é só efeito visual — rebateu o outro sujeito, esse já tinha cabelo espetado e curto da cor laranja.

Ambos aparentavam ter a mesma idade que Dusk, Gwen ou Harry. Também estavam armados. O de cabelo laranja ostentava uma longa espada guardada nas costas, enquanto o outro trazia sua embainhada na cintura.

O indivíduo de cabelos longos apertou os punhos e se aproximou do outro jovem, dando a impressão de que um confronto físico estava prestes a acontecer, no entanto...

— Podem parar aí. Não queremos confusão, justamente hoje.

Evelyn, assumindo o papel de mediadora, interveio entre eles. No momento em que ela pisou no local, o indivíduo de cabelos longos ficou paralisado, algo que Evelyn rapidamente percebeu.

— Bennet Pardian? Olha quem temos, filho de Ais. Eu vou contar para ele que você tá fazendo bagunça.

— Perdão, me exaltei um pouco.

— Como não vai acontecer nada por aqui, quero que vocês se dispersem. Onde já se viu, em pleno 2309, pessoas ainda criaram juízo.

— Isso foi uma indireta para você, Dusk — falou de cantor Gwen.

— Não é verdade, sou uma pessoa sensata e calmo, não tem nada a haver comigo — tentou se defender.

— Aham — ela concordou meio que sem vontade.

Enquanto Bennet, o indivíduo de cabelo longo partiu com a cabeça baixa, aparentando genuíno arrependimento, o de cabelo laranja, com o nariz empinado e braços cruzados, passou por ela como se ela fosse insignificante.

 

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Logo após, Dusk e Gwen saboreavam sorvetes para amenizar o forte calor. O clima estava tão quente que parecia fazê-los suar intensamente.

— Tem certeza, que não queria um? — perguntou Dusk.

— Consigo comer nada agora. Estou muito tenso, sinto que meu coração vai sair pela boca. Desse jeito não sei se vou conseguir fazer minha apresentação direito. Estou fazendo que nem disse antes, tentando preparar minha cabeça, mas pelo jeito daqui a pouco ela frita e entra em pane.

— Pare! Apenas pare de pensar! Desse jeito você vai explodir.

Gwen e Evelyn, posicionadas discretamente ao lado, observavam enquanto Harry enfrentava uma crise de ansiedade.

— Se ele continuar assim, provavelmente vai passar mal na hora — disse Evelyn.

— Shiii! Fala isso alto não — alertou Gwen.

Infelizmente para Harry, ao ouvir o que foi dito, seu medo aumentou ainda mais e seu rosto adquiriu um tom vermelho profundo.

— Só de pensar nisso, já me deixa ansioso, só de pensar quem pode estar entre o júri de avaliação.

Nesse momento, o celular no bolso do jaleco de Harry tocou estridentemente, quase fazendo-o saltar de susto. Com as mãos trêmulas, ele o pegou e um suor frio escorreu por sua testa.

— O que foi? — Quis saber Dusk.

— Deu o horário da minha avaliação. Estou atrasado.

 



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