Volume 1 – Arco 1

Capítulo 4 : Amigos

O amigo escolheu um restaurante no centro da cidade de Cradel. O lugar era rodeado por altos prédios e tinha uma vista incrível. Drones monitoravam o local, enquanto dirigíveis flutuavam pelo céu.

Quando passaram pela porta automática, Dusk abanava a mão ardendo no ar. Tudo porque estendeu a mão para Gwen, pedindo que o seguisse, que logo foi respondido com um tapão.

A atendente levou os dois até uma mesa onde o amigo esperava. Ele usava um jaleco branco limpo por cima de uma roupa formal discreta e usava óculos de armação fina.

— Harry! Tudo bem com você? — Dusk correu até o jovem.

— Oi! Estou feliz em te ver, faz bastante tempo. Hum?! Tem alguma coisa na mão? — perguntou preocupado Harry.

Dusk balançou a cabeça em negação, porém seus olhos apontavam para a garota ao lado, Gwen, que foi até o rapaz e o olhou de cima a baixo.

— Ei, Harry! Você está bem mais bonito, comparado à última vez. Naquela época parecia um nerd magricela.

— Acho que continuo a mesma coisa, com a única diferença sendo que eu cresci — respondeu Harry, com um sorriso tímido.

Vendo essa curta, mas fascinante, interação, Dusk abraçou o amigo e focou nos dois indivíduos.

— Olha que bonito casal. Vocês até combinam. Lá no fundo, mas, bem lá no fundo mesmo — ele brincou, mas a resposta de Gwen veio rápido. — Ai, ai. Não precisava de um tapa na cabeça!

— Vê se aprende a parar de fazer besteiras. É a segunda idiotice só hoje. Daqui a pouco vou perder minha calma — advertiu Gwen.

Na mesa em que eles estavam, a comida tinha um aroma delicioso, prometendo uma refeição saborosa. Cada prato era colorido e atraente. A bebida no copo estava bem gelada.

No entanto, um elemento estranho se destacava. No centro da mesa havia um cubo preto que chamou a atenção de Dusk. Ele percebeu que Harry também estava olhando constantemente para o objeto.

— Essa coisa é sua? — perguntou Dusk.

— Não chame ela de coisa. Prefiro o termo “projeto”. Isso vai me ajudar a entrar em Thesena — declarou Harry.

Unhuum?! — Dusk ficou surpreso, concordando com a mão no queixo.

— Não se engane pela aparência. Isto não é um simples cubo, mas uma androide feita inteiramente de nanorrobôs.

— Maneiro.

— Se ativá-la aqui, ela vai se montar e assumir a forma de uma mulher. Batizei-a de Stella.

— Espera, você disse que ela se monta? Essa coisa pequena vira uma máquina humanoide feminina? Tipo magia de materialização? — perguntou Gwen.

— Tipo isso, só que voltado mais para montagem ou construção mesmo — respondeu Harry.

Com um brilho intenso em seus olhos, Dusk contemplava a surpreendente novidade diante dele. Era quase inacreditável, uma coisa tão pequena assumindo a forma humana. Embora já conhecesse o termo androide, pois existiam vários por aí, nunca tinha visto um de perto.

— Tem como montá-la aqui? Fiquei curioso agora.

— Dá para fazer isso, não. Depois que eu tiver entrado como cientista, divulgarei meu trabalho para o mundo. Mas sabe o que preciso? Testá-la em combate, já que ainda não fiz um teste de campo. Como essa função é a principal, é fundamental que esteja tudo de acordo.

— Sorte sua que tem um amigo esperto do seu lado. Já sei o que faremos. Vamos procurar missões que aceitam entrada de terceiros no aplicativo Thesena. Se procurarmos direito, talvez encontremos algo interessante. Procura aí, Gwen.

— Por que eu? — ela perguntou.

— Ora, não é óbvio? Você é a melhor pesquisadora entre nós.

Depois que ele a elogiou, pegou o celular e começou a pesquisar. Após algum tempo, ela mostrou a tela para eles.

— Tenho duas opções. Uma é matar uma cobra venenosa, que está atacando visitantes na rodovia principal. De acordo com informações, ela tem mais de vinte metros e sua classificação é Gamma.

— Tá maluca? Esse daí é muito difícil — disse Harry.

— Exato, Harry não ia lidar bem com esse tipo de situação — falou Dusk.

— Ei! — Uma voz feminina mostrou indignação, mas não veio de Gwen ou de nenhuma outra pessoa em volta.

— Desculpa, qual é a segunda opção? — perguntou Harry.

— Bom, essa já é...

 

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Em um lugar distante da cidade, onde os três amigos planejavam realizar uma tarefa, um evento assustador estava prestes a acontecer.

Na floresta ao sul, quatro pessoas perseguiam minotauros. No entanto, por serem descuidados, não perceberam os perigos ao redor. Rapidamente, se viram cercados por mais dessas criaturas assustadoras.

— Para onde levaram a Sara? — perguntou uma moça usando um vestido e chapéu pontudo.

Os minotauros imponentes e míticos começaram a rir alto, como se tivessem ouvido uma piada muito engraçada.

— Estão rindo do quê? — perguntou um homem segurando uma espada.

De repente, o chão tremeu. O barulho alto de passos encheu o ar. Os quatro membros do grupo sentiram algo se aproximando e se prepararam para o que estava por vir.

— Perdoem meus soldados. Eles não podem responder a nenhuma pergunta, até que eu aprove.

Um minotauro incomum apareceu, duas vezes maior que os demais. Seus músculos firmes eram como montanhas e seus olhos vermelhos revelavam uma assustadora sede de sangue.

— Podemos lidar com ele? — perguntou uma moça que manuseava um chicote.

— É claro — disse outro sujeito, já segurando um escudo.

— Eu sou Thorak, o conquistador do castelo de Nartley! Preparem-se para uma morte lenta e dolorosa! — proclamou aquele monstro.



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