Grimório dos Contos Brasileira

Autor(a): Novel Brasil


Season 1

Terceiro Conto: Entroncamento

Por: Safe Project


Por muito tempo a humanidade se desenvolveu sem pensar na natureza, mas chegou um momento em que isso mudou completamente! No ano de 3457, as pessoas começaram a cuidar de verdade do meio ambiente, para que, no Ano 5000, ou melhor dizendo, Síntese 5000, o ápice do mutualismo fosse alcançado. A sociedade humana e a natureza entraram num estado de harmonia perfeita!


Síntese 5027…

Agora, um fato a ser considerado é que tudo, absolutamente tudo, nunca sai exatamente como planejado.

“Cara~, todo dia é essa mesma rotina”

Paulo Brificado era um jovem rapaz de 22 anos, vivendo no vigésimo galho de sua árvore. Os vizinhos não eram barulhentos, muito menos a casa era desaconchegante. Muito pelo contrário.

A brisa pura, as plantas decoradas com uma harmonia perfeita entre funcionalidade e design da mais alta categoria. Aquele era, sem dúvidas, um quarto do mais alto luxo, em nada se comparando com os tais “apartamentos” que ouvia nas aulas de história sobre o Século 21.

“Será que ela vai realmente levar a sério aquilo que eu disse?”

Seu olhar presunçoso caiu sobre a porta de seu quarto. A qualquer momento ela poderia entrar por ali e tornar aquela atmosfera fresca num sufocante dia de verão.

“Pare! Pare com isso, Paulo!! É só não pensar nessa droga!”

Recentemente, certos pensamentos atordoavam a mente do pobre virgenzinho. Ele dividia o quarto com uma garota, uma amiga de infância, mas não era uma simples garota como todas as outras que alguém do século 21, jogado dentro de uma árvore de concreto enquanto lia uma história de cunho duvidoso imaginaria.

Check! O destrave repentino da porta fez seu coração disparar, e para quase atravessar seu peito quando a figura que mais temia aparecer passou pela porta.

— Paulo~! Eu trouxe coisas do mercado!

Sim, Paulo sabia muito bem disso. Qualquer que fosse o acerto da humanidade, haveria um erro para acompanhá-lo. No entanto, a coisa da vez não se tratava exatamente de um “erro”.

— Ai, ai! Minhas folhas prenderam na maçaneta de novo!!

Homem-Árvore, para o feminino, Dríades!

Seus cabelos eram feitos de galhos ondulosos e era sedoso como a própria água, semeando seu verde por onde passava. Cada passo que dava com suas raízes fazia uma leve brisa refrescante chegar, tal como sua respiração um cantar de pássaros fazia soar. Dríades não eram um erro que surgiu com a harmonia da humanidade e a natureza, elas eram a bênção de agradecimento do próprio mundo.

— E-Eae, Seeda!

Paulo estava confortável sentado na beirada de sua cama, coincidentemente, de casal. Isto é, até que Seeda praticamente jogou-se em cima do colega, obrigando-o a abrir mais espaço para que ela se sentasse.

Ele inicialmente manteve o olhar longe do par de melancias cultivadas com poder natural, mas era uma árdua tarefa para um jovem na flor da idade. E, sabendo muito bem disso, Seeda fez questão de espremer seu busto contra o peito do, definitivamente, amigo de infância.

A fragrância arbórea era inconfundível, misturada num odor de menta refrescante que invadia seus pulmões cada vez que inspirava. A suada pele esverdeada tinha o úmido toque de terra molhada, tal como aquele par de olhos azulados fazia seu coração saltar enquanto pensava ai meu paiu amado!

O rosto de Paulo virou a mais vermelha das maçãs. A pressão foi tanta que algumas espinhas quase estouraram para desabrochar como lindas flores brancas.

— Se-Será que pode ficar mais pro lado? Eu tô meio suado e pá.

— Tranquilo. Seu suor serve como proteína pra mim!

Errada ela não estava, e Paulo sabia disso. Outra vez, havia subestimado a capacidade de Seeda de retrucar seus argumentos de virgem.

Mas, ainda mais impressionante que esta habilidade inata da garota, foi o que ela disse em seguida.

— Mas sabe, tô meio farta de água — Buscou por um item na sacola ecológica, revelando-o lentamente, ao mesmo passo que o verde de seu rosto era transmutado para o vermelho das folhas de outono. — Tava querendo um tipo diferente de proteína hoje.

— I-Isso… é!!!

Nas mãos de Seeda estava ela, uma folhinha! O lendário objeto que se usava no tronco para evitar que sementes fossem espalhadas durante o entroncamento (eita bixo).

— Não sou trepadeira, mas pode me usar como uma hoje! ♡

Naquele momento, Paulo viu o mundo, ou melhor, o universo desacelerar rapidamente, até que, em certo ponto, o tempo simplesmente parou de andar.


— Hã!? O que aconteceu? Por que o tempo parou?

Paulo, não precisa erguer as raízes dessa forma, vai acabar ficando sem folhas cedo demais.

— O quê!? Quem está falando? Por que eu tô ouvindo sua voz ecoando!??

Por causa do choque ao receber o pedido de entroncamento (vapo-vapo), sua mente trabalhou tão rápido para encontrar uma resposta que você adquiriu a habilidade de parar o tempo. Consequentemente, você não é mais um ser humano comum, pois acabou de ascender ao patamar de um Deus.

— De novo, quem é você?

Posso ser o que você desejar. Eu sei, eu posso e eu sou tudo. Pode me perguntar qualquer coisa sobre absolutamente qualquer pessoa, e eu terei a resposta… E me chame de Locutor.

Hum… Entendi. Se é assim, pode me dizer o que eu posso responder para a Seeda?

Infelizmente não temos tempo para isso. Você transcendeu exatamente por não ter experiência na fornicação arbórea dela, e agora deve cumprir alguns requisitos para destranscender e retornar para aquele exato momento em sua instância.

De-Destranscender? Essa é nova. E… instância? Do que cê tá falando, maluco?

Ah, bem, Paulo agora estava bastante confuso por ter alcançado o segundo plano. Bem, tecnicamente isso não devia ser possível, quero dizer, sempre foi, só que ninguém nunca deixou um personagem fazer isso, né. Bem sortudo você, Paulinho.

A Instância é como chamamos o plano em que você vive. Ela é criada a partir das minhas palavras, enquanto eu existo através das palavras de um outro, presente na terceira Instância, cujo pessoalmente chamo de A Verdade.

Paulo não conseguiu engolir bulhufas do que o Locutor estava falando. Infelizmente ele ficava culto demais quando o assunto não era sobre entroncamento. Mas, pode-se dizer que, na medida do possível, ele pegou a ideia.

Se você não voltar para a sua Instância, o tecido dessa história será afetado. Em outras palavras, a última instância, aquela onde existe o criador de tudo, será extinta.

— Por que eu me assustei quando me chamaram para trepar?

Sim.

Como que esse universo ainda existe???

Não temos tempo para pensar nisso. Precisamos agora ir atrás da solução para que o tempo descongele e você retorne para sua Instância. Antes que ele apareça!

Ele?

Ele? Ah, sim, o mistério desnecessário.

Melhor não saber. Vamos resolver as coisas antes disso, será melhor não ter que enfrentá-lo.

A clássica tensão que com certeza seria quebrada no futuro não incomodou Paulo. Mas como faria isso também? Ele sequer foi feito pra saber sobre a existência de clichês. Era impossível para ele ou até mesmo para o Locutor saberem disso.

De qualquer forma, tudo que fizeram estava de acordo com o planejado.

Após a breve explicação e a rápida aceitação de Paulo, os dois actantes sem forma aparente saíram flutuando pelo espaço do tempo parado.

Primeiramente, Locutor guiou Paulo para fora de sua árvore, para que em seguida caminhassem/flutuassem alguns metros pela rua até chegarem em uma das esquinas do quarteirão.

Olhe lá, Paulo! É aquilo que você precisa alcançar antes que seja tarde.

O Sujeito do esquema olhou para a direção indicada, e lá estava ele, seu Objeto.

Ma-Mas o que é aquilo, Locutor!? A Grande Árvore virou um…

Sim, é o O TRONCO (membro), especificamente, o seu tronco.

Paulo rapidamente olhou dentro de suas calças.

— CADÊ MEU…

E após a breve crise de pânico, encarou o Tronco fixamente. Era belo, mais do que podia imaginar. Era realmente muito diferente quando encarava daquele ponto de vista.

Locutor percebeu isso e sorriu, também mirando aquela majestosa paisagem.

As raízes na base, a floresta amazônica que a cerca e, claro, toda a estrutura não isenta de protuberâncias em formato tubular, percorrendo o caminho de uma forma tão embaralhada, mas também organizada até alcançar a copa da árvore. De fato, magnífico.

O-Obrigado?

As grandes raízes florestadas se estendiam por quase um quilômetro ao redor. A casca não poderia ter outra denominação senão dura, tanto quanto pedra. Uma estrutura inexpugnável que parecia alcançar as nuvens.

Os dois passaram longos segundos encarando o tronco. E como Paulo mesmo disse, devia ter uma Grande Árvore lá, um nome bem genérico, mas suficiente para cumprir com o papel. Essa tal Árvore era o símbolo da coexistência perfeita entre Homem e Natureza desde a Síntese 1, tendo o mesmo tamanho que aquele tronco que a substituía no momento.

Nenhum dos dois se importou verdadeiramente com isso, pois continuaram flutuando logo em seguida.

O que a gente vai buscar lá, Locutor?

A chave para você destranscender. Não é nada muito complicado, apenas faça o que eu digo e tudo ficará bem. Temos que nos focar em restaurar a paz antes que ele apareça para te pegar.

O Sujeito (Paulo) não questionou novamente quem era o “ele”. Seria complicado repetir a mesma piada sequencialmente, e isso também acabaria tirando a graça dela. Não que toda essa história esteja engraçada, de fato. Às vezes a melhor opção é soltar os troncos e ver aonde a semeação descontrolada nos leva.

Enfim, após alguns segundos eles chegaram na base do Tronco. A floresta lá era um pouco densa, mas não o suficiente para impedir dois seres transcendentais de encontrar o lugar que queriam facilmente.

Aqui está. Só precisamos entrar e encontrar a chave. Ela provavelmente está no topo do Tronco, então vamos logo.

Paulo fitou Locutor e depois mirou a copa do Tronco. Provavelmente pensou: Por que a gente simplesmente não flutua até lá, atravessa a parede e pega a chave? Sendo incapaz de entender como o andamento de uma complicação normalmente funciona. Ainda estamos na ação ascendente!

Porém, um grande problema (relativamente previsível) apareceu antes mesmo de começarem a jornada para o topo.

Aquilo é… um cara? Como ele tá se movendo!? Eu parei o tempo com meu Za Warudo!!

Locutor não entendeu a referência, mas respondeu: Realmente muito estranho. Mas… sinto que essa pessoa não me é desconhecida. Vamos nos aproximar.

Quando o fizeram, notaram que era um homem velho, bem caduco mesmo. Tinha cara de ser meio louco das ideias, o que se dava pelas 31 garrafas vazias de vodka ao seu redor, além de outras 31 cartas de QUATRO (versão nada duvidosa do UNO) alinhadas à sua frente como uma pequena barreira.

Ao serem notados, Locutor posou heroicamente e, enquanto apontava para o velho, disse:

Você, diga-me teu nome e eu direi quantos centímetros tens.

Sem demora, o velho respondeu com um grande sorriso:

— Eu sou Valdimir Pop, e é hora do du-du-du-du-du-du-du-du-duelo!

Essa não…

— Locutor, quem é esse pinguço?

Pela primeira vez, Paulo percebeu breve hesitação no Adjuvante de seu esquema.

Ele é Valdimir Pop! Um transcendente, assim como você, mas ele alcançou o novo patamar depois de ter tirado 31 funções de “como a vida funciona” de lugares desconhecidos. Ele é um oponente poderoso, qualquer erro e ele vai te colocar em alguma das funções, te obrigando a passar por todas as outras antes de poder atacar de volta!

Paulo encarou o inimigo, não exatamente determinado, era mais uma vontade de simplesmente esquecer o entroncamento e vazar dali imediatamente. Para sua infelicidade, haviam forças que não o deixariam fazer isso.

Bem, vou enfrentar ele com meu máximo! Tem alguma dica?

Bem… Sei que ele é muito fissurado com o número 31. Use isso ao seu favor.

Paulo fez que sim com a cabeça, mesmo não tendo uma. Logo, se colocou diante de Valdimir, aceitando prontamente seu du-du-du-du-du-duelo!!

— Ora, ora! Vamos lá, pequeno transcendente, vamos ver quantos você aguenta!

Com certeza mais que você, seu fraco!

Num poderoso ha capaz de acabar com todo o ar de seus pulmões, Paulo começou a acumular poder. Locutor estava um pouco afastado, mas notou que seu pequeno pupilo já possuía um plano.

Pop, no entanto, não ficou de fora. Sendo aquele que começou o duelo, foi também quem fez a primeira jogada.

— Eu jogo a 27° Carta! Ela está virada na horizontal, me proporcionando bônus extra em defesa…

AAAAH!! Gritava Paulo ao fundo.

— Unindo ela com mais três cartas, eu adquiro um poder quadruplicado, e virando essas três cartas num ângulo perfeito de 47° em direção à constelação de Escorpião, eu consigo o poder do “acredito em signo”, aumentando a minha sorte e gerando um evento aleatório no campo!

Uma roleta apareceu acima da cabeça de Pop repentinamente, e várias imagens do que pareciam planetas começaram a passar rapidamente, até que caísse em Saturno.

— Hahaha! Você está com azar! Saturno está ao meu favor, então isso irá me proporcionar ainda mais pontos de ataque! E, com tudo isso realizado, eu ainda tenho a chance de colocar uma última carta em campo…

AAAAAAAAAAAAAHH!

Eu coloco em campo a 31° Carta! Com isso, eu invoco ele, a maldição mais poderosa, seu nome é…

Valdimir de repente teve de parar sua épica apresentação que atravessa a compreensão de tempo. Diante de seus olhos, algo muito mais surpreendente e assustador estava acontecendo.

— O que está acontecendo com esse garoto!???

Naquela forma mais que transcendental, com seu cabelo em outra cor e uma cara jovem edgy protagonista de anime, Paulo não tinha poder absurdo, ele ERA o poder absurdo.

— Valdimir, suas conclusões estão totalmente erradas! A vida é uma narrativa, e a narrativa nem sempre se define com 31 funções! Muito menos que isso…

Algo estava errado com Paulo. Ele estava diferente de antes, não era mais um simples transcendente, havia ultrapassado até mesmo isso! Sim, pois aquelas palavras que saíram de sua boca não poderiam ser de outra pessoa senão…

A narrativa, Valdimir Pop… A narrativa se define fundamentalmente pela transição de um estado inicial para outro final.

O Deus da Narrativa!

Gwaaah!! O corpo de Pop começou a se desfazer num grande show de luzes, provavelmente algum efeito colateral das vodkas.

— EU… EU NÃO VOU MORRER E DEIXAR TUDO ASSIM!!

Ele sacou uma carta secreta. Não era a 32° carta (felizmente), mas algo que ia muito além disso. Ela não apenas era feita de papel, como também possuía a assinatura mal feita daquele à quem ela era dedicada.

— USE MEU PODER E TORNE-OS VIRGENS!!!

Foi a última coisa que Pop disse antes de seu corpo explodir em luz, mas foi uma frase tão poderosa quanto qualquer invocação longa de feitiço que se poderia ver por aí.

Paulo e Locutor ficaram apenas perplexos, incapazes de fazer qualquer coisa quando o durududum de um poderosíssimo terremoto começou. Do céu à terra, tudo estva tremendo, e não era por menos, pois de longe era possível ver aquela silhueta.

Essa não… é ele!

Uma simplesmente avassaladora, que iria desinibir qualquer instrumento reprodutivo em seu caminho e afastar até os ovários mais distantes para mais longe ainda.

Locutor, aquilo é…

Sim, Paulo, agora que ele está aqui, não há outra maneira senão enfrentarmos ele de frente!

Silhueta perfeitamente cilíndrica, pele tão lisa quanto a água mais parada na face da Terra, completamente intocada, imaculada. Apesar do vermelho agressivo que a tingia, sua pele nada causava além de inveja em quem observava por muito tempo.

Aquilo é…

Ele é… O Anti-Coito!

Uma Pílula Vermelha gigante?

Praticamente sinônimos.

Eu vou ter que lutar contra isso? Mas…

Ele estava prestes a recusar seu Clímax, mas para sua infelicidade ainda havia o Dilema em seu caminho.

Até poderia fugir, de fato. Ele e Locutor flutuavam, e, dado a velocidade que Anti-Coito se movia, levaria pelo menos dez anos para que andasse cerca de meio quilômetro. Ou seja, praticamente imóvel, mas ainda assim muito ameaçador.

Esse cara, digo, coisa, se ele continuar assim, ele vai…!

Aquilo que estava no caminho de Anti-Coito era simplesmente O Tronco. Naquele ritmo, levaria apenas três anos para que aquela monstruosidade alcançasse o Tronco. E o que exatamente aconteceria quando o fizesse?

Paulo fitou seu próprio Tronco (mais para galho), novamente suspirando pela ausência do coleguinha.

Como eu posso vencer essa coisa?

Locutor teve um breve sobressalto, mas também parecia esperar pelo surgir da bravura de seu pupilo.

Só há uma maneira de vencer o Anti-Coito, e é com… uma luta de espadas!

Paulo resmungou totalmente pasmo, aquela era exatamente uma das coisas com a qual tinha menos experiência.

Anti-Coito estava rindo de sua cara, pois havia percebido que seu pequeno oponente não estava com a sua espada pronta para o combate. Ele sequer tinha uma no momento.

Locutor, o que eu vou fazer!?

Apenas lembre-se, Paulo. O verdadeiro entroncamento (ordenhar ao contrário) são os amigos que fazemos no caminho

Oh! Acho que entendi. Pois bem, me dê uma ajuda com isso, rápido!

Anti-Coito se aproximava velozmente, atropelando e esmagando toda a cidade do tempo parado ao som de Barões da Pisadinha. Pelo menos ele não tinha ninguém no ombro gritando “tatakae!”.

E enquanto se movimentava a praticamente um centímetro por dia, Locutor e Paulo se prepararam para o mais poderoso ataque de suas vidas.

Em contraste ao terremoto causado pela movimentação de Anti-Coito, aquela que se iniciou logo à sua frente foi de empalidecer aquela pele vermelha.

Não foi um prédio, uma rua, nem a cidade, mas O TRONCO começou a flutuar. Nenhuma raiz foi violentamente retirada da terra, na verdade, cada uma delas deslizou com tanta perfeição que quem olhasse ficaria completamente satisfeito.

Quando o Anti-coito menos percebeu, o Tronco já flutuava bem acima de sua cabeça.

Como? Ele poderia se perguntar, mas uma Pílula Vermelha gigante não seria capaz de compreender tamanho poder e responsabilidade de quem empunhava a maior das espadas.

Paulo, você tem certeza disso? Pode ser que nunca mais seja capaz de entroncar (encher o balde com leite) novamente.

É um risco a se correr, Locutor. Se for para voltar até a Seeda e terminar minhas pendências, eu faço qualquer coisa.

Satisfação preencheu o peito inexistente de Locutor.

Você realmente mudou para melhor, Paulo. Estou orgulhoso disso.

Paulo sorriu, mesmo que não tivesse boca. E, com a ajuda de seu Adjuvante, o Tronco se ergueu mais, com a copa arredondada mirando o céu.

É o seu fim, Anti-Coito, pereça!!!!

O Tronco desceu num movimento muito épico, digno de música de batalha épica. E, com esse poderoso golpe, Anti-Coito foi cortado perfeitamente ao meio.

Ao fim do golpe, A Pílula Vermelha começou a brilhar intensamente, tal como aconteceu com Valdimir, tornando o resultado final previsível para os dois vencedores da batalha.

A gente vai se ver de novo?

Não. Assim que voltar para a sua Instância, provavelmente vai se esquecer de mim. No fim das contas, somos dois seres diferentes, e não podemos coexistir ao mesmo tempo como acontece agora.

O peito de Paulo foi tomado por intensa tristeza. Nunca em sua vida o coração havia apertado tanto, sentia como se fosse a calça de cinco anos atrás apertando, espremendo, implodindo seu pacote.

Foi bom enquanto durou. Mas fique sabendo que, onde quer que você vá, eu ainda estarei lá com você.

— Locutor… — Uma curta lágrima caiu. — Eu agradeço. então…

Enfim, Anti-Coito explodiu em luz, dissipando consigo todo aquele mundo a o seu redor.

Adeus, mestre.

E, então… o tempo voltou a andar.


— Não sou trepadeira, mas pode me usar como uma hoje! ♡

Ante o pedido de entroncamento (metelança) proposto por sua amiga de infância, Paulo não teve outra reação senão levantar imediatamente, com o rosto mais que ruborizado.

— Então… isso é… Sexo?



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