Volume 1
Capítulo 7: 13 de Junho (Sábado)
Uma toalha de mesa branca cobria a mesa de jantar. A luz da manhã fazia a decoração prateada dos pratos brilhar. Ovos fritos, cozidos em círculos perfeitos como luas cheias foram colocados cuidadosamente no centro dos pratos—um para o Papai e outro para Ayase.
“Ei, com licença, poderia mover a mão,” Ayase disse, e eu rapidamente parei de limpar a mesa e saí do caminho.
“Esse é o seu,” ela disse, colocando outro prato na mesa. Omeletes, alinhados elegantemente como toalhas quentes enroladas, estavam em um prato azul. Quando toquei nelas com meus hashis, elas se separaram facilmente em fatias do tamanho de uma mordida.
“Esses são dashimaki tamago?”
“Você parecia querer, e é sábado, então tenho bastante tempo. Posso preparar de vez em quando. Mas não sei se estão bons, então não crie muitas expectativas,” ela disse, um pouco envergonhada.
“Obrigado.”
“Saki, que fez isso?” Papai perguntou. “Uau, que sorte a sua. Ei, Yuuta, que tal dividir um pouco comigo?” “Bom, não é nada especial,” Ayase respondeu modestamente.
“Ah, qual é, parece ótimo. Aposto que está delicioso. Não concorda, Yuuta?” Papai olhava tão ansiosamente para os ovos caseiros da sua enteada que eu dei pra ele alguns pedaços. Parecia que ele tinha esquecido que ela também tinha feito os ovos fritos no seu prato.
“Uau…todos estão acordados cedo.”
Me virei ao som de uma voz desconhecida atrás de mim.
Era Akiko, ela estava vestindo apenas um robe sobre seu pijama e esfregando os olhos como se ainda estivesse com sono.
Seu cabelo estava bagunçado, como se ainda não tivesse sido escovado. Para mim, ela parecia um pouco mais sexy do que relaxada.
“Que horas são…?”
Ela olhou para o relógio e engasgou.
“Você está brincando…”
Estávamos tomando café da manhã uma hora mais tarde do que o normal, já que era sábado. Papai não tinha que ir trabalhar, e Ayase e eu não íamos para a escola. Isso também era em consideração a Akiko, que tendia a chegar em casa tarde e não estava dormindo o suficiente.
“Volte para a cama, Akiko. Você estava trabalhando até tarde de novo ontem à noite, não estava?” “Tudo bem, Taichi. Saki, sinto muito por você ter que fazer tudo.” “Está tudo bem. Ei, Mãe…seu traje está um pouco provocante para Asamura, e não é bom para o Papai, também.” “Quê…?!”
Akiko olhou para si mesma e gritou, depois correu de volta para o quarto.
“Oh, Akiko! Espere, quero falar com você,” Papai disse, correndo atrás dela.
“Eita,” eu disse.
“Hum. Parece que a fachada dela está se desgastando,” Ayase observou.
“Sério?”
“Tenho que dar crédito a ela. Durou uma semana inteira.”
Eu não tinha certeza se era apropriado concordar com isso.
“Para preservar a honra dela,” Ayase continuou, “vou dizer que ela só fica assim quando acaba de sair da cama.” Ah. Bom, eu também não era uma pessoa boa em acordar cedo.
“Acho que as cortinas blackout funcionaram,” eu disse.
“Sim, talvez.”
As novas cortinas chegaram ontem.
Além de bloquear a luz, elas também bloqueavam o calor e o som. Então, o quarto ficaria fresco no verão e quente no inverno. Papai disse que era um pequeno preço a pagar se isso conseguisse ajudar Akiko a dormir e se manter saudável.
Houve um som de ping, e Ayase foi até o forno elétrico. Ela tirou duas fatias de pão e colocou elas em um prato.
“Me diga se quiser mais.”
“Não, tá bom.”
Coloquei mais fatias na torradeira para o meu pai e reconfigurei o timer. Deveriam estar prontas quando ele voltasse para a mesa.
“Eu sei que torradas não combinam com ovos ao estilo japonês,” ela disse.
“Está tudo bem.”
O que eu queria dizer com isso era: “Obrigado por se dar ao trabalho de fazê-los.” Ela também tinha preparado salada e uma sopa de consommé. Era mais do que o suficiente para o café da manhã. Fiquei triste por não termos sopa de missô, mas imaginei que ela tinha usado o tempo que levaria para fazê-la para cozinhar os ovos.
Juntei as mãos e agradeci, depois peguei os hashis e me preparei para provar um pedaço do ovo.
“Mm, isso está ótimo!”
“Você exagera.”
“Não, estou falando sério. Os da Akiko eram bons, mas estes estão no mesmo nível.” “Sério?”
“Sim.”
“Bom, vou fazer para você de novo.”
“Só se você tiver tempo.”
“Só se eu tiver tempo.”
Dizemos a mesma coisa simultaneamente e ficamos quietos. Depois disso, comemos em silêncio por um tempo.
O que estava demorando tanto para o Papai? Íamos terminar de comer antes que ele voltasse.
“Já faz uma semana,” eu disse.
“O que já faz uma semana?”
“Falamos sobre isso mais cedo. Você e Akiko se mudaram no domingo, e amanhã fará uma semana.” “Então? Você quer comemorar ou algo assim?”
“Hã... talvez não seja uma má ideia.”
“Você está falando sério?”
Ela olhou para mim como se eu estivesse louco, o que me fez rir.
“Acho que o Papai vai querer comemorar quando perceber que já faz uma semana.” “Ah...”
“O Papai sempre gostou de fazer esse tipo de coisa. Mas talvez seja melhor dar um tempo para ele e a Akiko ficarem sozinhos.” Eles não tiveram um casamento nem foram em lua de mel, dizendo que ambos já tinham feito tudo isso antes.
“Ah, é uma boa ideia,” disse Ayase.
“Não é?”
Nesse momento, Papai e Akiko voltaram para a sala de jantar.
“Oi, crianças,” disse Papai. “Vocês dois parecem estar se divertindo. Sobre o que estão falando?” “Nada,” respondi rapidamente.
Eu diria ao Papai mais tarde para levar Akiko para jantar ou algo assim.
A torrada dele estava pronta, e Ayase colocou o pão em um prato e trouxe para a mesa.
“Saki, eu—,” disse Akiko.
“Eu sei, uma fatia para você.”
Ela colocou duas fatias finas de pão na torradeira e ajustou o timer. A outra fatia devia ser para ela mesma. Ela gostava de dar mais quando se tratava de troca, e ela tinha preparado a porção dela por último. Ela era consistente.
“Uma fatia para você também?” ela me perguntou.
“Não consigo comer tanto de manhã.”
“Vou lembrar disso.”
“Obrigado.”
Era importante deixar as coisas claras entre nós.
“Vocês dois estão se dando bem,” disse Akiko.
“Como irmãos,” comentou Papai.
“É maravilhoso.”
Papai e Akiko sorriram.
Fiquei feliz ao saber que eles veem dessa forma, mesmo que nós quase tenhamos estragado tudo ontem.
Quando terminamos o café da manhã, a luz do sol forte estava entrando pela janela. As nuvens brancas no céu estavam claras e distintas, me lembrando que o verão estava quase chegando. As temperaturas estavam subindo. Não estava tão quente a ponto de precisarmos ligar o ar-condicionado, então abri as janelas.
Era um dia de sol pra quebrar a estação chuvosa.
A brisa que soprava trouxe para nossa nova família o cheiro da folhagem fresca lá fora.
Tradução: Thomás Masg
Revisão: Luuh
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