Volume 1
Capítulo 38 - Os planos de Chedipé!
Sankay e Dadb se dirigiam para o quarto a fim de aproveitarem e retornarem a sua rotina de tomarem banho juntos, mas antes de chegarem ao local Lina e Ryusaki os chamaram.
— Sankay, venha aqui! Precisamos falar com você. — disse Ryusaki chamando-o.
Sankay e Dadb foram até o laboratório onde todos se encontravam para entender o que eles queriam.
— O que vocês querem? — disse Sankay desanimado por eles terem atrapalhado sua saída com Dadb.
— Descobrimos duas coisas vasculhando por aqui. — disse Lina.
— O que vocês descobriram? — perguntou Sankay mais interessado nas informações.
Fabron Forge entrou na conversa se intrometendo e dizendo — A primeira coisa é que parece que a pessoa que estava aqui parece ter descoberto formas de manipular masmorras sem ter que vencer todos os andares.
— Q…. Quê? — exclamou Sankay incrédulo na informação que escutava.
— A segunda informação é que encontramos um livro que fala sobre fantasmas e foi escrito por alguém chamado Ivy Kirllian e acreditamos ser o tal I.K. — disse Ryusaki querendo levar a melhor informação de todas.
Sankay ao escutar aquilo ficou perdido em seus pensamentos.
Ivy Kirllian é aquele que dizia que precisávamos estudar os espectros e que tinha deixado o templo. Mas será que ele estava conduzindo essas experiências? Vivendo em uma masmorra fantasma a fim de conseguir informações? Será mesmo que é a mesma pessoa? Parecia que ele era um pouco louco em seus ideais, mas viver em uma masmorra e controlá-la sem finalizar parece demais.
— Eiii…. Você está escutando? — disse Fabron acertando um peteleco na testa de Sankay.
Sankay retornou de seus pensamentos e disse — Vocês acham mesmo que é a mesma pessoa?
— Se não for a mesma pessoa, deve ser alguém da mesma família. — disse Lina explicando.
Com a descoberta e a revelação das informações todos se juntaram e começaram a juntar mais informações lendo tudo que encontravam e que conseguiam ler de documentos ali naquele laboratório.
Enquanto isso, Kuros que havia descoberto que Chedipé era uma general do rei demônio e estava enganando ou incentivando o príncipe a tomar decisões equivocadas ficou pensativo sobre a ação que deveria tomar.
Após sua descoberta sobre Chedipé, Kuros sabia que não poderia confiar nela, e agora o desaparecimento de Allister só reforçaria a urgência de sua missão. O peso da responsabilidade era enorme: encontrar sua neta, observar os perigos da masmorra Fantasma e impedir que Chedipé continue seus planos obscuros.
A dúvida sobre a maior importância no momento pairava em sua mente fazendo com que ele tivesse intenções de deixar a sua neta seguir sozinha e resolver seus problemas.
Enquanto estava pensativo Kuros se lembrou que na mensagem que ela havia deixado com resquícios de magia ela não parecia em perigo. Sua decisão então ficou clara como água de uma nascente.
Kuros deixou a hospedaria às pressas, correndo em direção a cidade de Raijin. Ele precisa agir rápido antes que seja tarde demais.
Sua missão mais importante até o momento agora seria informar ao Rei Arthen sobre quem era Chedipé na realidade.
Ele se preparou e utilizou um encantamento mágico em seu corpo para que ele estivesse fortalecido e utilizasse sua magia de luz para torná-lo ainda mais rápido.
— Lux accende, corpus auge, move celeriter! — disse Kuros encurtando o encantamento a fim de gastar menos energia mágica.
Sua direção estava traçada diretamente para a cidade de Raijin e tentando chegar ao castelo.
Enquanto Kuros saia em desespero para a cidade, Allister era levado por Chedipé enquanto ainda estava dormindo.
— O que está acontecendo aqui? — perguntou Allister acordando.
— Jovem mestre! Que bom que acordou. — disse Chedipé demonstrando animação em sua voz.
— Me coloque no chão. Por que está me carregando? — perguntou o Príncipe curioso.
— Estou tirando o jovem mestre daquela velha espelunca que disseram ser uma taverna apropriada ao senhor. — disse Chedipé sabendo as palavras para usar e encantar o príncipe.
— Pelo menos você já sabe que aquele lugar não chega nem perto de ser algo confortável para alguém da nobreza como eu. — disse Allister demonstrando o orgulho de ser nobre.
— Você está certo Jovem mestre. — disse Chedipé se curvando a ele.
— Onde está aquele Kuros? O mago do meu pai? — perguntou Allister querendo saber sobre o mago.
— Ele não virá conosco jovem mestre. Parece que ele tinha outra missão e deixaria sua neta em nossas mãos. — disse Chedipé.
— Menos mal, achei que ele estava desconfiado de que na realidade fomos nós que prendemos sua neta. — disse Allister parecendo aliviado.
— Ele não desconfiaria, Jovem mestre. — disse Chedipé.
Assim que terminaram de falar, os dois se dirigiram para fora da vila em meio a floresta que ia para a cidade de Rokuto.
Allister ia na frente querendo encontrar logo a cidade para poder dormir e descansar em um lugar que ele considerasse decente e Chedipé prestando atenção ao seu redor para ver se não tinha sido seguida por ninguém.
A noite foi avançando e antes do amanhecer Allister e Chedipé passaram em uma estrada que saia da cidade e avistaram uma mulher meio lobo adiante.
— Olha só, uma raça inferior sozinha. — comentou Allister com um grande sorriso em seu rosto.
— Jovem mestre! Tome cuidado para não ser alguém importante. — disse Chedipé tentando alertá-lo.
— Quando um bichinho de estimação como esse seria alguém importante. — exclama Allister cada vez mais ansioso para atacar e zombar daquela meio-animal.
Chedipé permaneceu acompanhando-o e deixou que prosseguisse.
Assim que se aproximou dela ele cuspiu em seu rosto e disse — Você devia se curvar quando passasse na minha presença bicho imundo.
Chedipé somente se aproximou dele, mas permaneceu quieta.
A Meio Animal apertou as mãos se preparando para um soco.
Chedipé percebeu suas intenções e decidiu não agir.
A meio animal se preparou e deu um soco na direção do rosto de Allister.
O soco não acertou ele em cheio porque Chedipé o puxou um pouco e somente pegou de raspão.
— Como… Como um lixo de estimação tem coragem de atacar um príncipe como eu!! — exclama Allister indignado e colocando a mão em seu rosto que havia recebido um soco de raspão.
A meio animal em questão era Excia Vandelord que retornava após terminar seus afazeres na cidade.
Ela olhou e percebeu que se tratava do príncipe Allister, mas não se amedrontou.
— Você não pode chamar as pessoas que encontra na rua de lixo e achar que não vai apanhar. — disse Excia.
O príncipe furioso partiu na direção do meio animal.
Excia que era uma aventureira e tinha instintos aguçados percebeu que ele vinha em sua direção e então pulou longe.
— Você merece morrer por atacar alguém da família real. Seu lixo imundo. — disse Allister gritando cheio de ódio.
Chedipé que percebeu que Excia não era uma qualquer disse ao príncipe — Jovem mestre, ela não vale o seu precioso tempo.
Allister ainda estava indignado com o ataque direto que havia recebido, mas enquanto Chedipé o tranquilizava e tentava fazer ele se acalmar, Excia foi em direção a vila.
— Segure aquele lixo de animal doméstico, preciso descontar essa atitude. — disse Allister.
Chedipé o segurava enquanto Excia saia, mas quando escutou ele chamando-a de animal doméstico olhou em sua direção com a mesma intensidade de um lobo quando está com sua presa.
Excia deu um impulso em seu corpo usando a sua força de meio animal e em um instante chegou próximo ao príncipe.
Assim que ela chegou, Chedi Pé conseguiu enxergar um novo soco vindo na direção do rosto de Allister.
Chedipé imediatamente usou um feitiço de sombras.
— Umbrae flectant viam suam! — disse Chedipé o encantamento que fez com que Excia mudasse de direção.
— Jovem mestre se afaste. — disse Chedipé ao príncipe.
Allister assustado com o perigo caiu no chão.
— Uma escória como você deveria ficar no chão. Nunca mais chame ninguém de animal doméstico. — disse Excia com fúria que mais parecia um cão raivoso.
O príncipe ficou sem palavras e Chedipé logo se aproximou dele.
Excia saiu de lá ainda irritada e querendo atacar aquele lixo mesquinho da realeza, mas se lembrou de que ele era o rei e não poderia caçar briga com a maga da corte real de Raijin.
— Isso, vá embora, mas você sofrerá as consequências deste ato. — disse Allister.
Chedipé acertou a mão tão rápido na nuca do príncipe que ele só desmaiou e nem sentiu nada.
Excia continuou seu caminho e Chedipé levou o Príncipe em suas costas.
Quando a manhã finalmente chegou, o príncipe Allister se despertou em um pequeno bosque, sua cabeça atrasada por conta do desmaio causado por Chedipé. Ele tentou se levantar, mas sua compostura estava longe de ser a de alguém da realidade.
— Onde estamos? Por que ainda não chegamos ao Rokuto? — Ele falou, claramente frustrado.
Chedipé, sempre calma, preparou um pequeno feitiço para aquecer água em um recipiente improvisado.
— Jovem mestre, eu estava apenas garantindo sua segurança. Não seria adequado chegar à cidade sem que você estivesse descansado, disse ela, mantendo um sorriso controlado, embora notícias que a paciência dele logo se esgotaria.
Allister bufou, levantando-se com dificuldade e ajustando sua túnica amassada.
— Você só complica minha vida. Quero um banho decente assim que chegarmos ao Rokuto. E comida de verdade, não essas porcarias de plebeus!
Chedipé apenas assentiu, escondendo qualquer traço de confiança.
Mais um pouco, pensou ela, e chegaremos ao próximo estágio do plano.
Ao atravessarem os limites do Rokuto, os guardas imediatamente os notaram. O brasão real estampado na roupa de Allister era inconfundível. Eles se curvaram profundamente, embora com olhares cautelosos, pois sabiam da fama do príncipe.
— Avise imediatamente o principal da estalagem. Quero um quarto digno de um príncipe. — bradou Allister, nem ao menos olhando para os soldados.
Um dos guardas correu para providenciar os arranjos, enquanto outro encontrou para guiá-los até o centro da cidade.
Rokuto era movimentado, com mercados lotados e artes trabalhando nas ruas. Mas a presença do príncipe pareceu silenciar o ambiente por onde ele estava. As pessoas evitavam olhar diretamente para ele, preferindo manter a cabeça baixa e continuar suas ações.
Chedipé observou tudo atentamente. Ela sabia que precisava agir com cautela, especialmente em uma cidade tão cheia de olhos curiosos.
— Chedipé, quero uma refeição antes de ir para o quarto. Se der quero um lugar que seja protegido. — disse Allister, com um olhar superior.
— Como desejar, jovem mestre. — respondeu ela, escondendo seu desdém por trás de um sorriso polido.
Enquanto os guardas os guiavam a uma taverna mais luxuosa, Chedipé notava que pequenos grupos de aventureiros se reuniam nas praças, discutindo as últimas notícias sobre o campeonato. Algo sobre isso chamou sua atenção, e ela fez questão de guardar essas informações para depois.
Enquanto isso, na estrada para Royalls, Excia retornava a vila com passos rápidos e um olhar determinado. Ela ainda estava furiosa com o encontro com Allister e, embora tivesse se segurado, sabia que não poderia esquecer facilmente a humilhação que ele tentou infligir.
Frustrada e irritada, ela adotou uma posição para acelerar a sua chegada a vila de Royals.
Assumiu uma posição como de um lobo e deu um grande impulso com a força de suas pernas para chegar mais rápido à vila.
Em menos de 2 horas ela chegou à vila.
Assim que chegou na vila ela foi até a guilda local, onde encontrou outros aventureiros discutindo rumores.
— Excia, você voltou mais rápido do que o esperado. Algum problema? — Disse um homem alto e musculoso, reconhecido na vila como Garret, um dos líderes da guilda.
— Não é nada com o trabalho. Mas... encontrei alguém da realeza no caminho. Um príncipe arrogante que precisa de uma lição.
Os aventureiros trocaram olhares desconfortáveis. Mexer com a realidade era um caminho perigoso, mas muitos concordaram silenciosamente com as palavras de Excia.
Garret colocou a mão no ombro dela.
— Tenha cuidado, Excia. A realidade sempre tem aliados perigosos. E se você encontrou alguém tão longe do castelo, isso significa que eles estão tramando algo.
Excia concordou, mas sua mente já estava decidida.
— Eu vou descobrir o que está fazendo por aqui. Se eles acham que podem tratar tudo como lixo, estão muito enganados.
De volta a Rokuto, Chedipé conseguiu encontrar um lugar reservado na taverna para acomodar o príncipe. Enquanto ele comia uma refeição confortável, ela se dirigiu para planejar seus próximos passos.
Ela sabia que Kuros estava ciente de sua verdadeira identidade, mas também sabia que ele não poderia agir diretamente sem provas. Isso dava uma vantagem temporária, mas era essencial que ela acelerasse seu plano.
Chedipé se sentou em sua cama e colocou uma barreira como sempre fazia quando queria espaço e começou a escrever no ar, traçando palavras em Língua Demoníaca para enviar uma mensagem aos Generais do Rei Demônio.
— Generais, os preparativos estão avançando. O príncipe está sob meu controle, e logo poderei direcioná-lo para cumprir seu papel na profecia. No entanto, Kuros pode ser um empecilho. Preciso de ajuda para lidar com ele, se necessário.
As palavras na língua demoníaca brilharam levemente antes de desaparecer, levando sua mensagem ao destinatário.
Quando ela voltou para a sala principal, o príncipe exigia mais comida, enquanto os guardas tentavam manter a compostura.
Chedipé traição. Tudo está indo conforme o planejado, ela pensou, antes de voltar para seu papel de conselheira obediente.