Gênio Incontrolável em Outro Mundo Brasileira

Autor(a): Berweley Kheyle


Volume 1

Capítulo 37 - Quem é Chedipé?

Assim que o grupo de busca chegou a vila de Royals ela parecia pacata e sem muito movimento à primeira vista. 

As casas de madeira simples se alinhavam em meio às ruas e o aroma era de pão assado e ervas medicinais. 

Allister como sempre falava de sua indignação com o local — Este lugar fede. 

Chedipé logo disse ao jovem príncipe —  Príncipe, é aqui que começaremos a nossa busca, lembra? 

Kuros ficou observando os dois conversarem e as suas expressões. 

Kuros caminhou em direção a vila e disse —  Que cheiro bom. 

Todos caminharam em direção ao local central da vila e Kuros se manteve observando e acompanhando a todos com os olhos. 

Chedipé e Allister chegaram a um mercado simples. 

Assim que eles adentraram no mercado, o atendente disse se curvando —  Seja bem-vindo jovem príncipe. O que o senhor deseja hoje em nossa humilde vila. 

—  Estamos em busca de alguns suspeitos que podem ter adentrado nesta vila e compraram seus nomes recentemente. —  disse Chedipé explicando a atendente. 

A atendente se conteve antes de falar alguma coisa, mas disse —  E…Eu não sei muito, pois a maioria das pessoas estão chegando em nossa vila por conta do campeonato. 

Com a resposta vaga da atendente Kuros ficou observando que ela estava com medo de dar respostas ao Príncipe. 

—  Você foi um inútil, não sabe de nada disso. —  disse Allister representando seu desprezo pelos que estavam ali presentes.

O príncipe saiu do mercado junto de Chedipé furioso. 

Kuros percebeu a atitude do príncipe de desprezo com todos os plebeus onde paravam para perguntar sobre dois irmãos que haviam adquirido um nome a pouco tempo. 

— Vou me separar e buscar informações em outros locais e nos encontrarmos depois. —  disse Kuros para se distanciar do príncipe e de Chedipé. 

—  Tudo bem, mas nos encontraremos na saída da cidade ainda hoje. Não se atrase. —  disse o Príncipe Allister com ar de quem não iria esperá-lo. 

Kuros saiu na direção contrária à que eles iriam. 

Enquanto Chedipé e Allister iam em direção a saída da vila rumo ao norte, Kuros seguia em direção ao Leste para perguntar sobre sua neta. 

Assim que Kuros perdeu-os de vista, ele retornou a um dos mercados onde eles haviam parado antes e agora se apresentou a atendente. 

—  Olá, me chamo Kuros Severus, um mago de nível Santo e estou buscando informações sobre minha neta. —  disse Kuros se curvando e mostrando respeito para com a atendente. 

—  Não precisa disso, grande Santo. Você estava junto do príncipe né? —  disse a atendente. 

—  Sim, mas estou em busca de minha neta que veio em direção a esta vila ha cerca de uma semana. —  disse Kuros explicando a situação. 

— A única mulher que eu sei que vem aqui frequentemente é uma que nunca diz seu nome e sempre compra ou adquiri informações com pessoas da região. Ninguém sabe seu nome, mas ela é sempre misteriosa. —  disse a atendente. 

— Muito obrigado pelas informações, mas preciso encontrar minha neta. —  exclama apressado Kuros.

Kuros andou em diversos lugares e não obteve muitas informações. 

Seguiu em direção a saída da vila para se encontrar com o príncipe e Chedipé. 

Antes de sair percebeu pela energia mágica que Chedipé e Allister estavam em uma taverna. 

Dentro da taverna, Chedipé e Allister estavam em uma mesa privada, longe dos ouvidos curiosos. Allister, impaciente, batia os dedos na madeira.

 — Por que estamos perdendo tempo aqui? Se os plebeus são vila, deveríamos simplesmente incendiá-la e resolver o problema.

— E se eles não estiverem? — Chedipé respondeu com perguntas. — precisamos ter certeza antes de agir. Não queremos alvoroço desnecessário.

Nesse momento, Kuros entrou na taverna e se mudou. Ele fingiu não ter ouvido uma conversa.

 — O ambiente está tranquilo. Ninguém menciona aventureiros ou magos passando por aqui.

Chedipé olhou para ele com um sorriso educado.

 — Isso é ótimo, mestre Kuros. Significa que podemos investigar sem pressa.

Kuros notou a calma calculada em sua voz. Ele decidiu testar o terreno.

— Curioso, uma vila tão isolada ainda consegue ter visitantes exóticos. Ouvi falar de uma mulher misteriosa que  compra informações. Não lembra alguém que conheceu?

O sorriso de Chedipé vacilou por um instante, mas ela se recuperou rapidamente.

— O mundo está cheio de informações, mestre Kuros. Talvez seja apenas alguém que se parece comigo.

Kuros não respondeu. Ele sabia que estava certo.

Todos beberam ainda por um tempo na Taverna e depois saíram em direção à saída da cidade. 

O clima entre eles adquiria cada vez mais um clima pesado. 

— Preciso descansar, já que está anoitecendo. Busque um lugar decente para que eu possa descansar. — disse Allister obrigando Kuros a ir buscar um lugar. 

— Imediatamente, Jovem príncipe. — disse Kuros demonstrando respeito à família real. 

Kuros saiu de perto de ambos e seguiu em busca de um local para que o príncipe pudesse descansar. 

Mas a cada uma das tavernas que olhava os quartos eram simples demais, mas Kuros agora pensando melhor começou a perceber uma energia semelhante a que ele sentiu na casa dos que supostamente atacaram sua neta. 

Ele seguiu o rastro de energia e deu de encontro com a guilda de aventureiros. 

Na guilda ele encontrou alguns aventureiros comentando que Fabron Forge havia saído da cidade junto com uns plebeus novatos. 

Kuros escutou aquilo e logo perguntou — Vocês conhecem esses plebeus que fizeram o Fabron sair? 

— Não conhecemos, mas são novatos que estão tentando ir à masmorra Fantasma. — disse o Rapaz. 

Kuros entendeu que sua neta poderia estar com eles e então se tranquilizou. 

Preciso ir atrás da minha neta sem aquele príncipe e sem aquela maga. Não confio neles. 

Kuros encontrou um local razoável para que o príncipe pudesse descansar, mas assim que ele viu disse — Isso é o melhor que uma vila pequena como essa tem a oferecer? 

— Foi a melhor que consegui em toda a vila. — disse Kuros tentando se explicar. 

Kuros foi se deitar e esperou pacientemente. 

Depois de algum tempo ele escuta passos do quarto ao lado que é o de Chedipé. 

Ele a viu sair discretamente da hospedaria onde estavam, indo em direção ao bosque. Mantendo-se nas sombras, ele a batida até um pequeno santuário abandonado.

Chedipé ajoelhou-se diante do altar quebrado, murmurando palavras em uma língua que Kuros não entendeu completamente, mas reconhecia como antiga. Ele observou enquanto uma luz púrpura emanava do chão, formando símbolos que ele só havia visto nos textos mais obscuros sobre magia proibida.

Finalmente, Kuros se revelou.

— Então é isso que você faz quando não está manipulando o príncipe.

Chedipé cantou-se lentamente, sem sinal de surpresa.

—Mestre Kuros. Não pensei que fosse tão intrometido.

— Você é uma ameaça à minha rede e a todos nós. Quero respostas agora. Quem é você, realmente?

Chedipé suspirou, seu rosto assumiu uma expressão de cansaço.

— Você é um homem inteligente. Já sabe que sou muito mais do que uma conselheira real.

— E isso inclui sua relação com Allister? — Kuros perguntou, apertando os punhos.

Ela riu, mas seu riso foi sombrio.

— Allister é uma criança mimada que acredita que não tem controle. Mas a verdade é que ele é apenas uma peça no meu jogo. Assim como você, Kuros.

Kuros deu um passo à frente, preparando um feitiço de proteção.

— Não subestime minha determinação. Se você é uma ameaça, não hesite em agir.

Chedipé falou com as mãos, uma energia escura e pulsante surgindo ao seu redor.

— E o que você acha que pode fazer contra alguém como eu, mestre Kuros?

A tensão no santuário era palpável, o ar pesado com a energia pulsante que emanava das runas púrpuras ao redor de Chedipé. Kuros, firme em sua posição, mantinha seu olhar fixo nela, enquanto sua mente trabalhava em busca de respostas para as perguntas que surgiam incessantemente desde que a conhecia.

— Quem é você realmente, Chedipé? — Disse ele, sua voz baixa, mas autoritária. — E o que exatamente está fazendo aqui?

Ela era simpática, mas não era um sorriso amigável; era um sorriso que escondia séculos de segredos.

— Ah, Kuros, sempre tão perspicaz. Você realmente acha que um simples mago pode compreender o que está além de sua visão mortal?

Chedipé estendeu a mão, e uma energia densa, quase tangível, envolvendo o ambiente.

— Você conhece a língua de Língua Demoníaca, não conhece? — Disse ela, quase casualmente, enquanto desenhava runas no ar com seus dedos.

Kuros reconheceu os símbolos imediatamente. Língua Demoníaca era uma linguagem antiga, associada à magia proibida, usada apenas em rituais vinculados aos demônios e às trevas.

— Então é verdade, você é um general do Rei Demônio. — sua voz era grave, mas sem surpresa.

Ela gargalhou, uma risada que ecoou pelos santuários como um trovão.

— Demorou para perceber, mas sim, sou Chedipé, a serva leal de Sua Majestade. Estou aqui para garantir que o príncipe permaneça no caminho certo... pelo menos o caminho que traçamos para ele.

Kuros abre seus punhos, sentindo sua própria energia mágica se intensificar.

— E o que o Rei Demônio deseja com a família real? Por que manipular um príncipe mimado?

– Manipular? — disse ela, fingindo indignação. — Eu prefiro chamar de guiar. Allister é o peão perfeito. Seu ego e sede de poder fazem dele uma marionete fácil de manipular. Mas você, Kuros, você é um problema.

Ela estendeu as mãos novamente, e as runas no chão começaram a brilhar mais intensamente.

— Não posso permitir que interfira em nossos planos.

Kuros sabia que não tinha escolha para não lutar. Com um movimento rápido, ele lançou um feitiço de proteção, criando um escudo ao seu redor enquanto Chedipé lançava uma rajada de energia escura em sua direção.

— Scutum lucis purgar umbras! — relatou Kuros, e uma barreira de luz apareceu, repelindo o ataque inicial.

Chedipé recuou, examinando-o com olhos frios.

— Impressionante, mas não o suficiente.

Ela invocou um feitiço em Língua Demoníaca, e figuras sombrias começaram a emergir do chão.

— Sombras vivas? Você está mesmo disposto a revelar tanto sobre sua natureza? — disse Kuros, tentando ganhar tempo enquanto analisava a situação.

— Não há mais necessidade de esconder quem sou. Afinal, você não sairá vivo daqui.

As sombras avançam, cercando Kuros. Ele manteve sua calma, formando um feitiço poderoso.

— Ignis et Terra, surja e devaste! — O chão tremeu, e as chamas emergiram, consumindo as sombras em um turbilhão de luz e fogo.

Chedipé recuou mais uma vez, mas não parecia abalada. Pelo contrário, ela parecia satisfeita.

— Você é mais forte do que eu imaginava, Kuros. Talvez você seja útil para nós.

Antes que o confronto pudesse escalar, passos e vozes de guarda foram ouvidos ao longe. Eram os guardas da vila, atraído pela energia mágica que emanava do santuário.

Chedipé recuou para as sombras, sua voz ecoando no ar.

— Este não é o nosso último encontro, Kuros. Tenha certeza disso.

Kuros ficou parado enquanto os guardas se aproximavam. Ele sabia que precisaria enfrentar Chedipé novamente, mas agora tinha informações cruciais: ela era um general do Rei Demônio, e sua missão ia muito além de buscar sua neta e apenas proteger Allister.

Quando os guardas chegaram, ele inventou uma desculpa para presença em seus santuários.

— Apenas investiguei algo suspeito, mas parece que já está resolvido.

Chedipé sumiu se sua vista e dos guardas da vila antes que eles pudessem perceber. 

Kuros saiu correndo em direção a Taverna para encontrar o Jovem Príncipe e evitar que Chedipé faça o que quisesse com ele. 

Mas assim que ele chegou até onde Allister dormia, viu que ele já não se encontrava mais por lá. 

— Ela deve tê-lo levado. —  disse Kuros com ar de preocupado. 

Enquanto Kuros havia descoberto uma grande informação que poderia mudar o rumo de tudo, o grupo de Sankay dentro da masmorra discutia sobre as runas e sobre as informações encontradas no diário do tal I.K. 

A discussão ficava entre Ryusaki, Fabron e Lina. 

Sankay ainda estava pensativo.

O que será que aconteceu com Terrian? Primeiro ele sai junto com o guardião e depois ele vai na direção de um exército de monstros que simplesmente vai embora sem fazer nenhum ataque sequer. Tem alguma coisa que eu ainda não descobri sobre isso. 

Enquanto Sankay estava pensativo do lado de fora da casa que eles haviam encontrado Dadb se aproximou dele e simplesmente o beijou na boca novamente. 

—  O que é isso? —  disse Sankay sem entender. 

—  Queria te animar um pouco, parecia estar bem preocupado. —  disse Dadb com um sorriso. 

—  Não precisava fazer isso. —  disse Sankay. 

—  Se preferir posso lutar com você. —  disse Dadb com um sorriso ainda maior. 

—  Tudo bem. Mas porque você não está com os outros. —  disse Sankay.

—  Eles só falam de assuntos chatos e sem sentido pra mim e preferia ficar com você e fazer o mesmo que fazíamos antes. —  disse Dadb.

— C….Como assim? Você está falando do banho? —  disse Sankay perguntando para ter certeza. 

—  Isso, vamos lá. —  respondeu Dadb com um sorriso. 

Então os dois seguiram para um quarto e uma banheira que tinha lá. 

 



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