Volume 1
Capítulo 31 - A História de Lina Severus!
Assim que Ryusaki ouviu seu irmão dizer sobre os seus pais estarem errados ele ficou irritado se levantou e saiu de onde estavam para ir olhar Lina.
Logo que ele saiu Sankay ainda curioso com o livro que praticamente apareceu em suas mãos ficou em busca de mais alguma informação que fosse útil a ele.
Em meio a uma folha que parecia ter sido adicionada ao livro de forma apressada ele leu um texto escrito à mão.
Sob a ordem daquele que governa, o elo entre o ser e sua essência foi rompido. Por um ritual que invoca as forças mais antigas, os poderes de quem cruzou os limites foram silenciados, e sua memória, esculpida em sombras. Estes que caminham sem nome são lançados ao esquecimento, levados para terras onde os ventos não conhecem suas histórias. No entanto, um mistério permanece: as marcas da alma, ainda que apagadas, podem reacender. Dizem que o toque de um passado esquecido — um olhar, uma voz ou uma presença antiga — pode ser suficiente para acender a fagulha de memórias há muito adormecidas. Mas cuidado! Não é só a lembrança que retorna; o que foi feito para interromper o ciclo deve ser compreendido. Somente os que sabem decifrar as leis do fluxo encontrarão o caminho de volta. Aqueles que buscam recuperar o nome devem trilhar a linha tênue entre o proibido e o esquecido. As razões que levaram ao rompimento não podem ser ignoradas, pois o fluxo rejeita aqueles que não compreendem suas próprias transgressões. Estudem as histórias nas sombras, busquem nos ecos do templo as palavras escondidas. O ciclo é rigoroso, e o retorno, um privilégio para os que enxergam além do véu. |
Sankay ao ler esse texto que havia sido adicionado percebeu que parecia ter sido escrito para que as informações não fossem realmente encontradas.
Analisando o Texto Sankay ficou pensativo e imaginando como isso poderia ajudar e porque alguém adicionou ele ao livro.
Em meio a seus pensamentos que ocupavam sua mente, Dadb chega próximo de seu rosto, lê um pouco e diz — O que é histórias nas sombras?
Sankay imediatamente retorna a realidade e tenta se virar para responder Dadb, mas ao virar seu rosto acaba indo de encontro com a boca de Dadb.
Um encontro simples entre seus lábios acontece e logo aparece Ryusaki para avisar que Lina havia acordado.
— O que vocês estão fazendo? — pergunta Ryusaki.
— Nada, nada demais mesmo. — respondeu Sankay saindo de perto de Dadb.
Logo os três se encaminharam para o quarto onde Lina estava para conversarem com ela sobre o que havia ocorrido.
Mas o clima agora parecia diferente de antes.
Dadb foi a primeira a chegar ao quarto correndo na direção de Lina, não escondendo em nada a sua motivação em conhecer pessoas fortes.
Assim que Dadb chegou ao quarto, Lina ficou parada como se estivesse sendo cercada por monstros e não houvesse saída.
Imediatamente Dadb começou a perguntar — Você sabe lutar? É boa com magia? Você que ensinou magia a eles né? Pode me mostrar sua força?
— Calma Dadb, assim vai cansar nossa mestra. — disse Sankay tentando acalmar os ânimos de Dadb.
Ryusaki logo interrompe Sankay e Dadb e se aproxima de Lina e pergunta — você está bem?
Lina ignorou a pergunta e diz — Preciso de algumas respostas de vocês, mas primeiro quero saber sobre os seus pais. Quem são eles?
— Nossos pais sempre foram o 1247 e a 1478 para nós. — respondeu Sankay.
— Sempre os nossos pais sem nome que queriam que os filhos não se tornassem escravos como eles que tem que servir e ser humilhado por ser desconectado do mundo mágico. Mas por que a pergunta? — complementou Sankay.
— Desde o momento em que passei na casa de vocês e vi uma foto deles parecia que eu os conhecia de algum lugar, mas nunca os ví. — disse Lina.
— Como assim? Passou na nossa casa? Porque? — perguntou Ryusaki.
— Passei sim, mas tudo isso começou há uns dois meses e meio ou três. — disse Lina.
— Como assim? O que aconteceu com você? Me conte o que houve e porque está assim. — disse Ryusaki.
— Há alguns meses eu recebi uma convocação do castelo. Um guarda real apareceu em minha casa, dizendo que o rei desejava minha presença para tratar de um assunto urgente. Não suspeitei de nada e aceitei. Afinal, quem sou eu para recusar um chamado real? — disse Lina, pausando como se revivesse o momento.
Ela respirou fundo antes de continuar.
— Ao chegar, percebi que algo estava errado. Não era uma audiência comum. Os guardas me levaram a uma sala escura, trancada, que anulava completamente o meu acesso à magia. Eles começaram a fazer perguntas sobre vocês dois — Ryusaki e Sankay —, sobre meus "aprendizes". Achei estranho, pois nunca declarei a ninguém que tinha aprendizes.
Ryusaki e Sankay se entreolharam, confusos.
— Insisti que não sabia de nada, mas eles pareciam determinados. Quando perceberam que eu não responderia mais, tudo ficou pior. — Lina baixou a cabeça, como se lutar contra a memória fosse impossível. — Fui presa naquele lugar. Perdi a noção do tempo. Só sei que... que me senti impotente.
Sankay franziu o cenho e perguntou:
— E como conseguiu escapar?
Lina levantou os olhos e, com uma pitada de orgulho, respondeu:
— Esperei pelo momento certo. Consegui enganar um dos guardas e, quando ele abriu a porta, usei a pouca força que me restava para fugir. Corri por corredores desconhecidos e, quando saí, percebi que ainda estava dentro do castelo. Mas não podia parar.
Ela parou por um momento, parecia buscar forças para a parte mais difícil da narrativa.
— Cheguei até vocês por sorte. Encontrei uma carta na casa de seus pais dizendo sobre essa vila. Quando entrei na casa, o que vi... foi como um golpe. Havia uma foto... uma foto de um casal que parecia familiar. E então, eu os vi — seus pais. Foi como se todas as memórias que eu nem sabia que tinha se abrissem em minha mente. E, antes que pudesse processar, tudo ficou escuro.
Ela olhou diretamente para Sankay e Ryusaki.
— Algo muito estranho aconteceu com eles e comigo. Há uma conexão que não consigo explicar. Mas sei que os conheço de algum lugar.
Dadb, que ouvia tudo atentamente, interveio:
— Por que não matou os guardas e fugiu de vez?
Lina riu, apesar da tensão.
— Porque eu não poderia ir contra os guardas do Reino, mesmo que a minha vida estivesse em risco. — disse Lina.
Ryusaki cruzou os braços, visivelmente frustrado.
— Então quer dizer que quando eu fui pego você também estava lá? — perguntou ele preocupado.
— Como assim pego? — perguntou Lina.
— Há alguns meses atrás eu fui preso logo após conseguir comprar um nome para mim e consegui fugir e trazer meus pais que também estavam presos. — explicou Ryusaki.
— Mas por quê prenderam você e seus pais? — perguntou Lina.
— Aparentemente por conta do príncipe e o que aconteceu há 6 anos no teste de aptidão mágica. — respondeu Ryusaki.
— Então é isso, mas porque?. — perguntou Lina.
Sankay que escutava atento resolveu interferir e questionar Lina sobre o seu desmaio.
— O que fez você desmaiar ? — disse Sankay.
— Não sei na verdade, mas eu me lembro de chegar a sua casa e ver alguém que parece já ter feito parte da minha vida. — disse Lina.
— Como assim? — perguntou Sankay intrigado.
— Se eu bem me lembro eles eram iguais a foto que eu vi na casa de vocês e me pareceu familiar a foto. — disse Lina.
— Mas me respondam, porque ele estava atrás de vocês pelo que houve há 6 anos? — perguntou Lina
— Aquele babaca sempre nos atrapalha desde o nosso teste de aptidão mágica. — disse Ryusaki.
— Mas o que eles queriam com você? Será que ainda estão atrás de você? — disse Sankay preocupado com Lina.
— Bem provável que sim, mas meu avô está atrás de mim. — disse Lina.
— Seu avô não está cuidando do campeonato? — disse Sankay.
— Mas que campeonato? — perguntou Lina.
— O campeonato para escolher as pessoas que podem se tornar aventureiros de nível Santo foi divulgado há um tempo. — disse Sankay.
— Mas quero saber o motivo de você ter desmaiado. — disse Sankay.
— Eu também quero entender porque os seus pais se parecem tão familiares para mim e quais os motivos de ter acontecido esse desmaio. — disse Lina.
— Como assim? — disse Sankay.
— Não sei, mas eles me parecem familiares, como se eles já tivessem feito parte da nossa família em algum momento, mas em nossa árvore genealógica não existe ninguém mais. — disse Lina.
— Preciso saber mais sobre isso. — disse Sankay.
Lina Severus olhou para Ryusaki e Sankay, sua expressão uma mistura de cansaço e algo mais profundo, quase tristeza.
— Talvez... talvez meus tios tenham alguma relação com os seus pais — começou, hesitante. — Minha família sempre foi composta por magos excepcionais. Por gerações, os Severus eram conhecidos por carregar uma herança mágica única.
Sankay inclinou a cabeça, intrigado:
— Mas o que aconteceu com seus tios?
Lina suspirou, seu olhar fixo em um ponto vazio da sala.
— Foram apagados. Não há registros de seus nomes, nem dos feitos que realizaram. Eu nunca os conheci, nunca os vi pessoalmente. Mas meu avô mencionava, em raras ocasiões, que eles tinham o maior potencial mágico que nossa linhagem já viu.
Ryusaki cruzou os braços, intrigado.
— E como alguém com tanto potencial simplesmente... desaparece?
— É isso que eu não entendo — respondeu Lina. — Eles sumiram antes mesmo de eu nascer. Meu avô sempre evitou o assunto, mas ele sabe algo que nunca quis compartilhar. Só dizia que o nome e a existência deles foi arrancada do nosso mundo.
Sankay permaneceu em silêncio por um momento, suas mãos fechadas em punhos.
Então quer dizer que meus pais na realidade têm um nome... e talvez um passado mágico que foi enterrado junto com ele. Se somos da família Severus, isso explicaria muitas coisas: os dons que herdamos, o fato de termos nascido gêmeos, e... talvez até por que fomos separados de suas origens. Deus disse que teríamos todas as aptidões... é minha chance de investigar melhor isso.
Antes que pudesse dizer algo, Lina continuou:
— Eu não posso afirmar nada, mas... há algo estranho nos seus pais. A sensação que tive ao vê-los foi... foi como um eco. Como se uma parte deles já tivesse sido parte de mim, da nossa história.
Ryusaki apertou os punhos, sua voz saindo controlada:
— Isso é muito para processar agora. Acho melhor você descansar mais. Quando estiver pronta, podemos conversar sobre isso com calma.
Sankay assentiu, mas ainda acrescentou:
— Não precisa ter medo da Dadb. Sei que ela parece um pouco... intensa, mas ela só quer conhecê-la e talvez ser sua amiga. Mesmo sendo da raça dos demônios, ela não representa ameaça.
Lina esboçou um pequeno sorriso, sem muita convicção.
— Tudo bem. Vou tentar me acostumar.
Enquanto Lina se ajeitava para descansar novamente, Sankay se levantou, deixando Ryusaki no quarto para refletir sobre o que acabara de ouvir. O peso das revelações pendia sobre eles como uma tempestade prestes a estourar.
Sankay saia do quarto onde Lina estava pensativo demais sobre as revelações que foram apresentadas a eles.
Agora aquele texto a mão que havia no livro parecia mais importante do que antes, pois agora parecia que teria que buscar uma forma de ver sobre os nomes de seus pais.
Enquanto a atenção de Sankay estava bem longe, Dadb que o acompanhava retornando ao quarto onde os dois iriam dormir se aproximou dele.
Quando chegaram ao quarto Sankay parecia estar em um transe.
Dadb se aproximou lentamente dele, como uma sombra. Parou em frente a ele e inclinou a cabeça para se aproximar do rosto dele.
Sankay perdido em pensamentos não percebeu sua presença.
Até que sentiu um toque em seus lábios.
— O que foi aquilo mais cedo? — perguntou Dadb, seus olhos cheios de curiosidade bem próximo ao rosto de Sankay.
Sankay quase pulou da cama onde havia sentado, completamente tímido.
— Q… Quê? O que? Do que você está falando? — disse Sankay gaguejando.
Ela olhou para ele e se aproximando ainda mais disse — Você sabe… Aquilo. Na sala. — disse Dadb apontando seus dedos nos lábios de Sankay.
Sankay começou a gaguejar, tentando justificar:
— Ah... aquilo! Foi um acidente! Totalmente um acidente. Eu estava distraído, e você estava muito perto, e então... aconteceu!
Dadb arqueou uma sobrancelha, parecendo pouco convencida.
— Um acidente? — repetiu, como se estivesse saboreando as palavras. Ela inclinou a cabeça e sorriu de lado. — Pois eu gostei.
Antes que Sankay pudesse reagir, ela se inclinou e, com uma confiança inabalável, pressionou os lábios contra os dele. Foi rápido, mas suficiente para fazer o cérebro de Sankay praticamente entrar em curto-circuito.