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Capítulo 5: Matricula (3)

Arcanium, a cidade mágica.
A cidade que flutuava no ar, longe do alcance da terra, dava a ilusão de um imenso carrossel suspenso no meio do nada.
Um carrossel que brilhava intensamente em incontáveis tons de luz ofuscante.
Essa cidade, sustentada pela magia, dizia-se ter metade do tamanho de Seul.
Percebi que estava em outro mundo ao observar a cidade flutuando sob o céu noturno; seu brilho rasgava o véu escuro que nos envolvia.

Na grandiosa cidade de Arcanium, havia cinco academias prestigiadas, além da famosa Torre dos Magos e da Associação dos Cavaleiros Mágicos.
Entre elas, a Academia Stella era conhecida por possuir os magos mais poderosos e os alunos mais talentosos.
Gênios e aristocratas vinham de todas as partes do mundo, e eu me perguntava que tipo de talento Baek Yu-seol tinha para entrar em um lugar onde até dragões corriam soltos.

— Já acordou?
— Sim.
— Estamos quase chegando, mas você está parecendo um fantasma.

Naquele momento, percebi que o cocheiro era um mago diferente do da noite anterior. Parecia que eles trocavam de turno no caminho.
Recostei-me no assento e invoquei o Sistema.

Na noite passada, haviam me prometido uma entre três recompensas:
um item rebaixado, uma habilidade rebaixada ou uma pequena quantidade de EXP.

— O que eu faço agora? — pensei.

Eu tinha muitos itens e habilidades. A longo prazo, não seria má ideia pedir uma habilidade de fortalecimento corporal, mas parecia que eu poderia aprendê-la separadamente depois.
Primeiro de tudo, escolhi o item que mais amava.

— Será que dá pra conseguir meu “Olhar Penetrante”?
[O item está em processo de rebaixamento, pois o nível é muito alto.]

— Hm. E o “Flash Hipersônico”?
[De acordo com a busca, é impossível obter essa habilidade, pois é uma sub-habilidade de nível superior a “Flash”. No entanto, é possível usar a recompensa para aprimorar ligeiramente “Flash”.]

— Precisamos mesmo rebaixar? Não dá pra deixar como está?
[Seu “Poder Narrativo” é insuficiente, portanto não é possível materializar completamente.]

— Poder Narrativo?
[O poder da narrativa. Como ontem, se Baek Yu-seol fizer a história seguir um rumo diferente do original, o Poder Narrativo se acumula.]

— Entendi. 
Por que complicar tanto? Era só dizer “não posso te dar o item do personagem porque você é novato”.

— Então vou decidir… 

A maior parte do meu equipamento era de alta categoria, e mesmo rebaixando vários níveis, as opções ainda eram limitadas, já que um item de alto nível não significava necessariamente um bom item.
Apesar do meu baixo posto, havia inúmeros itens e habilidades que poderiam ter alta eficiência na situação atual.

“Evasão” permitia evitar ou bloquear um ataque incondicionalmente, mas tinha um tempo de recarga longo.
Já “Passos Gélidos” possibilitava escapar de qualquer perigo.
Por um tempo limitado, “Aprimoramento” deixava quase invencível e aumentava a velocidade de movimento.

Se alguém se perguntasse por que todas eram habilidades de fuga, era simples: eu não tinha poder de ataque nem de defesa.
Queria viver mais, pois meu personagem tinha péssimas habilidades de sobrevivência, então só aprendi técnicas de evasão.

Eu quase não as usava depois de virar veterano, mas agora poderiam ser úteis, já que o jogo havia se tornado realidade.
No entanto, ainda não.
Havia um item mais importante para o progresso do [Episódio].

— Pasta Secreta.
[TN: Um tipo de software de armazenamento externo que arquiva todos os dados.]

Uma palavra particularmente familiar para os homens.
Durante meu serviço militar, uma vez fui xingado pelo chefe da companhia porque alguém criou uma Pasta Secreta no meu computador da unidade administrativa.

— Colocou pornografia aqui? Qual é a senha? Me diga agora!
— Não fui eu.
— Isso vai me matar! Quer sofrer uma punição disciplinar?
— Eu juro que não sei…

Aquelas lembranças ainda estavam vivas em minha mente.
Senti-me injustiçado, pois nunca havia criado tal pasta.
Mais tarde, descobriu-se que ela havia sido feita por um funcionário administrativo e continha informações altamente confidenciais.
Quando a verdade veio à tona, o sujeito me pediu desculpas.

Desde então, passei a achar que “Pasta Secreta” era um ótimo espaço para armazenar informações ou anotações, não importava o jogo que eu jogasse.

[… Após análise do Sistema, foi julgado que é possível.]

Assim que vi a mensagem de confirmação, fechei o punho com força.

— Ótimo. Faça isso.

[Item: Óculos Sencientes]
Funções como Análise de Fenômenos, Resumo, Busca de Informações, Visão Noturna, Visão Infravermelha… etc., serão todas removidas.]

Tuk!
Um par de óculos redondos com armação preta caiu na minha palma. Mesmo que eu me importasse com estilo, era agradável usá-los, já que eram baseados em um modelo usado por celebridades.

Todas as funções principais haviam sido removidas após o rebaixamento, mas a mais importante ainda permanecia.

[Óculos Sencientes]
[Grau: ~]
[Descrição: Você se lembra do que jantou ontem? Esqueceu o número da conta que acabou de ouvir? Não se preocupe! Estes óculos lembrarão de tudo o que você viu, ouviu e leu!]
[Funções Especiais]
[Pasta Secreta]
[Selo]
[É ativado ao consumir seu poder mental.]

No jogo Aether World, não era possível recordar e reler informações sobre demônios caçados ou conhecimentos obtidos.
Sempre que eu esquecia, precisava voltar ao mapa e ler novamente.
De onde vinham os materiais? Com quais personagens eu havia interagido? Que contribuições fiz ao reino?
Nada disso era registrado.

Por isso, os jogadores desenvolveram sistemas avançados como a “Pasta Secreta” para armazenar informações.
E havia apenas uma razão para eu ter conseguido esses óculos agora:
eu havia esquecido quase tudo sobre o jogo.

Os itens obtidos em certos campos de caça, ou os raros itens de certas dungeons — tudo isso estava documentado dentro da pasta.
Além disso, era exatamente o mesmo arquivo que eu usava quando jogava, então as informações deviam estar lá.

[Visualizar Pasta Secreta.]
[Ingredientes de Alquimia]
[Campo de Caça]
[Dungeon]
[Demônios]
[Personagem]
[Magia]
[Outros…]

Assim que coloquei os óculos, inúmeras pastas se alinharam diante dos meus olhos.
Infelizmente, a história não estava registrada, e como eu não tinha muito interesse nos personagens, essa pasta estava praticamente vazia — mas ainda assim, o resultado era satisfatório.

— Como recompensa, já valeu a pena.
— Agora só preciso descobrir como usar esses óculos.

A quantidade de informação que eu tinha era imensa.
Passei dez anos viajando o mundo e colecionando apenas os melhores itens. Dizer que eu tive sorte seria pouco.

— Mesmo que eu não consiga recuperar todas as habilidades do personagem que desenvolvi ao longo desses dez anos, devo conseguir chegar a pelo menos metade desse nível em breve.
— Pensando bem…
— Uma das funções desses óculos é resumir e revelar informações sobre personagens.
— Ou seja, talvez eu consiga descobrir a identidade da garota de manto cinza dormindo ao meu lado.

— Chegamos.

Mas assim que a carruagem parou em Rezoica, a garota de manto cinza rapidamente desceu.

— Vamos logo com isso…

Agradeci aos magos pela ajuda e segui apressado em direção ao cais do dirigível.

— Você tem um bilhete?
Acho que ele estava apenas desconfiado, já que eu parecia um camponês.
— Claro que sim.
— Hmmm…

O marinheiro examinou cuidadosamente o bilhete. Parecia temer que eu tentasse me infiltrar em Arcanium, a maior cidade mágica do mundo.
Com uma expressão hesitante, o marinheiro passou por mim, e eu só consegui relaxar quando finalmente embarquei no dirigível.

— Uau…

Mesmo que eu já tivesse voado de avião, um dirigível era algo completamente diferente. As palavras e o ambiente eram mundos à parte.
O dirigível lembrava o formato de um navio de cruzeiro, e, embora fosse uma viagem curta até Arcanium, era importante lembrar que esse dirigível estava indo para a Academia Stella.
A maioria dos passageiros a bordo eram estudantes de famílias ricas, todos a caminho da Academia.

Depois de um tempo, o motor rugiu, e o momento em que senti a brisa fria roçar meu rosto, percebi que já havíamos deixado para trás o solo mortal.
O dirigível não era abafado como um avião, onde só se podia ver o exterior por uma janelinha.
Talvez por isso houvesse muito mais estudantes do lado de fora do que eu esperava.

— Olha aquele idiota, todo maravilhado.
— Primeira vez num dirigível?
— Deve ser um camponês.
— Tsc, a Stella é uma das academias mais prestigiadas do mundo, mas ainda deixam plebeus entrarem. Que decepção.
— Também não entendo.

Consegui ouvir o desprezo ao meu redor — minha audição era bem sensível.
— Ahhh, os filhos de papai são iguais em qualquer lugar, seja na Terra ou num mundo mágico. —

O que esperar de fofocas de adolescentes?
Por um instante, quis arrastar todos eles pro banheiro e enfiar a cabeça de cada um na privada, mas me contive. Não queria descer ao nível deles.

— Olha, eles estão fumando. 
E agi como um adulto.
[TN: kkk]

— Hein?! Arcanium é zona antitabaco para menores! 

O marinheiro correu até os estudantes que eu havia apontado.
— Isso… é um cigarro! 

Ao revistar os pertences deles, encontrou um estoque inteiro. Numa situação dessas, a reação padrão de um estudante era previsível:

Se fosse plebeu, negava.
— Não é meu!

Mas se fosse nobre, ameaçava.
— Solte-me! Eu sou o herdeiro do Barão Denington do Reino de Adolevit! 

Porém, títulos nobres não significavam nada no voo para a Stella.
Desde o momento do embarque, todos estavam sujeitos às regras rígidas da escola.
O marinheiro abriu a boca para falar — mas não precisou.

De repente, o herdeiro do Barão Denington fechou a boca abruptamente.
O marinheiro recuou, e os estudantes abriram caminho, como se estivessem hipnotizados.
O mundo pareceu parar; o burburinho cessou quando uma garota apareceu.

Seus cabelos prateados esvoaçavam em desalinho, mas ainda assim exalavam graça.
Os olhos vermelhos, mais escuros que sangue, tinham um poder paralisante, e sua beleza apagava a presença de todos ao redor.
Enquanto os outros viviam num mundo 480p, ela existia em 1080p Full HD.

Com uma aparência tão nítida e vívida, era fácil adivinhar sua identidade.

Hong Bi-Yeon Adolevit.
Princesa do Reino de Adolevit.

Meu primeiro pensamento ao vê-la foi:
— Uau, uma celebridade. 
Mas logo senti pena dela.

Dentro dessa história, Hong Bi-Yeon era a vilã.
E, por isso, estava fadada a um final trágico.

Ela encontrava seu fim de diversas formas, após uma série de batalhas intensas contra Edna.
Em alguns finais, era brutalmente assassinada.
Em outros, humilhada pela escola inteira e expulsa.
Às vezes, era exilada e condenada a viver em sofrimento eterno.
E, nos piores casos, era destruída a ponto de nunca mais conseguir erguer a cabeça.

Parecia que haviam feito questão de dar a Hong Bi-Yeon o pior destino possível.

— P-princesa… 

O herdeiro da família Denington tremia diante da princesa de seu reino.
Mas Hong Bi-Yeon não fez nada.
Limitou-se a lançar-lhe um olhar frio e seguiu seu caminho.

Por um breve instante, meus olhos ficaram presos nas costas dela, com seus cabelos prateados balançando com elegância.
Era uma cena muito diferente da sua primeira aparição no jogo.

Apesar de seu papel de vilã, havia um motivo para tantos jogadores homens gostarem dela.
Ela era realmente deslumbrante — e um pouco assustadora.
Eu tinha a impressão de que, se tentasse conversar com ela, levaria uma bronca.

Depois que ela saiu, entrei na cabine.
Era hora do almoço, e havia lojinhas de conveniência por ali, então muitos estudantes comiam lanches.

— Os preços são absurdos… 

Com aquele valor, eu poderia comer uma refeição completa e ainda tomar um café.
Enquanto ouvia o burburinho de alguns alunos próximos, sentei-me numa cadeira e fiquei olhando pela janela, pensando que seria melhor passar fome agora e comer mais tarde, em Arcanium.

— Ei, não é a Eisel ali?
— Hã? É mesmo. Eisel, a filha mais velha do traidor, o Grão-Duque Morph…
— Shhh. Não fala isso alto. E se ela ouvir?
— Verdade. —

— Eisel? Esse nome me soa familiar. 

Seguindo o olhar dos estudantes, notei uma silhueta solitária sentada num canto, lendo um livro.
Ela tinha cabelos azul-claros e, assim como Hong Bi-Yeon, uma beleza nobre, quase divina.
Aquele rosto e a aura que parecia rejeitar a presença de todos… eram familiares, mas eu não conseguia lembrar de onde.

Rapidamente tirei os óculos e consultei as informações.

[Eisel Morph]
[A Amante Miserável.]
[Gosta de pizza e sopa de picles.]
[Filha mais velha do Grão-Duque Morph.]
[Pai morto e família em ruínas.]
[Morre mais tarde.]

— O quê… Ela é a Amante Miserável? 

Ela me lembrava a garota de manto cinza que vi de manhã.
Não tinha certeza, mas o jeito e a aparência coincidiam demais.
— Enfim, vou anotar isso como assunto importante. 

As informações registradas nos óculos eram resumos coletados por membros da comunidade do jogo.
Claro, eu mesmo não anotava muita coisa — nunca me interessei tanto pelos personagens —, mas essa garota, Eisel, era particularmente enigmática.

O que mais me chamou a atenção foi a parte “morre mais tarde”.
Os jogadores raramente usavam a palavra “morte” para descrever um personagem.
Como era um jogo de simulação, havia muitas rotas e possibilidades — se ela pudesse ser salva ao menos uma vez, essa palavra não apareceria.

Mas, mesmo após dez anos e incontáveis tentativas, parecia que Eisel era um caso perdido.
Em outras palavras, não importava quando ou como… sua morte era inevitável.

— Seu pai provavelmente foi assassinado pelos Demônios Negros. 

Os Demônios Negros, seres dotados de poder mágico, haviam aceitado a invasão do Outro Mundo, jurando lealdade aos demônios e tornando-se um deles.
Capazes de transformar livremente seus corpos e usar magia poderosa, eram retratados como o mal absoluto — os verdadeiros inimigos dos jogadores.

Esses demônios continuavam invadindo para tentar fundir o mundo mágico ao “Submundo”, abrindo o “Portão Persona” ou libertando antigas “dungeons”.
A Academia Stella existia para treinar guerreiros mágicos capazes de combatê-los.

E Eisel era a “Protagonista Original” do mundo, com o poder de enfrentar tais Demônios Negros.

Mas, pra ser sincero…
eu não queria morrer por me envolver com a protagonista — nem com os coadjuvantes.

A heroína tinha uma habilidade especial de purificar a magia negra, mas não sabia enxergar a malícia humana.
Tratava todos com ingenuidade, o que facilmente colocava em risco quem estivesse perto dela.

As ações do protagonista principal pouco me importavam.
Porque… o que eu queria mesmo era alcançar o “Final Verdadeiro”.

— Se quiserem brincar, não me importo de ensinar alguns truques. 

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