Gênio do Teletransporte da Academia de Magia Japonesa

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Capítulo 6: Matricula (4)

Este mundo era o cenário do jogo Aether World.
Mas acredito que uma explicação mais detalhada seja necessária.

O jogo Aether World foi baseado no romance original de fantasia romântica A Princesa Caída.

O romance A Princesa Caída contava a história de uma jovem chamada Eisel, que perdeu o pai e toda a família quando ainda era criança, e acabou crescendo sob as maquinações da vilã Hong Biyeon enquanto estudava em uma academia de magia. No decorrer da história, tudo a levava a se aproximar de um dos protagonistas masculinos... algo assim.

Durante esse processo, o fogo de vingança dentro dela se apagava, e Eisel — a heroína que antes era mais imponente e poderosa do que qualquer outra pessoa no mundo — acabou se refugiando atrás do protagonista masculino. Foi amaldiçoada por ter causado um final triste, e por ter desistido do verdadeiro final.

Aether World pegou esse mesmo cenário.

Contudo, o conteúdo do jogo era completamente diferente da versão original.

Um novo personagem chamado Edna foi adicionado ao jogo — e ela se tornou a protagonista.

O conceito do jogo não era nada fora do comum. Dentro do enredo, Edna era uma mulher que levava uma vida comum no mundo moderno; alguém que gostava de ler o romance A Princesa Caída e, por acidente, acabou sendo transportada para aquele mundo.

Como resultado, Eisel, que havia perdido seu papel de heroína principal, passou a ser chamada de “Amante Miserável”. Afinal, a protagonista daquela história agora era Edna. Ela também se tornara uma personagem jogável.

— Então, tudo o que preciso fazer agora é tomar cuidado com essa tal de Edna.

— Murmúrio! 

Ao som alto, levantei a cabeça, e um enorme auditório preencheu minha visão.

Um homem idoso, com uma barba que chegava até a cintura, estava de pé no púlpito. Ele segurava algo que lembrava um microfone e falava com tanta paixão que até saliva escapava de sua boca.

— Ahem! Mesmo agora! Os “Demônios Negros” estão causando caos no mundo mágico! O destino de um mago é proteger o mundo das forças que espreitam nas trevas!

A voz, que ecoava pelo salão, era ao mesmo tempo familiar e estranha.

— Tô entediado pra caramba, vice-diretor.
— Falando em disciplina logo que chegamos na academia?

Olhei ao redor e vi mais de mil alunos alinhados em cinco colunas. Todos vestiam o uniforme do ensino médio da Academia Stella — preto com bordados dourados detalhados.

Depois de repetir essa história tantas vezes, era uma cena que eu conhecia bem. Afinal, era a cerimônia de entrada da Academia Stella.

— ...É realmente estranho. 

A cena que eu via em um jogo 3D havia se transformado em uma realidade perfeita. Cada aluno ali era vivo e tinha sentimentos.

Desviei o olhar, procurando pela garota chamada Edna.

A menina baixa observava calmamente o ambiente ao redor.

Ela era tão adorável que, no jogo, muitos comentários a descreviam como “encantadora”. Todos, independentemente de idade ou gênero, olhavam para ela às escondidas.

— Ela também é do mundo moderno. 

No começo, pensei em abordá-la e perguntar se ela realmente vinha da mesma realidade que eu conhecia.

Seria melhor me aproximar de alguém que também veio do mundo moderno — talvez pudéssemos descobrir juntos um jeito de sair daqui... ou de sobreviver.

Talvez fosse natural pensar que, por termos vivido na mesma época, poderíamos criar um vínculo, uma sensação de unidade.

Mas, como eu não fazia ideia de que tipo de pessoa ela era, abandonei o plano.
Ela poderia cravar uma faca no meu peito para eliminar qualquer outro transmigrador que conhecesse este mundo — e eu morreria sem que ninguém soubesse.

— Preciso de mais informações. 

Não havia nada de que me arrepender.
Ela era uma pessoa que havia transmigrado pelo romance original, enquanto eu viera através do jogo baseado nele — um passo além.
Mesmo que, no fim das contas, eu fosse apenas um figurante, com um papel comparável ao de um NPC de loja local.

— Então, espero que todos os calouros continuem se dedicando a derrotar os “Demônios Negros” hoje e amanhã! Isso é tudo! 

— Em seguida, os quatro alunos admitidos com notas mais altas, além do representante dos calouros, farão o juramento. 

O representante e os alunos classificados do segundo ao quinto lugar subiram ao palco. Eram Haewon-ryang, Eisel, Edna e Hong Bi-yeon, respectivamente.

— Uau, como é que todos eles têm um cabelo tão bonito e são tão bonitos assim?
— Pois é... —

Sempre havia pessoas brilhantes, aquelas que todos admiravam — diferente de mim, o último colocado entre 1.141 alunos.

Os cinco podiam ser considerados alunos excepcionais, mas um deles se destacava.

— Representante dos calouros, Mayuseong! —

Ele era Mayuseong, o representante do primeiro ano da Academia Stella.

A personificação perfeita da expressão “Filhos do Céu”.

Possuía um potencial raro o bastante para alcançar o reino divino de 9 estrelas, além de uma afinidade natural com todos os atributos existentes neste mundo.

Por isso, Mayuseong era minha primeira preocupação.

Mesmo que eu não conseguisse alcançar o verdadeiro final, precisava trazê-lo para o lado da justiça — para evitar o final ruim.

Eu sabia.

O papel da heroína Edna era liderar o caminho, enquanto o meu era apenas apoiar os protagonistas nos bastidores.

— ...A cerimônia de entrada está encerrada. 

Aplausos ecoaram após o término da cerimônia.
Enquanto isso, eu concluía a abertura observando os personagens principais.

Episódio 2 — “Matricule-se na Academia Stella!” foi concluído.
Uma pequena quantidade de EXP foi adquirida.

Quando se trata de histórias escolares fictícias, tudo não passa de fantasia infantil.

Momentos felizes com amigos? Fogos de artifício que fazem o coração bater mais forte por um amor não correspondido?

Nada disso existe.

Prova intermediária, prova final, simulado, trabalho, dever de casa... e repetir.

— Já faz tempo desde que me formei na universidade, e agora estou de volta ao ensino médio. 

Diziam que a Academia Stella era mais difícil que a maioria das universidades coreanas, então meu futuro já parecia sombrio.

O ápice da vida escolar não era namoro, amizade ou festivais — era prova.

A Academia Stella aplicava um teste logo no primeiro dia de aula. Na verdade, era simples demais para ser chamado de teste.

O famoso “Teste de Matrícula”.

Mesmo após passar no dificílimo exame de admissão, havia uma prova escrita e prática de magia que avaliava a posição interna dos alunos. Eles eram organizados em classes de F a A, conforme a classificação.

A maioria dos personagens principais naturalmente caía na Classe S, mas Baek Yu-seol era quase sempre colocado na Classe F — suas notas e habilidades de combate estavam entre as piores, e ele sempre se dava mal nos eventos.

No jogo, eu podia ir à biblioteca ou à sala de leitura e ativar um sistema automático de estudo para melhorar as notas — mas isso não seria possível na vida real.

Por isso, eu apenas encarava em silêncio as folhas de prova sobre a minha mesa.

— Não basta só olhar a prova, afinal? 
Ou talvez não fosse bem assim.

— Segundo o enredo original, eu já deveria ter sido admitido, então vou deixar em branco. —

— Não me diga que vou ser expulso... — pensei, enquanto observava um garoto olhando fixamente para fora da janela, com uma expressão completamente vazia — bem diferente de mim, que fingia estar fazendo o exame.

Mayuseong era um aluno excepcional.

Até seu perfil lateral, com o cabelo preto bagunçado, parecia deslumbrante sob a luz do sol. Fora sua aparência radiante, tinha um rosto até meio sem graça.

— Já ficou assim, hein... 

Esse era o principal problema de Mayuseong: mesmo sem ser adulto ainda, ele já estava entediado com a vida.

Afinal, a vida era simples e monótona demais para ele.

Nascido na família mais poderosa do mundo, com um cérebro brilhante e talento de sobra, ele vivia sem obstáculos — e isso já não o divertia.

O rumo da história variava bastante dependendo de como a “protagonista feminina” cuidava de Mayuseong.

Às vezes, ele podia até se aliar à facção do mal.

O simples anúncio de que os “Demônios Negros” estavam tentando destruir a humanidade podia despertar um lampejo de interesse nele — cujo maior problema era o tédio existencial.

— Ele tem o histórico familiar mais complicado de todos, pra começo de conversa. 

Olhei para a folha de respostas dele — e percebi que havia resolvido todas as questões.

— Uau, ele já terminou tudo? 

Nada a ver comigo, que não sabia nem por onde começar.

Foi então que uma ideia me veio à cabeça.

— Espera aí... essa prova não está registrada no Óculos Inteligente? 

Quando jogava, eu costumava ir à biblioteca e ler livros para acumular várias habilidades extras, então tinha certeza de que havia muito conhecimento armazenado no Óculos Inteligentes.

Com esse pensamento, peguei meus óculos... e no mesmo instante senti uma mão segurando meu pulso por trás.

— Espere. Que óculos são esses? 

— Hã? Eh...? 

Gaguejei, surpreso, e o homem — aparentemente um instrutor — arrancou os óculos da minha mão e os aproximou dos olhos.

— Você não pode usar os specs durante a prova. Deveria ter me avisado antes para testá-los! 

— Ah... é mesmo. 
Agora lembrava: havia muitos magos que tentavam trapacear com encantamentos mágicos suspeitos em seus specs. Mas na Academia Stella isso jamais funcionaria.

— E agora, o que eu faço...? 

Enquanto pensava nisso, uma janela de mensagem surgiu na minha mente:

Perda do item “Óculos Inteligentes ” detectada.
Deseja recupera−lo?

— ...Não! De jeito nenhum! E se acharem que está encantado com magia e me expulsarem de verdade!? 

Fiquei imóvel, enquanto o instrutor examinava os óculos. Depois de um tempo, ele assentiu com rigidez.

— Não há magia neles. Tome cuidado da próxima vez. 

— A-ah, sim... 

Peguei de volta os specs e me sentei. Ele não parecia tão satisfeito quanto eu esperava.

— Ufa... isso teria sido um desastre se as funções originais ainda estivessem ativas. 

A infinidade de funções contidas nos specs, que pareciam comuns, havia sido “rebaixada” e praticamente desaparecido.

Se não fosse por isso, provavelmente eu teria sido expulso da escola por suspeita de encantamento mágico.

Decidi usar os Óculos Inteligentes fingindo ser um veterano que fazia aquilo há décadas.

— Oh... 

De fato, todas as respostas da prova começaram a aparecer diante dos meus olhos.
Tentei preencher a folha de respostas empolgado, mas só consegui resolver três questões antes de ser interrompido.

— O exame terminou. Entreguem as folhas. 

— Hã? —

A folha de respostas voou da minha mão direto para as mãos do instrutor. Assim como a minha, todas as outras também voaram.
Não fui o único frustrado — a sala inteira suspirou.

— Ah, e eu que pensei que finalmente ia usar alguma das funções direito... 

Com a caneta mágica entre os dentes, bati de leve na mesa.

Brincava distraidamente quando o supervisor, que estava revisando as provas, de repente tremeu e seu rosto assumiu uma expressão sombria. Ele avançou em minha direção tomado de fúria.

— Você aí! Me entregue esses specs! 

— Q-quê? 

— Rápido! 

Quase perdi a noção.
Não, acho que congelei.
A ameaça de um mago de verdade fazia o coração afundar.

Entreguei rapidamente os specs, e ele os pegou com um olhar de desprezo. Parecia estar injetando mana neles...

— O que há de errado com ele? Eu até escrevi o processo de resolução com detalhes, pra não acharem que era trapaça... 

— ...Hmm. 

Talvez o resultado não fosse o que ele esperava.
Ele franziu a testa e murmurou:

— Isso não pode estar certo... 

Então chamou um assistente que esperava à frente.

— Traga o Dr. Greyan. 

O assistente saiu apressado e logo retornou com um homem vestindo um jaleco branco e óculos.

Era o Dr. Greyan — professor do departamento de Engenharia Mágica da Academia Stella e reconhecido como uma autoridade mundial.

— E então, doutor? 

— Bem... 

O doutor, que examinava meus specs em silêncio, olhou então para minha prova — e seus olhos se arregalaram.

Algo realmente tinha dado errado?

Ele permaneceu em silêncio por um bom tempo, alternando o olhar entre meu rosto, os specs e a folha de respostas, até que finalmente falou:

— Tenho certeza de que o problema foi resolvido... mas é difícil de acreditar. 

— Como eu suspeitava, trapaça... 

— Mas não é trapaça. 
— Não sinto nenhum encantamento mágico nesses specs, nem em nada que pertença a esse aluno. Tenho certeza de que ele resolveu tudo com pura habilidade. 

Então o doutor sorriu amplamente.

— Hah! Isso é fascinante. Vale a pena viver pra ver algo assim. Como esperado, os calouros deste ano são incríveis. 

Ele devolveu a prova ao instrutor e deu um tapinha em seu ombro.

— Enfim, Professor Lee Hanwol, peça desculpas ao aluno e oriente-o bem. 

— ...Entendido. 

O doutor também me deu um leve tapinha no ombro e saiu da sala.

Coloquei os specs de volta e olhei para o instrutor com uma expressão vazia. Ele balançou a cabeça e disse:

— Eu o entendi mal. Peço desculpas. 

Como eu realmente havia trapaceado, fiquei em dúvida se devia aceitar aquele pedido de desculpas ou não.

Mas logo me lembrei: os specs eram uma parte tão perfeita de mim que nem mesmo os magos conseguiam notar.
Se até o Dr. Greyan não percebera, era seguro dizer que ninguém no mundo teria habilidade suficiente pra fazê-lo.

Se era um truque tão perfeito... então já não era mais truque — era minha habilidade.

Endireitei os ombros e disse:

— Acontece. Só toma mais cuidado da próxima vez. 

Afinal, eu era um homem generoso.