Pt. 2 – Arco 3
Capítulo 41: Todos Querem Dominar o Mundo (4)
Corredor, Casa do Sol Nascente - 01:13 da madrugada, dezesseis de Julho.
Einstein e Elin batalhavam contra as pessoas hipnotizadas, até vê-las simplesmente caírem. Todas de uma vez.
— Macacos me mordam! — exclamou o hamster, ao ver um deles de perto. — Esse daqui desmaiou.
— Todos desmaiaram. O que aconteceu? — indagou Elin.
— Será que o detetive conquistou a façanha de derrotar aquele salafrário perebento?
— Deve ser isso. Vamos.
Os dois deram meia-volta, até chegarem no início do corredor e serem obrigados a tomar uma rota.
— Vamos nos dividir para procurá-lo que nem a gangue do Scooby-Doo?
— É melhor não. Mesmo se um de nós encontrá-lo, ainda teremos que começar a procurar um pelo outro.
— Verduras. Qual caminho seguimos?
— Aquele que tem gotas de sangue no chão — disse, apontando para o corredor da esquerda. — Que tal?
— Meu Deus! Mas e se for do detetive?
— São poucas gotas — falou, já entrando no corredor. Einstein a seguiu. — Acho que é do nosso inimigo. Ele precisa ter se cortado para infectar tanta gente com o próprio sangue.
Assim que cruzaram o corredor, não foi difícil descobrir onde Leonard estava, pois foi preciso que eles apenas se virassem até o corredor seguinte para encontrá-lo agonizando no chão — ao lado dos corpos inconscientes de Christopher e de David Goe.
Einstein conjurou dois orbes de eletricidade. Elin invocou um fuzil.
— Detetive, tudo bem com o senhor? — perguntou o feiticeiro, se aproximando lentamente junto da sua irmã.
Leonard não respondeu, apenas emitindo sons estranhos.
— Ele está sendo controlado, deve ser isso — falou a artista, preocupada.
— Por quê? Todos os outros desmaiaram, além de que o mano controlador de gente já está desmaiado. O poder perdeu o efeito, com certeza!
— Os meus desenhos continuam fazendo a última coisa que mandei mesmo quando durmo ou desmaio. O que impede a habilidade dele funcionar de uma forma parecida?
— Isso seria ridículo de forte. Além disso, como falei, os outros desmaiaram…
Leonard virou-se para o hamster, com um sorriso totalmente surtado.
— Eu ordenei a todos desmaiarem para enganar esse trouxa. Sim, sou capaz de fazer isso, pois o Rule The World é invencível — afirmou o investigador, com trejeitos completamente diferentes. — Se entreguem.
— Nem que a vaca tussa — respondeu Einstein. — Liberte o detetive do seu poder, agora!
Elin mirou a arma diretamente para o corpo verdadeiro (e inconsciente) de Christopher.
— Senão, aperto o gatilho — afirmou ela, concentrada.
— Por que fala como se fosse eu o único a estar em perigo aqui? — indagou Leonard.
Eles começaram a seguir o olhar do possuído. Uma de suas mãos segurava um canivete, que estava perigosamente próximo de seus pulsos.
— Ataquem, sejam suspeitos ou respirem com força — disse o sujeito, com uma fala muito mais desesperada. — Isso é o bastante para que eu corte esses pulsos. A madame até pode me matar, mas levarei o “detetive” comigo.
Ao ouvir aquelas palavras saírem da boca que deveria ser do seu amigo, Einstein fora atingido por um vertiginoso sentimento de impotência. Como alguém poderia agir daquela forma?
— Abaixem as armas e desativem seus poderes — ordenou o possuído. — Agora.
Einstein e Elin se entreolharam, hesitantes. Em seguida, acataram a ordem.
— Pegue o meu corpo — ordenou ao hamster, e em seguida, olhou para a artista. — Você vai na frente.
Eles assentiram com a cabeça e, em seguida, os três começaram a caminhar pelos corredores do hotel; o investigador possuído atrás, o hamster em sua frente (carregando o corpo verdadeiro de Christopher) e a artista na frente do hamster, formando uma fila. Leonard não tirava o canivete de perto dos pulsos, com aqueles olhos fixos e doentios vidrados na dupla.
Já Elin, tomava sempre a rota decidida por ele, enquanto tentava encontrar alguma lógica naquela situação: "Ele controla um número quase ilimitado de pessoas. Segundo a minha conta, já passamos por sessenta e quatro vítimas do Rule The World. Ele parece conseguir controlá-los com uma precisão extraordinária, como se estivesse em seus corpos. Porém, só o vi fazendo isso em uma pessoa por vez, os outros agem de forma bem mais robótica e automática."
“Além disso, por que ele não usa o poder do Leonard para nos amarrar ou coisa do tipo? Não seria muito mais seguro…? Bem, talvez ele não tenha visto esse poder ou não saiba que pode utilizá-lo”
— Usando o corpo do nosso amigo para nos chantagear, covarde… — Einstein resmungou em murmúrios. Olhando para trás de relance, tomou um susto com o rosto raivoso do possuído.
— Covarde? Eu sou covarde?! — Totalmente furioso, empurrou o feiticeiro com uma ombrada.
Einstein caiu, largando o inconsciente Christopher. Quando deu indício de se levantar, Leonard ameaçou pressionar aquela lâmina contra o próprio pulso.
— Todo dia, a voz da razão grita em minha mente que devo ir embora e deixar tudo isso para lá, pois a minha morte é iminente — falou Christopher, no corpo do detetive. — Não sei o motivo de eu ser assim. Todos os meus colegas são muito mais corajosos do que eu, mesmo os mais fracos, e isso deveria me inspirar. Porém, a verdade é que isso faz com que eu me sinta um verdadeiro merda! E nem pense em se mover, garota!
Elin tinha tentado se mexer discretamente para sacar seu caderno, mas parou após ter sido percebida.
O possuído continuou:
— É… parando para pensar, acabei de admitir que sou um covarde... — Sua postura mudou repentinamente. — É, sou mesmo! Vocês têm algum problema com isso? Pois isso é apenas o sujo falando do mal lavado. Canalhas, cretinos! Pelo menos, estou tentando lutar! Já vocês… são uns fujões. Só ficam fugindo!
Os irmãos olharam um para o outro, tentando buscar algum sentido nas falas do cagão. Mesmo naquela circunstância, Einstein levantou a voz:
— Fugindo? — questionou Einstein. — Acha que nosso objetivo é fugir do Panthael? Oras, o senhor se enganou. Iremos matá-lo vingar nosso irmão!
— Em?
Para a surpresa de sua irmã, o feiticeiro quebrou as ordens e se levantou. Não apenas isso, como saltou na direção daquele Leonard possuído. Só que, antes que o alcançasse, percebeu que a ameaça não fora em vão.
Leonard cortou os próprios pulsos.
Todavia, ao contrário do esperado, ele não começou a enfraquecer e sangrar. Muito menos morrer. Afinal, no mesmo instante em que seus pulsos foram cortados, também foram atingidos por um orbe de mana curativa criado pelo hamster.
— Merda! — Leonard gritou.
Antes que conseguisse se cortar novamente, foi acertado por outro orbe mágico. Desta vez, não era uma magia de cura.
BOOOOOOOOOOOOOM!!!
Impulsionado pela força explosiva da esfera escarlate, Leonard foi arremessado violentamente e voou pelo corredor, até se chocar em uma parede na outra extremidade da área.
— Tentei fazer uma bola pequena — comentou Einstein. — Acho que exagerei um pouquinho…
— Duvido que tenha sido grande o bastante para matá-lo, então está tudo bem! — exclamou Elin, pegando seu fuzil do chão e já mirando para o corpo verdadeiro de Christopher, largado ao lado de seu irmão. — Matamos ou não?
— Caso ele morra, vamos perder a oportunidade de interrogá-lo, mas… não sabemos como vencer esse controle mental. É uma habilidade muito poderosa e perigosa. É melhor acabarmos com isso de uma vez.
— Ok.
Elin pressionou o gatilho e o som de um tiro reverberou por todo o hotel.
— Finalmente, cara chato dos infernos — falou o irmão. — Vamos.
— Einstein…
A bala havia parado no ar, muito antes de alvejar Christopher. Estava flutuando.
— O quê…?
O projétil virou lentamente, e então partiu na direção de Elin. Ela tentou desviar, mas seu peito foi acertado.
O fuzil caiu no chão.
— Elin! — gritou seu irmão, correndo para ajudá-la.
Sequer prestou atenção no inimigo, apenas conjurou mais uma esfera de mana curativa. A energia deslumbrante brilhava em um amarelo arrebatador. Quando a mana começou a entrar no corpo dela, seus dotes milagrosos começaram a entrar em ação. O projétil foi regurgitado à medida que o corpo de Elin começava a se curar.
Enquanto isso, uma das paredes do corredor ganhou uma boca. Uma boca do tamanho da própria parede, com dentes e diversas línguas que formavam uma espiral. Einstein ficou paralisado ao olhar para frente e se deparar com a paisagem grotesca.
— Olha só! — disse a boca, em um tom de voz depravado e agoniante. — Assim como consigo usufruir do meu Rule The World enquanto estou inconsciente, o tal David também pode usar seu poder! Mas eu ainda controlo ele, o que significa que seu poder também está sob meu controle! Que singularidade magnífica!
Em seguida, Leonard Mystery retornou. Nem parecia que havia sido jogado violentamente para longe e batido contra uma parede de forma tão brutal quanto. Ainda mantinha as expressões odiosas que nunca habitaram seu rosto antes da possessão. Ele moveu a mão até o bolso e tirou de dentro uma espécie de pistola, só que muito maior e cromada do que uma arma normal; a Mystery Gun.
Em seu retorno, voltou acompanhado por uma horda de pessoas controladas pelo Rule The World.
— É inútil resistir.
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