Volume 2
Capítulo 4: Vamos soltar fogos de artifício
Seu corpo parecia pesado.
Era por que Misaki o arrastou para todo canto na última noite para comemorar por ele ter passado na primeira fase do processo seletivo.
Felizmente, Jin chegou para salvar ele, mas já era quase madrugada.
Enquanto uma música infantil tocava na rádio, Sorata lentamente pegou no sono.
—
Ele se perguntou quanto tempo passou desde então.
Quando ele acordou, seu corpo estava completamente rígido. Ele parecia pesado. Havia uma pressão em seu estômago. Seu peito parecia apertado. Isso definitivamente era a pressão que ele estava sentindo por causa da apresentação. Não tinha muitos dias sobrando. Hoje era dia 27. Ele tinha 3 dias para se preparar. Ele seria capaz de ir bem? Ele seria capaz de cumprir esse prazo? O que exatamente ele tinha que fazer para a apresentação?
Ele estava completamente perdido, mas ele sentia que estava tudo bem. Ele tinha sido capaz de passar pelo processo seletivo. Ele confiava em sua proposta. Os juízes queriam ouvir sua ideia com mais detalhes, e essa era apenas sua primeira proposta de jogo.
Ele podia ter talento pra coisa. Provavelmente era isso.
Em uma série de eventos, o jogo podia ser aceito e desenvolvido. Podia até chegar a fazer sucesso.
Então, não tinha necessidade de se sentir pressionado.
Mesmo depois de pensar isso, seu corpo não parecia mais leve.
Ao invés de ficar mais leve, parecia ainda mais pesado.
Tinha um gato encima dele? Ainda tentando entender o que era, ele abriu um poucos os olhos e viu os raios de sol vindo da janela.
— Ah, eu tô imaginando essas coisas porque tô cansado...
Ele pensou. Mas então, ele percebeu que a coisa em cima dele era quente.
Tinha um peso em cima dele. As partes da coisa que tocavam nele eram quentes. Então era algo físico. Havia algo em cima dele. Não era a pressão da apresentação...
Sorata abriu seus olhos, querendo ver quem estava sobre ele.
Um par de olhos sem emoção estavam encarando ele.
Uma pessoa de pijama estava sentada em cima de Sorata.
A pessoa estava segurando um pincel, que estava próximo à testa de Sorata.
— Isso é um sonho?
— Olá.
— Me diz que é um sonho!
— É um sonho.
— Se é um sonho, me deixe acordar!
Mashiro deu um tapa nele. O som ecoou pelo seu quarto.
Depois de cerca de um minuto, a dor abrasadora o atingiu.
— O que eu fiz pra levar um tapa seu? Hein? O que eu fiz de errado?!
— Acorde para a vida.
— Eu acordei. Quando eu fiz isso, a Shiina Mashiro, do quarto duzentos e dois, estava em cima de mim numa situação embaraçosa! O que você tá fazendo?! Por que? Por qual motivo? Pra quê esse pincel?
— Para desenhar.
— Desenhar o quê? Aonde?!
Tinha um limite para a habilidade de compreensão de Sorata.
— É culpa do Sorata, por me fazer sentir assim...
Mashiro colocou a mão em seu peito e desviou o olhar.
Seus olhos estavam tremendo levemente.
— Bem aqui, eu não estou me sentido bem desde ontem.
Provavelmente era por causa do incidente da piscina.
Agora que ele pensou sobre, Mashiro estava muito estranha. Ela até perguntou se ele queria olhar para ela, e depois disse para não olhar.
— O que tem de errado?
— Quando eu penso em você, Sorata...
— O quê?! Eu?!
— Sim, no Sorata.
— E-Então? Quando você pensa em mim...?
— Eu fico extremamente irritada.
— O que é isso que você tá falando pra mim?!
Então era por isso que ela veio para o quarto dele logo de manhã: Desenhar no rosto dele. Logicamente, dava para entender, mas ele ainda não sabia o motivo, e a forma como ela desabafava era estranha.
— Suas ações estão ainda mais espontâneas que o normal hoje! É como ver estrogonofe e feijão juntos: não combina! De qualquer jeito, você pode sair, por favor?
Ela provavelmente continuava irritada, pois ela saiu de cima dele ainda com um rosto aborrecido. Parecia que algo realmente perigoso aconteceria caso ele se movesse, então ele continuou deitado até ela sair.
Mashiro olhou para ele.
— Senta.
— Sim, sim.
Sorata sentou com as pernas cruzadas.
— Ajoelha.
— Posso saber o motivo?
Mashiro contraiu suas sobrancelhas. Sua expressão estava mais sombria... não, provavelmente ela só... não, realmente estava mais sombria.
— Você não sabe?
Ela olhou insatisfeita.
— Talvez você esteja com fome?
E nessa hora, as bochechas de Mashiro inflaram. Parecia que ela estava brava. Mashiro pegou a proposta de jogo em cima da mesa e levou na direção de Sorata.
— Que foi?
— Você não me contou.
Mashiro olhou diretamente para ele.
— Eu não estava sabendo disso.
— Você... não...?
Ele tentou se lembrar de algo, mas ele certamente não se lembrava de ter mostrando sua proposta para Mashiro antes.
Ele nem contou que estava trabalhando em uma. Ele nem comentou sobre.
Ela provavelmente apenas sabia sobre ele fazer a apresentação. Na verdade, ele não lembrava nem se tinha contado isso. Mesmo que ele tivesse, não tinha garantia de que Mashiro realmente estivesse escutando.
Ele entendia até aquele ponto, mas Sorata, não conseguindo entender o aborrecimento de Mashiro, inclinou a cabeça.
Mashiro apontou para as ilustrações da proposta.
— É um desenho da Misaki.
— Eu pedi pra ela fazer.
— Por que você não me pediu?
— Bom, foi pela Misaki saber bem mais sobre jogos, e você parecia ocupada com seu mangá, então não quis te incomodar.
— Você não me incomoda.
— S-Serio?
— Sim.
Mashiro continuou fazendo beicinho. Ela era muito fofa.
— Você quer fazer?
Mashiro acenou com a cabeça.
— Quando é sobre desenhar, eu sou a melhor.
— Bem... você é.
— Quando é sobre desenhar, eu sou a melhor.
Mashiro tinha o talento necessário para ter liberdade de falar isso sem nenhum exagaro. Ele achou isso realmente incrível. Isso mostrava que Mashiro sabia exatamente quem ela era.
“— O que você é?”
Se alguém perguntasse isso, como Sorata responderia?
Não teria uma resposta. Nem ele tinha certeza do que era.
Mas Mashiro tinha uma resposta, e foi isso que deixou Sorata pra baixo.
Ela provavelmente estava brava por Sorata não ter pedido pra ela desenhar ou nem se quer ter falado sobre o jogo.
— Sorata.
— Se você tem algo a me dizer, eu vou escutar. Me conte tudo.
Ele não sabia se havia feito a coisa certa ou não, mas ele podia apenas escutar Mashiro por agora.
Pensando isso para si mesmo, Sorata decidiu escutar tudo o que Mashiro tinha para dizer.
— Eu estou brava?
— Não me pergunte isso!
— O que eu devo falar agora?
— Você tá falando umas coisas bem ridículas hoje!
Como esperado de Mashiro Shiina. Alguém com senso comum é incapaz de entendê-la.
— Me diz.
— ...Talvez você deva falar algo como “eu te odeio”?
Ele sentiu que ela não teria mais salvação se realmente fizesse isso.
— Sorata.
— O quê?
— Eu te odeio.
Mashiro olhou para ele enquanto fazia beicinho.
O que ele devia fazer? Ela falou. Ela realmente falou isso.
Não foi assustador nem nada do tipo. Foi apenas... muito fofo.
— Não sorria assim.
— Desculpa.
Ele desesperadamente recuperou sua compostura.
— Olhe para mim.
— Não diga coisas tão imprudentes!
Ele provavelmente perderia a compostura novamente se olhasse para o rosto dela.
Mashiro parecia ainda mais infeliz.
— Eu quero desenhar na próxima vez.
— C-Certo.
— Me prometa.
Ela estendeu seu dedo mindinho para ele. Sorata, timidamente, inclinou sua cabeça e juntou seu dedo com o dela.
— Eu vou te perdoar.
— Bem, obrigado.
— Por ter me ensinado sobre amor.
Quando ela disse isso, Sorata se engasgou com saliva.
Mas, de alguma forma, ele se acalmou.
— Eles são um tipo de peixe frequentemente encontrados em pequenas e grandes lagoas. Dependendo da cor de algumas carpas coloridas, o valor pode variar entre algumas centenas, milhares ou milhões de ienes. [N/T:“Amor” e “Carpa” têm a mesma pronúncia em japonês. “Koi”]
Com uma cara séria, Mashiro começou a fazer anotações.
— Você não precisa anotar isso! Você quer aprender sobre peixes, por acaso?!
— Foi você que falou sobre isso, Sorata.
— Não, foi você que falou...
— Faça meu coração bater mais rápido, por favor.
— Não fale isso com tanta ousadia.
— Acenda meu coração.
— Essa é uma tarefa impossível pra mim.
— Se esforce, por favor.
— Você devia parar de torcer pelas pessoas! Por que a pergunta sobre amor, afinal?
— Ayano me falou.
— Quando é a próxima vez que ela vem? Posso reclamar com ela? Por que eu tenho que ser a vítima toda vez que a Ayano sugere algo pra você?
— “Para escrever uma história de amor, você precisa entender ele.”
— É, né.
— Ela disse que qualquer um pode escrever uma história de amor pelo menos uma vez na vida.
— Essa sua editora... Ela realmente diz algumas coisas embaraçosas.
— Ela ficou corada logo após falar isso.
— Provavelmente foi porque ela voltou a si depois de ver que não teve nenhuma mudança na sua expressão.
Parecia que a editora também era uma vítima de Mashiro, então ele decidiu não reclamar com ela.
— Qual foi o prazo que ela te deu?
— Terá uma reunião no dia 31 para decidir se será serializado.
Era no mesmo dia da apresentação de Sorata.
— Então você vai ir terminar o mangá agora?
— Já fiz três capítulos.
Ela pegou uma pilha grossa de papéis ao seu lado e colocou na frente de Sorata.
Ele folheou.
Parecia bem completo. Não importava o quanto ele visse, os desenhos eram realmente incríveis.
A trama era sobre seis estudantes universitários de artes vivendo em uma casa compartilhada, com todos eles se destacando em algo. Era sobre homens e mulheres se dando bem, discutindo sobre preocupações amorosas e crescendo juntos. Era esse tipo de sensação que a história passava.
— Ei.
— Oi?
— Alguma coisa aqui me parece bem familiar.
— Ayano me disse para tentar usar o Sakurasou como base.
Ele adivinhou. A trama foi levemente alterada, mas os personagens pareciam bastante com Misaki e Jin.
A história do mangá de Mashiro se passava em um futuro onde os estudantes do Sakurasou se formaram do ensino médio e entraram na Universidade de Artes da Suimei.
Mas pensando que isso seria um futuro impossível, Sorata se sentiu um pouco triste.
Olhando para os personagens que apareciam, seu coração começou a doer.
Sentido que algo estava errado, Mashiro inclinou a cabeça na direção dele e perguntou:
— Não é interessante?
— Não, é interessante, sim.
Querendo parar de ficar tão preocupado sobre isso, Sorata levantou a cabeça.
O mangá, por si próprio, era bastante cômico, então era fácil de acompanhar. E o ritmo dos capítulos eram rápidos, combinando com a tendência da época. Se ele tivesse que falar de algum erro, seria não ter drama o suficiente na história. Faltava um pouco, considerando que isso era um mangá shoujo.
Então ele conseguia entender a sugestão de Ayano para adicionar mais romance, e sobre ela ter falado que qualquer um podia escrever uma história de amor pelo menos uma vez na vida.
E esse era o motivo de Mashiro ter perguntado isso:
— Então, me ensine sobre o amor.
— É muito difícil! Eu preciso trabalhar na minha apresentação!
Não tinha tanto tempo até a data da apresentação.
— Não tem problema.
— O quê?
— Eu vou te ajudar.
— Beleza, eu recuso!
— Porque aqui está tão barulhento logo pela manhã?
No vão da porta que ele abriu para os gatos entrarem, Nanami colocou a cabeça. Ela estava de óculos e agasalho. Ela sempre usava isso no Sakurasou.
— Mashiro, você veio para o quarto de um garoto desse jeito de novo. Isso não se faz.
Nanami entrou no quarto.
— Porque?
— Bem, é por que... garotos são criaturas taradas...
Sua voz ficou mais baixa e ela olhou na direção de Sorata.
— Não fale como se eu fosse assim também!
— Vamos, Mashiro, você tem que ir se trocar.
— Não, ainda não aprendi sobre amor.
De repente, Nanami parou de se mexer. Ela olhou para Sorata.
— Não, não é nada disso!
— E-Então o que é? Não é como se eu tivesse pensado em algo que homens e mulheres fazem juntos... Só, não pensei que era algo bom...
— Eu não disse nada assim!
— D-De qualquer jeito! Você deveria ser mais cuidadosa com si mesma, Mashiro. Você não deveria ir para o quarto de algum garoto assim tão indefesa. É perigoso.
— Aoyama, você poderia para de falar isso na minha frente?
— E o Kanda precisa se preparar para a apresentação, certo? Você não devia incomodar ele agora.
— Não estou incomodando.
Para confirmar, Nanami olhou na direção dele.
— Bom, ela realmente não me incomodou... mas...
— Mas?
— ... Não me incomodou.
— ... Se você diz.
Parecia que ela não foi capaz de aceitar a resposta dele.
— Se...
— Sim?
Nanami virou a cabeça de forma fofa.
— Se tem algo que eu possa fazer para te ajudar, então me diga.
— Certo.
— Não falei com você, Mashiro!
— Tá certo.
— “Tá certo isso~ Tá certo aquilo~” Eu é que vou brincar com o Kouhai-kun~!
Misaki entrou chutando a porta
— Por favor, não deixe isso ainda mais complicado, Senpai!
— Sempre pensei que os pudins foram feitos para serem bebidos!
— Vamos organizar as conversas! Somos pessoas ou animais?! Tá, tá, eu vou pedir ajuda de alguém responsável para me ajudar na preparação da apresentação. Já é o suficiente! Vocês não precisam se preocupar, então podem sair daqui, todo mundo!
Ele colocou Misaki, que ainda estava falando, Mashiro e Nanami para fora de seu quarto.
Para consertar a porta que Misaki quebrou, Sorata procurou por uma chave de fenda.
—
Seria ruim se ele não começasse a se preparar ainda hoje, mas ele nem sabia por onde começar.
Ele ligou o computador e sentou. Ele começou a digitar com o teclado.
— Akasaka, tá com tempo?
— Ryuunosuke-sama está, atualmente, pensando seriamente em “O que aconteceria se você abrisse uma geladeira que abre dos dois lados, ao mesmo tempo?”, então ele está ocupado. Me desculpo desde já, mas sua mensagem não poderá ser entregue, Sorata-sama.
Quem foi respondeu foi Maid-chan.
— Aquele cara pensando nesse tipo de coisa...?
— Foi só uma piada, Sorata-sama. Uma piada. Foi apenas uma piada da Maid-chan.
Que tipo de piada era essa? Algumas vezes, ele não sabia o que pensar sobre a empregada eletrônica.
— Acho que você também serve, Maid-chan.
Ela foi quem ensinou ele a como escrever uma proposta de jogo correta, então ela deveria saber como fazer uma boa apresentação.
— Que tipo de punição eu devo dar ao Sorata‐sama por dizer que eu “também sirvo”? Devo dar um sumiço nele? (Risos)
— Voce já me puniu o sufuciente!
— Eita, não acredito nisso. Eu acidentalmente revelei as minhas verdadeiras intenções.
Parece que ele estava na lista-negra da Maid-chan.
— Eu fiz algo de errado?
— Pessoas tendem a machucar umas às outras sem perceber.
— Eu não sei se fiz isso. Me desculpa, de verdade.
Seria terrível se ela enviasse um virus, então ele rapidamente se desculpou.
— Meeh, Sorata-sama. Você está sempre falando animadamente com o Ryuunosuke-sama. O sorriso adorável que ele faz enquanto conversa com você é tão atraente... ele nunca faz esse tipo de expressão quando é comigo, huh~! Isso me deixa brava! Não vou perder o Ryuunosuke-sama para você!
— Hum, desculpa por te perguntar algo logo após você declarar guerra contra mim, mas eu poderia conversar sobre algo com você?
— Que foi, Kanda? Ver você sendo educado me irrita.
A conversa mudou de rumo rapidamente. Parecia que o “mestre” tinha chegado.
— Por favor, não troque com ela nessas horas. É muito vergonhoso.
— Então, o que você quer?
— É sobre a apresentação. A apresentação!
— Você passou da primeira fase?
— Graças a você.
— Se você não passasse mesmo depois dos conselhos que eu dei, eu iria te mandar um vírus.
— Por favor, parem com essas coisas.
O mestre e a empregada eram iguais.
— Mas e a apresentação?
— Eu gostaria de receber alguns conselhos, professor.
— Só tenho uma coisa a te dizer.
— Eita, o quê?
— Use um terno. É isso.
— É só isso?!
— O que você esperava de mim, que não sabe quase nada sobre se comunicar com os outros?
— Não, você tem razão, mas...
— É tudo questão de experiência. Tente praticar com os outros membros do Sakurasou. Felizmente, tem pessoas bem... excêntricas por aqui.
— Obrigado pelo conselho.
Com isso, o ícone de Ryuunosuke ficou offline.
Tudo que ele podia fazer era depender das pessoas que estavam atrás dele o encarando já faz um tempo.
Olhando pra trás, ele viu 6 olhos... não, agora aumentaram pra 8 olhos, na porta. Parecia que Jin havia se juntado também.
Enquanto ele caminhava na direção da porta, ela se abriu.
— O que você vai fazer, Kanda?
— A gente deve te ajudar?
— Desculpa por ter expulsado vocês. Por favor, me ajudem.
Ele abaixou a cabeça.
— Fraco, Kouhai-kun~ É o começo do seu treinamento!
— Bom, se esforce.
E então, Sorata praticou sua apresentação com os membros do Sakurasou.
Parte 2
O ensaio para a apresentação ficou marcado para todas as noites após o jantar. Ele agradeceu a Chihiro por ter se juntado, porque tudo ficou ainda melhor com todos os 5 juntos.
A mesa da cozinha foi usada para representar o lugar dos jurados. Mashiro, Misaki, Jin, Nanami e Chihiro se sentaram nessa mesma ordem, e ele praticou sua apresentação usando um quadro branco com as páginas impressas e os conceitos do jogo que ele colou.
Na verdade, foi mais difícil do que ele pensava. Ele não sabia gerenciar o seu tempo e terminou uma apresentação planejada para 15 minutos, em apenas 5 minutos. Já na segunda vez, demorou mais de 20 minutos. Ele se acostumou com o tempo na terceira e quarta vez, mas ainda não foi o suficiente.
Mesmo conhecendo bem o conteúdo, o que ele dizia em voz alta estava fora de ordem e parecia uma divulgação.
Ele ficava falando “Ehh” ou “Ahnn” várias vezes, o que o fez se sentir patético.
Depois de quase 2 horas praticando, Chihiro disse:
— Tente explicar sua ideia com uma introdução, desenvolvimento e uma conclusão para que a gente entenda direito.
— Kanda, você está muito nervoso enquanto tenta explicar pra gente.
— Como devo dizer... É diferente do Kouhai-kun de sempre, então é chato.
— Você está usando palavras difíceis, então não é nada divertido.
Nanami, Misaki e até mesmo Jin falaram o que acharam.
Mashiro não conseguiu lidar com a apresentação chata de Sorata, então ela cochilou bem no meio do ensaio.
O primeiro dia de ensaio foi uma derrota completa. Sorata entrou em pânico, porque nunca pensou que poderia ser tão lamentável.
—
No dia seguinte, Sorata começou a praticar sua apresentação pela manhã e preparou alguns cartões de lembrete. Ele seguiu o conselho de Chihiro e escreveu a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, para que fosse fácil de seguir uma ordem.
Dependendo da situação, ele mudava algumas das ordens de sua proposta e organizava quais pontos iria usar.
A crítica de Jin também foi aceita. Era algo que ele também sentia. Se ele não falasse em seu tom normal, ele não conseguia falar direito. Ele se sentiu frustrado porque não foi capaz de expressar bem sua ideia para o jogo. Mas ele só conseguia se usar aquele tom, porque era a única maneira de ele apresentar direito.
O outro problema era o nervosismo. Falar na frente de pessoas que ele conhecia fazia seu coração bater mais rápido e ele bagunçava ass palavras. Para resolver esse problema, ele procurou Nanami para ela dar alguns conselhos.
"— Você só precisa praticar para poder falar, mesmo se estiver nervoso."
Isso significava que, como era difícil não ficar nervoso, ele precisava apenas praticar para conseguir falar, mesmo se ainda estivesse nervoso.
Ele aceitou o conselho imediatamente.
"— E já que soa chato se você estiver falando em um tom monótono, por que você não muda seu ritmo e tom?"
—
Mashiro usou a apresentação dele como uma canção de ninar e adormeceu. Agora que ele lembrou das aulas em que ele normalmente pegava no sono, percebeu que elas e sua apresentação certamente tinham um ponto em comum.
Ele queria seguir os conselhos de todos e melhorar sua apresentação até a data. Esse era o objetivo dele.
—
Quando ele estava praticando usando cartões de lembrete, a porta do quarto se abriu. A pessoa não bateu antes de abrir.
Se virando para olhar, ele viu Mashiro, que estava de pijama. Ela entrou como se fosse seu próprio quarto e se encostou nas costas de Sorata, que estava trabalhando na cama praticando para a apresentação. Ela silenciosamente pegou seu caderno de desenho e começou a desenhar nele com um lápis. Cada vez que ela desenhava as linhas, dava para ouvir o som do lápis pegando no papel. Parecia que ela estava trabalhando em um novo design de personagem.
Ela não respondeu ao olhar de Sorata.
— Eh... Ei, Shiina.
Mesmo quando ele chamou o nome dela, ela não o respondeu.
Sem ter o que fazer sobre isso, Sorata voltou a trabalhar em seu próprio projeto.
Após 5 minutos ou mais, Mashiro respondeu.
— O quê?
— Ué, o que será? Isso mesmo. O que aconteceu com a minha privacidade?
Ela entrou no quarto dele sem permissão e até o ignorou quando ele estava falando com ela... Ele começou a duvidar de sua própria existência.
— Ela não existe.
— Entendo, então não existe. Foi bem o que pensei.
— Isso aqui existe.
— Então deixa eu te perguntar uma coisa, o que seria “isso”? E o que você está fazendo?
— Quarto do Sorata. Design de personagem.
— Você tem seu próprio quarto. Você sempre trabalhou em seu próprio quarto.
— Quero trabalhar nesta sala a partir de agora.
— Certo, posso saber o por quê?
— Bem...
Mashiro mordeu o lápis e começou a pensar.
— Não pergunte “Por quê?”.
Ele usou sua experiência passada para limitar sua resposta.
Então Mashiro, que estava prestes a dizer algo, parou.
— Você realmente queria falar isso?!
— Não.
— Tá. Então, vou perguntar o porquê, mais uma vez.
Como ela ainda não respondeu à pergunta, ele perguntou novamente, sentindo-se um pouco mais confiante. Mas ele não sabia o que ela iria responder a seguir...
— Se eu trabalhar aqui...
— Se você trabalhar aqui...?
— Acho que posso entender o que é amor.
— O que?
Ela acabou de dizer algo sobre “entender o que é amor”?
Bem, então era por isso que ela estava trabalhando no quarto de Sorata.... Mas, por que no quarto de Sorata? Por quê? Por qual motivo? Será que isso é...
Não, não, agora não é hora para isso. Ele tinha coisas para fazer. Ele não pode se distrair agora. Ele foi capaz de passar na primeira fase do processo seletivo. Ele tinha que dar o seu melhor para a apresentação.
— ... Não posso ficar aqui?
— N-Não... Não é isso...
— Não posso ficar aqui?
Achando difícil olhar para o rosto dela, Sorata desviou o olhar.
— A Aoyama vai ficar com raiva de novo.
— Então eu vou ficar.
Mashiro declarou corajosamente.
— O que?
— ... Sorata está sempre se preocupando com Nanami.
— O que você está dizendo?
— Nada.
Ainda encostada em suas costas, Mashiro concentrou-se em seu desenho
O som do lápis parecia ainda mais forte do que antes.
— Eu não me importo que você esteja aqui.
Tudo o que ele precisava fazer era pensar em Mashiro como uma boneca gigante, já que ela era tão quieta. Isso não o incomodaria enquanto praticava, então Sorata decidiu deixá-la quieta.
Mas não era fácil ficar tranquilo enquanto uma garota como a Mashiro está sentada bem ao seu lado.
Mashiro poderia estar fazendo isso inconscientemente, mas ela suspirava alto várias vezes.
Ele não sabia se era porque os desenhos de seus personagens não estavam indo bem ou se era por outro motivo, mas distraía Sorata continuamente.
E assim, ele subconscientemente começou a notar Mashiro.
Mashiro continuou mudando de pose enquanto estava na cama. Ela sentou com os joelhos em frente ao queixo, depois, esticou as pernas enquanto se apoiava na parede. A pior parte foi quando ela deitou na cama e começou a balançar as pernas. Porém, algo que não mudou foi o fato de que ela estava desenhando continuamente, sem parar. Às vezes seus olhares se encontravam.
Sorata olhou para ela primeiro e Mashiro o notou, ou o contrário.
— Por que você está me olhando?
— Eu não olhei.
— Mentiroso, você olhou.
— Você também parecia estar me olhando.
— Eu não.
— Não minta.
— Eu não.
— Bem, nem eu.
— ...
— Por que você parou de falar?
— Você não parece um homem.
— Não tire sarro de mim!
O sol se pôs enquanto eles conversavam.
Nanami, que voltou de seu emprego de meio período, falou que trouxe alguns donuts de presente, do lado de fora da porta. Como a porta estava entreaberta, a visão de Nanami recaiu sobre Mashiro, que estava na cama.
— Quantas vezes eu preciso te dizer...
— Bem-vinda, Nanami.
— Eh... Não é isso! Sério, por que entrar no quarto de um menino como ele, Mashiro?
— Porque o Sorata quem lava minhas roupas.
— E a culpa é minha, agora?!
— E por que você não diz nada sobre, Kanda? Você realmente é um pervertido.
— Eu não sou!
— Tem certeza que não?
—Sim, e como prova, ela esteve comigo desde manhã, mas nada aconteceu!
— Hmm... Então vocês estiveram juntos esse tempo todo.
A voz de Nanami de repente ficou fria.
— He-Hein? Fiz algo de errado?
— Eu não deveria ficar parada, sem fazer nada.
Sua voz era muito baixa para Sorata ouvir corretamente.
— O que?
— De qualquer forma, Mashiro, suba comigo!
— Ei, ei.
— Você precisa praticar sua apresentação hoje também, não é? Se apresse!
— Sim, sim. Certo.
— Eu não vou participar.
— Vamos manter a vida pessoal e o trabalho separados!
No dia seguinte, e no dia seguinte, Mashiro entrou em seu quarto todos os dias e se apoiou em suas costas enquanto ele trabalhava em sua apresentação, e começava a fazer suas próprias coisas. Todas as noites, eles eram repreendidos por Nanami, que voltava de seu emprego de meio período, e Mashiro era arrastada escada acima.
Sorata tentou não se importar com isso, e praticou a apresentação com os membros do Sakurasou como público, todas as noites. E todas as manhãs, ele usava o que havia aprendido na noite anterior para melhorar sua apresentação cada vez mais.
O sol nasceu e se pôs novamente.
E assim, chegou o dia 31 de agosto, dia da apresentação de Sorata, dia da reunião de serialização de Mashiro e o último dia das férias de verão.
Parte 3
No dia decisivo, ele estava nervoso ao máximo desde o momento em que acordou. Parecia que seu nervosismo havia atingido o pico, depois de ir aumentando lentamente dia após dia, desde o momento em que o garoto passou pelo teste preliminar.
Sorata abriu os seus olhos, mas nem tentou se levantar.
Ele também ignorou os gatos que estavam se esfregando nele pedindo comida.
Deitado em sua cama, ele revisou sua apresentação do início ao fim. Quando ele errava qualquer coisinha, mesmo que pequena, ele começava tudo de novo. Ele repetiu isso sete vezes.
Certo. Ele havia feito tudo que podia fazer. Ele estava totalmente preparado.
Mesmo quando ele criou coragem para levantar, a parte inferior de seu corpo não se movia direito por causa do nervosismo.
Sorata finalmente saiu de seu quarto quando já se passavam das 10 horas.
Ele deu comida para os gatos na cozinha. Os sete gatos comeram todos juntos. Observando-os inexpressivamente, Sorata deu uma mordida em sua torrada.
O Sakurasou estava quieto e o garoto não conseguia sentir ninguém andando por lá.
Jin dormiu na casa de uma estudante de atuação que estava cursando o seu quarto ano, a Asami. Nanami estava em seu emprego de meio período. Chihiro provavelmente estava na escola e, se Misaki estava quieta, só podia significar que ela estava dormindo.
Mashiro provavelmente ainda estava dormindo embaixo de sua mesa. Ela estava fazendo alguns rascunhos para apresentar na reunião de serialização que acontecerá hoje e vai até à tarde.
Sorata percebeu que todos tinham suas próprias coisas para fazer hoje, e ele estava muito feliz com isso. Na verdade, seria um fardo para ele se eles tivessem que se preocupar com ele.
Sorata deixou os gatos e voltou para seu quarto.
Ele demorou para se arrumar.
O terno, que estava pendurado nos trilhos da cortina, era um que ele havia pego emprestado de Jin. Jin disse que esse terno foi um presente dado a ele pela rainha das corridas, Suzune, quando ela o convidou para um restaurante. O tamanho era um pouco grande, mas ele não estava em uma situação em que ele pudesse reclamar.
Ele vestiu a camisa de colarinho grande e abotoou ela até o topo. Quando ele colocou a gravata no pescoço e vestiu a calça, se sentiu ainda mais nervoso do que antes.
Não importava quantas vezes ele se olhava no espelho, ele parecia nada mais nada menos do que uma criança participando de uma festa infantil. Quando ele vestiu essa roupa há 3 dias atrás para ver como ficaria, os moradores do Sakurasou pareciam estar segurando a risada ao vê-lo.
Ele decidiu não usar a jaqueta, mas levá-la com ele. Se ele a vestisse, ela estaria encharcada de suor quando chegasse lá.
Ele verificou a hora em seu telefone, e estava na hora de ir.
Ele verificou se seus cartões de lembrete estavam dentro da bolsa e a pendurou no ombro.
Sorata respirou fundo e caminhou em direção à porta.
Ele se abaixou e amarrou os cadarços. Sua mão já estava tremendo.
Depois de amarrá-los, ele se levantou e deu um tapa em sua bochecha.
— Sorata.
Mashiro desceu as escadas e falou com Sorata.
Ela estava vestindo uma camiseta com uma peça única que Sorata havia escolhido para ela antes. Parecia que ela tinha penteado o cabelo sozinha.
Quando ele se virou, Mashiro empurrou algo no peito de Sorata.
Ao tentar agarrá-lo, seus dedos tocaram os de Mashiro.
Abrindo a mão, ele viu um amuleto de boa sorte para passar no seu teste. Era algo que um santuário a cerca de 30 minutos dali vendia. Ele frequentemente via pessoas comprando amuletos de lá porque queriam entrar na Universidade de Artes da Suimei.
— Como você conseguiu isso?
— Eu fui lá ontem.
— Isso foi ideia da Aoyama?
— Por que a Nanami?
Mashiro parecia um pouco infeliz enquanto olhava para Sorata.
— Huh? Então não me diga que... Você foi lá sozinha?
— Procurei e pedi ajuda às pessoas na rua. Eu andei muito.
Agora que ele pensou sobre isso, ontem Mashiro só foi ao quarto dele à noite... Ele pensou que ela estava ocupada trabalhando em seu mangá, mas parece que ele estava errado.
— Ah, desculpe, não tenho nada para te retribuir. Hoje é o dia da reunião da sua serialização, não é?
— Tudo bem.
Antes que ele pudesse continuar a falar, a mão de Mashiro envolveu a mão direita de Sorata. Ela fechou os olhos e ficou em uma posição como se estivesse rezando brevemente.
Ela falou “Sim”, enquanto balançava a cabeça e soltava a mão dele.
— Eu não sei por que você disse “Sim”, mas isso realmente não importa. De qualquer forma, obrigado pelo amuleto.
Sorata não conseguiu olhar diretamente para Mashiro, então, ele olhou para a sapateira.
— Preciso ir.
— Até mais.
Ouvindo Mashiro se despedir dele, Sorata saiu pela porta.
Ele apertou a mão com o amuleto dentro. Acalmando-se, guardou o amuleto no bolso de trás.
Pegando o trem na estação, demorou cerca de uma hora para chegar até Shinjuku. De lá, ele pegou outro trem e foi para o prédio da empresa responsável pelo projeto “Vamos fazer um jogo!”.
Quando Sorata entrou no outro trem, ele não se sentou em nem um dos assentos vazios, o garoto ficou perto das portas. Era por causa das sensações desconfortáveis que ele sentia nas coxas sempre que se sentava.
Cada vez que o trem passava por uma estação, essa sensação ruim crescia ainda mais dentro dele.
Ele não conseguia ignorar isso. Ele também não foi capaz de aceitar essa sensação. O alto-falante do trem anunciou que estavam perto da estação. Era o que faltava para Sorata surtar.
Sorata se sentiu sufocado, parecia que alguém estava amarrando uma corda envolta dele.
Seu coração não estava pronto para isso.
O trem, que estava no horário, parou na estação.
A porta do vagão se abriu. Sorata saiu, sendo empurrado e puxado pela onda de pessoas que entravam e saíam do trem.
Ele verificou a placa da estação. O nome da empresa ferroviária estava na placa.
Ele silenciosamente começou a caminhar para o lugar que a outra placa apontava.
Ele subiu as escadas, validou a passagem no balcão, e subiu mais escadas.
Subindo o terceiro jogo de escadas, ele saiu da estação.
Diante de seus olhos, estava um prédio de mais de 30 andares. O prédio estava refletindo o sol por causa de seu exterior de vidro.
Sorata estava preocupado, pensando que talvez não conseguisse encontrar o prédio certo, mas suas preocupações eram inúteis. No meio do prédio, dava para ver o logotipo da empresa. Era para lá que Sorata deveria ir.
O primeiro andar era bem visível do lado de fora. Tinham dois seguranças nas portas automáticas, azulejo branco e três senhoras bonitas no balcão vestindo um uniforme branco.
Elas cumprimentavam os visitantes sempre com um sorriso no rosto.
Na parte mais próxima da entrada, haviam mesas e cadeiras elegantes onde alguns homens de negócios bem vestidos discutiam algo juntos.
Na parte mais para trás, haviam os elevadores. Antes dos elevadores, havia um portão que parecia com os validadores de passagens da estação. As pessoas estavam passando depois de escanear um cartão nele. Deve ser o sistema de segurança.
Um choque que Sorata nunca havia sentido antes, o atingiu.
— Isso é ruim. Eu não devia estar aqui.
Ele não tinha aliados. Ele estava só. Ele estava flutuando sem rumo.
Quando percebeu que estava em um lugar que não deveria, o garoto ficou ainda mais nervoso. Seu estômago começou a revirar.
Um dos guardas de segurança olhou para Sorata, que estava parado nas portas automáticas com um rosto suspeito.
Envergonhado, Sorata vestiu o paletó e, com uma mentalidade de desafio, ele entrou.
A brisa fresca do ar condicionado deu as boas-vindas a Sorata quando ele entrou.
No entanto, em vez de suar menos, ele começou a suar ainda mais. Ele se perguntava se realmente estava no lugar certo. Ele queria fugir o mais rápido possível.
Ele estava preocupado, pensando que podia ser parado pelo segurança, mas isso não aconteceu.
Quando ele pensou que estava seguro, seus olhos se encontraram com uma das senhoras do balcão. Ela estava sorrindo brilhantemente, então ele não sabia para onde olhar para ela e com qual delas ele deveria falar.
— Olá, como podemos ajudá-lo?
A senhora do meio perguntou gentilmente.
— Ah, isso... eu, não, eu... vim aqui para apresentar minha proposta para a “Vamos fazer um jogo!”...
Neste momento, o garoto desejava apenas se esconder em um buraco.
As outras duas senhoras sorriram levemente. Qualquer um podia ver que ele estava muito desajeitado.
— Então, você poderia escrever seu nome aqui, por favor?
A senhorinha entregou um formulário e uma caneta para ele.
A testa dele estava coberta de suor.
Ele escreveu seu nome no espaço marcado. Mesmo sendo um nome que ele já escreveu milhares de vezes em sua vida, saiu todo rabiscado.
O nome da empresa estava em branco. O nome da pessoa solicitante também estava em branco, mas quando ele preencheu apenas seu nome, a senhorinha pegou o formulário de suas mãos.
— Então, Kanda-san, por favor, use isso.
Era um crachá de identificação. Parecia que a senhorinha conseguia ler o nome dele, pelo menos.
— Um dos representantes vai descer, então você poderia esperar na mesa, por favor?
Ela apontou para as mesas elegantes.
Ao lado dela, outra senhora estava ao telefone, chamando alguém. Deve ter sido o representante.
Conforme instruído, Sorata colocou o crachá em volta do pescoço e sentou-se em uma das mesas. Ele manteve uma postura ereta e esperou pacientemente.
Ele soltou um grande suspiro.
Ele tentou não olhar em volta. Se o fizesse, ele se sentiria em um ambiente estranho de novo e seu estômago iria revirar novamente.
O som do elevador chegando naquele andar pôde ser ouvido de onde o garoto estava.
Ele ouviu um som de passos se aproximando.
Olhando para cima, ele viu uma mulher vestindo uma calça e um terno, olhando para ele.
— Você é o Kanda-san?
Ela parecia ter quase 20 anos. Seu rosto estava levemente maquiado, então ela estava bem arrumada.
— Ah, sou, sim.
— Vou te mostrar o caminho. Por favor, me siga.
Até o jeito dela de falar era bem elegante.
Ele se levantou e a seguiu.
Eles passaram pelas catracas de segurança que pareciam os validadores de passagem da estação de trem. Desde que ele viu uma outra pessoa passar pelas catracas antes, ele já não ficou muito surpreso.
Quando o elevador abriu, Sorata entrou primeiro.
Havia botões que levavam a 36 andares diferentes. A mulher apertou no botão do 25° andar sem dizer nada.
O elevador subiu em silêncio e o som de sua chegada ecoou.
— Por aqui, por favor.
Sorata saiu primeiro, de novo. Quando ele saiu, ele engoliu seco sem querer. O tapete, aparentemente, era muito macio. Ele realmente tinha permissão para andar com os sapatos sobre eles sem ter que tirá-los?
Ele foi conduzido para a 7ª sala de espera. Na sala, já haviam outras duas pessoas vestindo ternos. Eles usavam um crachá igual ao de Sorata. Eles estavam aqui para a apresentação.
Então, um representante do sexo masculino chegou na sala, chamou o nome de um dos homens que estavam esperando ao lado de Sorata e o levou. Dava para perceber que era isso pelo rosto do mesmo. Era assim que Sorata seria chamado também.
— Por favor, espere aqui.
Ele se sentou no centro da sala de espera. A outra pessoa estava meditando silenciosamente enquanto aguardava ser chamado.
A representante feminina ficou perto da porta para ajudar caso acontecesse algo.
Incluindo Sorata, a sala estava silenciosa o suficiente para ouvirem suas próprias respirações.
Depois de alguns minutos, o homem à sua frente também foi chamado.
O que aconteceu com a pessoa de antes? Ele ainda não voltou para a sala.
Não, agora não era hora de pensar nos outros. Ele tinha que se concentrar em sua própria apresentação.
Ele fechou os olhos, mas não conseguia pensar em nada.
Ele não conseguia pensar em nada do que ele havia ensaiado antes.
Isso era ruim. Seu corpo estava reagindo aos seus pensamentos. Seu estômago doía. Ele se sentia enjoado. Ele queria fugir.
— H-Hum, desculpa, mas...
— Hmm... Como posso ajudar?
— Eu gostaria de ir ao banheiro...
— Vou te mostrar onde fica.
Ela respondeu com um sorriso carinhoso, mas Sorata não conseguiu responder da mesma forma. Ele estava nervoso demais para isso.
Parecia que sua visão estava embaçada. Seu corpo parecia flutuar. Não parecia que ele estava no próprio corpo.
O banheiro para o qual ele foi guiado era tão bem cuidado que chegava ao ponto de brilhar. Ele não tinha confiança para abaixar as calças em um lugar como este, então ele foi para dentro da cabine.
Ele já esperava que iria ficar nervoso. Seria estranho não ficar. Ele também esperava se sentir mal. Mas isso já estava pelo menos 10 vezes pior do que ele imaginava.
A hora de se apresentar estava cada vez mais próxima.
Ele segurou o amuleto dentro de seu bolso. Ele conseguiu se acalmar um pouco.
Então, ele se levantou. O banheiro dava descarga sozinho.
Ele lavou a mão e enxaguou a boca. Ele também arrumou a gravata que estava torta, arrumou o cabelo e saiu.
Quando ele voltou para a sala de reuniões, um homem vestido todo de preto, que mais parecia com um Shinigami, estava esperando por ele. O homem era o representante que levou os dois anteriores para a apresentação.
— Kanda-san, está na hora, então comece a se preparar para sua apresentação.
— Obrigado por avisar.
Bom, ele falou isso corretamente. Sua voz não estava trêmula.
Ele saiu da sala de espera e caminhou pelo longo corredor.
No final do corredor, havia uma porta com uma placa escrita “Sala de Apresentações”.
O representante masculino bateu na porta.
— Kanda-san está aqui.
— Entre.
Uma resposta murmurada veio através da porta.
O representante olhou para Sorata e disse:
— Então, boa sorte.
E abriu a porta para ele.
Quando Sorata entrou, a porta fechou-se atrás dele.
A sala com o nome intimidador na porta era duas vezes maior que a sala de espera. Era cerca de duas vezes maior que a sala de aula de Sorata.
Havia uma grande tela na frente. Ao lado da tela, havia um notebook para controlar o projetor. Provavelmente significava que ele deveria apresentar seu projeto lá.
Eram 5 juízes. Eles estavam sentados em fila. Quatro deles usavam ternos. Ele reconheceu o homem no meio. Era o CEO da empresa.
Sempre que havia um game-show ou uma E3 Expo, o homem do meio frequentemente aparecia para explicar sobre os novos jogos e os consoles de sua empresa.
Ele não conhecia os outros. Não, ele conhecia a pessoa mais à direita. Ele era o único que usava roupas casuais, vestindo apenas uma camiseta normal. Ele era um dos criadores de jogos que ganhou a competição “Vamos fazer um jogo!” com um jogo de quebra-cabeça de ação. Seu nome era Kazuki Fujisawa. Ele era graduado na Universidade de Artes da Sumei e era um criador de jogos que produziu jogos que foram um grande sucesso.
— Kanda-san, por favor, comece.
Quem disse isso foi o mais à esquerda. Ele tinha idade para ser seu pai, então era estranho para Sorata ser tratado de forma igual, e ele teve que tentar entender o que ouviu.
— Perdão?
— Por favor, comece.
Ele estava em um mundo completamente diferente.
— A-Ah, certo.
Ele caminhou para a frente. Havia uma pequena plataforma, ele subiu nela e seu campo de visão de repente ficou maior.
Ele podia ver os cinco juízes claramente.
Três deles pareciam bastante entediados, e ele realmente não sabia o que os outros dois estavam pensando.
— Então, vou explicar sobre o conceito do jogo, primeiro.
Embora ainda estivesse muito nervoso, Sorata conseguiu se expressar bem. Ele falava muito rápido, mas não era desagradável de ouvir. Sua voz também não estava trêmula.
Graças ao conselho de Nanami, ele conseguiu falar, mesmo estando nervoso.
Ele explicou educadamente sobre seu conceito de jogo primeiro. Ele elaborou o alvo e a estrutura do jogo. Ele continuou controlando sua voz e seu tom enquanto falava.
Quando ele estava explicando sobre os benefícios, ele usou o movimento do corpo para expressar as emoções dos jogadores para complementar suas ideias.
Ele se saiu bem nos primeiros 5 minutos, apesar de estar nervoso.
Então, quando Sorata ficou confiante e olhou para suas anotações, anotações essas que ele não olhou até agora, ele olhou os rostos dos juízes, que ele estava tentando não olhar.
Seus olhos se encontraram. Todos pareciam desconfortáveis. Eles estavam com os braços cruzados e com um rosto preocupado. Suas reações eram ruins. Um deles estava olhando para a papelada sem nem se mexer.
A confiança, que estava crescendo dentro dele, foi quebrada, e Sorata foi incapaz de continuar.
Tudo ficou em branco. Tanto sua visão quanto sua cabeça.
Ele não conseguia se lembrar do que tinha a dizer em seguida, mas ele virou uma página das anotações. Ele teria que improvisar de alguma forma. Não, tudo o que ele precisava fazer era continuar de onde havia parado. Mas mesmo que o fizesse, seus rostos desconfortáveis não mudariam.
O que ele devia fazer? Sirenes começaram a soar em sua cabeça. Luzes vermelhas piscavam intensamente.
Ele não estava conseguindo lembrar do que precisava dizer em seguida, mas depois de um tempo, ele se lembrou. O garoto leu o que escreveu nos cartões de lembrete.
Foi graças aos treinamentos diários que ele fazia. Mesmo quando sua cabeça estava em branco, seu corpo se lembrava do que deveria fazer.
Três perguntas foram feitas durante a reunião.
Uma veio do CEO, enquanto Kazuki Fujisawa fez as outras duas.
Sorata nem conseguia se lembrar do que eles perguntaram, muito menos de como ele respondeu.
— O tempo acabou. Vamos parar a apresentação por aqui, Kanda-san.
Sorata curvou-se em resposta.
A julgar pela situação, era quase impossível esperar um feedback positivo. Mas ele tinha feito tudo que era possível por enquanto.
O resultado chegaria a ele pelo correio nos próximos dias.
Ele só queria sair daquela sala o mais rápido possível. Ele queria fugir desta empresa. Ele queria tirar a gravata. Ele queria voltar a ser o seu eu de sempre. Isso é o que ele desejava.
— Kanda-san.
Quem falou com ele foi o CEO da empresa.
— Antes de tudo, obrigado por participar do “Vamos fazer um jogo!”.
— Não, eu quem agradeço por me ouvirem.
O CEO respondeu com os olhos.
— É uma pena dizer isso, mas sinto que seria difícil para o jogo ser desenvolvido.
— ...
O que ele acabou de dizer?
— Certo... é mesmo.
A resposta foi tão automática que parecia que alguém estava respondendo no lugar de Sorata.
Sorata abaixou a cabeça mais uma vez e deixou a sala de apresentações. Ele pegou o elevador junto com o representante do sexo masculino que o conduziu até lá e desceu para o térreo. Ele passou pelas catracas de segurança mais uma vez, devolveu o crachá ao balcão de informações e saiu do prédio, enquanto o representante masculino se despedia se curvando.
Ele rapidamente desceu as escadas na estação de trem.
Ele não queria ser visto por mais ninguém. Ele queria fugir para algum lugar.
Ele não esperava que eles lhe contassem o resultado no mesmo dia. Ele não estava preparado para isso. Ele pensou que teria tempo para se sentir feliz por ter feito sua apresentação, enquanto esperava o resultado...
Um adulto falou de igual para igual com ele. Até o CEO da empresa falou assim com ele. Era assim que os negócios eram. Isso que significava ser um membro da sociedade.
Ryuunosuke disse a ele para não se ver como um colegial.
Sorata finalmente conseguiu entender o que ele quis dizer.
Isso era completamente diferente da escola.
Ele estava muito orgulhoso por ter passado nas preliminares. Ele entendeu errado. Ele achou que sua ideia realmente seria interessante.
Sua tristeza e outros sentimentos difíceis de descrever com palavras caíram sobre ele como uma onda. Sorata, que não sabia como fugir ou lidar com isso, foi arrastado por aquela onda.
Diante dele não havia nada além da escuridão.
Parte 4
Era pouco mais de 18hr quando ele desceu na estação em frente à universidade.
Como era verão, ainda estava claro. Com um rosto deprimido, Sorata caminhou silenciosamente em direção à saída. Ele tropeçou enquanto caminhava pelo distrito comercial.
No caminho, o peixeiro gritou para ele:
— Heh, olha aí se não é o Kanda! Ei, garoto, porque tá com esse rosto?
Mesmo depois do peixeiro falar com ele, Sorata não conseguiu responder.
Quando uma senhora no açougue falou:
— Ah, é você, Sorata. Nossa, quase que eu não te reconhecia. Olha, se eu fosse mais nova um pouquinho, fica sabendo que eu...~~
Ele não estava no clima para brincadeiras.
Muitas outras pessoas falaram com ele à caminho de casa, mas Sorata só pôde responder acenando com a mão para eles. Ele não conseguia nem se lembrar de metade das pessoas que falaram com ele.
Normalmente, levava 10 minutos andando, mas, desta vez, levou mais de 30 minutos para chegar ao Sakurasou.
Quando ele abriu a porta sem dizer nada e estava prestes a entrar, ele parou. Ele nem tentou dizer “Estou de volta”.
Ele tinha a responsabilidade de contar a todos sobre seu resultado. Afinal, eles o ajudaram a se preparar. Todos os dias, eles estavam ouvindo Sorata e dando dicas para ele.
Mas, será que eles gostariam de ouvir essa notícia desagradável? Isso fez ele se sentir mal com si mesmo.
O que ele deveria dizer?
Sorata não entrou, apenas caminhou em direção ao quintal. Ele se sentou na varanda em frente à porta e olhou para o pôr do sol brilhante.
O pôr do sol tingiu seu corpo de vermelho. Seu corpo estava coberto de um vermelho cor de sangue. Não havia um lugar em seu corpo onde não estivesse vermelho.
O esforço dele não foi suficiente. Ele não conseguiu passar.
O sol terminou de se pôr.
Mesmo que os jurados não tivessem pegado as ideias de Sorata, ele deu o melhor de si hoje. Ele não tinha dúvidas disso. Seus preparativos foram perfeitos e ele estava confiante que sua ideia de jogo era boa. Mas, o resultado veio e...
— Droga...
Ele se curvou com as mãos na testa.
O interior de seu nariz começou a arder. Seus olhos estavam doendo.
Ele não queria chorar desse jeito, então ele tentou desesperadamente conter as lágrimas.
Mesmo que ele tivesse se esforçado ao máximo, não foi o suficiente. Ele não conseguia mais ver sua apresentação como uma coisa boa. Não havia nada que confirmasse para ele que tudo iria dar certo no futuro caso ele se esforçasse ainda mais, nem o quanto iria demorar para esse dia chegar. Ele não queria pensar nessas coisas de ficar dizendo para si mesmo “Tudo bem, na próxima eu consigo.”
— Sorata.
— ...
Era a voz de Mashiro. Uma voz que ele poderia reconhecer a qualquer momento. Sorata não conseguia levantar a cabeça para olhar para ela.
— Sorata?
— Estou de volta.
Ele só podia dizer isso para Mashiro, que estava com um rosto perturbado.
— Bem-vindo.
Mashiro aproximou-se dele na varanda.
Sentindo ela se aproximando, Sorata rapidamente tentou iniciar uma conversa primeiro.
— Como foi a reunião sobre seu mangá?
— Eu consegui. Vão começar a publicar ele em novembro.
— Entendo. Parabéns.
— Obrigada.
Como esperado de Mashiro, ela conseguiu mostrar bons resultados.
Ela tinha talentos que mais ninguém tinha, e ela estava usando esses talentos para melhorar ainda mais suas habilidades.
O que tem de tão diferente entre eu e a Mashiro? Ele sabia a resposta dessa pergunta.
É assim que Mashiro tem vivido por todo esse tempo. Ela viveu sua própria vida enquanto era julgada pelos outros.
Ela se machucou inúmeras vezes, mas ainda se levantou e tentou de novo e de novo. Ele já a viu fazer isso antes.
Ela tinha o desejo de seguir em frente e continuar sem desistir. Ela não iria parar, não importa quanta dor ela sinta.
Então, Sorata e Mashiro não podiam ser comparados. Eles eram bem diferentes um do outro. É claro, em questão de habilidades também.
— Então você tem que ir desenhar.
— Sim. Ainda falta o rascunho do capítulo 1 e o manuscrito dos próximos.
— Você vai estar bastante ocupada, então.
— ... Sim.
Mashiro ainda não sabia qual foi o resultado de Sorata.
Mashiro tentou sentar ao lado de Sorata.
— Não precisa ficar aqui. Você tem que ir desenhar.
— Mas...
— Shiina.
— Sim?
— Você não pode ficar aqui agora.
Mashiro parou.
— Tá bom...
Mashiro virou-se. Ele pensou que seria melhor Mashiro ir para um lugar longe, um lugar onde ele não possa vê-la. Se estar lado a lado com ela em posições iguais era impossível, então seria melhor se ela fosse para algum lugar muito longe, onde não houvesse esperanças de alcançá-la.
Sorata, que havia ficado para trás, pediu desculpas silenciosamente para ela. Já agora, só estar perto de Mashiro era doloroso.
Mashiro pode não querer dizer isso, mas a própria existência dela estava machucando Sorata. Quando os olhos dela olharam para ele, ele sentiu que deveria ter se esforçado ainda mais, há muito mais tempo atrás. Ele queria fugir dali.
Parecia que ele estava começando a odiar Mashiro.
Entendo. Então era isso.
Parecia que as coisas, que antes estavam embaçadas e fora de foco, agora estavam ficando claras.
Então era isso que Jin queria dizer naquele dia.
Sorata finalmente conseguiu entender a profundidade da dor que Jin sentia. Não, ele podia entender um pouco, mas ainda não totalmente.
Estava longe. Muito longe. Para Sorata, Mashiro era quase como uma estrela no céu. Não era uma distância que desse para alcançar apenas esticando o braço. Ele era capaz de vê-la, mas a distância entre eles era muito grande.
Pensando assim, ele perdia toda a vontade de tentar alguma coisa. Pois ele sabia que Mashiro ainda estaria longe, mesmo se ele conseguisse algo.
Pensar em tudo isso o fez se sentir estranho e parecia que sua cabeça estava prestes a explodir.
Ele realmente pode começar a odiar alguém que ele gosta? Ele não queria isso, então a única solução que ele achou foi colocar uma distância entre eles. Era óbvio que Jin se preocupava com Misaki, mas até mesmo Jin não pôde fazer nada sobre seus sentimentos ao longo do tempo.
Não havia uma resposta clara para isso. Sorata cobriu o rosto com as duas mãos.
Uma sombra se aproximou dele.
— Pode chorar se quiser, viu.
Nanami estava ao lado dele.
Sorata olhou para cima fingindo que não havia acontecido nada.
— Eu não sou como você, Aoyama, então eu não vou chorar.
— O que? O que você está dizendo? Eu estava apenas... Olha, me desculpa por ter chorado naquele dia...
— Desculpe, tô só brincando. Obrigado.
— Você deveria ter dito antes, fala sério...
— Ei, Aoyama.
— O quê?
— É muito difícil ser honesto.
— Sim, é.
— Não tem como fugir do arrependimento ou da decepção.
Essa “derrota” não foi culpa de ninguém. A responsabilidade era toda dele, mas ele não se preparou o suficiente.
Ele enfrentou isso de frente com todas as suas forças e foi despedaçado.
— Mas sabe, eu gosto de pessoas assim, que têm um objetivo. E também das pessoas que se esforçam...
Seus olhos naturalmente se desviaram para o rosto de Nanami.
— O quê? O que você está olhando?
— ...Nada, só estou feliz que você esteja aqui, Aoyama.
— O-O que você está dizendo...
Nanami abaixou a cabeça e se sentou.
— Não! Eu não queria dizer nesse sentido, mas.... Sobre o que eu estava falando mesmo?
— Ha~, você realmente deveria melhorar nesse tipo de coisa.
— Não, o que eu quis dizer foi... Eu me sinto bem melhor agora e é graças a você, Aoyama.
— Ok, ok. Já entendi.
— Por que você tá me tratando igual um tonto?
— Ah, você notou?
— Ah... e pensar que eu estava te agredecendo...
Sorata realmente se sentia melhor. Ele não conseguia rir assim perto de Mashiro, pois a presença dela era sufocante.
Nanami era diferente. Ele não entendia muito bem, mas se sentia à vontade ao lado dela.
— Eu não vou ficar feliz se você disser uma coisa dessas de novo.
Nanami fez beicinho e o pressionou com os olhos.
— E o que você quer que eu diga?!
— Você é quem vai ter que descobrir.
— É, acho que você tem razão...
— Você está bem mesmo?
—Ah, sim. Eu me sinto muito melhor agora.
— O que você quer dizer?
Quando pensou em seu fracasso na apresentação, ele se sentiu frustrado. Ele queria apagar completamente o dia de hoje da memória. Mas, havia apenas uma maneira de superar essa decepção e ele sabia qual era, pois já viu Mashiro fazendo isso antes.
A única maneira de esquecer esse sentimento era continuar tentando, de novo e de novo.
Num futuro próximo, se ele ficar maduro o suficiente, será capaz de ignorar essa decepção.
Percebendo isso, ele pôde sentir uma pequena semente de esperança crescendo dentro de seu coração triste.
Até agora, ele nunca foi capaz de ver quais eram os obstáculos para ultrapassar. Mas, ao apresentar suas ideias para os adultos, ele conseguiu enxergar o objetivo que queria alcançar.
Ele não teve uma visão completa, mas foi capaz de vislumbrar seu objetivo. O tamanho e a grandeza desse objetivo se tornaram a motivação de Sorata para obter o sucesso.
— Nossa... me sinto muito mais feliz depois disso ter acontecido.
— Kanda, você é masoquista?
— Ser chamado disso me deixa mais feliz do que ser chamado de “normal”.
— Uau, você falou como um verdadeiro morador do Sakurasou.
— Você também é uma moradora do Sakurasou agora, Aoyama.
— Ih, é mesmo.
Ele olhou para o céu. Sorata decidiu avançar dando um passo de cada vez.
Nanami olhou para a varanda do primeiro andar. O que ela estava pensando?
— Você parece estar incomodado com ela.
— O quê?
— Estou falando da Mashiro.
Ao ouvir isso, Sorata olhou em volta e viu Mashiro na varanda, olhando para os dois. Quando ela percebeu que Sorata olhou para ela, Mashiro se abaixou. Ela ficou apenas espiando eles, abaixada.
Nanami acenou para Mashiro.
— Você está bem agora, certo?
Ela perguntou baixinho. Sorata só pôde responder “Sim”.
Nanami conseguia entendê-lo perfeitamente, e ele não conseguia esconder nada dela.
— Você estava ouvindo desde o começo, né?
— Como assim?
Nanami fingiu não saber do que ele estava falando. Pela reação dela, dava para presumir que ela estava ouvindo a conversa de Sorata e Mashiro antes.
Mashiro caminhou em direção a eles.
Ela parecia querer dizer algo, mas não disse nada.
Então, Sorata falou primeiro.
— Não consegui dessa vez, mas vou me esforçar ainda mais na próxima.
— Sim.
Mashiro respondeu e acenou com a cabeça.
Ela não disse mais nada, mas sua resposta foi mais do que suficiente. O coração de Sorata parecia muito mais leve. Agora, ele não se sentia mais angustiado apenas por Mashiro estar perto dele.
— Então, vocês estão melhor agora?
Na pergunta de Nanami, Sorata e Mashiro apenas olharam para ela sem conseguir dizer nada.
— Então, agora é minha vez.
Ao dizer isso, Nanami olhou diretamente para Mashiro e continou:
— Não vou perder para você, Mashiro.
Nanami declarou algo.
Mashiro ficou surpresa com essa resposta e arregalou um pouco os olhos, mas sua expressão de sempre voltou e ela respondeu com bastante clareza.
— Eu não gosto de perder.
— É, eu também não.
Sorata as interpretou completamente mal.
— A gente não tá falando nesse sentido!
— Hein?
— Não é nada!
— Por que você tá com raiva?
— Eu não estou com raiva!
— Você acabou de gritar comigo!
— Eu vou te matar!
— O que? Por que?!
— Sorata é um idiota.
— Eu não quero ouvir isso de você, Shiina!
— Heh~, Kouhai-kun, bem-vindo de volta~!
Misaki, que estava vestindo um happi, correu para fora.
Ela estava segurando uma incrível quantidade de fogos de artifício em seus braços.
— Oh, você voltou, Sorata?
Jin colocou a cabeça na janela.
Sem saber ler o clima, Misaki correu distribuindo alguns fogos de artifício para todos. Ela já estava totalmente preparada com as varetas acesas nas pontas para acender os fogos de artifício e com um balde de água perto.
— Vamos soltar fogos de artifício~! É verão, então só isso que importa agora! Você não pode terminar o verão sem antes soltar alguns!
Dizendo isso, Misaki acendeu alguns do tipo foguete, e eles voaram para o céu. Jin saiu de seu quarto, abriu um pacote e os acendeu.
Nanami, que parecia querer dizer algo, apenas disse:
— Bem, quem se importa.
Ela estava ensinando Mashiro, que claramente nunca brincou com fogos de artifício antes, como já era esperado.
— Você não pode soltar fogos de artifício apontando eles para as pessoas.
— E se eu apontar pro Sorata?
— Eu também sou uma pessoa!
Sorata também acendeu alguns fogos de artifício. Faíscas coloridas voaram da ponta e iluminaram o céu escuro.
Todos estavam rindo e pareciam felizes. Ver todos juntos e alegres também fez Sorata se sentir mais feliz.
Chihiro bebia cerveja na varanda e os gatos olhavam os lindos fogos de artifício que iluminavam o céu.
— Tá na hora da arma secreta!
O que Misaki tirou de seu happi foi uma bola do tamanho de um melão. Tinha uma corda nela.
Ele já tinha visto isso antes. Era um fogo de artifício super poderoso vendido apenas no Japão.
Enquanto todos ficaram surpresos ao ver isso, Misaki usou esse tempo para correr para um cilindro próprio para esse tipo de fogo de artifício, e jogou a bola nele.
A bola acendeu.
— Espera aí, Senpai!
Já era tarde demais quando Sorata gritou.
Assim que ele falou isso, a bola voou em direção ao céu.
Com um som de ‘Pheee~ww’, ela continuou a subir e, quando o som parou, explodiu no céu claro do verão.
Jin fez um rosto amargo.
Nanami estava de boca aberta. Misaki gritou “Isso sim é um fogo de artifício, pô~!” e Chihiro cuspiu sua cerveja.
Mashiro não demonstrou nenhuma reação como sempre, ela apenas olhou para a luz brilhante.
Como eles estavam logo abaixo da explosão, eles ouviram um grande estrondo. A onda de choque e o barulho caiu sobre eles. Eles sentiram a força da explosão.
Sorata guardará para sempre em seu coração essa imagem do céu brilhante do verão. Essa agora era uma parte de suas valiosas memórias de verão. Jin, Misaki, Nanami e Mashiro provavelmente também fizeram o mesmo.
Os fogos de artifício, que dominavam o céu noturno, se dissolveram na noite, e o céu noturno recuperou seu silêncio.
Em vez disso, vindo do Sakurasou, eles ouviram a voz de Chihiro gritando para eles:
— Todos vocês, venham aqui agora!!
—
31 de agosto.
O seguinte foi escrito no resumo da reunião do Sakurasou de hoje:
— Brincamos com alguns fogos de artifício. Eles eram bonitos. — Adicionado por: Mashiro Shiina.
— Da próxima vez que vocês quiserem “brincar” com alguma coisa, sempre peçam permissão para a Chihiro Sengoku! E eu também sei que vocês invadiram a piscina da escola! — Adicionado por: Chihiro Sengoku.