Volume 1
Capítulo 5: Príncipes e Princesas, Reis e Rainhas
1 de Novembro de 4817 - Continente de Origoras, Reino de Yggdrasil, Palácio de Dracone
— Vossa Alteza… Alteza… Shuyu Mizuchiko!
Ayame suspirou pesadamente quando o cobertor escondeu ainda mais os fios púrpuras do rapaz — ali, sua última gota de paciência havia se esgotado. Em seus pensamentos, ponderou por alguns instantes uma possível punição por incomodar o príncipe, sendo incapaz de encontrar algo que não uma breve advertência por sua intromissão.
Sua aura azul-celeste transbordou ao manipular o vento do quarto com muito cuidado, conseguindo fazer seu amigo flutuar no ar. Lentamente, o corpo imóvel subiu e subiu — quando percebeu que sua nova vítima estava a uma altura considerável do solo, parou de manipular a mana e apreciou o resultado.
Foi incapaz de não soltar uma risada quando o baque seco atingiu suas orelhas como uma brisa deliciosa de verão. A expressão raivosa de Shuyu foi a cereja do bolo de sua diversão desta manhã.
— Invadindo meu quarto a essa hora do dia, Ayame? — indagou o rapaz enquanto massageava a base de sua coluna. — O que você quer? Algum recado do Keishi ou da Suika?
Os olhos semicerrados dele, em conjunto com os cabelos despenteados, fizeram a garota de cabelos azul-gelo sentir como se fortes raios de sol quente batessem em seu rosto. Havia algo naquele garoto que a deixava maluca, embora não soubesse dizer o que.
— Fala sério, sua mente está em Ouras ainda, Ayame?
— Oi? — disse por reflexo.
— Tô te chamando tem um tempo. Está mesmo bem? — Como sempre, ele havia exposto sua mente sem dificuldade.
— E-Estou! Só me distraí pensando em outra coisa.
Em compensação por sua pequena maldade, ela saiu do quarto para deixar ele se trocar com privacidade. Encostada à porta, acalmou seu coração para realizar a tarefa que havia sido designada a ela:
— Recado de sua Majestade. Os reis irão chegar hoje para discutir sobre sua “premonição”, e ele pediu que você lidasse com os agregados, como anfitrião. Ah, e que ajudasse o palácio com os preparativos finais — proferiu, agora totalmente calma mais uma vez. — Ele mandou um dos mordomos falar com você depois do jantar, mas você já tinha desmaiado na cama pelo visto.
Shuyu bufou por detrás da madeira, seguida de um estalo de língua igualmente alto. “Previsível”, pensou ela no momento que o garoto saiu do quarto.
— Ou seja, “vire o bobo da corte”. Maravilhoso, realmente.
— Acho que é o jeito de sua Majestade de testar sua capacidade como príncipe — ponderou ela ao mesmo tempo que enrolava seu cabelo nos dedos.
— Sabe se a família Kan’uchi está vindo também?
Aquela pergunta sincera fez o café da manhã de Ayame voltar por um instante para o fundo de sua garganta. A risada maliciosa logo em seguida fez ele duvidar se algo do que tinha dito teria algum duplo sentido escondido.
— Direto como sempre, vossa Alteza — provocou a garota em voz baixa — mas não, eles não vêm. Esqueceu que essa semana é o Festival da Dança do Amanhecer em Helias?
— Nossos reinos tinham que ter tradições na mesma semana de novembro. Mais uma vez, maravilha.
Fora dos aposentos reais, passaram a caminhar um ao lado do outro. Em suas roupas cotidianas, uma calça de couro preta e uma túnica branca lisa, Shuyu seria facilmente confundido com um plebeu se não fossem suas madeixas púrpuras; reconhecíveis para qualquer um em toda Yggdrasil.
O olhar dele recaiu sobre as roupas de sua amiga. Diferente do comum uniforme que estava acostumado a vê-la, usava um conjunto de calça jeans e cropped preto — algo bem incomum para Ayame, cuja vida resumia-se em treinar e treinar.
— Vai em um encontro hoje? Visual diferente — observou ele, casualmente.
— Não, Kei e eu vamos fazer compras. O secretário dele ficou doente e acabou não conseguindo reabastecer a despensa pra gente, então vamos hoje.
Ela rodopiou na frente dele, um sorriso suave em seus lábios. Tinha plena confiança em sua beleza naquele momento, e a percepção de que chamou sua atenção com a mudança a fez sentir-se nas nuvens.
“Me elogie, idiota”, foi tudo que conseguiu formular sobre suas emoções naquele instante.
— Entendi. Bem, vou me preparar para servir de isca enquanto meu pai faz o trabalho dele. — Claro, ele não agiu como ela esperava. — Até mais, Ayame.
Quando ele se separou dela, sem comentários, para seguir em direção ao prédio principal do castelo, a jovem virou-se para o outro lado e saiu em passos pesados para a outra saída, sua aura oscilando fortemente. Alguns funcionários se perguntaram o que diabos teria enfurecido a melhor aluna da Academia de Dracone, outros se contentaram em rir por não ser a primeira vez que a viam daquela maneira.
— É bom que o Keishi compre meu sorvete favorito hoje! — rugiu para o vento, acelerando ainda mais.
A área do palácio de Dracone era enorme. Construído sob a sombra da Árvore do Mundo, cujas lendas diziam existir antes mesmo do primeiro rei de Yggdrasil governar aquelas terras, diversas construções eram conectadas pelos caminhos de pedra rodeados de jardins e estátuas rochosas de dragão.
Bem cuidadas e sempre belas, Shuyu não sabia a razão de gostar tanto de andar calmamente por entre as flores, que foram trazidas dos mais diversos países e criadas com tanto esmero pelos serviçais do castelo. Havia um poder tranquilizante no aroma delicioso no cheiro dos campos recém regados.
Conforme passava pelas muitas instalações entre a região dos dormitórios reais e o prédio principal, o príncipe era saudado por todos os funcionários, sem distinção — atitude que ele graciosamente retribuía com acenos e palavras doces aos seus súditos.
— Vossa Alteza! — chamou um senhor, aproximando-se apressadamente. — Conseguiu convencer sua Majestade a não realizar a Oferenda do Dragão?
O homem pegou em suas mãos, buscando algum consolo à sua angústia. Para qualquer outro nobre, aquela atitude seria uma afronta, mas foi recebida por Shuyu com delicadeza e muita simpatia.
— Não, senhor Toriyama. Infelizmente, ele ocorrerá normalmente.
O brilho de esperança nos olhos do plebeu desapareceu, dando lugar a uma inevitável decepção. Suas mãos começaram a tremer, mas o príncipe as manteve firmes antes de prosseguir.
— Mas garanto que seu filho será poupado. Supliquei que sua Majestade, meu pai, tenha piedade dos que cometeram crimes leves e faça justiça com os verdadeiros inimigos de nossa nação — proclamou o rapaz, convicto.
Sua fala fez o senhor desabar em lágrimas, ajoelhando-se perante ele. Entre suas palavras desconexas, Shuyu pôde captar um sincero “obrigado” — mais que o suficiente para ele sentir-se renovado. Ajudou-o a se levantar de sua prostração logo em seguida.
— “O bem estar de seu povo é o dever de um líder”. Esta é a filosofia que sua Majestade me ensinou, então hei de segui-la — proferiu, por fim, afastando-se do local.
Alguns outros servos, que observavam a cena de longe, começaram a assobiar e aplaudir. Os gestos de gratidão o fizeram sentir-se um pouco mais empolgado para realizar seu trabalho do melhor jeito que podia. No fim do dia, a admiração dos menos favorecidos era recompensadora — embora seu verdadeiro desejo fosse deitar-se em meio aos jardins em plena primavera para fugir de qualquer responsabilidade.
O barulho aumentou ao se aproximar do castelo. Chegando ao saguão principal, encontrou um verdadeiro caos, causado pela notícia de que as famílias reais chegariam naquela noite. Mal teve tempo de colocar os pés dentro do palácio e um homem alto aproximou-se dele, desviando de vários serviçais com baldes, espanadores e vassouras correndo de um lado para o outro.
— Vossa Alteza, que bom vê-lo! — recepcionou-o o mestre dos empregados, fazendo uma breve reverência ao seu superior. — Poderia me ajudar com as ordens para os preparativos? Sua Majestade foi arrastado para uma reunião sobre a Oferenda do Dragão e não deu instruções a ninguém de antemão. É minha primeira vez lidando com um evento de tamanha importância!
Shuyu respirou fundo, preparando-se mentalmente para o que estava por vir. “Ele sempre me deixa as tarefas mais difíceis”, reclamou em seus pensamentos enquanto anunciava aos funcionários que se aproximassem.
“Mas isso quer dizer que confia em mim.”
— Cozinheiros, comecem o preparo de um banquete para cerca de 60 pessoas. Odeio dizer isso, mas deem preferência para as melhores carnes e bebidas que puderem. — O grupo citado partiu para seu trabalho. — Faxineiros, confiram todos os quartos. Sabe-se lá quantos dias os convidados estarão hospedados, então preparem o máximo de mudas de cama possível. Vejamos…
As horas voaram conforme o herdeiro dava mais e mais ordens, inspecionava o que era feito e buscava quaisquer outros problemas que pudessem ocorrer. Se deu conta da velocidade e do tanto de trabalho que teve quando a lua surgiu no horizonte, tão deslumbrante e brilhante — um sinal para que ele fosse vestir-se para o evento.
Entregou uma última série de ordens ao líder da organização e partiu para seus aposentos. Torcia para que os convidados não fossem tão pontuais, assim se arrumaria com mais calma.
O quarto de Shuyu, como o esperado do herdeiro do trono, era enorme. Atolado por itens culturais de seu país e de tantos outros que visitou, seria facilmente confundido com um depósito de um museu se não fosse pela presença da cama ao centro do cômodo e o banheiro pessoal conectado a ele.
O rei não era um grande apoiador dessa obsessão do filho, apenas se incomodando com a bagunça que tantas vezes tentou convencê-lo a arrumar. Infelizmente, seus esforços foram em vão — crescer apenas fez o príncipe acumular ainda mais objetos “fascinantes”, nas palavras do próprio garoto.
— Qual é, cadê aquele frasco que comprei na última viagem pra Tellus? — Shuyu agora enfrentava as consequências de sua própria desorganização. — Já não basta essa roupa desconfortável, ainda vou ter que usar um perfume de Bliz?
Acreditando que seria rápido, ele havia perdido algum tempo vadiando em sua cama, lendo um livro sobre a culinária de Leoni. Quando tomou coragem para se arrumar, sentiu o peso de sua falta de responsabilidade em poucos minutos.
— Como sempre, se algo pode dar errado, vai dar errado, né? — amaldiçoou para si mesmo, desistindo.
A gola prateada de seu blazer foi fechada ao mesmo tempo que ele ficava ainda mais desconfortável com a ideia de ter que ficar a noite inteira seguindo regras de etiqueta. A roupa de gala branca não lhe caia tão bem quanto seu uniforme, e o perfume importado de cheiro forte deu o toque final em seu desânimo. Ter um nariz sensível era, por vezes, bem irritante.
Depois de uma última olhada no espelho e um pente rápido em seu cabelo púrpura, retornou às pressas ao salão de banquetes. Três mesas de trinta lugares, em formato retangular, estavam dispostas paralelamente umas às outras, com a central tendo a cadeira oposta à entrada do cômodo substituída por um assento mais pomposo. A recepção deveria começar em breve, então tomou sua posição no lado direito do assento do rei na mesa principal, com a pose mais elegante que conseguia fazer.
Shihan chegou minutos depois, sentando-se em seguida ao lado do filho. O garoto percebeu as marcas de suor e as fortes linhas de expressão logo que seu pai passou pela entrada — perguntou-se o que poderia ter ocorrido na reunião com os nobres, mas seus pensamentos foram interrompidos pelo som das cornetas.
“Um rei não deve mostrar fraqueza, Shuyu”, repetiu a memória daquelas palavras para si ao presenciar as imperfeições da face do homem sumirem no instante que a primeira visita passou pelo arco de mármore branco. O príncipe se ajeitou novamente.
— Sua Majestade Seika Kouta, rainha de Caelio! — anunciou o serviçal a plenos pulmões.
A mulher, de cabelos negros presos em uma longa trança, caminhou pelo carpete com seu longo vestido lilás. Seus olhos azul-bebê esquadrinharam o local enquanto realizava uma breve reverência ao rei anfitrião, tomando por fim um lugar na mesa principal.
Depois de se livrar parcialmente do encanto natural da nobre estrangeira, Shuyu deu-se conta do estranho fato de Seika estar acompanhada apenas de suas belas empregadas. Foi rápido em lembrar-se da razão por trás da situação.
“Uma rebelião civil em Caelio, ao sudoeste de Yggdrasil. Então é ela…”
— Bela combinação, senhorita Kouta. Destaca bem seus olhos — elogiou Shihan, sem demora.
A mulher, antes se deslumbrando com a beleza do castelo, virou seu sorriso radiante como uma lâmpada para pai e filho. Shuyu sentiu um arrepio na espinha ao encarar o rosto dela diretamente.
— Obrigada, senhor Mizuchiko. Foi uma longa viagem, mas comparada aos Jigoku… acho que estou reclamando demais — respondeu a bela dama, rindo levemente.
— Quase não tivemos tempo de arrumar o castelo para a confraternização. — Shihan fechou o punho direito e o bateu contra o peito para transparecer seu orgulho. — A Oferenda do Dragão é sempre um momento de grandes emoções.
O sorriso sem dentes permaneceu na face da mulher. Entretanto, Shuyu notou uma perturbação súbita na aura da governante do reino do vento — o rei a encarou, franzindo a testa e afiando os olhos. Com certeza havia percebido também.
— Ainda insiste nessa tradição desumana? — julgou ela, em tom ríspido e formal. — Até mesmo a Longinus repudia este evento, e ambos sabemos, vossa Majestade, o quanto isso é risível.
— A cultura do meu reino não deve ser discutida por ninguém além de mim e meu povo, senhorita Kouta. — Tão agressivo quanto ela, os olhos esmeraldinos incendiaram o ar ao seu redor.
— E o seu povo gosta desta sua “cultura”? Ou o representante do povo nem mesmo perguntou a opinião de seus súditos?
— Fizemos algumas alterações a pedido do meu filho — prosseguiu o rei, o dedo indicador apontando para o garoto ao seu lado — então devem estar mais satisfeitos. Deveria ficar mais atenta ao que acontece em seus domínios.
— Não ouse falar do que não lhe cabe, Shihan Mizuchiko.
As auras do rei e da rainha, de cores azul-marinho e rosa-escuro respectivamente, começaram a circundá-los quando levantaram com força de seus assentos. Shuyu preparava seu psicológico para intervir na briga quando uma melodia de harpa fez-se presente, junto do anúncio do servo.
— Sua Majestade Miyako Meishi e a matriarca, Shousei Meishi, do reino de Imerana!
Seika sentou em sua cadeira, ainda com o olhar fulminante sobre o anfitrião e suspirando para não perder o controle. O príncipe de Yggdrasil foi inundado pela melancolia da aura dela por um breve momento. Os passos suaves das recém-chegadas eventualmente atraíram a atenção de Shuyu.
A rainha, Miyako, estava de olhos fechados, focada em algo que ele foi incapaz de decifrar naquele momento. Os acordes belos e rápidos preenchiam os ouvidos dos convidados com uma calmaria admirável, ritmados pelos sons de suas próprias sapatilhas.
“A senhorita Meishi está tão deslumbrante quanto na última reunião…”, admirou o rapaz. Os longos cabelos, lisos e de um loiro claríssimo, escorriam pelos lados de seu rosto, e a pele pálida misturava-se ao vestido branco-amarelado — ele tinha certeza de que o objetivo era destacar o verde-lima de suas íris. Tão bela quanto a filha, Shousei, a mãe, tinha o cabelo castanho-claro na altura dos ombros e um vestido bege não tão marcado.
— Saudações, senhor Mizuchiko, senhorita Kouta — falou a rainha do reino da luz, parando por completo sua melodia e se curvando. — Presumo que minha música tenha acalmado os ânimos.
— Boas-vindas, senhorita Miyako, senhora Shousei. Sempre bom vê-las! — Como esperado, Shihan havia se recomposto em segundos.
Shuyu viu o sorriso perfeito de Seika Kouta falhar brevemente ao encarar a rainha musicista. Sua teoria do porquê foi comprovada em segundos.
— Olá, Miyako — cumprimentou a morena, uma veia ainda saltando de sua testa — sempre na hora certa.
— Não entendo exatamente o que se passa para estar tão alterada, senhorita Kouta — ponderou uma terceira voz feminina, próxima da entrada — mas seria de bom tom manter o respeito entre nossos semelhantes.
O anunciador ficou pálido ao ver a “menina”, que não deveria ter mais do que um metro e quarenta centímetros, sentar-se à mesa real junto de um homem alto de cabelos piche ondulados.
— Chi! Estava com saudades, minha fofurinha!
— É bom te ver, Miya. Mas por favor, colabore por um segundo — disse a mulher, desviando de um abraço de urso da rainha de Imerana. — Agradeço a hospitalidade, senhor Mizuchiko. Que esta noite seja produtiva e séria, se bem me entende.
— S-Suas Majestades Chiko Shokukai e Komoto Shokukai, do reino de Staterania!
O anúncio atrasado dos visitantes fez Shuyu entender melhor a situação. Tratava-se da “Eterna Princesa” e Guardiã deHarmonia e Éris, as Gêmeas da Balança: Chiko Shokukai.
Seu título não era à toa. Sua aparência imatura, fruto do envelhecimento desacelerado dos Abençoados, a fazia lembrar uma criança — com cabelos curtos e lisos de um preto-arroxeado, poucas marcas de expressão no rosto e olhos puxados bem afiados. certamente seria confundida por com uma mera aia se não fosse sua aura opressiva e a saia preta com babados rosa tão chamativos.
— Seu castelo está impecável, vossa Majestade! Espero que possamos resolver esse assunto o mais rápido possível — complementou Komoto, cujos olhos verde-musgo observavam sua esposa com ternura.
O ar pesou na mesa durante o tempo que aguardavam os demais visitantes, visto que Seika foi escanteada e as duas outras rainhas papeavam freneticamente ao lado de seus respectivos acompanhantes. Shuyu aproveitou a oportunidade para buscar o apoio e conhecimento de seu pai para lidar com a situação.
— Não sabia desse relacionamento complicado das três rainhas — segredou ao seu pai, este atento à entrada.
— Meishi e Shokukai foram colegas durante a Academia, Kouta tinha uma rivalidade com elas por… — Shihan buscou as palavras corretas, o que não encontrou. — motivos triviais, digamos assim.
— Houve uma tentativa de golpe em Imerana, não? Me lembro de ler sobre isso há algum tempo.
— Sim. Shokukai foi também uma das primeiras a ir Imerana depois de…
— Sua Majestade Amaka Ryoujin e sua Alteza Zuko Ryoujin, do reino de Bellato! — interrompeu o anunciante, para a frustração de Shuyu.
— Discutiremos esse assunto depois, meu filho.
O rei não abriu mais espaço para comentários de seu herdeiro. Sem ter mais o que fazer, o rapaz contentou-se em analisar os nobres que sentavam-se às mesas, cada vez mais apinhadas de figuras singulares.
Cerca de trinta minutos passaram no processo das famílias reais adentrarem o salão, ocupando por completo todas as mesas. Quando a última casa real acomodou-se no local, o rei pegou sua taça de vinho e, com dois toques na lateral desta, pediu a atenção de todos, pigarreando audivelmente.
— Agradeço a dedicação de todos aqui presentes para que esta reunião ocorresse com tamanha celeridade. Com exceção dos Kan’uchi, todos puderam prestigiar esse momento.
A mão do rei de Yggdrasil ergueu-se, e todos imitaram seu gesto.
— Um brinde às realezas!
— Saúde!