Volume 1
Capítulo 26: Zênite
29 de Janeiro de 4818 - Continente de Origoras, Reino de Helias, Lua do Sol
Quando acordou em completa desorientação, cada olho de Yoko pesava uma tonelada. Vagas lembranças sobre a noite anterior apareciam e sumiam do consciente exausto da princesa, cujo corpo encontrava-se recostado a um tronco. Deduziu, dentro do baixo campo de visão e detecção mágica dormente, que estava sozinha durante o limiar entre noite e dia.
“O combate com a major Rikage… Como que acabou mesmo?”, perguntou-se a princesa, ao forçar suas pernas para se levantar — para sua vergonha, nem mesmo isto conseguia fazer, e caiu de joelhos mais uma vez. Sons de passos rápidos foram ouvidos por ela, contrariando sua hipótese inicial, e uma mão fina logo estendeu-se a ela. Yoko aceitou o gesto de bom grado, ainda sem olhar para quem a auxiliou.
— Está bem, Vossa Alteza? — questionou a voz aguda, polida. — Recuperou-se até que rápido, a senhorita estava muito ferida. Meus primeiros socorros também não são tão bons…
— Não se preocupe com isto. Estou bem, na medida do possível. — Yoko fitou com seus olhos dourados a desconhecida. O choque tomou conta de seu rosto — Senhorita Seiyama?
— Ah… não. Posso parecer feminino, mas sou um homem.
Com um rodopio extravagante, Ichika Seiyama se mostrou: os ombros não tão largos eram ocultos por uma jaqueta cinza e suas calças negras eram um tanto apertadas para as coxas torneadas. Dois detalhes, porém, mostravam-se muito mais chamativos quando comparados à lembrança que a herdeira tinha… dele? Não sabia com qual pronome pensar, estava um tanto confusa.
O antes notório e longo cabelo cor salmão agora era podado para não alcançar nem mesmo os ombros dele, com uma franja perfeita sobre as sobrancelhas finas. Seu busto estava bem reduzido, embora o modo que ele estivesse fazendo aquilo não fosse claro para a princesa. Tinha certeza de ser a mesma pessoa que conheceu há anos atrás — não existiam muitos com aquela cor de cabelo e pele branca em Helias, quanto mais um que a conhecesse diretamente.
Pela falta de reação, o garoto deu uma risada leve enquanto ajustava uma presilha dourada na lateral dos cachos lisos.
— Deve ser um pouco confuso, não se preocupe se não entender de primeira — garantiu ele. — Mas meu nome ainda é Ichika! Fácil, não?
— Certo… S-Senhor Seiyama, o que aconteceu comigo? Onde está a major Rikage? — A pergunta saiu um pouco mais clara do que suas palavras anteriores.
— Consegui te resgatar com minha própria técnica. — Ichika deu uma piscadela à princesa. — Estou com um grupo de cerca de 150 pessoas. Todos saíram para juntar quem passou da primeira fase e fazermos uma batalha em grupo.
— Eles sabem que a examinadora vai se igualar ao nível de mana de todos somados?
— Sim, sabem. Mas querem tentar ainda assim.
Na cabeça de Yoko, aquela era uma má ideia desde sua concepção. Teriam que batalhar com uma oponente muito mais experiente, cujas habilidades de alto custo de mana seriam perigosas a níveis alarmantes. Duelos um a um restringiriam o desafio a uma disputa meramente técnica, na qual era bem mais fácil de arrancar um ferimento de alguém tão habilidoso como Shou Rikage.
Seu novo colega, porém, exalava otimismo para a linha de raciocínio dos demais desafiantes. Será que ela estava errada em pensar desta maneira? Sua luta anterior com a militar colocou em cheque sua confiança em tomar decisões arriscadas. Encarou-o com ceticismo, mas ainda o escutando.
— Não vou mentir que temos um problema em tudo isso… — ponderou Ichika, cravando suas íris ciano sobre a nobre — Ninguém conseguiu unir o grupo de fato. Todos vão juntos, mas estamos desorganizados.
— Por que o senhor está falando na primeira pessoa do plural?
— Não é óbvio, Alteza? — riu de novo o garoto. — Estou sugerindo que a senhorita tome a frente desse exército. Tenho a certeza de que será ouvida.
A dúvida começou a corroer o interior de Yoko, presa em um dilema pessoal. Seiyama tinha razão — apenas ela conseguiria ter autoridade e presença o suficiente para que todos os seus súditos ali presentes a obedecessem. Contudo, havia um reflexo, um vestígio muito grande de medo em seu coração que a impedia de jogar-se em sua missão de comandar como fora ensinada.
Embora tivesse lutado em suas piores condições, ainda foi derrotada por Shou horas atrás. Não só isso, mas suas principais cartas na manga não funcionaram como desejou, deixando-a sem ideias de como surpreender sua oponente em uma revanche. A angústia de sentir-se impotente naquela batalha envenenou sua lógica perfeita.
Basicamente, estava perdida.
Yoko colocou, por instinto, as mãos sobre seu pingente de girassol, buscando o calor das mãos que um dia o colocaram em seu pescoço. Sua expressão, entretanto, não mudou nem um centímetro — aquela era sua única maneira de demonstrar desconforto. Desconfiava que apenas Shino a conhecia o suficiente para compreender a sutil mudança de sentimentos dela.
Pelo jeito, Ichika tinha uma inteligência sentimental muito precisa. O jovem de cabelos rosados deu-lhe um olhar de compaixão, como se entendesse cada pedacinho de seus sentimentos.
— Alteza, se me permite a insolência… — desculpou-se de antemão, desviando o olhar para o norte. — A senhorita não irá passar se continuar indecisa.
— O qu…
— Eu não leio pensamentos, mas sentimentos sim. — Yoko ergueu uma de suas sobrancelhas por um instante. — É sério! Sei que está pensando em alguém pra te confortar agora, por exemplo!
— N-N-Não invada minha privacidade desse jeito! Isto é um crime capital contra minha pessoa!
Pela primeira vez desde que Ichika colocou os olhos sobre ela, viu o rosto da princesa esboçar algo além da indiferença — reação essa que veio na forma de um olhar cálido e um rubor intenso em suas bochechas brancas como porcelana. “Bingo”, riu ele para a vergonha de Yoko. Demorou um pouco para conseguirem continuar a conversa.
— Novamente, Alteza, sinto que a senhorita é essencial para o sucesso dos candidatos de Helias — atestou o menino. — Por isso, imploro para que seja nossa comandante neste ataque.
A compostura da herdeira se refez antes que qualquer outro pudesse ver um momento de fraqueza da futura rainha do reino do sol. Pensou em seu amado, na vontade ardente de vê-lo todos os dias, no que ele faria… Se pudessem ler seus pensamentos, a palavra “Shuyu” se repetiria, no mínimo, dez vezes por segundo. Esse era o tamanho do amor — ou obsessão — que tinha por ele. Podia ouvir com perfeição a voz dele, tão suave e tão cativante, soar em seus ouvidos.
Porém, o seu príncipe encantado não surgiria ali para salvá-la de si mesma, como há anos atrás. Ele estava a centenas de quilômetros, lutando pelo desejo ardente que incendiava ambos os corações apaixonados. Só ela poderia alcançar a vitória que tanto precisavam para o sonho deixar de sê-lo e tomar forma de uma vez.
Yoko repensou o quão massiva seria aquela investida — cerca de trezentas pessoas sob seu comando, todos lutando juntos. Já era difícil ordenar os servos experientes do castelo, um exército majoritariamente sem instrução social de hierarquia tendia ao improvável.
— Pelo visto, não há outra alternativa… — considerou a princesa, fechando os olhos. — Estou dentro. Mas quero que me sigam sem questionamentos.
— Eu não posso garantir por todos, mas farei o possível para que lhe escutem, Alteza!
— Eu tenho um plano. Ajude-me a executá-lo, senhor Seiyama.
— Quase meio-dia… Queria tanto parar pra almoçar — suspirou Shou, sentada de pernas cruzadas em frente à ponte. — Hoje seria dia de okonimiyaki lá no palácio, que fome…
A mulher desviou o olhar para o horizonte longínquo. O rosto fino de um homem de longos cabelos brancos passou por sua cabeça — o que será que ele estava fazendo naquele momento? Como o conhecia, provavelmente comendo sem preocupação alguma em um restaurante de Palas, pronto para zombá-la com tudo de delicioso que consumiu no tempo que estava ocupada com o exame. Sentiu algo formigar no fundo de sua consciência, a familiar sensação de uma imagem mental se formando.
— Acha seu marido tão maldoso assim, Shou? Ele só faria… — A face de um homem de pele cinza apareceu em seus pensamentos, imitando um sorriso de deboche nítido. — algo assim.
— O Hicchi com certeza faria essa cara, Hades! — riu ela. — Não só isso, como diria algo como “O salmão estava tão bom… tive até que comer duas porções”, ou coisa do tipo.
— Dá pra perceber que a senhorita…
— Agora é senhora, Hades! — interrompeu Shou, entusiasmada. — Senhora Shou, mesmo que não seja Shou Katsui.
Erguido na altura dos olhos dela, o anel dourado em sua mão esquerda, com a palavra “Hiko” inscrita nele, reluziu ao brilho solar. “Quero que esse exame acabe logo”, pensou Rikage, rodopiando alegremente. Sua lua de mel estava esperando apenas a conclusão de suas tarefas já programadas para janeiro. Só mais uma semana e…
— Minha querida, eu não sei se consigo me acostumar aos seus pensamentos nefastos em relação ao Hiko. E olha que eu comando o inferno. — Sua deidade a fez corar com o comentário provocativo. — Dê uma controlada neles pelo meu bem. Por favor.
— É-É só você parar de ler tudo que passa na sua frente!
— E como vou saber o que é ou não para ler aqui dentro?
— Descubra e não me enche, Hades!
— Claro, claro, senhora… Vou te deixar em paz, porque o seu intervalo acabou.
Shou já havia sentido a movimentação de dezenas de auras multicoloridas menores, mas a aproximação de uma notável aura laranja-avermelhada indicou que poderia haver algo diferente daquela vez. Não tardou para a portadora da mais forte mana dos estudantes dar as caras junto de um exército improvisado.
— Decidiu abandonar seus princípios, Vossa Alteza? — provocou a examinadora, já com sua arma em riste.
— Pelo contrário. Apenas os fortaleci. — A princesa discursava diante de sua equipe, à frente de todos os outros. — Se o único jeito de vencer é me unindo com os outros, então minha decisão só poderia ser tomar a dianteira e comandá-los à vitória.
— Palavras bonitas, senhorita — gracejou Shou. — Para a tristeza de vocês, terei que esmagar esses doces sonhos.
Deveriam ser por volta de trezentos contra a militar — não que isso tornasse a luta mais justa para eles. Yoko ergueu sua katana vermelha aos céus, gesto repetido por muitos outros de seus companheiros, e inspirou fundo.
— Pelo futuro de Helias! - bradou a plenos pulmões.
— Pelo futuro de Helias! — A multidão se juntou ao urro de batalha.
O mar de competidores avançou em grupo contra Rikage, que não se acovardou diante da visão da massa uniforme colapsar em sua direção. Uma esfera negra surgiu na ponta de sua espada, esta envolta em sua aura prateada.
— Eclipse do Mundo Invertido.
Ao seu comando, a luz do sol foi consumida pelas sombras, apagando seu brilho em um piscar de olhos. As únicas maneiras de sentirem o ambiente agora eram seus outros 4 sentidos ou a percepção mágica, o que instaurou o caos em meio ao grupo atacante.
Novamente, foi a princesa do reino do sol que se colocou no controle, percebendo o desespero de seus súditos.
— Unam-se em duplas! Mantenhas as costas uns dos outros cobertas! E não se desesperem! — comandou, encostando em Ichika.
Mesmo após dar ordens tão claras, o caos não parou, visto a movimentação descoordenada das auras. Yoko estranhou, visto que sua voz não podia ter sido mais alta e clara — para piorar, não escutava nada se mover na escuridão. Foi só quando aproximou a cabeça à de seu parceiro, encostado a ela, que percebeu o problema de verdade.
Na escuridão profunda, pôde perceber um vago movimento da boca dele. Ele estava falando, mas nenhuma frase chegava aos tímpanos da garota, mudos à vibração das palavras dele. A percepção desta fato atingiu-a como um relâmpago potente, energizando as engrenagens de seu raciocínio.
Não enxergavam quando estava claro, não escutavam quando falavam, uma técnica com “Invertido” no nome… Demorou um pouco, mas a compreensão total da situação enfim atingiu a princesa. Tinha de testar sua teoria.
— Ichika, tente sussurrar. — O murmúrio mais baixo que ela conseguia emitir escapou por entre seus lábios.
— Como você está me escutando? — perguntou, confuso.
— O invertido não é de inferno. É dos nossos sentidos! — explicou Kan’uchi. — O que significa apenas uma coisa.
Embainhando sua lâmina, Yoko fixou toda a sua aura no objeto. Lentamente, o ambiente foi se iluminando mais e mais, conforme o brilho do objeto se intensificava — até o ponto que tinham plena visão novamente. Os demais competidores se organizaram como sua líder provisória os ensinou, em posição para não serem mais presas fáceis.
A herdeira estava suando bicas, como Ichika pôde perceber, pelo esforço colocado em manter a vista de todos limpa. Pela expressão concentrada, aprisionar a luz em sua lâmina lhe custava um tremendo esforço físico, fazendo-o estender a mão na direção da ruiva. Sentiu a aura dela oscilar, ainda que ela não tivesse tirado os olhos de um ponto no solo que usava para se concentrar.
— Não toque! — repreendeu a nobre, por entre fortes arfadas. — Ou você vai receber essa explosão de magia sem controle algum!
— Pra ser capaz de ler através da minha técnica principal… — Palmas puderam ser ouvidas ao longe. — Tenho que dizer que estou surpresa, Alteza.
Pilhas de corpos caídos separavam a dupla de Shou, que as observava tal qual um dono que vê seu cãozinho aprender um novo truque. Metade do exército estava no chão antes da batalha sequer começar de verdade, para a frustração de Yoko, também visivelmente cansada.
Os olhos dourados dela encararam os ciano de Ichika, transmitindo a mensagem silenciosa de que o garoto estaria na dianteira agora. Ele meneou a cabeça em concordância antes de desfazer seu arco em partículas rosa-fúcsia, em seguida conjurando uma alabarda de cabo prata e cabeça avermelhada.
— Protejam Sua Alteza enquanto ela se recupera! — O grito de Ichika foi ouvido pelo campo, rígido apesar de agudo. — Ainda não acabou!
Entretanto, a voz firme das palavras do vice-comandante da investida não tiveram o mesmo impacto nos outros estudantes. A visão de dezenas de companheiros caídos trouxe medo e receio aos seus corações, bloqueando-os de agir sob o plano que formaram antes. Percebendo que não os convenceria por vias verbais, Seiyama avançou sozinho contra a inimiga, que o observava com cautela.
“Foi ele quem salvou a princesa da última vez. Tem uma espécie de magia de paralisia…”, ponderou Shou, enquanto preparava sua lâmina para o choque iminente. A dança veloz de alabarda e espada, com seus tilintares nítidos e agressivos, tirou os aliados de Ichika do transe anterior, um convite a se juntarem à sinfonia de guerra instaurada por ele.
Estarem com suas tropas reduzidas pela metade bagunçou a tática dos competidores. Seus ataques não eram capazes de atingir Rikage, cuja agilidade era incomparável — fosse se afundando em suas sombras para aparecer em outro ponto ou suas esquivas demasiado acrobáticas, seu uniforme da Longinus seguia intacto e sua mana, também.
O mesmo não podia ser dito de seus oponentes, constantemente acertados por rajadas potentes de energia sombria e cortes da espada da Guardiã de Hades, que não demonstrava qualquer sinal de diminuir o ritmo. Um a um, seus muitos combatentes caíam feito moscas, eliminados sem piedade pela incrível técnica da guerreira. Ichika, o único que sobreviveu a mais de três golpes consecutivos de Shou, expelia sangue pelo nariz com a potente cotovelada que recebera antes, ao tentar vingar os aliados caídos.
O vice-comandante não tinha mais forças para erguer sua arma. Pela análise rápida que fez em seus ferimentos e pela tontura que nublava sua mente, tinha a certeza de que desmaiaria dentro dos próximos minutos. Também não fazia ideia se a oscilação da claridade era uma impressão sua ou se o limiar entre luz e escuridão sempre fora tão nítido assim.
A examinadora sentiu a aura da princesa do sol, antes reduzida a uma mera faísca, tornar-se escaldante como o sol acima de sua cabeça. Foi então que uma memória vaga cruzou sua mente — uma lembrança distante, de quando ainda nem sonhava com a sua atual posição.
— Como assim “as sombras que devem temer a luz”, papi?
Sentada na poltrona ao lado da escrivaninha de seu pai, a pequena Shou o encarava rascunhar aquilo que, mais tarde, seria um dos mais conhecidos livros sobre magia das sombras. O homem, cuja longa barba negra o fazia se assemelhar a um monge, fechou o manuscrito para fazer contato visual com ela, mantendo a expressão bem-humorada.
— Shou, querida… — sussurrou, seus olhos púrpura encarando as íris castanhas dela. Um dia, seriam como as dele. — Se eu disser “a luz é a falta de escuridão”, você vai sentir que tem algo errado, não?
— Sim, mas isso não responde a minha pergunta, papi! — retrucou a garota. — Você mesmo diz que somos mais fortes nas sombras!
— Sim, mas não existe comparação entre a nossa força na noite escura com a força de um manipulador de luz ao meio dia.
Com um gesto, o homem apagou as velas do quarto, deixando-os num breu absoluta. Shou se desesperou ao perder a noção de espaço, mas sua visão foi logo tomada por um clarão intenso que quase a cegou. Quando conseguiu se acostumar ao novo nível de luminosidade, seu progenitor encarava-a com um amplo sorriso sem dentes.
— Isso, querida… — Ele podia estar murmurando, mas sua voz ecoava com potência assustadora ao redor dela. Era como estar em um teatro enorme e vazio. — É uma amostra do quão brilhante pode ser o zênite.
Através da onda maciça de energia, Rikage pôde ver o rosto da herdeira ter queimaduras diante de seu próprio poder. A mana laranja-avermelhada, contida pela bainha ornamentada, parecia prestes a explodir — Shou preparou sua defesa, ainda que soubesse não ser suficiente para impedir a derrota dentro das regras.
“Não dá pra ganhar todas, né, pai?”, riu, aguardando o que viria a seguir.
— Desapareça sob o brilho de um sol cruel! — O grito da princesa ecoou do fundo de sua alma. — Kusanagi!
O corte mágico atravessou o campo em linha reta, com os companheiros de grupo da princesa esquivando-se conforme o plano que ela formulou antes, e atingiu a barreira mágica prateada da militar. Mesmo colocando sua concentração em evitar a técnica da Kan’uchi, sentiu seu braço direito receber um feixe doloroso na altura do cotovelo. “É, perdi”, pensou simplesmente.
Como a única ainda com energia para algo, Shou cruzou o campo com sua magia de transporte a tempo de evitar que o corpo de Yoko atingisse o solo. Tinha de admitir que foi uma ótima tática da parte deles — em especial da herdeira de Helias, naquele momento agonizando com suas feridas de calor. A major dos Sentinelas das Ondas ajustou-a em seus braços antes de encarar os demais participantes com grande satisfação.
— Impressionante ter de dizer isso para todos os alunos ao mesmo tempo — discursou a mulher, atraindo a atenção daqueles ainda conscientes — mas meus parabéns. Todos foram aprovados!
Gritos e muitas outras formas de expressão ecoaram pela extensão do campo de batalha destruído. Uma Yoko sem forças não conseguiu levantar um dos punhos em comemoração, impedida pela total ausência de mana em seu corpo. Nos braços de sua examinadora, tudo que pôde fazer para esboçar seu contentamento em ter passado foi sorrir, discretamente, enquanto Shou a carregava até próximo da ponte para Palas.
— Eu consegui, Shu…
Shou a escutou delirar com o príncipe, ainda que não soubesse do que ela estava falando.
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