Volume 4
Capítulo 48: Armadura negra
— (Suspiro!)
Meu nome é Ferus, tenho 14 anos de idade apesar de aparentar ser mais velho, sou uma pessoa que não é originária desse mundo, perdi minha família quando vim para cá, perdi meu antigo nome, perdi o meu antigo “eu”, um humano que um dia foi chamado de Willian Greivis, agora se tornou um bestial chamado Ferus.
A beira da morte fiz um pacto com um ser lendário para que nós dois pudéssemos viver mais um dia, com isso passei de humano para um bestial. A raça dos bestiais são criaturas metade homem e metade animal.
Existe uma infinidade de subespécies bestiais, eu sou um bestial do tipo lobo, isso aconteceu porque minha contraparte animal é um lobo e não um lobo qualquer, mas o maior e mais conhecido de todos os lobos, falo do causador do ragnarok, o grandioso Fenrir.
As principais diferenças entre o atual eu e um humano são minhas orelhas de lobo, elas ficam no topo da minha cabeça, graças a eles tenho uma audição superior, meus olhos tem uma coloração amarela vívida, muitas vezes chamo atenção por causa deles, uma cauda longa e peluda, isso mesmo, eu tenho uma cauda, parece desconfortável, mas na verdade é irrelevante, sinto que ela me ajuda no equilíbrio do meu corpo.
Eu passei por muita coisa, perdi muita coisa, pensei em muitas coisas e sofri bastante, felizmente encontrei um amigo que me acompanha em minhas viagens, seu nome é Hiekf ele é um gnoll, uma subespécie bestial que tem como contra parte animal as hienas.
Esse é o resumo da minha vida nesse mundo, lutei como um louco para sobreviver, passei maus bocados, porém tem algo que eu não consigo enfrentar direito, algo que me fez perder o sono, uma coisa trivial para muitos, contudo, para mim é uma batalha que não sei lutar, gosto de uma garota chamada Hellen.
Estou nesse momento encarando o teto do meu quarto em reflexão, tudo que eu tenho pensado desde ontem é nela, no seu rosto, no seu sorriso, na cor azul dos lindos olhos que ela tem, no tom escuro e brilhante dos seus cabelos, na claridade perfeita de sua pele branca.
Não queria admitir de jeito nenhum, só que finalmente percebi que eu gosto dela, talvez tenha gostado dela desde o primeiro encontro, fiquei fascinado por sua beleza, todavia ela me odiou de primeira, foi um choque para mim.
Com alguns acontecimentos consegui a amizade dela, não tinha nenhuma expectativa em um relacionamento amoroso, isso até ontem.
— Droga! Nem sei o que fazer!
Se fosse uma luta difícil eu enfrentaria com um sorriso, porém isso não tem nada de semelhante a uma batalha ou briga, embora não fique nada orgulhoso em admitir, não tenho experiência em romances.
Pensei que Hellen me tolerasse como uma gentileza, afinal ela tem aversão aos semelhantes à minha subespécie bestial, mas ontem ela disse que gosta de mim e até deu um beijo no meu rosto, jamais fiz uma amizade com uma garota antes, então não sei se seu ato foi apenas uma coisa que se faz a um amigo, ou se ela sente um sentimento mais profundo.
Parando para pensar, a possibilidade dela gostar de mim de um jeito romântico é baixa, ela já recusou ser minha amiga uma vez dizendo que decidiu detestar os clãs de lobos, eu aceitei isso sem criticar, a partir daí fiquei cauteloso em me aproximar dela, não queria que ela me odiasse ainda mais.
Por minha causa ela foi sequestrada, em seguida tive êxito em resgatá-la de alguma forma vencendo o rei macaco Jù yuán, foi depois dessa batalha que ela me aceitou como amigo.
Por minha causa Ranpa descobriu seu paradeiro, dei minha palavra que iria protegê-la, afinal devo me responsabilizar por sua situação, já que foi minha culpa em um aspecto geral. Se a felina me dissesse “Eu te odeio” aceitaria seu ódio de bom grado, uma vez que mereço ser odiado por ela.
Estou tão confuso que se a encarar, tenho certeza que vou fugir.
—Ghaaaaa! Droga! O QUE EU FAÇO?
Na minha confusão esfreguei a cabeça em desespero, é a primeira vez que passo por isso.
— Tenho que pensar em outra coisa! Vamos Ferus! Se esforce!
Mais uma vez vejo claramente a imagem de Hellen sorrindo para mim.
— Urgh! Não tem jeito!
É inútil tentar não pensar nela, tenho que procurar outra coisa para fazer, devo ocupar minha mente, “JÁ SEI!” trabalho! Nunca completei uma missão pela guilda de aventureiros, em contrapartida Hiekf já fez tantas que a própria guilda o contrata com frequência.
Vou direto para guilda, isso vai facilitar para subir meu nível, fazem meses que eu não subo os níveis, está decidido, vou para guilda procurar trabalho.
Abri a janela do meu quarto para sair, minha conduta patética me deixa envergonhado, mas não sei o que fazer quando encarar a felina nos olhos, só de pensar nisso minha cabeça fica confusa.
Pulei a janela e pouso tranquilamente no chão.
— Hunf! É melhor ir andando!
— Que diabos está fazendo moleque!
— AAAAAAAH!
Me viro rápido e vejo que é o Hiekf.
— Ah! É só você?
Hiek,f me encara como se eu fosse um idiota.
— Por que pulou a janela? Se você aprontou alguma coisa no restaurante se desculpe com Stela logo, fica pior se você deixar para o tempo resolver.
— Eh? Porque você sempre acha que eu aprontei algo? Isso é bem injusto sabia!
Hiekf, bufou pelo nariz.
— Hun! Isso vindo de alguém que destruiu uma montanha soa como uma desculpa esfarrapada!
— Guh! Va… vamos deixar a montanha de lado!
— Essa é nova! Me explique como se esquece de uma montanha? A sim! A resposta é derrubando ela, Não é mesmo?
Hiekf está realmente bravo, parte é minha culpa, afinal o tratei de forma desrespeitosa ontem de manhã, tenho que me desculpar.
Cocei a parte de trás da cabeça e falei:
— Ehh! Hiekf! Sobre ontem…. eu sinto muito!
Hiekf, retrocedeu a cabeça surpreso, em seguida fechou seus olhos dizendo:
— Sobre isso! Você tem razão Ferus, entendo o porquê ficou tão bravo, eu não te contei nada porque é um assunto mais perigoso do que pensa, só de ter uma pequena informação desse assunto…. em resumo! Vou sair em uma missão longa, quando voltar vou te contar tudo, então…. aguarde até lá.
Vejo que Hiekf está sério com isso, não deveria tê-lo pressionado sobre esse assunto, a tal “chave de não sei o que lá”, parece ser uma coisa mais delicada do que achava.
— Para onde você vai?
— Irei para capital Bérius, vou ter uma audiência com o secretário do rei, Téo Linz.
Agora entendi tudo, esse maldito secretário do rei foi aquele que me pressionou a trabalhar para o reino, Hiekf também deve ter sido pego nisso.
— Hiekf! Eu…. realmente sinto muito — Falei apertando os punhos.
Hiekf, suspirou com tranquilidade e passou a mão em minha cabeça. Ele me trata mesmo como uma criança.
— Ferus! Cuide-se, evite problemas, se for fazer missões na guilda, forme equipes, não subestime os números, uma pessoa mesmo que fraca, pode fazer a diferença em um grande aperto.
Acenei a cabeça concordando com o pedido de Hiekf.
— Você vai ficar bem? — Perguntei aflito.
— Não se preocupe! Estarei acompanhado por Cyous e os outros aventureiros do ranking adamantium, Alba Lepus também vem junto.
Fiquei aliviado ao escutar isso, com essas pessoas a seu lado, Hiekf é praticamente intangível, mesmo para Predatory.
Falei com confiança:
— Faça uma boa viagem!
Claro que Hiekf tinha que preparar suas coisas, mas não queria entrar no restaurante e dar de cara com a Hellen, então saio de fininho dando as costas.
— Ei!
Minhas costas congelaram quando Hiekf me parou, com um sorriso torto olhei para trás, o olhar desconfiado de Hiekf me penetra como uma faca.
— O que você aprontou?
— Não!…. aprontei!…. nada!…. Ok! — respondi com uma veia saltando na minha cabeça.
Ignorando os comentários maldosos de Hiekf fui embora dali clicando a língua, porém podia sentir seus olhos semicerrados em minhas costas.
Antes de tudo, passei em Bartor, um anão ferreiro confiável com quem faço transações.
Hoje tinha um letreiro completo em sua loja, “Martelo de fogo”, esse é nome da oficina.
— Meu deus! Que cafonice miserável é essa? Esse nome é bem babaca!
Fiquei intrigado com o senso de nomes de Bartor, sentia vontade rir em meu íntimo, contudo, isso não vem ao caso, tenho que me focar.
— Mas esse nome…. Pfffts!
Tive problemas para conter meu riso, não como se fosse fazer isso na cara de Bartor, só que é engraçado demais.
Balancei minha cabeça de um lado para o outro tentando manter o foco, ao menos essa situação tirou Hellen da minha mente um pouco.
Entrei na oficina como sempre pela porta da frente, ao abrir, um sino em cima da porta tocou, esses sinos são comuns em algumas lojas no meu antigo mundo.
Sem precisar chamar a porta dos fundos se abriu, Bartor saiu de lá coberto por fuligem como sempre, esse cara é um verdadeiro trabalhador.
Como sempre ele me cumprimenta sem reservas:
— Oho! Ferus! Que bom que apareceu!
Olhei para face de Bartor e notei ele meio abatido, havia bolsões em seus olhos, prova de que ele virou a noite trabalhando, fico feliz que ele seja diligente, mas excesso de trabalho faz mal a sua saúde.
— Ei! Bartor! Você tem que descansar devidamente! Sua aparência está péssima, Você dormiu hoje?
— Oh! Está tão aparente assim? Como pensei, Ficar sem dormir por dois dias inteiros é demais até para um anão! Muahahahahahaha!
— Ei! Ei! Você entende que pode ficar doente com isso?
— Nah! Nós anões somos bem robustos, doenças não são nada para nós, também teve vezes que fiquei uma semana inteira sem dormir, tenho confiança que poderia varar duas semanas sem descanso! Muahahahahahahaha!
Esse cara é louco!
— É melhor você dormir um pouco hoje! Me prometa isso ok!
— Bah! Deixe isso de lado! Enfim, tenho excelentes notícias para você, devido minha súbita empolgação terminei sua armadura um dia antes do prazo!
Arregalei os olhos surpreso com isso, pretendia pegar a encomenda amanhã e já estava contando com algum atraso, todavia esse cara terminou uma coisa complexa como uma armadura em dois dias? Tenho que dar meu louvor.
— Não posso esconder minha surpresa Bartor! Você é mesmo um ferreiro de alto nível.
— Nah! Não foi nada incrível afinal! Apenas descobri que trabalhar com aço negro em forma de chapas finas reduz o trabalho em quase cinquenta por cento.
— Cinquenta por cento? Isso é muito!
— Com certeza é, as chapas finas e padronizadas são muito fáceis de manusear, já sabia que meu trabalho iria acelerar com sua ajuda, só não sabia que seria mais do que imaginei, foi uma benção disfarçada no final das contas. Mudando de assunto! Quer experimentá-la?
— CLARO QUE SIM! — levantei a voz eufórico, mostrando alegria com a notícia.
— MUAHAHAHAHAHAHAHA! Nesse caso me acompanhe!
Obedecendo fui atrás de Bartor, ele passou pela porta dos fundos, segui ele até o local onde ele fabrica as armas, para minha surpresa estava tudo diferente da última vez. A fornalha agora é maior, o ambiente que estava ao ar livre ficou fechado, Bartor expandiu a loja para os fundos, um novo cômodo foi construído sem que ninguém notasse.
— Oooooooh! — Dei meu louvor a essa brusca mudança.
Bartor, parou e disse:
— Garoto! Construí sua armadura pensando em sua forma de combate, embora nunca vi você lutando pessoalmente posso traçar um perfil por informações que a guilda me passou a uns tempos atrás, resumindo! Você é um guerreiro versátil com uma gama enorme de ataques e movimentos, levando em consideração sua arma favorita construí essa armadura!
Bartor, apontou para a armadura, ela estava montada sobre um manequim de madeira, um brilho misterioso brotava daquela armadura, um peitoral de aço negro junto a pequenas ombreiras, as braçadeiras pareciam ser ajustadas para comportar minhas correntes Gleipnir, a proteção inferior consistia em um par de grevas¹ negras que protegiam dos pés até os joelhos, fora isso a armadura tinha uma estética incrível, parecia uma armadura de contos fantásticos.
Fiquei paralisado contemplando aquela obra prima, não conseguia colocar em palavras para descrever o quanto a figura dessa armadura é formidável, um detalhe no cinturão deu um pequeno toque, era a imagem da face de um lobo em alto-relevo, claro que o lobo era negro, já que a cor da própria armadura foi de um negro completo, embora fosse escura seu brilho era visível.
Forcei-me a falar:
— Bar…. Bartor! É…. maravilhosa!
— MUAHAHAHAHAHAHAHA! Sabia que ia gostar! Afinal, vocês jovens dão muita ênfase as aparências, então criei algo bem chamativo na minha opinião.
Não era chamativo, em vez disso a palavra ideal seria, “apropriado”, não existiam pontos exagerados, nem faltas, ela nem era completamente coberta, não possuía elmo e nem proteção para os braços, os antebraços seriam cobertos pelas braçadeiras, mas acima estava exposto, a barriga estava exposta também, as grevas se estendiam até a altura dos joelhos, mas havia proteção para as coxas ligadas ao cinturão.
Não foi uma falta do Bartor deixar essas áreas expostas, ele apenas entendeu que meu estilo de combate se foca também na mobilidade, de modo que ele deixou as articulações livres permitindo-me movimentos intensos. Em outras palavras, essa armadura é perfeita para mim.
Fiquei igual a um idiota paralisado pela beleza daquela armadura, olhei para Bartor sem palavras e depois para a armadura, alternei minha visão entre a armadura e Bartor, até que ele disse:
— Bah! Experimente logo pirralho! Ela é sua! Não precisa de um consentimento meu para vestir sua posse.
Sorrindo até as orelhas corri para a armadura visando experimentá-la, minha velha armadura “caseira” já estava no limite de seu desgaste, enfrentei oponentes fortes com ela, mas o rei macaco foi aquele que causou mais danos.
Sem perder meu tempo peguei o peitoral da armadura em minhas mãos, examinei cada parte minuciosamente, notei então que seu interior era acolchoado, provavelmente para fornecer conforto.
Bartor notou que havia percebido a parte acolchoada da armadura e explicou:
— Bem! Geralmente os aventureiros não se importam com esse detalhe, pois cada grama de peso a menos é uma vantagem na batalha, a parte acolchoada das armaduras proporcionam um peso considerável, mas no seu caso, sua armadura é demasiadamente leve, então optei por investir em algum conforto, note que mesmo assim sua armadura permaneceu leve.
Era verdade, o peso do peitoral em minhas mãos era desprezível, por mais que o aço negro fosse resistente, não conseguia me livrar da sensação de estar segurando um pedaço de plástico, porém, eu sei que o aço negro é muito poderoso.
— Obrigado Bartor, como é a primeira vez que uso uma armadura de metal, sua consideração por esse detalhe prova que é de fato um profissional de primeira!
— Muahahahahaha! Não preciso de seu louvor, embora concorde com suas palavras! Muahahahahaha.
Bartor é uma pessoa interessante, seu jeito de ser pode parecer rude, mas ele é uma pessoa que refresca o espírito de seus amigos, sinto que ele é assim.
— Então! Vou prová-la!
— Fique à vontade lobo negro!
Vesti minha armadura, coube como uma luva, o mais impressionante é a minha aparência, diferente de antes pareço alguém digno de respeito, nunca pensei que uma “vestimenta” mudasse tanto a pessoa, agora pareço mesmo um guerreiro.
Olhei para minhas mãos, as braçadeiras possuem manoplas que se encaixam em minhas mãos perfeitamente, há também lugares nessa braçadeira que sugerem que ela pode comportar a Gleipnir como parte dela, esse Bartor é um extraordinário ferreiro, me pergunto se todos os anões têm um nível igual ao dele.
Embora não seja minha cor favorita, o preto fica bem em mim.
Eu sorri reflexivamente, Bartor notou e disse:
— Bah! Fico feliz que tenha gostado!
Eu ri em meu interior e tirei o dinheiro do meu espaço dimensional para pagá-lo por seu trabalho, o preço foi de duzentas mil moedas de ouro, valeu cada centavo.
Comecei a andar com a armadura e me atentei a um detalhe.
— Ei Bartor! Essa armadura não faz barulho! A armadura de Cyous por exemplo faz um som metálico a cada movimento!
Bartor, riu divertidamente:
— MUAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Você é observador rapaz! De fato, essa armadura não emite ruídos, isso porque ela tem algumas propriedades, uma delas é [Movimento silencioso] uma habilidade que evita ruídos, também existe [Resistência a impactos], uma armadura bem versátil.
Lancei meus olhos na armadura em meu corpo:
— [Avaliação]
Proteção | Bônus | Propriedades | Material |
Armadura de couro leve | +178 DEF | [Movimento silencioso], [Resistência a impactos] Obra prima | Aço negro |
- Movimento silencioso: habilidade de se mover sem causar ou emitir ruídos.
- Resistência a impactos: absorve pequena parte dos impactos causados por alguma forma de atrito.
Isso é incrível! Foi me dito que criar itens com habilidades é uma coisa rara, mas esse cara foi capaz de criar um item com duas habilidades, Bartor é um ferreiro profissional, embora tenha vantagens usando minha magia, não me vejo percorrendo o caminho de um fabricante de qualquer coisa.
Lembrando que possuo a habilidade [Pele de titânio] isso basicamente é uma armadura natural, mesmo assim podem existir habilidades que invalidam as minhas, Hiekf me disse que elas nem são tão raras, então ter uma camada protetora é reconfortante.
Como atingia o nível máximo de perícia nos armamentos que Bartor fabricou, posso usar a Gleipnir com força total agora, nem testei ainda minhas habilidades refinadas com a Gleipnir, melhor aproveitar essa chance para me acostumar novamente a ela, já que tenho evitado seu uso a alguns dias.
Bem! Uma coisa de cada vez!
Primeiro vamos até a guilda de aventureiros pegar uns trabalhos, montar uma equipe se possível facilitaria para mim, também estou preocupado com minhas interações sociais, é uma vergonha admitir, mas devo ser a única pessoa que existente que precisa praticar isso.
Vou encerrar minha visita aqui:
— Bartor! Estou agradecido por sua dedicação, claro, não preciso dizer que farei negócios apenas com você em um futuro próximo, por esse motivo quero prioridade caso faça algum pedido!
— Hunf! Está certo! Criarei um contrato de exclusivo com você, porém também espero que entenda quando lhe pedir certos favores!
Ele está se referindo a minha magia, com certeza deve ser vantajoso para um ferreiro obter certos tipos de matérias que eu posso manipular facilmente, não tenho porque negar um favor, mas é melhor não fazer disso um habito:
— Entendo! Contudo quero que compreenda que não sou alguém tão desocupado (Embora eu seja), por esse motivo responderei a seus “favores” na medida da minha disponibilidade!
— Hanf! É o suficiente!
Bartor estendeu sua mão para mim e eu a apertei firmando um contrato de palavra, claro, não pretendo quebrar minha palavra com ele.
Depois desse firme acordo de palavras, me despedi de Bartor rumo a guilda de aventureiros, não foi difícil chegar lá tendo como ponto de partida a oficina de Bartor, levou cerca de vinte minutos a pé, pensando nisso, esse país não tem um sistema de transporte de passageiros dentro das cidades, apenas quando se vai de uma cidade a outra, por isso, mesmo que a cidade seja grande, andar é o maior meio de transporte, não estou aborrecido por andar, mas é irritante levar tempo para fazer uma coisa que poderia ser mais rápida.
O prédio da guilda de aventureiros, como sempre impressionante, embora exista lugares nessa cidade que ainda não fui, acho que este é de longe o maior dos prédios.
As pessoas da rua me encaram muito “Huhuhu” a armadura negra me deu um certo ar de imponência afinal, é meio infantil da minha parte esse pensamento, mas eu fiquei bem legal nela, parece que para ser usada por mim — Bom! Ela foi feita para mim afinal, affs!
Dei um sorriso apertado chegando a uma conclusão óbvia, foi um desperdício pensar sobre isso.
Entrei na guilda de aventureiros e como sempre o local estava lotado, mas hoje em especial havia o dobro de pessoas que normalmente vinham, foi até difícil passar por todos, com alguma dificuldade desviando de um e de outro e me espremendo entre eles, cheguei ao mural de missões.
Vi uma enorme mensagem que se destacava sobre as outras, com a palavra “urgência máxima” estampadas ali:
Subjugação de monstros na capital.
Quantidade de pessoas para contratação: indeterminado.
Recompensas: avaliada mediante os esforços apresentados.
Ranking mínimo para missão: nenhum.
Eu não entendia direito o porquê desse alarde, então perguntei a alguém próximo, por sinal um bestial canino estava ali perto, os cabelos de eram bem distintos, com um castanho claro e uma mecha branca, tirando esse fator peculiar ele parece um cara comum.
— Com licença! Poderia me explicar por que essa missão está tomando tanta atenção?
O homem que parecia estar na casa dos vinte anos me respondeu sem me confrontar com os olhos:
— Uh! Como posso explicar?…. veja bem, a capital possui um exército particular, na verdade dois, o exército real e a guarda real, seriam três exércitos se contássemos a milícia de Bérius, mesmo assim, eles estão pedindo ajuda?… só posso pensar o pior!
Em outras palavras, para um pedido assim vir da capital, é sinal de que a coisa está feia.
“Droga! Hiekf vai para lá!”
Suspirei em meu pensamento e rezei por sua segurança.
Agora tinha uma vaga ideia do motivo de no qual Cyous e Donovan foram chamados.
— Obrigado pela explicação! — Agradeço ao homem que me explicou.
— Disponha!
O homem me respondeu com um sorriso ao olhar para mim, contudo ele teve uma reação exagerada ao me confrontar:
— Eh? Eeeeeeeeeeeh! Por um acaso você é Ferus?
O homem torcia o rosto surpreso, a reação dele me assustou um pouco, porém respondi:
— Si… sim! Por um acaso sou eu! Você me conhece?
— Guh! E quem não? Afinal você é o bestial mestiço que está enfrentando a Predatory. Sua fama deve estar a par da coelha branca!
“Ei! Ei! Isso é exagerado!”
Ser comparado a uma aventureira lendária de um país pode ter uma repercussão cansativa para mim.
Os demais ali pararam seus afazeres e começa a me perfurar com seus olhares admirados, os cochichos foram audíveis:
— Ho! Então é ele! O famoso lobo negro!
— Sim! Aquele que venceu a aberração de espinhos!
— Aberração de espinhos? Não se espera menos de alguém que venceu Laruk Tigar!
— Mesmo o legendário Jù yuán foi frustrado por ele!
— Que se foda! Esse maldito lobo explodiu a montanha de Lenor! Ele deveria estar preso ou melhor, ser executado!
O último comentário fez doer meu coração, claro que não podia refutar a acusação, muito menos fingir que a culpa não era minha, embora não me arrependa do que fiz, ainda penso que poderia ser evitado.
O homem com o qual iniciei a conversa, me afrontou com um olhar apaixonado, eu reflexivamente dei um passo para trás.
— Vo…. Vo…. Você é mesmo o lobo negro?
O homem pegou minhas mãos e começou a balançar sem parar, senti um certo desagrado, mas foi uma ação inofensiva depois de tudo, com um sorriso torto pedi:
— Hmm! Poderia soltar minha mão! Não me sinto confortável com um homem me tocando!
O homem soltou rápido minha mão em embaraço, coçando a cabeça com vergonha ele fez uma apresentação que não pedi:
— Olá, meu nome é Mike! Prazer em conhecê-lo, lobo negro Ferus.
Esse sujeito não me parece ser má pessoa, contudo sinto-me constrangido com o lisonjeio gestual dele, ele parece com um cara comum que de repente viu um astro famoso e pediu seu autógrafo.
Não acho que eu mereça tanta credibilidade assim, de fato enfrentei membros da Predatory e tal, porém foi tudo para meu benefício, não fiz nenhuma colaboração altruísta, simplesmente segui com o fluxo depois dos eventos.
Ainda assim, não existe motivo para ser rude ou carrancudo, devo prestar esclarecimentos depois, mas tenho que ser cordial acima de tudo.
— Como você mesmo apontou, sou Ferus! E é um prazer conhecê-lo senhor Mike, mas gostaria de guardar as lisonjas para uma outra ocasião!
— Uh? …. eu…. eu entendo! — Mike disse enquanto percebeu sua maneira atípica de agir.
Dessa vez ele suspirou fundo e fez uma face normal, fiquei intrigado com sua habilidade de recuperar a compostura.
— Então! Senhor Ferus, como havia dito antes, é um prazer conhecê-lo — Respondeu Mike, com um sorriso cordial.
Esse cara! Ele é mesmo aquele de uns minutos atrás?
Mike colocou sua mão em seu queixo e ponderou por alguns segundos, observei sua conduta tentando avaliá-lo:
— [Avaliação]
STATUS | ||
Nome: Mike | Raça: Bestial cão (mestiço) | Gênero: Masculino |
Idade: 19 anos | Classe: Guerreiro | Nivel: 47 |
Força: | 135 | Resistência | 93 | ||
Agilidade | 98 | Destreza | 80 | ||
Sabedoria | 100(MAX) | Inteligência | 132(MAX) | ||
Carisma | 100 | Poder Mágico | 224 |
Pontos de Vida | 186 | Mana | 448 |
Ataque | 117 | +34 | Defesa | 86 | +45 |
Equipamentos:
Arma | Bônus | Propriedades | Material |
Espada de Aço | +34 ATQ | – 0 – | Aço temperado |
Proteção | Bônus | Propriedades | Material |
Peitoral de couro batido | +45 DEF | – 0 – | Couro de Javali deviante |
Perícias:
Saltar NV 01, Escalar NV 04, Sobrevivência NV 07, Esportes NV 01, Concentração NV MAX, Herbalismo NV 07. |
Habilidades:
Status, Pele resistente NV 03, Liderança NV 03 |
Habilidades Especiais:
Aptidão para magia NV 07 |
Habilidades Mágicas:
Afinidade com elementos NV 06 |
Magias:
Muralha de rochas, Lança de fogo, Bola de fogo, Feixe relâmpago, Rajada relâmpago, Criar água, Criar água maior, Congelar |
“Hmm! Nada mal! Não posso me usar como referência já que sou uma fraude, no entanto esse cara é do tipo que deu duro para chegar onde está, uma coisa me incomoda, esse cara deveria ser um mago mediante a esse status, porém ele é um guerreiro!…. Bom! Não é como se eu pudesse perguntar suas circunstâncias, nem mesmo tenho essa intimidade”
Olhei para o rosto de Mike, agora tenho uma noção do porquê ele agiu eufórico na minha presença, ele é um mestiço, já que sou considerado um (O que não é verdade), ele deve me idolatrar ou coisa parecida, uma vez que os mestiços são friamente tratados em Lemur.
Sorrindo, balancei minha cabeça positivamente e falei:
— Eu não sou um exemplo como você pensa, mas mesmo assim é um prazer conhecê-lo.
Mike recebeu minha sinceridade com um sorriso irônico, mas não fez nenhum ato de reprovação, ao contrário, ele propôs uma coisa surpreendente:
— Senhor Ferus….
— Por favor! Apenas Ferus, apesar de não parecer, tenho quatorze anos, ser chamado de senhor me deixa um gosto amargo na boca.
— Desculpe. Reformulando….. Ferus! Gostaria de fazer uma equipe comigo e meus companheiros?
— !….
Tive que pensar um pouco na resposta seguinte.
1 – Greva uma parte das armaduras antigas que tinha como finalidade proteger as pernas, geralmente das canelas até a altura dos joelhos.↑