Farme! Brasileira

Autor(a): Zunnichi


Volume 2

Capítulo 34: Vampiresco

Lucas preparou uma lâmina de vento que voou na direção da vampira, cortando apenas de raspão seu rosto, então a ferida desapareceu subitamente, sendo fechada num piscar de olhos. 

Aquele efeito causou certo calafrio no rapaz, significava que qualquer magia que usasse não funcionaria. Era uma habilidade roubada demais, de fato.

— Que inconveniência… quase desarrumou meu cabelo… — provocou a vampira, começando a dar passos na direção dos dois e apontando sua unha longa na direção de Lucas — Farei questão de trazer muita dor por tentar isso!

Ele engoliu seco, mas como a ameaça era direcionada a si, não afetou a mulher ao seu lado. Viviane preparou um conjunto de espinhos no punho e atirou vários em sucessão.

A maioria errou, enquanto os que tinham a menor chance de acertá-los foram dispersados com o balançar de sua mão, redirecionando-os para cima.

A mulher de cabelo prateado soltou um longo sorriso, daqueles que congelavam até a alma, e foi nesse momento que Viviane reparou numa coisa importantíssima: eles estavam fodidos.

De última hora, ela se virou para trás e começou a correr. Lucas encarou as costas da mulher indo embora, seu corpo foi apoderado por uma raiva genuína e gigante.

Ela prometeu que faria isso, mas ser dessa forma também era demais! Antes que pudesse reclamar ou xingar aquela vagabunda por ter ido embora, uma esfera sombria voou em sua direção.

Lucas deitou no chão, evitando ser atingido. A magia atingiu o asfalto, criando um novo buraco para a já péssima rua daquele bairro. 

"Merda, agora eu tô fodido! Ela não vai me deixar sair da zona tão fácil, especialmente se eu for correndo!"

Mordeu os lábios, sem noção nenhuma do que fazer, até reparar na forma como ela se mexia. Estava andando, brincando com a comida para encurralar. 

Uma lâmpada acendeu em sua cabeça. Precisava abusar disso, e sabia exatamente como fazer. Com a magia Demolir, ele escolheu um pequeno pedaço do chão e usou sua magia. 

Ele andou na mesma direção, continuamente usando seu poder para quebrar o que estivesse abaixo da linha da rua, criando um fosso improvisado. 

Deu a volta na região quebrada, apenas dando um jeito de atraí-la para a armadilha. 

— Você pode se entregar logo e assim eu termino meu trabalho de uma vez… — falou a vampira, agora irritada por sua presa ficar quieta e não se desesperar, tornando a brincadeira tediosa.

— Infelizmente, não é assim que a banda toca. Se você me deixasse viver seria melhor… ou que tal ir atrás daquela mulher lá? Ela é alvo fácil.

— Não, claro que não. Você me ofendeu, logo, não teria ninguém mais além de você para ser minha vítima…

— Pera, pera! Isso também é pra sacanear, eu só fiz isso porque você ameaçou me matar!

— Ora, esse é o estado natural das coisas… matar uns aos outros e continuar como o mais forte…

"Essa cabeça dura não vai me ouvir mesmo, então que caia no buraco!"

Aconteceu assim como previsto, a vampira pisou em cima da parte frágil da rua e o chão se abriu. Ela despencou rumo as profundezas, e quando bateu no final, tudo o que viu acima era a pequena luz do exterior.

A janela de fuga surgiu, Lucas correu para dentro do prédio logo atrás de si e fechou as portas. Ele ouviu barulho de garras arranhando o concreto, e com uma velocidade desengonçada, vestiu sua armadura de morcego dentro da bolsa o mais rápido possível.

O som ficou mais alto, junto do desespero de Lucas que teve que sacar o restante de suas armas e abrir a Loja dos Heróis para pegar algum equipamento ou consumível adequado.

Ele criou uma técnica numa velocidade impossível para os padrões normais, mas isso só aconteceu porque era simples demais para precisar pensar em outra coisa.

Não era planejado enfrentar um monstro desse calibre, mas não tinha jeito, precisava de apressar. Ele pegou dois itens em específico da loja.

 

3x Poção de Invisibilidade 

5x Água Benta

 

Água Benta

Consumível

 

Uma mistura de ervas e magia divina, que culminou numa fórmula suprema para repelir demônios e mortos-vivos.

 

Sem ideia direito do que fazer, ele derramou a água em cima do fio do sabre e da katana, para em seguida também jogar em cima das suas luvas. Dois fracos a menos, sobraram três. 

Uma pancada forte, a porta da frente do prédio colidiu contra o elevador do outro lado da sala. A luz no teto fraquejou, os olhos de Lucas encararam aquela fera demoníaca cheirando o ar em busca dele. 

Os dois trocaram olhares, a vampira avançou num salto, piscando na posição original que estava e reaparecendo pouco a frente do rapaz. 

Ele levantou o sabre e rebateu as garras da mulher, pingos da água benta caíram sobre a pele da mulher, manchando sua pele com marcas de queimadura.

Depois de guinchar como um tipo de monstro, ela recuou, enquanto Lucas remexia o pulso dolorido pela pancada. A habilidade Contra-ataque salvou uma parte de seu corpo pelo visto.

Outro avanço em sua direção, ele desviou com um passo rápido para o lado, inclinando todo seu corpo junto assim como Amora havia ensinado. 

As unhas pegaram de raspão, cortando parte da armadura no processo e manchando uma parte de seu corpo com arranhões pequenos. Um segundo ataque no mesmo lugar e uma parte de seu tronco iria embora.

Lucas respirou fundo, ficando na guarda do boxe e guardando ambas as armas na bainha. Uma de suas mãos estava na altura da cintura, no mesmo lugar que pôs o sabre, só que escondido entre seus dedos estava um frasco. 

A vampira veio para cima novamente, e mesmo que não conseguisse acompanhar a velocidade, sua reação veio a tempo de retrucar a ferida.

Assim que ela ficou a pouco metros de si, Lucas levantou a mão e deu um tapa no rosto dela, colidindo a água benta escondida em uma lapada divina.

O estralo da batida foi tão alto que as vidraças do prédio tremeram com o som, enquanto a mulher voou e derrubou um muro de concreto no processo.

O rapaz não queria saber como ela estava, muito pelo contrário, se tivesse morrido nisso seria um alívio enorme para sua vida! Outra vez ele fugiu, aproveitando a nuvem de fumaça para repensar seu plano. 

Se chegasse a tempo no prédio, retornaria para casa e estaria seguro enquanto não voltasse para a zona de novo. Por hora, manteria isso na cabeça, dando um passo mais largo que o outro em direção a saída. 

Se Lucas tivesse tanta sorte quanto antes de receber o reset, ele teria chegado a tempo, mas nessa ocasião aconteceu o completo oposto. 

Um punho pesado bateu na suas costas como uma pedra. Ele caiu e rolou pelo chão, tonto pela dor, levantando-se apenas pelo surto de adrenalina que corria pelo cérebro.

Olhando para o lado em que recebeu o ataque, avistou a vampira de volta, metade de seu rosto queimado por efeito da água benta. 

Lucas mordeu a língua, queria xingar tudo no mundo por esse monstro ser tão insistente assim. 

Limpou um pouco do sangue escorrendo pela bochecha por conta dos cortes recebidos na queda, sacando rapidamente o sabre e a katana de novo, derramando água benta sobre as duas de novo.

Ainda era impressionante que essa maldita entregava tempo para se preparar, como se ainda insistisse em brincar com a comida depois de tudo.

“Brincar? Calma… sangue! É isso! Ela não quer me matar pra sugar todo o meu sangue!”

Reparar isso trouxe um longo sorriso ao seu rosto. Ele partiu para cima da mulher, que continuou a caminhar até ver um par de lâminas curvas caírem em sua direção, forçando-a a esquivar com um salto para trás. 

Era esperado que ele viesse de novo com um novo golpe, mas ao invés de vir dois ataques, uma espada voou em sua direção.

Lucas lançou sua katana em linha reta, cravando-a no ombro da mulher por pura sorte. O choque repentino da vampira deu janela para outro golpe certeiro, o sabre deslizou de baixo para cima num movimento confuso e sinuoso. 

Só que aquilo era demais, a mulher tirou a arma presa no ombro com o braço e pegou Lucas pelo pescoço, só para afundá-lo contra o asfalto num impacto brutal que criou um novo buraco naquela rua já em mau estado.

As costas do rapaz imploraram por um tempo, uma pausa naquele esforço repetitivo, no entanto não receberam nada. O rapaz segurou seu sabre e levou até a outra mão, fazendo uma ferida que escorresse bastante sangue.

Isso causou reação imediata na vampira, movida pelo cheiro intenso e sabor de ferro, ela agarrou a mão de Lucas e mordeu, sugando rapidamente as substâncias ali.

No entanto, esse foi seu pior erro. Lucas já havia pego equilíbrio de novo, ele ergueu o sabre para o alto, que estava revestido por água benta e possuía um brilho transparente trêmulo.

 

Lâmina de Vento

 

Aumenta drasticamente a velocidade e capacidade cortante de uma arma.

 

O sabre arrancou a cabeça da vampira do lugar, que rodopiou no ar antes de cair a alguns metros atrás. A expressão detrás do rosto caído da mulher era de medo, quem sabe algo que ela viu pouco antes de morrer.

Lucas respirou fundo, chutando o cadáver em pé da vampira, inclusive com medo que ela fosse misticamente reviver do mais absoluto nada. 

Ele enfaixou sua mão com alguns pedaços de roupa guardados na sua mochila e, por garantia, pegou suas duas armas para picotar alguns membros da vampira.

Estava com tanto medo dela realmente voltar que considerava melhor deixá-la o mais debilitada possível para evitar qualquer problema. Foi então que as telas surgiram.

 

Você subiu de nível! 5x

 

Moeda de Invocação - Morcego

 

Você matou um Lorde Vampiro. Você ganhou o título “Matador de Vampiros”.

 

Matador de Vampiros

Dado somente aqueles que enfrentaram uma grande e difícil batalha contra um poderoso vampiro. Enquanto em combate com quaisquer criaturas vampirescas, aumenta os atributos em 30%

 

As recompensas lhe agradaram, especialmente a parte da moeda. Lucas caiu de bunda no chão, pegando logo alguma poção de cura entre suas reservas e jogando para dentro da garganta junto de uma medicina.

As duas agiriam por um tempo para ao menos cicatrizar parte da ferida, depois precisaria de mais uma dose para ser totalmente curado.

Ele pegou a moeda no chão e a encarou. O símbolo de um morcego. Assim como da primeira vez, girou a moeda no ar, que se dissipou no mesmo instante, no entanto ao invés de aparecer apenas um morceguinho, outra coisa aconteceu.

 

Escolha entre dois tipos de morcegos:

 

Morcego Alfa

Morcego Ancestral.

 

“Dois tipos…? Eu não lembro de ter isso. Bem, não sei se vai influenciar muito, então vou com o segundo.”

 

Morcego Ancestral escolhido.

Gerando invocação. . .

 

?????

Vampiro Ancestral ; Nível 0

Habilidades; Padrão Evolutivo Aprimorado (S), Sentidos Aprimorados (C), Mordida Vampírica (F)

 

Um morcego surgiu na frente de Lucas. Ele tinha uma aparência estranha, com vários traços vermelhos correndo pelo corpo. Quando analisou a tela, percebeu também o símbolo que definia seu gênero.

— Espera, tu é homem?!? Porra… agora não posso chamar de Mila! 

O morcego inclinou a cabeça, sem entender direito. 

— Tá, vou te dar um nome… será Kula! Que tal? Ótimo nome, né?

O morceguinho negou com a cabeça, entregando sua própria noção de autopreservação.

— Ok, ok… Drak, melhor? 

Agora sim o bichinho concordou. Ele bateu suas asinhas ao redor, observando seu próprio mestre como se tentasse entendê-lo.

— Certo, eu tenho um pedido a você, Drak — disse Lucas, pegando o animal peludo. — Eu preciso que você fique aqui matando monstros, especialmente morcegos, e pegue todos os itens que eles deixam, ok?

A criatura revirou os olhos, um claro sinal de preguiça e desaprovação com o pedido. Lucas suspirou, colocando-o de volta no chão.

— Se fizer isso, eu te dou meu sangue, pode ser?

Enfim aquilo atraiu o animal, suas orelhas esticaram para cima quando foi oferecida a proposta, e sem reclamar ele foi na direção dos prédios para caçar.

Resolvido isso, Lucas enfim pode andar tranquilamente na direção da saída da zona, porém havia uma pessoa lhe esperando logo ali: Viviane. 

Ele revirou os olhos, sequer comentou alguma coisa com ela, e assim os dois saíram da zona. Era um dia horrível para Lucas, quase morreu de novo e uma maluca ficou perto de ferrar com seu plano.

A vida não dava o braço a torcer para Lucas, não importasse o que.



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