Volume 3

Capítulo 8: O Melhor Amor para Iniciantes

   Já fazia cerca de uma semana desde o fim da viagem com Yui.

   Em outras palavras, fazia cerca de uma semana desde que a Yui e eu nos tornamos oficialmente um casal — e, nesse tempo, aprendi algo novo sobre ela.

   Minha namorada é um amorzinho.

   Veja quando vamos ao supermercado, por exemplo. Ela fica olhando de soslaio para a minha mão, como se estivesse louca para segurá-la.

   Mas ela ainda está com vergonha de dizer qualquer coisa, então apenas mexe os dedos, corando e parecendo preocupada.

   Esse lado da Yui é incrivelmente adorável, e embora parte de mim queira ficar olhando para ela para sempre, eu acabo cedendo e dizendo algo como:

“Quer dar as mãos?”

“Sim!”

   Ela se ilumina com o sorriso mais brilhante e acena com a cabeça entusiasmada — então gentilmente envolve a mão dela na minha, um pouco hesitante, mas claramente feliz.

   Quando olho para baixo e vejo seu sorrisinho tímido enquanto ela me espia por baixo dos cílios abaixados, é honestamente a coisa mais fofa do mundo.

    Mesmo quando estou na cozinha preparando ou cozinhando o jantar, ela costumava terminar de ajudar e voltar direto para sua dose diária de vídeos de gatos. Mas agora, na maioria das vezes, ela fica ao meu lado.

   Não consigo exatamente segurar a mão dela enquanto cozinho, então, em vez disso, dou um cafuné na cabeça dela sempre que tenho um intervalo. E toda vez, ela aperta os olhos com um sorriso satisfeito e se inclina um pouco.

   Isso também é dolorosamente fofo.

   Depois do jantar, quando ficamos à vontade na minha casa, fazendo o que nos dá vontade.

   Yui pode estar assistindo a vídeos ou a um filme no meu laptop, ou, mais recentemente, fazendo alongamentos, já que está preocupada em não se exercitar o suficiente. Enquanto isso, estou geralmente deitado na cama com meu celular, encostado na parede.

   Mesmo quando estamos fazendo nossas próprias coisas, sempre consigo ver seus olhares furtivos para mim, com as bochechas rosadas.

“Quer vir sentar aqui do meu lado?”

“Sim!”

   Ela corre até mim com o laptop, senta-se bem ao meu lado e se aconchega no meu ombro com um sorriso feliz enquanto assiste ao resto do vídeo.

   Então, conforme se aproxima a hora de voltar para seu apartamento, ela começa a se mexer e a lançar olhares solitários para o relógio.

   Mesmo tentando não ser muito pegajosa, fazendo o possível para se conter, essa determinação por si só a torna ainda mais doce e cativante.

   ...Sinceramente, se eu começasse a listar tudo, não teria fim — minha namorada é realmente uma bolinha de carinho.

   Não é como se Yui se agarrasse a mim, fizesse birra ou algo assim. É que ela é tão naturalmente honesta e não consegue esconder completamente o quanto gosta de mim — e é isso que a torna tão incrivelmente fofa.

   Desde que nos tornamos um casal, não só nossa proximidade física aumentou, como acho que nossa distância emocional também diminuiu.

   A Yui parece não perceber — como se simplesmente vazasse sem que ela percebesse. Quando eu menciono, ela apenas parece confusa e diz um tímido “...desculpa”.

   Mas, honestamente, não consigo deixar de amar o quão carinhosa minha namorada é.

   Dito isso, nunca namorei ninguém além de Yui e também não ouvi muitas histórias de romance de outras pessoas — então talvez eu ache que ela seja super carente, no meu próprio e limitado contexto.

   Eu estava pensando nisso enquanto caminhava pelas ruelas barulhentas de um bairro de bares ao anoitecer.

   Como eu ainda não tinha dado a Kei e Minato as lembrançinhas da viagem a Shuzenji, Yui e eu decidimos passar no Blue Ocean antes que abrisse para entregá-los e avisá-los que tínhamos começado a namorar.

“Então, acho que finalmente devo dar os parabéns, né?”

“Bem... sim. Graças a você.”

   Dei uma resposta vaga e tímida do meu lugar no balcão, e Kei se inclinou para frente com um sorriso curioso e assentiu satisfeito.

   A propósito, Yui e Minato estavam lá fora, no terraço, conversando. Eu estava com vergonha de falar com os dois ao mesmo tempo, então nos separamos assim.

   Com o relatório pronto e meus agradecimentos entregues, soltei um suspiro e senti o peso sair dos meus ombros.

“Bem, esse seu ritmo estranhamente lento, mas anormalmente rápido, é definitivamente o auge do Naomi.” Kei soltou sua risada descontraída de sempre.

   Não consegui entender se aquilo era um elogio ou uma provocação, mas como ele parecia estar se divertindo, apenas agradeci vagamente e deixei por isso mesmo.

   Pensando bem, já fazia uns quatro meses e meio desde que conheci Yui.

   Nós nos aproximamos gradualmente, sem pressa.

   Nos víamos quase todos os dias e, durante esse tempo, tivemos muitos momentos que nos aproximaram emocionalmente também.

   Eu não tinha certeza se tínhamos nos aproximado rápido ou devagar — mas festival de fogos de artifício, churrasco na praia, uma viagem juntos e, de repente, um namoro... sim, eu conseguia entender por que, da perspectiva do Kei, parecia que começamos a sair de repente.

“Então, as coisas progrediram em termos de relacionamento?”

“...Bem, não exatamente.”

   Ao ouvir minha resposta vaga, Kei inclinou a cabeça e soltou uma risada.

“É bem a sua cara, Naomi — sem pressa.”

   Parecia que ele estava insinuando: “Vocês viajaram, se confessaram um para o outro e nada aconteceu?” — e eu não tinha certeza absoluta de que ele não estava falando sério.

   Claro, se você nos comparar a casais de dramas, mangás ou romances modernos, acho que podemos parecer um pouco atrasados.

   Mas, honestamente, Yui e eu temos sido perfeitamente felizes juntos, do jeito que somos. Acho que estamos indo bem.

[Del: Lento, mas constante, vai na calma~]

   Claro, acho Yui atraente como garota, e não é como se eu não tivesse interesse em expressar afeição fisicamente com alguém que amo.

   O jeito como ela tem baixado a guarda e se aconchegado em mim ultimamente é incrivelmente adorável — tanto que nem consigo descrever o efeito. Definitivamente desperta algo em mim.

[Kura: Te entendo…]

   Mas sei que Yui não está fazendo essas coisas porque ela está pedindo para levar o relacionamento adiante — é apenas sua maneira de demonstrar amor naturalmente. E é por isso que não quero cruzar os limites nem forçar as coisas da minha parte.

   Como Yui diz “eu te amo” para mim tão abertamente e porque ela confia em mim, não quero transformar essa confiança em uma desculpa para satisfazer meus próprios desejos.

   Acho que Yui conseguiu se abrir e se apaixonar por mim porque eu sempre fui assim.

   É por isso que — mesmo depois de nos tornarmos um casal — quero ter certeza de que ela se sinta segura e feliz perto de mim.

   Isso é algo em que acreditei desde o começo, e ainda acredito.

“É isso que funciona para nós. É quem somos.”

   Eu disse com um sorriso, e Kei pareceu levemente surpreso, depois riu alto novamente.

“Bem, contanto que você esteja feliz, é tudo o que importa. Parabéns novamente.”

“Obrigado, de verdade. Você me ajudou muito — então é sério.” Rimos e batemos os punhos como sempre.

“Mas ei, saia comigo às vezes também, okay? Não posso deixar a Lady Villiers te roubar para sempre.”

“Claro. Não seja idiota.”

   Brincando, brindamos com o coquetel sem álcool que Kei tinha feito para mim.

 

   Enquanto isso, no terraço...

 

“...Espera aí, ele se confessou para você nesse tipo de clima superemocional? Que loucura...” As bochechas de Minato estavam rosadas enquanto ela se inclinava sobre a mesa em minha direção, maravilhada.

“B-Bem, quero dizer... ele confessou, mas eu também...”

   Foi nossa primeira viagem a sós. O caminho de bambu suavemente iluminado, recém-saídos da fonte termal e em nossos yukatas, e o pico da chuva de meteoros Perseidas no topo de tudo — tudo se alinhava para o momento romântico perfeito.

   Para mim, tinha sido a confissão dos sonhos por excelência, mas aparentemente a maneira de Minato se expressar foi “superemocional”.

   Ela provavelmente quis dizer emocional no sentido inglês, e a maneira como se inclinou para a frente com tanta animação me disse que ela definitivamente quis dizer isso no bom sentido.

   Sophia também disse que era “uma situação perfeita e excessivamente doce,” então ouvir Minato dizer o mesmo me ajudou a entender que, sim, realmente tinha sido uma confissão bastante ideal.

   Tentando me acalmar, tomei um gole do chá gelado que Minato havia trazido.

“Então, depois das confissões... o que aconteceu depois?”

   Recostando-se na cadeira, Minato girou o gelo em seu copo com um canudo, com os olhos cheios de expectativa enquanto me olhava.

“Hum... depois disso, sentamos em um banco por um tempo e assistimos à chuva de meteoros... depois voltamos para o nosso quarto, ainda de mãos dadas...”

“Sim...?”

“Juntamos nossos futons de novo...”

“Okay...”

“E nós simplesmente... ficamos assim, de mãos dadas...”

“Mhmm...”

“...e dormimos juntos.”

   De alguma forma, consegui dizer tudo, com a voz praticamente trêmula. Meu rosto estava queimando — pensei que pudesse realmente pegar fogo de vergonha.

   Mas, como ela esteve lá por mim e me deu conselhos, eu sabia que precisava contar a ela direito, mesmo que parecesse que eu ia morrer de humilhação.

“Espera, é isso?”

   Minato piscou confusa, sua expressão vazia de descrença.

   Déjà vu.

[Kura: O que elas esperavam? kkkk]

   Eu não tinha conseguido ver o rosto dela pelo telefone, mas conseguia imaginar vividamente Sophia fazendo exatamente a mesma expressão no Reino Unido.

   Meu rosto finalmente começou a esfriar um pouco.

“M-Mas, tá? Dormir ao lado de alguém que você ama de mãos dadas... é, tipo, realmente incrível...! Dá a sensação de que você vai derreter, sério...”

“É, quer dizer... tenho certeza de que isso é legal e tudo, mas...”

   Tentei desesperadamente fazer com que Minato-san entendesse o quanto tudo aquilo tinha sido tocante para mim.

   Já fazia uma semana desde que comecei a namorar Naomi, mas em vez de me acostumar, acabei me apaixonando mais por ele a cada dia.

   Quando estou no meu apartamento, procuro desculpas para mandar mensagem para ele. À tarde, começo a ficar animada para ir às compras com ele. Mesmo depois de passarmos o dia inteiro juntos, voltar para a minha casa sozinha depois do jantar me faz sentir insuportavelmente solitária.

   Mas me esforço para não deixar essa solidão transparecer, para não preocupá-lo — e toda vez, Naomi percebe e segura minha mão gentilmente ou faz um carinho na minha cabeça. Isso faz meu coração palpitar da maneira mais doce e me enche de carinho.

“Escute, Minato-san. Imagine só. Segurando a mão da Suzumori-san, dormindo pacificamente juntos assim.”

“Espere, por que eu imaginaria isso—?”

“Simplesmente faça. Vamos lá. Feche os olhos e imagine direito.”

“O-Okay... claro...”

   Quando a incentivei com firmeza, Minato-san obedientemente fechou os dois olhos e assentiu levemente.

   Alguns segundos se passaram.

   Enquanto eu tomava um gole do meu chá gelado, ela abriu os olhos lentamente.

“...Sim, okay. Desculpe. Isso pode ser meio perigoso.”

   Ela disse isso suavemente, corando e parecendo sem graça.

   Vê-la simpatizar com o que eu sentia a fez parecer ainda mais cativante, e meu coração deu um aperto forte.

   Eu quase quis perguntar mais a ela, mas por enquanto, me contive e assenti orgulhosamente com renovada confiança.

“É por isso que, para mim, só isso já é mais do que suficiente.”

“Quer dizer... sim, eu entendo que você esteja muito feliz, mas mesmo assim...”

“Mas?”

“É verdade que você é superfofa, e seu lado honesto e inocente é definitivamente um ponto forte. Mas... você acha que o Katagiri está realmente bem com isso?”

“Hã? O que você quer dizer com ‘bem’...?”

“Bem, não é como se eu já tivesse namorado alguém, mas... é só algo que ouvi das garotas da loja...”

   Minato-san olhou para mim com uma expressão séria.

   Seu tom me acalmou instantaneamente, me tirando do meu tom romântico. Eu me endireitei e esperei em silêncio que ela continuasse.

“Elas disseram: ‘Se você não der valor ao amor de um cara, outra garota vai roubá-lo eventualmente.’”

“O quê...? R-Roubá-lo...?”

   Engoli em seco, atordoada pelas palavras que eu nem havia considerado.

   Senti meus olhos se arregalarem e meu rosto endurecer.

   Claro, estou incrivelmente feliz e realizada agora, mas... nunca perguntei ao Naomi se ele sente o mesmo.

   Ele segura minha mão, faz cafuné na minha cabeça, cozinha para mim...

     Espera... será que estou sendo mimada esse tempo todo...!?

   Perceber isso me atingiu com um caminhão.

   Pensando bem, até Shinjou-san disse uma vez que Naomi era “um verdadeiro partido”. Não é que ele socialize ativamente, mas quando alguém conversa um pouco com ele, é fácil perceber o quão charmoso ele é. E se outra pessoa notasse isso... e se outra garota...

“Ah... aaah...!”

   A cor sumiu do meu rosto de repente.

   E se Naomi dissesse: “Eu me apaixonei por outra pessoa”...?

“D-De jeito nenhum...! Eu não quero isso! Eu odeio isso! O-O que eu devo fazer...!? Tem algo que eu possa fazer para impedir isso...!? Huweeeee!!”

“Espere! Calma!! Okay!? Você está se precipitando, ainda não terminamos a conversa!!”

“N-Não terminamos!?”

“O que eu queria dizer é o seguinte: é por isso que, para garantir que ele continue te amando, você também precisa se esforçar! Você está bem, Yui — então, por favor, não chore! Okay!?”

[Kura: Olha o que você fez Minato, a menina vai morrer em lágrimas agora.]

   Minato-san pulou do seu assento e correu até mim, tentando freneticamente me acalmar enquanto eu estava à beira das lágrimas.

“O Katagiri te adora, então ele não vai a lugar nenhum! Okay!?”

Huweeeee...! M-Mas... Minato-saaaaaan...!!”

   Ela pegou minhas mãos nas dela e repetiu várias vezes que tudo ficaria bem.

   Achei que vi Naomi e Suzumori-san espiando de dentro da loja, preocupados — mas eu não tinha condições de me importar com isso agora.

   Depois que Minato-san os dispensou com um gesto frenético de “Xô! Xô!,” ela segurou meu rosto com as mãos e fez o possível para me trazer de volta à realidade.

“D-Desculpe... Eu simplesmente perdi a cabeça...”

   Eu não esperava desmoronar daquele jeito, e agora meu rosto queimava de vergonha enquanto eu abaixava a cabeça e tomava um gole de chá gelado.

“Mas... acho que entendi o que você estava tentando dizer.”

   Finalmente consegui me acalmar e encarar o conselho dela com a mente lúcida.

“Não acho que seja sobre alguém roubando ele... É mais que talvez eu tenha me apoiado demais na gentileza do Naomi. Provavelmente é por isso que o que você disse me atingiu tanto.”

“Yui...”

   Sorri gentilmente para Minato-san, tentando não cair na negatividade e aceitando a verdade das palavras dela.

   Eu realmente amo o Naomi.

   É por isso que quero vê-lo sorrir também.

   Se ele diz que me ama, então quero fazê-lo feliz de maneiras que só eu posso — como namorada dele.

“Quero me esforçar ao máximo para que o Naomi continue me amando.” Eu disse isso de coração.

“Sim. Acho que essa é a abordagem certa. Apegue-se às suas partes boas.”

“Sim, às minhas partes boas...”

   Acenei para Minato-san e pensei.

     Quais são as minhas partes boas? As partes que o Naomi ama?

   As partes que preciso proteger para poder ficar com ele de agora em diante.

     …...Hmm?

     Agora que penso nisso... que parte de mim o Naomi ama?

   Ele já disse “eu te amo” muitas vezes, mas acho que nunca disse exatamente o que ama em mim.

   Eu poderia citar cem coisas que amo nele... mas não conseguia pensar em uma única coisa sobre mim que ele já tivesse mencionado.

   Na verdade, quanto mais eu pensava nisso, mais parecia que ele sempre era quem fazia as coisas por mim — eu estava apenas sendo mimada e adorada.

   De repente, percebi — e isso me atingiu como um trem de carga.

“Minato-san, o que eu faço...? Eu realmente posso levar um fora, afinal...”

“Hã!? Espera, de onde surgiu isso!? Sem choro! Você está bem! De verdade, tá?!”

   Minato-san imediatamente correu para me confortar novamente, assim como antes, enquanto eu chorava.

     Se o Naomi terminar comigo agora... não terei escolha a não ser estudar no exterior de novo...!

   E então renunciarei ao romance para sempre e me tornarei uma monge na Índia...

   Ou talvez eu me mude para a Austrália e viva cercada por animais selvagens. Isso também parece legal.

   Sophia sempre foi gentil comigo, então tenho certeza de que ela me deixaria fazer isso se eu chorasse bastante…

[Del: Volta pra realidade, Yui!!! Ela está se perdendo em seu mundinho… | Kura: Não sei se rio ou choro, mas alguém salva essa criança!]

“Eu tive a ideia perfeita... Eu vou virar um gato... Aí posso trabalhar em um café para gatos... Que plano maravilhoso... Ahaha...”

“Yui? Volte agora, okay? Heeey?”

   Percebendo que eu havia me perdido além da racionalidade, Minato-san sorriu calorosamente, estendeu a mão e acariciou minha cabeça gentilmente, me puxando de volta à realidade.

   Ela me serviu outro copo de chá gelado e me entregou. Tomei um gole, como ela instruiu, e finalmente voltei à realidade.

“Bem, sabe, é esse seu lado honesto que a torna tão amável. Você deveria se dedicar mais e se apoiar mais no Katagiri.”

“Mas eu já estou me apoiando tanto nele... Se eu for além, será a ponto de precisar de cuidados em tempo integral...”

   Ainda não convencida, murmurei, e Minato-san soltou um pequeno suspiro, dando de ombros.

“Então talvez... você pudesse simplesmente beijá-lo?”

“...Fweh? Um.. b-b-beijo?”

   Sua sugestão inesperada me deixou com a boca entreaberta, congelada no lugar.

“Se você fizesse isso, aposto que o Katagiri derreteria completamente. Ele ficaria todo apaixonado.”

“A-Apaixonado...?”

   As palavras dela vieram tão do nada que senti meu rosto esquentar rapidamente. Pensei que vapor pudesse realmente sair dos meus ouvidos.

   Em pânico, agitei as mãos e balancei a cabeça com força.

“D-De jeito nenhum, quer dizer... o Naomi não é assim!”

“Ele ainda é um cara, não é? Estou te dizendo, se você fizesse isso, ele ficaria emocionado. Honestamente, mesmo se ele não fosse um cara, acho que ainda ficaria feliz em receber um beijo de alguém tão fofa quanto você.” Ela disse como se fosse óbvio, dando de ombros novamente.

“E-Então... Minato-san, você ficaria feliz se eu te beijasse...?”

“Quer dizer, sim — se for você, eu ficaria feliz.”

[Kura: Rapaz, essa obra está se distorcendo kkkk]

   Ela apontou para a bochecha, brincando, e deu um sorriso travesso.

   Mesmo sabendo que ela estava me provocando, aquele sorriso fez meu coração palpitar um pouco.

   ...Claro, eu já pensei em coisas assim antes.

   Mas, como alguém totalmente nova no amor, só dar as mãos me deixa feliz, receber carinho na cabeça me derrete... Eu nem entendo o que um beijo acrescentaria a isso.

   Só de estar perto da pessoa que amo, sentir seu calor — isso já é mais do que suficiente para fazer meu coração transbordar.

     ...Embora às vezes... eu me pegue desejando que ele me abraçasse gentilmente daquele jeito...

   Mesmo assim, não entendo completamente o que esse sentimento significa.

   Eu realmente amo ele. E a ideia de beijá-lo... não me incomoda.

   Posso dizer isso com certeza.

   Mas não sei que tipo de sentimento é apropriado para algo assim... e definitivamente não parece certo fazer isso só para garantir que ele continue me amando.

“...Eu realmente sou uma criança, não é mesmo...”

   Tentando rir da minha incerteza, as palavras escaparam com um sorriso amargo.

   Sophia me disse isso uma vez, e ficou comigo desde então — como um pequeno espinho no meu peito.

   Ainda há tantas coisas que não entendo. Quanto mais penso nelas, menos sinto que sei.

   Ao me ver assim, Minato-san riu baixinho.

“Você é realmente honesta e sincera, Yui.”

“Huh...?”

   Inclinei a cabeça e Minato-san me deu um sorriso gentil, com os olhos suavizando.

“Eu também não sei sobre coisas como ficar entediada na relação ou ser roubada. Mas sei que só de ver você se dedicar de corpo e alma a amá-lo seria mais do que suficiente para deixar o Katagiri feliz.”

“Minato-san...”

“Então tenha confiança no quanto ele te ama. Eu garanto.”

   Ela disse isso com aquele sorriso gentil e confiante que era tão Minato.

   A pessoa que eu amo me aceita como eu sou. Ele me encara, não importa que tipo de pessoa eu seja.

   É por isso que preciso fazer o mesmo — ser honesta, ser eu mesma.

   Me deixei levar pela empolgação de ser namorada dele e esqueci algo tão importante. Preciso refletir sobre isso.

“Se eu puder ser um pouco mais honesta... e se isso fizer o Naomi feliz... então sim, eu gostaria.”

   Murmurei, colocando delicadamente a mão sobre a pulseira no meu pulso esquerdo.

   É difícil acreditar em mim mesma... mas consigo acreditar nas palavras de Minato-san.

   E a pessoa por quem me apaixonei é tão sincera.

   Então, acho que quero tentar — só um pouquinho — ser mais honesta com meus sentimentos.

   Só esse pensamento dissipou a tristeza que nublava meu coração. Minha visão parecia mais brilhante, mais aberta.

   O sol quente da tarde, o murmúrio suave do rio atrás do bar — tudo apareceu como se eu finalmente os estivesse vendo direito.

“O Katagiri é um cara de sorte. Ser amado por alguém tão honesta quanto você.”

“Se estamos dizendo isso, então acho que o Suzumori-san também tem muita sorte.”

“Se eu tivesse tanto charme quanto você.”

“Você é mais do que charmosa o suficiente, Minato-san. Posso te garantir isso — você deveria acreditar.”

“Haha... bem, se você diz, então acho que preciso acreditar.”

   Quando respondi às suas palavras anteriores, Minato-san piscou em surpresa, depois sorriu e deu de ombros.

   Nós duas rimos alto juntas — e então a porta do terraço se abriu e Naomi colocou a cabeça para fora.

“Parece que está quase na hora de abrir. É melhor irmos.”

“Mm, certo.”

   Acenando para Naomi, levantei-me do meu assento com Minato-san.

   Enquanto ela caminhava à nossa frente para nos guiar para fora, virou-se e apontou para o palco dentro do bar.

“Yui, você deveria vir cantar da próxima vez — com Katagiri no piano.”

“Claro. Vou convidar o Naomi e praticar uma peça de jazz.”

   Trocando essa promessa com Minato-san, fiz uma pequena reverência para Suzumori-san no balcão do bar e fui com Naomi fazer compras para o jantar.

 

 

Traduzido por Moonlight Valley

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