Volume 1
Capítulo 7: Algo Como um Encontro em uma Loja Especializada em Chá
Quando Naomi entrou na sala de aula e se sentou à sua carteira, ele encontrou Yui já sentada ao seu lado.
“Opa, bom dia.”
“Bom dia, Katagiri-san.”
Enquanto Naomi a cumprimentava, Yui desviou brevemente o olhar do celular que estava mexendo e deu uma resposta curta, depois rapidamente voltou seu olhar frio para a tela em sua mão.
Kei, que estava observando a breve conversa, deu um tapinha no ombro de Naomi com um olhar sentimental.
“Para a Lady Villiers realmente responder a uma saudação — isso é um grande avanço.”
“A maioria das pessoas não ignora alguém que diz “olá”, sabe?”
“Claro, mas mesmo que não seja ignorar completamente, costumava haver uma atmosfera fria, certo? Só de deixar isso de lado já é um progresso.”
Kei riu e deu alguns tapinhas leves no ombro de Naomi.
E era verdade — exatamente como Kei disse, Yui não parecia nem de longe tão tensa quanto quando chegou.
Ela ainda não era do tipo que conversava com todo mundo indiscriminadamente, mas antes que percebessem, ela já fazia parte do grupo de meninas. Mesmo durante o intervalo do almoço, ela era vista comendo pão da cantina da escola com suas amigas.
Da perspectiva de Naomi, ela ainda era um pouco desajeitada, mas comparada à fria “Kuuderella” que havia sido no início, ela havia se integrado à turma surpreendentemente bem.
“Você também poderia ser um pouco mais gentil, Naomi. Você senta ao lado dela e, tecnicamente, ainda será o mentor dela.”
“Eu te disse, se a Villiers não está tendo problemas, então não há necessidade de eu intervir.”
Ele desviou o rosto de Kei enquanto respondia, apenas para seus olhos pousarem no perfil de Yui — e seus olhares se encontraram.
Então, como se quisesse evitar seu olhar, Yui se virou friamente e olhou pela janela do outro lado.
O motivo estava no que havia acontecido na noite anterior:
“Na escola, continuamos as coisas como antes? Nenhuma mudança na forma como nos tratamos...?”
Yui franziu a testa enquanto tomava uma xícara de chá após o jantar, reagindo à sugestão de Naomi.
“Se as pessoas descobrirem que você vem aqui todas as noites e que jantamos juntos, vai ser uma grande confusão.”
Naomi coçou a ponta do nariz, com os olhos voltados para o teto enquanto ele falava.
Em uma escola cheia de adolescentes, boatos como esse se espalhariam como fogo na palha.
E a cada nova versão, a história só se tornaria mais escandalosa — até se tornar algo sério. Dependendo de como a fofoca se desenrolasse, poderia até levar a complicações em relação ao seu status como aluna exemplar ou aluna de intercâmbio internacional.
Não havia nada suspeito ou impróprio acontecendo — nenhum envolvimento romântico — mas Naomi achou que seria mais inteligente evitar problemas desnecessários por completo.
“Não poderíamos simplesmente... não contar a ninguém?”
“Bem, sim, mas até mesmo parecer que somos próximos pode gerar boatos irritantes.”
“Rumores irritantes?”
“Coisas como pessoas pensando que estamos namorando.”
“Ah... entendi o que você quer dizer.”
Os olhos de Yui, antes franzidos, de repente esfriaram quando ela baixou o olhar.
“Não me importo com o que os outros pensam. Mantenho minhas próprias decisões. Mas... não quero que você passe pelo tipo de julgamento e processo sufocante que experimentou no Reino Unido.”
Quando Naomi disse isso com convicção, Yui pareceu momentaneamente surpresa — e então deu um sorriso fraco e autodepreciativo.
“...É. Não são exatamente boas lembranças.”
Ser tratada com preconceito e ser alvo de sussurros em uma comunidade escolar unida — era frustrante e exaustivo.
Naomi já havia lidado com um pouco disso, só porque ele morava sozinho no ano passado, então ele tinha alguma ideia de como aqueles olhares podiam ser irritantes.
Yui, por outro lado, era uma linda estudante de intercâmbio. Gostasse ou não, ela se destacava. Ela atraía atenção independentemente de suas intenções.
E ela havia sofrido a ponto de precisar sair de casa.
Naomi não queria que ela passasse pelo mesmo tipo de julgamento sombrio novamente.
Foi por isso que ele achou melhor manter o relacionamento deles em segredo.
“...Eu entendo o que você quer dizer e sei que está fazendo isso por mim... mas mesmo assim—”
As mãozinhas de Yui se apertaram com força no colo.
Com um sorriso fraco e conflituoso — como se estivesse escondendo algo — seu pensamento inacabado finalmente escapou:
“...É difícil me manter firme quando sua gentileza só me faz sentir vergonha.”
Ela sussurrou com uma voz que soava terrivelmente solitária.
◇ ◇ ◇
“Ei, Kei. Você acha que tem coisas que — mesmo sendo boas — é melhor não dizer em voz alta?”
Era hora do almoço no refeitório. Naomi falava enquanto mexia a comida dele, parecendo mais como se estivesse refletindo do que perguntando.
Kei congelou no meio de levar o macarrão soba à boca e piscou surpreso para Naomi.
“Nossa, o que foi isso do nada? Não me diga que você arrumou uma namorada e não disse uma palavra?”
“Não é isso. É algo do trabalho — só uma consulta que recebi.”
Quando Kei se inclinou, claramente curioso, Naomi dispensou o assunto com uma resposta pré-planejada que ele mesmo havia pensado para o caso de precisar.
Kei sorriu, mas assentiu genuinamente enquanto sorvia seu soba e começava a pensar seriamente na pergunta de Naomi.
“Bem, como você sabe, meu negócio familiar me coloca em contato com muitas pessoas que têm problemas. Então, acabei aceitando que os relacionamentos humanos são simplesmente confusos assim.”
“É realmente tão comum no trabalho noturno?”
“Há muitas pessoas normais, mas também muitas não tão normais. Quer dizer, quem decide o que é ‘normal’, afinal?”
[Kura: Aproveitando a palavra, você quem decide o que é normal para a sua vida. Então haja como se sentir confortável.]
Kei riu pelo nariz, como se não fosse grande coisa.
“É falta de educação meter o nariz em coisas que as pessoas claramente não querem falar. Um dos motivos pelos quais me dou bem com você, Naomi, é porque você consegue esse tipo de distanciamento.” Kei riu baixinho, e Naomi não conseguiu evitar um sorrisinho em resposta.
Kei sempre ajudou nos negócios da família e, talvez por isso, fosse mais tranquilo e maduro do que a maioria das pessoas da sua idade.
Ele valorizava manter uma distância respeitosa e nunca forçava a entrada na vida dos outros. Naomi sabia que toda aquela atitude de “cara brincalhão” e a vibe leve que Kei emanava eram algo que ele mantinha deliberadamente, e admirava genuinamente o quão naturalmente atencioso Kei era. Eles simplesmente combinavam.
Naomi não se via nem de perto tão maduro, mas ser reconhecido assim não era ruim.
“Bem, no fim das contas, não é sobre se ficar quieto ajuda a proteger o que realmente importa?”
Kei deu de ombros ao concluir, depois sorveu outro gole de soba.
“O que realmente importa, hein...”
Naomi repetiu as palavras baixinho, como se as saboreasse.
O que mais me importa é garantir que Yui não precise se sentir sufocada novamente — para que ela possa sorrir livremente.
Yui dissera que sentia pena dele, mas Naomi nunca fazia nada por ela só para parecer bem na frente dos outros. Ele nunca queria reconhecimento. O que importava mais era não deixá-la viver uma vida sufocante, especialmente depois de vir até o Japão.
...Mas então, com o que a Yui se importa mais?
Essa pergunta, provocada pelas palavras de Kei, persistia em sua mente — junto com o som solitário da voz de Yui no dia anterior.
O vago desconforto que Naomi carregava desde o dia anterior começou a tomar forma, e ele sentiu que finalmente viu o começo do que precisava dizer a ela. Ele olhou para cima.
“Obrigado, Kei. Você é mesmo maduro.”
“Se isso é tudo o que é preciso para ser adulto, o nível está muito baixo. Mas aí, você pode me agradecer com um bom pudim de leite gelado.”
“Entendi. Te pago depois.”
Enquanto Naomi dava uma risada leve e respondia, grato pelo conselho sincero, Kei se inclinou com um sorriso provocador e estreitou os olhos.
“Então, ela é sua namorada ou não? Finalmente oficializou?”
“Você não disse que gostava que a gente respeitasse os limites um do outro?”
“Eu não sou de bisbilhotar, mas dar indícios e depois se calar... isso é maldade, sabe?”
“Bem, quando você coloca dessa forma...”
Naomi hesitou. Kei o ajudara a resolver as coisas, e ainda assim ele não estava oferecendo nada em troca. Isso não lhe caía bem.
Mas também foi ele quem sugeriu a Yui que mantivessem as coisas em segredo. Não parecia certo ser o primeiro a romper o acordo.
“Relaxa, estou só brincando. Não se preocupe. Quando estiver pronto para conversar, eu estarei aqui. Quer dizer, também não é como se eu te contasse tudo, né?”
Ao ver Naomi realmente lutando com o dilema, Kei lançou-lhe um sorriso revigorante e piscou.
Naomi retribuiu o sorriso, grato por Kei ter intencionalmente aliviado a tensão.
“Você é mesmo um cara legal, Kei.”
“Ouvir isso de você? Esse é o maior elogio que eu poderia pedir.”
Kei riu alto, sua habitual mistura de humor e cordialidade à mostra.
E enquanto Naomi o observava, ele se pegou pensando que também queria ser mais parecido com isso. Ele guardou o conselho de Kei cuidadosamente em seu coração.
◇ ◇ ◇
E então, depois da escola.
Naomi foi em direção a um banco perto do rio, do outro lado da estação em relação à escola. Quando ele chegou, viu que Yui já estava lá, sentada, mexendo no celular.
“Desculpe por fazer você esperar.”
Yui percebeu que ele se aproximava e rapidamente guardou o celular no bolso do blazer enquanto se levantava.
“Sem problemas. Acabei de chegar.”
“Certo. Vamos. Siga-me.”
Yui assentiu levemente e os dois começaram a caminhar lado a lado.
Eles escolheram um ponto de encontro longe da escola para evitar os olhares dos colegas. Após cerca de quinze minutos de caminhada, chegaram a uma antiga rua comercial que os moradores chamavam de Bashamichi.
A rua era pavimentada com tijolos vermelhos e os postes de luz a gás davam ao lugar um charme nostálgico. Apareceu até em guias turísticos locais. O nome Bashaamichi — literalmente “Estrada das Carruagens” — veio da época em que carruagens puxadas por cavalos costumavam passar por ali. Hoje em dia, tornou-se uma longa extensão de vitrines em prédios modernos.
“Desculpe por te chamar assim de repente.”
“Tudo bem. Eu não tinha planos. Mas... para onde exatamente estamos indo?”
“Minha prima me deu um voucher de desconto como desculpa por ter desistido outro dia.”
“Um pedido de desculpas por ter desistido...?”
Yui inclinou a cabeça levemente, confusa, enquanto continuavam juntos pela Bashamichi. Logo chegaram em frente a um prédio de aparência antiga que abrigava seu destino.
Uma placa acima da porta dizia “Toffee”, e Naomi empurrou delicadamente a charmosa porta de madeira.
“Uau... o cheiro é incrível...”
Yui olhou ao redor do interior aconchegante e retrô, o nariz se contraindo enquanto o aroma elegante de chá enchia o ar.
Prateleiras ao longo da parede estavam forradas com dezenas de variedades de folhas de chá cuidadosamente embaladas. Abaixo do balcão, havia uma vitrine refrigerada exibindo bolos, scones e biscoitos artesanais — combinações perfeitas para o chá.
“Este lugar... é uma casa de chá?”
Guiada até uma mesa, Yui sentou-se e olhou ao redor, com os olhos brilhando.
“Sim. É uma loja especializada, conhecida por aqui por servir chás realmente bons. Nunca tive a oportunidade de visitá-la sozinho, mas como minha prima me deu o voucher, pensei: por que não?”
Havia cerca de vinte lugares lá dentro e, para o fim da tarde, estava bastante movimentado. A popularidade fazia todo o sentido, dada a atmosfera.
Naomi explicou enquanto ele pegava o cardápio colocado na mesa e o abria para Yui.
“Como agradecimento por vir, peça o que quiser.”
“Obrigada? Na verdade, sou eu quem sempre conta com você...”
“Eu já te disse: vale para os dois lados. Vamos lá, viemos até aqui, então não se contenha. Peça o que quiser.”
Naomi deslizou o cardápio com delicadeza, mas firmeza, em sua direção e, embora parecesse um pouco nervosa, os olhos de Yui cintilaram enquanto ela começava a folhear as páginas com seriedade.
Naomi se inclinou para olhar também do outro lado, mas o cardápio estava cheio de palavras estrangeiras rebuscadas que ele não reconhecia. Mesmo olhando as fotos, ele não tinha certeza do sabor da maioria dos pratos.
Ainda assim, apesar de tudo parecer sofisticado, os preços eram surpreendentemente razoáveis e, com a atmosfera aconchegante do lugar, era o tipo de restaurante que deixava qualquer amante da comida animado.
“Então... hum, acho que vou por este.”
Depois de olhar o cardápio de um lado para o outro com as sobrancelhas franzidas, Yui timidamente apontou para o item original recomendado pelo restaurante.
[Del: ‘Watalappan: É uma sobremesa popular do Sri Lanka, um pudim cremoso feito com leite de coco, ovos, jagra (açúcar de palma) e especiarias como cardamomo, cravo e noz-moscada. A sobremesa é conhecida por sua textura macia e sabor rico, com notas de coco e especiarias, além do dulçor característico do jagra.]
“Watala...ppan? O que é isso?”
“Eu também nunca tinha visto antes, mas está listado como recomendação do restaurante, e a foto parece muito boa.”
A foto do cardápio mostrava algo como um bolinho em um pires, com a palavra “Recomendado!” impressa em negrito acima. Definitivamente parecia ser uma das especialidades da casa.
“Então vou pela torta de maçã caseira deles.”
Assim que fecharam os cardápios, uma garçonete, que os observava de perto, aproximou-se para anotar os pedidos. Para as bebidas, escolheram o chá de ervas recomendado, servido em bule.
Enquanto a garçonete se afastava para os fundos, Yui olhou ao redor da loja, claramente incapaz de conter sua crescente excitação.
A expressão confusa que ela tinha antes havia desaparecido sem deixar vestígios. Agora ela estava radiante de expectativa, observando as prateleiras de folhas de chá e espiando a cozinha aberta. Ela até cheirou o ar, claramente encantada com o aroma sutil do chá em infusão.
Então, como se algo lhe tivesse ocorrido, pegou o celular e rapidamente o percorreu, concordando com a cabeça após um momento.
“Aparentemente, Watalappan é um pudim ao estilo do Sri Lanka.”
“Então, basicamente, é um tipo de pudim. Você gosta de pudim?”
“Sim, estou realmente com expectativa.”
Yui assentiu ansiosamente, seus lábios se contraindo em um sorriso tenso, mas animado. Naomi sorriu de volta.
Ela costumava perguntar coisas como “O que é água da torneira?” mas agora pesquisava no celular com facilidade.
Até suas mensagens de texto, que antes eram um pouco forçadas, agora vinham salpicadas de emojis fofos — provavelmente ensinados por suas colegas de classe.
Garotas do ensino médio realmente se adaptam rápido, pensou Naomi, no momento em que a garçonete retornava com uma bandeja.
“Uau... é lindo...”
Yui suspirou de admiração, seus olhos brilhando enquanto ela exalava de alegria.
Sobre a mesa, havia um bule de chá elegantemente desenhado e duas xícaras combinando.
O chá dentro, uma mistura de ervas transparente de cor âmbar, exalava um aroma doce com um toque refrescante de menta.
O Watalappan — um pudim do Sri Lanka, o prato principal da loja — foi servido em uma pequena xícara de metal, coberto com uma generosa porção de sorvete de baunilha e calda.
A torta de maçã de Naomi fumegava à sua frente, recém-assada com uma bola de sorvete de baunilha derretendo por cima, tornando-a ainda mais atraente.
“Quer tirar uma foto para comemorar? Pode ser, né?”
“Sim, vamos.”
Yui rapidamente abriu seu aplicativo de câmera e, depois de espiar a tela, apertou o botão alegremente.
Com um clique, a câmera capturou Naomi do outro lado da mesa.
“Espera aí, por que eu? O que você vai fazer com isso?”
“Hã? Achei que estávamos tirando uma foto comemorativa... Espera aí, você estava falando da mesa?”
“Quer dizer, é... não era para lá que a conversa estava indo?”
“D-desculpe... não estou muito acostumada com esse tipo de coisa...”
Com as bochechas coradas, Yui ajustou o ângulo às pressas e tirou uma foto adequada da comida na mesa.
Ela verificou a imagem, assentiu satisfeita e então olhou para a foto errada de Naomi — agora imersa em pensamentos.
“Hum... devo apagar esta?”
“Hã? Não, não precisa, mas... por que perguntar?”
“Bem, pensei que seria uma boa lembrança de hoje, já que vim aqui com você. Parece um pouco de desperdício apagá-la...”
Olhando para ele com olhos de cachorrinho levemente arrependidos, ela o encarou esperançosa.
Naomi não era muito de fotos, mas ele imaginou que seria bobagem fazê-la apagar a foto agora que já estava tirada.
“Se quiser ficar com ela, eu não me importo.”
“Então ficarei feliz em ficar com ela — obrigada.”
Sorrindo docemente, Yui guardou o celular com uma ponta de entusiasmo.
Uma garota bonita como Yui poderia ter fotos que valessem a pena guardar, mas Naomi imaginou que o rosto dele estava apenas desperdiçando o espaço de memória do celular dela.
Ainda assim, se fazia parte das memórias de hoje... bem, ele podia deixar passar.
“Certo, vamos começar?” “Sim, vamos.”
Eles apertaram as mãos como sempre faziam e acenaram um para o outro antes de começar.
Yui pegou a colher e ficou pairando sobre o Watalappan, sem saber por onde começar, antes de cuidadosamente pegar um pedaço e levá-lo à boca.
“Mmm...! É tão gostoso...”
Cobrindo a boca com uma das mãos, seus olhos se arregalaram de surpresa antes de se suavizarem em puro êxtase enquanto ela gentilmente acariciava a bochecha com a palma da mão.
A sobremesa tinha três camadas dentro do copo — um creme levemente adocicado, um pão de ló embebido em calda e sorvete de baunilha derretendo por cima. Tudo se misturava perfeitamente em sua boca, realçando cada sabor.
O gosto era de felicidade mesmo. Yui saboreou cada mordida lentamente antes de pegar outra colherada, soltando outro gemido suave e doce.
“...Nossa, isso é incrível.”
Naomi deu uma mordida em sua torta de maçã e não conseguiu evitar dizer em voz alta.
A massa fina e crocante da torta combinava com o sorvete de baunilha derretido, e o recheio de maçã picante e o creme se fundiam perfeitamente em sua boca.
Enquanto o aroma e a doçura do açúcar granulado e da canela em pó polvilhados por cima subiam até seu nariz, Naomi não conseguiu evitar um suspiro suave.
Quando ele tomou um gole do chá de ervas morno, seu sabor leve e não muito doce se combinou com a menta refrescante para limpar seu paladar, tornando muito fácil voltar direto para a sobremesa com sua faca e garfo.
“Naomi-san, por favor, experimente esse também.”
“Você também, Yui — experimente um pouco do meu.”
Elas trocaram de pratos e, quando cada uma deu uma mordida com a colher, suas vozes se sobrepuseram em deleite, ambos saboreando o sabor com reações semelhantes.
“Não é à toa que este lugar é tão popular.”
“Sim, estou honestamente surpresa com o quão delicioso tudo é.”
Pela primeira vez, os dois estavam igualmente animados enquanto compartilhavam seus pensamentos.
Naomi observou o sorriso genuinamente alegre de Yui e assentiu com satisfação.
“Você finalmente sorriu.”
“...Hã? Finalmente?”
Yui inclinou a cabeça, confusa com o comentário discreto de Naomi.
“Você tem olhado para baixo desde ontem, até hoje. Então, imaginei que se eu te trouxesse para comer algo saboroso, talvez você sorrisse de novo.”
Vendo Naomi suspirar de alívio, Yui entendeu o que ele estava dizendo e deu um sorriso fraco e ligeiramente preocupado.
“...Você me trouxe aqui para me animar.”
Ela encolheu os ombros com um sorriso caloroso, tocada pela preocupação dele, mas também se sentindo um pouco culpada por tê-lo preocupado.
“Eu estava refletindo sobre como lidei com as coisas ontem. Eu queria consertar as coisas. Desculpe por forçar minha sugestão daquele jeito.”
“Não, você não precisa se desculpar. Eu entendo que você fez essa sugestão pensando nos meus melhores interesses. Sou eu quem deveria me desculpar... por ser egoísta.”
Yui balançou a cabeça gentilmente, ainda parecendo um pouco envergonhada.
Naomi olhou para a mesa e abriu a boca lentamente, lembrando-se do conselho que Kei lhe dera.
“Eu pensei sobre isso... Qual é a coisa mais importante para você?”
“Para mim...?”
“Sim. O que é mais importante para você, Yui?”
Ele repetiu as palavras dela e olhou diretamente em seus olhos azuis, assentindo com convicção.
Embora um pouco envergonhado, ele a encarou diretamente, sem desviar o olhar.
“Para mim, o que mais importa é que você possa sorrir e viver feliz. Foi por isso que percebi... que não te fazer sentir triste é a coisa mais importante para mim.”
“…Sim. Você já fez tanto por mim, Naomi-san.”
Yui assentiu levemente, com as bochechas rosadas.
“Então, se te dói esconder o fato de que eu me importo com você... então talvez... você poderia manter nosso relacionamento em segredo, pelo meu bem?”
“Pelo seu bem...? O que você quer dizer com isso?”
Yui franziu as sobrancelhas, sem entender o que Naomi queria dizer.
Pigarreando, Naomi respirou fundo e a olhou nos olhos novamente.
“Você disse que se sente culpada porque estou fazendo tudo isso por você, certo? Mas eu não quero te ver triste. Então, pensei que talvez se você estiver fazendo isso ‘pelo meu bem’ — nos mantendo em segredo — talvez seja um pouco mais fácil para você.”
“Naomi-san...”
“Mas sim... provavelmente é só mais um pedido egoísta meu.”
Os olhos de Yui se arregalaram levemente.
Não havia dúvidas na mente de Naomi — o que mais importava para ele era o sorriso de Yui.
Ele não se importava se os outros soubessem o que ele estava fazendo por ela. Contanto que Yui entendesse, bastava.
Então, ele esperava que ela aceitasse isso como um pedido dele, algo com o qual pudesse concordar sem se sentir sobrecarregada.
Ouvindo isso, Yui soltou uma risadinha suave e sorriu calorosamente, relaxando os ombros.
“Esse é um tipo de egoísmo bastante forte.”
“É, do pior tipo, na verdade.”
Eles trocaram o mesmo sorriso levemente envergonhado.
Mas a expressão de Yui não parecia mais sombria.
“Obrigada. Você é realmente gentil, Naomi-san.”
“Eu não sou gentil. Sou apenas egoísta.”
Ele deu a mesma resposta que usara antes, quando ela disse a mesma coisa, e os dois caíram na gargalhada.
Yui soltou um longo suspiro de satisfação e estreitou os olhos para ele com um sorriso gentil.
“Mas é um pouco injusto. Se você diz assim, como eu poderia dizer não?”
“É mesmo? Então acho que está resolvido.”
“Sim. Vamos manter isso entre a gente— um segredinho só para nós.”
Abraçando sua lógica egoísta como algo precioso, Yui sorriu suavemente.
Enquanto bebiam o chá de ervas quente, suas respirações suaves se misturavam ao vapor e, mais uma vez, compartilhavam a mesma risada silenciosa.
“Mas... foi um choque você pensar que meu humor melhoraria só por me alimentar com algo delicioso.”
[Moon: Todos nós não é mesmo?]
Yui fez um leve beicinho enquanto acariciava a borda de sua xícara de chá.
“Bem, a primeira vez que você sorriu na minha frente foi quando comeu karaage, lembra?”
“Is-isso é... porque sua comida estava boa demais, Naomi-san...”
Sua voz sumiu e ela olhou para baixo, envergonhada pela observação precisa.
Seu beicinho era meio adorável, e Naomi coçou a ponta do nariz dele, dando de ombros.
“Nesse caso, acho que não tem jeito.”
“Sim... acho que não tem jeito mesmo.”
“De qualquer forma, vamos comer?”
“Sim, vamos.”
Com essas palavras, Yui pegou sua colher e Naomi, seu garfo, e eles se aproximaram de seus pratos.
Enquanto compartilhavam as sobremesas incrivelmente doces e deliciosas, saborearam tanto os sabores quanto o tempo tranquilo e tranquilo juntas.
◇ ◇ ◇
E então, na manhã seguinte.
“Yo, bom dia.”
“Bom dia, Katagiri-san.”
Assim como no dia anterior, Naomi cumprimentou Yui, que já havia chegado e estava sentado ao lado dele. Yui ergueu os olhos do celular que estava mexendo e respondeu com uma resposta curta e seca.
Então, rapidamente voltou seu olhar frio para a tela em sua mão.
Kei, observando a conversa se desenrolar da mesma forma que no dia anterior, soltou um suspiro cansado.
“Vamos lá, Naomi. Você não tem mais nada a dizer? Tipo: ‘O que você comeu no café da manhã?’ ou algo assim?”
“Eu também não falo sobre esse tipo de coisa com você, né? Além disso, é assim que a gente é. Está tudo bem.”
“Cara, você é muito distante emocionalmente às vezes.”
Enquanto conversavam como no dia anterior, Yui olhou de soslaio para eles.
Então, tão sutilmente que só Naomi notou, ela deixou um pequeno sorriso surgir nos cantos dos lábios — antes de se virar para a janela do outro lado, assim como fizera no dia anterior.
Traduzido por Moonlight Valley
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