Volume 1
Capítulo 6: Confiança, Resolução, e Um Pouco de Suporte
Na noite seguinte, durante o jantar.
O interfone tocou e, quando Naomi abriu a porta, Yui estava lá, exatamente no horário.
“Desculpe-me por... hum, me intrometer? Não, espere... pedir licença para entrar? Ou talvez...?”
“Entre logo.”
Resmungando sua versão original da frase “desculpe-me por incomodar” enquanto inclinava a cabeça em confusão, Yui entrou com o convite de Naomi.
Ela usava um suéter leve e uma saia — roupas casuais, diferentes do uniforme escolar que Naomi estava acostumado a vê-la usar. Foi uma mudança revigorante.
Ele pensara a mesma coisa quando foram comprar o celular dela. Com seu visual descolado e elegante, Yui realmente combinava com roupas elegantes e femininas.
“Desculpe o atraso. Precisei começar a lavar roupa antes de vir.”
“Sem problemas. Você poderia ter me mandado uma mensagem.”
“Eu não queria te incomodar. Estava ansiosa pelo seu porco com gengibre, Naomi-san.”
Ela apertou as mãos pequenas e assentiu com determinação.
De volta ao supermercado mais cedo, Naomi lhe enviara uma mensagem:
“Estou pensando em porco com gengibre para o jantar. O porco está barato hoje. Isso serve?”
“Sim.”
Esse foi o fim da conversa. Ele esperou um pouco, caso ela tivesse mais a dizer, mas nada mais veio. Era difícil dizer como ela se sentia só com isso, então saber agora que ela estava ansiosa por isso foi um grande alívio.
Como era a primeira noite do jantar combinado, Naomi havia cogitado fazer algo extra especial — mas isso frustraria o propósito em termos de custo e esforço. Então, no final, ele decidiu simplesmente seguir o cardápio habitual.
Yui ficou em silêncio ao lado dele, espiando suas mãos.
“Posso ajudar em alguma coisa?”
“Então... você poderia cortar o repolho que vai à parte?”
“Com uma faca...? Que aventura e tanto para começar...”
A expressão tensa de Yui e sua inspiração brusca fizeram Naomi perceber que era uma má ideia e a interrompeu rapidamente.
“Tudo bem, então peço que você ajude com a louça mais tarde. Por enquanto, vá com calma.”
“Desculpe por não ajudar muito... mas farei o meu melhor limpando.”
“Está tudo bem. Você pode aprender as coisas aos poucos.”
Ele disse isso gentilmente para Yui, um pouco desanimada, que havia encolhido os ombros em um pedido de desculpas.
Aquela garota — apelidada de “Kuuederella,” como uma espécie de princesa intocável — demonstrava reações tão genuínas. Naomi achava isso realmente cativante.
Quando Yui estava em público, ela se mantinha calma, raramente demonstrando emoções, o que lhe dava aquela imagem fria e estoica. Mas Naomi sabia agora que ela era incrivelmente sensível e honesta com seus sentimentos.
Talvez esse fosse um lado dela que só ele conseguia ver agora que estavam próximos o suficiente para serem chamados de amigos. E se fosse esse o caso, só esse pensamento o deixava silenciosamente feliz.
“Certo. O arroz está quase pronto, então vamos começar a fazer a carne de porco com gengibre.”
Com o timer da panela elétrica marcando menos de dez minutos, Naomi colocou o avental em volta do pescoço dele e o amarrou nas costas.
Yui o observou atentamente, claramente interessada.
“...Hum, algo errado? Você não pode esperar?”
“N-não, me desculpe. Não é isso, é que...”
Recuperando-se, Yui acenou com as mãos, agitada, corou, mexendo as pontas dos dedos.
“Seu avental... combina com você. Só isso.”
Naomi olhou para o avental dele.
Era velho — ele o usava há mais de um ano — desgastado por suas muitas batalhas na cozinha, manchado por dias desajeitados. Para ele, parecia simplesmente surrado.
“Combina mesmo comigo?”
“Acho que combina muito bem com você. Pelo menos... acho que sim.”
“O-oh... uh, obrigado, eu acho...”
Yui pareceu estranhamente tímida, o que fez Naomi se sentir constrangido também. Ele inclinou a cabeça, sem saber como reagir ao elogio.
Cada um tinha um gosto diferente para o que considerava atraente. Como era um elogio, ele achou melhor não pensar muito e simplesmente aceitar como estava.
“Ei... tudo bem se eu assistir você cozinhar, Naomi-san?”
“Eu não me importo, mas não é exatamente emocionante de assistir.”
“Mesmo assim, acho que será bom para referência futura.”
Referência futura — ela fez parecer tão formal, pensou Naomi, mas mesmo assim pegou um banquinho redondo no canto da cozinha e o colocou para ela. Yui sentou-se em silêncio e fixou o olhar nele, extremamente séria.
A intensidade do olhar dela o deixou um pouco nervoso, mas ele fez o possível para ignorá-la enquanto pegava os ingredientes da geladeira: carne de porco, molho de soja, mirin, açúcar, gengibre fresco, alho fresco, farinha e óleo vegetal.
[Kura: Mirin é um vinho de arroz japonês, tipo o vinagre, e possui um pouco de álcool.]
“Tantos ingredientes só para carne de porco com gengibre...”
“Pode parecer que sim, se você não estiver acostumado. Mas você está usando apenas um conjunto fixo de temperos. Depois que você pega o jeito, não é tão ruim. Eles duram muito depois de comprados, e o esforço extra deixa o sabor muito melhor.”
“Entendo. É bom saber.”
Yui se inclinou levemente, assentindo atentamente com um suave “mm-hmm”.
Claro, molhos instantâneos eram mais baratos e fáceis de fazer às vezes. E sim, definitivamente havia coisas que ele comprava e acabava nunca usando ou das quais se arrependia — mas isso também fazia parte da curva de aprendizado.
Carne de porco com gengibre era algo que Naomi fazia tantas vezes que era praticamente memória muscular. Ele olhou os temperos, misturou-os e o molho estava pronto. Ralar alho e gengibre frescos fez uma enorme diferença tanto no aroma quanto no sabor — e essa foi uma parte da qual ele se recusava a abrir mão.
Descascou e cortou a cebola em fatias finas, fez cortes na carne de porco para evitar que enrolasse e polvilhou levemente com farinha. Assim que o preparo terminou, untou a frigideira com óleo e ligou o fogão. Em seguida, rapidamente cortou um pouco de repolho e o deixou de molho em água.
“Nossa... Naomi-san, sua técnica é incrível. Já parece delicioso.”
“Ainda nem cheira a comida.”
“Talvez não, mas meus olhos já estão cheios.”
“Se só de olhar te enchesse, seria um problema.”
“Não precisa se preocupar, meu estômago de verdade ainda está bem vazio.”
Naomi brincou e, para sua surpresa, Yui riu e brincou. Aquele leve vai e vem, fazia parecer que a amizade deles havia se aprofundado de verdade, e isso o deixou feliz.
Ele moveu os braços um pouco para que ela tivesse uma visão melhor do processo, e a maneira como ela observava com admiração sincera era quase adorável demais.
“Certo, a preparação está pronta. Assim que eu começar a cozinhar, estará pronto rapidinho.”
“Sim. Estou bem, bem empolgada.”
Com os olhos se estreitando suavemente e a voz cheia de ternura, Yui sorriu com um prazer silencioso.
Enquanto Naomi a olhava de lado — parecendo algum tipo de animalzinho fofo — ele jogou a carne de porco na panela quente. Um chiado irrompeu no ar, enchendo a cozinha com um som tão satisfatório que quase tinha sabor.
“Certo, está pronto.”
Ele colocou um prato grande de carne de porco com gengibre recém-assada no centro da mesa baixa.
Ao redor, dispôs tigelas de sopa de missô fumegante, feita com sobras de legumes e arroz branco fresco. Da geladeira, serviu chá de cevada gelado nos copos.
(Yui) “Certo, o jantar está servido. É hora de comer — espere...”
Yui o encarava com uma expressão séria, com sua mão tocando levemente a bochecha.
O ar inesperadamente solene fez Naomi erguer uma sobrancelha.
“...Algo errado?”
“Não. Eu só estava pensando... é assim que se sente casar com uma esposa capaz e dedicada?”
[Moon: Quebrei aqui kk]
Ela disse isso tão seriamente que Naomi não conseguiu conter o riso.
“Se fosse para ser diferente, seria você quem se casaria com um marido.”
“Ah, é verdade. Então... deve ser assim que se sente ter um marido capaz e dedicado.”
“Certo, chega de papo — coma antes que esfrie.”
“Você tem razão. Vou aproveitar a refeição com gratidão.”
[Kura: De marido para mãe kkkk]
Imitando Naomi como fizera antes, Yui juntou as mãos e fez uma reverência educada.
Então, olhou ao redor da mesa, levou um momento para decidir e finalmente pegou o prato principal. Pegou cuidadosamente um pedaço de carne de porco com gengibre e o levou à boca.
Mastiga, mastiga*. Depois de algumas mordidas, seus olhos azuis se arregalaram.
“...Está muito, muito bom.”
Ela continuou mastigando, com os olhos ainda arregalados de admiração, e então pegou outro pedaço. Desta vez, suas sobrancelhas se suavizaram e ela fechou os olhos de felicidade, assentindo com satisfação.
O molho, levemente caramelizado, era rico e perfumado. A carne de porco, cortada e cozida na medida certa, estava macia e suculenta. O repolho e o arroz equilibraram tudo perfeitamente. Até Naomi teve que admitir que era um dos seus melhores lotes.
“A sopa de missô e o arroz também estão no ponto... Haaah, está tão gostoso...”
Com movimentos elegantes, Yui alternava entre arroz e acompanhamentos, ocasionalmente soltando pequenos barulhos de satisfação enquanto sorria para si mesma.
Talvez por serem amigos agora, ela parecia ainda mais feliz comendo do que antes. Observá-la daquele jeito tranquilizou Naomi, e ele finalmente começou a comer também.
Ele olhou para Yui, que mastigava atentamente como um pequeno animal concentrado, soltando um suspiro de felicidade ocasional. Quando ela notou seu olhar, suas bochechas coraram.
“...Desculpe. É que está tão bom... me empolguei.”
“Eu te disse, não disse? Fico feliz que você pareça tão feliz quando come. Não precisa se desculpar.”
“Não consigo evitar. Sua comida é boa demais, Naomi-san...”
Mesmo abaixando a cabeça, envergonhada, ela ainda levou um pedaço de repolho coberto de molho aos lábios, e sua expressão se suavizou em pura alegria.
Vê-la sorrir daquele jeito — por causa da comida dele — fez Naomi querer ver mais daquilo. E se ajudá-la a mudar significava ver mais daquilo, então ele genuinamente queria ajudar como pudesse.
“Bem, sem pressa. Um passo de cada vez.”
Um sorriso naturalmente surgiu em seus lábios ao dizer isso, e Yui inclinou a cabeça no meio da mordida.
“O quê?”
“Eu estava pensando... quero te presentear com ainda mais comida boa. Até você ficar satisfeita.”
“...Comida ainda mais deliciosa... até eu ficar satisfeita?”
Yui ficou pensativa por um momento, então de repente olhou para ele seriamente — como se algo tivesse feito sentido.
“...Você está tentando me fazer ganhar peso?”
[Kura: Não não, ele quer te pegar pela barriga bobinha kkkk | Moon: Ele andou lendo umas Light Novels akakak]
“Yui, suas piadas são impossíveis de entender.”
“Eu... eu não estava tentando brincar.”
Ela murmurou isso como uma criança emburrada, com os ombros caídos de decepção.
Até aquela expressão era adorável, e Naomi não pôde deixar de sorrir diante do contraste.
“De qualquer forma, coma enquanto ainda está quente.”
“Sim. Claro. Vou comer.”
Quando Naomi a incentivou a comer, Yui deu uma mordida na carne de porco com gengibre e sorriu novamente, estreitando os olhos suavemente de felicidade.
Se eu quiser ver mais sorrisos assim, é melhor continuar me esforçando.
O jantar estava mais delicioso do que o normal — e os dois terminaram cada mordida juntos.
“Obrigada pela refeição. Estava realmente delicioso.”
“Igualmente. Desculpe por não ter sido nada especial.”
Depois de terminar a limpeza, eles se sentaram à mesa tomando chá-verde quente.
Com duas pessoas trabalhando juntas, a louça ficou pronta em menos da metade do tempo que normalmente levava. Naomi inclinou a xícara de chá com silenciosa satisfação diante do benefício inesperadamente grande.
“Então, vamos repassar as regras que conversamos durante a limpeza.”
Ele abriu o aplicativo de notas no celular e o colocou sobre a mesa. Yui se inclinou levemente para olhar a tela.
A manhã e o almoço seriam separados. O jantar, incluindo os fins de semana, geralmente seriam compartilhados. Eles dividiriam as despesas do supermercado, ajudariam na preparação e na limpeza quando possível e conversariam sobre sobras, imprevistos ou mudanças nos planos.
A sugestão de Yui foi ter um conjunto claro de regras, mas como não havia como prever tudo, eles o mantiveram flexível — algo que pudessem ajustar conforme necessário.
Ele colou as regras em uma mensagem e as enviou para o celular de Yui.
“Se houver algo mais que eu possa fazer, por favor, não hesite em dizer. Sei que ainda não sou muito útil, mas farei o meu melhor.”
“Então que tal ficar ao meu lado enquanto eu cozinho e me animar de um jeito fofo?”
“...Se você estiver falando sério, eu vou pensar.”
A voz dela ficou mais fria e seu olhar ficou gélido, cortando Naomi.
“Okay, okay, me desculpe! Foi uma brincadeira — não me olhe assim.”
“Fufu. Eu sabia disso. Não se preocupe.”
[Moon: Mas não precisa ser… De verdade, eu quero o romance 💋]
Yui deu uma risadinha, e Naomi piscou surpreso ao perceber que ela estava brincando de volta.
“Eu sei que você não me vê assim, Naomi-san.”
“É mesmo? Parece que você tem muita fé em mim.”
“Se eu não tivesse, não teria aceitado para sermos amigos.”
Ela sorriu alegremente ao dizer isso, com uma expressão suave e despreocupada.
Vendo-a tão relaxada, Naomi coçou o nariz para esconder o próprio sorriso.
“Eu sempre me sinto muito à vontade perto de você. Talvez seja porque você já viu meus lados constrangedores.”
“Se você se sente confortável, ótimo. Afinal, vamos nos ver todos os dias agora.”
“Fufu. Isso mesmo. Estarei sob seus cuidados de agora em diante.”
Amanhã, e depois de amanhã, e depois de amanhã também — eles jantariam juntos todas as noites.
Naomi nunca imaginou que as coisas acabariam assim, mas em vez de achar estranho, ele sinceramente ansiava por isso.
“...Hum, Naomi-san?”
Ouvindo a voz dela, Naomi ergueu os olhos e viu Yui corando, com as mãos cerradas na frente do peito, olhando para ele nervosamente.
Sentindo que tinha algo difícil de dizer, Naomi se endireitou para encará-la de frente.
“O que foi?”
“Bem... é que... eu sei que você estava brincando, mas...”
Ela apertou os lábios e assentiu como se estivesse se preparando.
“Se você realmente quisesse... eu poderia torcer por você. Só um pouquinho. Mas não sei o quão fofa seria...”
Até suas orelhas estavam vermelhas quando ela disse isso, seu olhar fixo nele com olhos sérios espreitando por trás de seus cabelos.
“...Hã?”
Naomi franziu a testa, congelado por alguns segundos, sem saber o que acabara de ouvir.
Yui não desviou o olhar, seus olhos azuis tremulavam como se lutasse para conter o constrangimento. Ela se sentou ereta, ainda o encarando com seriedade.
No silêncio, Naomi piscou algumas vezes e então finalmente fez sentido: ela estava respondendo à piada anterior.
“...O que você está dizendo?”
“C-como eu disse...! Eu só queria que você soubesse o quanto eu levo isso a sério e o quanto eu confio em você!”
Yui se atrapalhou com as palavras, a voz mal se mantendo firme enquanto as pronunciava.
O puro absurdo de sua sinceridade pegou Naomi de surpresa — e ele não conseguiu evitar. Caiu na gargalhada.
“E-ei! Eu não disse isso de brincadeira, okay!?”
“Desculpa, desculpa... eu sei. Eu entendo, de verdade.”
Naomi tentou conter o riso dele e gentilmente a tranquilizou, agradecendo-a repetidas vezes.
Yui, ainda corando, soltou um longo suspiro.
“Ugh... eu não devia ter dito nada...”
Ela fez beicinho, claramente emburrada, com os lábios um pouco salientes.
Até aquela pequena birra era fofa à sua maneira, e Naomi teve que engolir baixinho para se impedir de rir novamente.
“Eu não pediria algo assim de verdade, mas... agradeço a ideia. Sério, Yui — obrigado.”
“Se soou bom, então tudo bem para mim.”
Ainda um pouco corada, a princesa antes distante — a própria Kuuderella — sorriu suavemente e lhe deu um pequeno e sincero aceno de cabeça.
Traduzido por Moonlight Valley
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