Volume 1

Capítulo XV: Expedição São Pedro (Parte II)

Continuando…

Após isso, nosso intérprete continuou contando que ambas as facções vieram ao vilarejo e pilharam suas armas (oficialmente requisitadas) em vários momentos distintos. Desde então os locais só conseguem pescar e mesmo assim não é o suficiente. Perguntei se haveria animais em grande quantidade nas proximidades e ele respondeu que sim. 

Eu não tinha feito muitos disparos e como havia trazido munição suficiente para um ou dois bons tiroteios me ofereci para caçar e trazer um bom estoque de carne para os locais e também para nós. Percebi que os rapazes estavam muito animados em pesquisar os animais que viam, sejam eles peixes e principalmente insetos, então vi que nossa embarcação blindada não ofereceria espaço suficiente.

Por isso sentei e conversei novamente com Jzor, ele me confirmou mais uma vez que animais semelhantes a alces gordos pastavam a alguns km dali e pedi para que ele traduzisse minha proposta aos anciões e ao chefe da aldeia, queria trocar carne suficiente para alimentá-los por três meses que prometi que iria trazer em troca de um bote ou barco de pequeno porte que pudesse se amarrado atrás de nossa embarcação e fosse forte o suficiente para suportar carga.

O chefe da aldeia disse que construir um bote seria possível, pois lá perto crescia uma espécie de bambu, mas que a aldeia tinha fome e ele acreditava que os aldeões não possuiriam forças ou ânimo suficiente para começar a construir, eu então tomei a liberdade chamei o Professor, expliquei a situação, me comprometi a caçar para nós e para os nativos e então foi decidido que naquele dia dividiríamos parte de nossa despensa. 

Depois de comer preparei minha arma, contei a munição, afiei rapidamente minha baioneta. Lúcio e Jzor iriam comigo eu abateria e eles com uma espécie de trenó feito de galhos e ramos trançados trariam as presas com o único cavalo que restou, pois os outros foram também levados pelas facções em guerra.

Fui dormir pouco depois do anoitecer pois o dia seria longo.

Sofia Luger Takaeda, 23 de Janeiro do ano de Nosso Senhor de 2041, 5 º dia. Acordamos cedo para caçar, levei comigo 20 cartuchos de munição além dos que estavam no meu rifle, me perguntei se foi inteligente de nossa parte levar o único intérprete para caçar, só que havia o risco de trombarmos com alguma pessoa hostil e Jzor poderia aliviar a situação negociando.

Impus-me um objetivo que era de conseguir pelo menos cinco reses, Lúcio foi mais esperto que todos e achou uma carroça em péssimo estado, mas prometeu consertar lá, para que não nos desencontrássemos levamos comunicadores para que ele com o único cavalo recolhesse as presas que por mim seriam abatidas, por isso Jzor acabou ficando para ajudar Lúcio e assim ambos deveriam me alcançar logo se possível.  

Mas a sorte estava comigo, mal me afastei do vilarejo um km e já vi o que parecia ser um alce grande e gordo. Não lhe ofereci perdão e dei um tiro certeiro em seu coração, o primeiro troféu será meu! Aproveitei que tive esta sorte abençoada e retornei ao vilarejo dizendo a localização da presa e exigi que a cabeça daquele animal fosse minha, feito isso voltei à caça.

Desta vez me adentrei em um bosque próximo, achei que toda minha sorte tinha sido gasta, pois tive que ter muita paciência, para variar Lucio vivia me chamando no comunicador e na maioria das vezes para me provocar, mandei calar a boca e terminar o que estava fazendo e se não sossegasse eu já estaria separando e endereçando uma bala especialmente para ele.

Porém eu não sabia, mas aquela bala seria endereçada para outra pessoa. Logo eu respondi a última chamada de Lúcio me deparei em uma estradinha mais ou menos calçada e ao longe vi uma carroça.

Nela dois sujeitos controlavam os cavalos e traziam atrás algo que parecia uma gaiola. Eles acenaram para mim e quando nos encontramos enquanto falavam em sua língua que obviamente eu não entendia gesticulavam como se perguntasse se aquela presa abatida era minha.

Respondi acenando, eles sorriram e tiraram duas crianças que estavam acorrentadas com grilhões. Por meio de gestos ofereceram aqueles infelizes em troca de minha caça.

Não contive a fúria, mas não podia perder a calma.

Eles estavam armados com espadas e algo semelhante a uma pistola usada até o século XVII. Mantendo a calma de um soldado, acenei aceitando a proposta e fui incisiva exigindo as crianças como pagamento primeiro.

Recolhendo-as comigo quando um dos homens fora se preparar para retalhar a caça eu o empurrei, saquei minha Luger e de forma seca disparei a queima-roupa nesse e no outro que o acompanhava.

Mandei uma mensagem de rádio comunicando o incidente e fiquei naquele momento cuidando das crianças.

Tive que ter paciência e esperei por duas horas até que aparece outro alce descuidado ao mesmo tempo em que cuidava dos meninos, ironicamente tristemente estavam eles tão assustados que não deram trabalho ficando quietos enquanto isso vendo minha próxima presa eu tive que ter ainda mais paciência para que ele ficasse em uma posição para que eu acertasse o peito dele e assim depois de esperar 40 minutos ele pastando sua última refeição eu abri fogo e acertei mortalmente.

O som do cartucho explodindo na culatra, o projétil cortando o ar, o som gerando ecos, o tilintar dos mecanismos da minha arma, tudo isso fizeram aqueles pequeninos se contorcerem de medo.

Ainda assim dei localização da presa aos meus amigos que finalmente terminaram de consertar a carroça e já estavam a caminho, fiquei sabendo que a primeira rês foi recolhida pelos nativos e isso é uma coisa que me deixa aliviada, estava ficando um tanto estressada.

Sai do bosque (lembrei como a configuração de pequenos bosques e descampados lembram muito minha São Paulo querida.). Era meio dia, parei de avançar para comer a ração do exército, também repartir o que tinha e dei um pouco para as crianças. Faltavam mais três presas para minha meta, mas antes tinham que levar aqueles inocentes infelizes para o vilarejo.





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