Volume 1

Capítulo XV: Expedição São Pedro (Parte I)

Sofia Luger Takaeda, 1º de viagem, 19 de Janeiro do ano de Nosso Senhor de 2041. Assim que embarcamos, decidimos avançar rio abaixo a uma velocidade de 10 km/h, programamos os sistemas de navegação para manter o avanço desejado, permitindo-nos que focássemos em outras atividades ou tarefas.

Ficamos monitorando o sonar e por todo o caminho, a profundidade média da água era de 10 metros e a largura de uma margem a outra aumentou até chegar a aproximadamente 70 metros. O professor Benedetto solicitou que parassemos algumas vezes. 

Nestes momentos parte da equipe ia pescar no convés, cada espécime de peixe ou outro animal era então pesado, medido e uma amostra para extração de DNA era retirada e então era guardado no compartimento de cargas onde o professor antes do início da missão com a ajuda do exército adaptou um refrigerador. 

Este equipamento contava com um painel solar próprio que ficava atrás da torre de tiro e possuía várias gavetas compactas para aproveitar ao máximo o limitado espaço.

Com um binóculo eu observava ao redor, mas neste dia apenas vi campos, algumas colinas além das montanhas cujo sopé se localizava o portal e nossa base, ou seja, nossa casa e que segundo um colega me disse, Kuria revelou que aquelas montanhas se chamavam Aztlantartus, mas que nome horrível vou chamar aquilo de Alpes Paulistas só de zueira. Também via um ou outro capão.

Por fim ao anoitecer ancoramos a embarcação em um meandro seguro, logo passamos inseticida, levantamos as barracas e sacos de dormir no convés onde dava. Eu e Emivaldo dormimos no convés da proa, Gilda dormiu na torre de tiro, Lúcio e Daniel ergueram suas barracas na popa e o Professor deu um jeito de dormir no laboratório improvisado no compartimento da tripulação no convés inferior.

Somos soldados, mas não somos bárbaros e olha como eu amo a arma da engenharia do exército, aqueles fofos desenvolveram um banheiro dobrável e aprimoraram uma bomba filtradora que bombeia e filtra a água do rio (me disseram que estão terminando de desenvolver uma variação deste equipamento capaz de fazer o mesmo com água do mar) assim podemos tomar banho todos os dias.

Navegamos rio abaixo 100 km e de acordo com a bússola se o campo magnético deste mundo não for muito louco mantivemos a maior parte do tempo a direção sudoeste.

Sofia Luger Takeda, 20 de Janeiro do ano de Nosso Senhor de 2041, 2º Dia de Viagem. Acordamos por volta das 6 horas da manhã, fiquei me perguntando se fomos negligentes com a segurança, alguém poderia ter durante o nosso sono nos atacado ou coisa do tipo, vou propor para que na próxima noite façamos turnos de vigília. 

Assim que terminei este raciocínio apareceu uns três goblins ou gnomo ou coisa do tipo (mas que porra é essa? Háaaa lembrei atravessamos um portal e fomos para um mundo de RPG........) peguei meu rifle amado e dei um tiro para o alto, é lindo o barulho que faz e vi aqueles pestinhas correrem por suas vidas. Antes de levantarmos âncora chamei os meninos:

—Rapazes poderiam trazer suas baionetas

—Para que? Não sei qual deles respondeu

—Para capar suas partes!!! Quero ver se estão afiadas. Respondi furiosa.

—Ué, mas a sua e da Gilda não devem estar afiadas também. Lúcio respondeu

Então retruquei:

—Trás a sua mãozinha e te mostro o quanto estão afiadas a minha e a da Gilda, faz logo o que eu mandei você o Daniel e o Mimi (Emivaldo).

Peguei então as facas de combate de cada um e observei se mantinham um bom fio afinal tenho certeza que serão necessárias, porém logo fiquei furiosa, aqueles idiotas jamais deram um cuidado decente. Então gritei para eles ainda brava:

—Isso é jeito de tratar uma faca? Tem cota para idiota no exército? Pelo visto vou ter de passar o dia afiando elas os senhores que se virem com outras tarefas. Professor quando o senhor quiser nos zarpamos

—Tá falando do que mulher? Tu ta preenchendo a cota de sociopata. Disse um dos garotos a quem gentilmente respondi apontando carinhosamente minha Luger (um achado no Ebay).

—Tudo bem Sofia vamos manter a velocidade próxima a de ontem, algo em torno de 7 km/h.

Gilda então respondeu:

—Pelo que vi a autonomia deste veículo é em uma velocidade de 50 km/h então não tem problema programar para continuar a 10 km/h ou mais, isso vai aumentar bastante nosso raio de autonomia.

Feito isso finalmente seguimos viagem, o dia foi tranquilo e um tanto monótono, eu passei ele todo afiando as baionetas e cuidando das armas enquanto os rapazes faziam as suas tarefas e as minhas também para deixarem de serem estúpidos.

Ao cair da noite realizamos o mesmo processo da noite anterior, mas desta vez montamos turnos, eu fiquei responsável por montar vigília das 22:00 até meia noite e os rapazes se revezaram cada um vigiando por 2 horas.

Sofia Luger Takaeda, 21 de Janeiro do ano de Nosso Senhor de 2041 3º dia. Acordamos e realizamos o procedimento rotineiro, levantamos e guardamos as barracas desmontamos o banheiro dobrável e guardamos a bomba, nosso café como o dos dias anteriores foi pão com leite que preparamos com leite em pó que trouxemos da despensa, à tarde e a noite se acostumou comer a ração do exército que trouxemos para dez dias.

Não tenho muito o que falar sobre os peixes coletados, estamos preocupados pois alguns podem ser venenosos, mas não são diferentes, talvez um ou outro na cor, dos que existem no Brazil, até que achamos uns peixes bonitos e estou começando a me interessar pela pesquisa do professor.

Recebemos uma mensagem da base de que o alcance da antena no Monte Brás Cubas é de salvo interferências 800 km. Distância percorrida até o momento: 400 kms

Ps-1: Esqueci de registrar os afluentes ao longo do percurso, mas todo o trajeto mais as margens em uma distância de 3 a 5 km foram registrados por dois radares instalados no barco, caramba quantas traquitanas tecnológicas este veículo tem? Ou colocaram para que pudessem ser testados? Também me pergunto quanto tempo minha amiga Gilda levou para estudar e aprender sobre tudo apesar de que sua inteligência já foi provada em combate.

Ps-2: Registrei poucos vilarejos, mas não tivemos nenhum contato, vi algumas fumaças, será por causa da guerra civil que está havendo neste país?

Ps-2A: Em um desses vilarejos acho que vi algum soldado, cavaleiro, mercenário ao longe saqueando por isso não resisti e abri fogo matando-o, tenho certeza por que há 500 metros eu não erro nem se eu estiver areada. 

Ps-2B: Ninguém ouviu ou deu bola para o disparo.

Ps-3: A baioneta dos três patetas está devidamente afiada.

Ps-3A: Minha baioneta está tão polida e afiada que a uso como espelho.

Ps-4: O professor Benedetto já identificou algumas espécies de peixe não venenosas então com alguns que foram pescados eu os salguei e deixei ao sol em cima da torre de tiro.

Sofia Luger Takaeda, 22 de Janeiro do ano de Nosso Senhor de 2041, 4º dia. Avançamos rio abaixo por 50 km agora a profundidade média é de 30 metros e a distância entre uma margem e outra chega a 200 metros. A vegetação é formada ora por campinas ora por bosques e também algumas matas e acredito eu que esta área em que estamos neste mundo é de clima temperado, porém deixo a conclusão disto para quem realmente entende.

Finalmente um primeiro contato direto com a civilização, encontramos um pequeno vilarejo erguido sob palafitas, até parece àquelas comunidades ribeirinhas que existem na Amazônia e que também encontrei em minha missão nas Filipinas. O professor achou interessante que parássemos ali para que ele possa fazer alguns estudos e possamos realizar uma vistoria na embarcação além de travar contato com os nativos e por que não? Estudá-los.

Mandamos um rápido relatório para Forte São Jorge, o coronel respondeu agradecendo pelo empenho da missão ele também disse que tinha lido os dados que enviamos constantemente, ele também contou que já está conversando com Força Aérea para que eles possam enviar um Zepelim desmontado para que se possa finalmente mapear toda a região nos mínimos detalhes. 

(Eu sei que a Anpeb está louca para construir uma base de lançamento de foguetes, mas por questões de orçamento ou eles conseguem uma parceria privada ou vão ter de esperar um tempo para finalmente lançarem algum satélite que possa finalmente fotografar todo o planeta que aqui estamos).

Ps: Ninguém nunca esteve ou está com a bola toda em nosso glorioso Império. 

Também recebemos a informação (coincidência?) de que um rapaz seguidor de Kuria e que graças à ajuda dela começou a estudar nossa língua, poderia estar neste vilarejo e que era para nós procurarmos por ele, o sujeito se chamava Jzor Ep Lauwi, ele será nosso intérprete. 

O vilarejo fica parte sob as palafitas e parte sob a margem alta do rio, aqui o rio se alarga e acredito que estamos na entrada de um lago. As casas são de madeira simples, porém bonitas elas ficam a pelo menos 3 metros da superfície do rio que depois descobri está na estação das cheias (faz sentido, pois tem chovido bastante em Forte São Jorge ultimamente).

Mal ancoramos e entramos no vilarejo e o Sr Jzor já nos encontrou e nos felicitou. Ele nos apresentou aos anciãos, ao chefe do vilarejo e também nos mostrou as vielas e casas deste lugar.

Ficamos sabendo que o local foi mais uma vítima da guerra civil entre os partidários de Apolonius Khapylos e Galba Pontepor pela disputa do trono de Yamaris. Havia poucos rapazes jovens ou na terminologia militar: MAM “Man in Age Militar” ou homem em idade militar. Apesar da beleza idílica a situação do vilarejo era difícil.

Jzor contou-me que os rapazes haviam sido convocados por um nobre local e que os locais ainda não sabem de que lado seus filhos estão lutando, pois este nobre nunca revelou o seu partido na guerra, eles acreditam que este senhor feudal na verdade esteja lutando por causa própria e que estaria disposto a mudar de lado quantas vezes quisesse. 

(Logo depois descobriu-se que o senhor local aderiu a causa de Apolonius em troca de ganhos pessoais e muitos desses jovens acabariam sendo massacrados por forças brasileiras em uma batalha que ocorreria).

Continua…





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