Volume 1
Capítulo XIV: Dia de pesca. (Parte II).
Continuando…
—Bom vamos lá antes de explicar o que faremos em nossa aventura, vou me apresentar, sou o professor Benedeto Gianelli, pesquisador na área de zoologia na Academia Imperial de Ciências de São Paulo, (antiga USP) minha especialização nesta área é o estudo de ecossistemas que é a Ecologia.
Um dos soldados interrompe:
—Você explicando desse jeito, está achando que somos idiotas? Isso aqui não é uma classe do fundamental...
—Sim, sim, continuando: e já que recentemente nosso mundo virou de cabeça para baixo com a abertura de um vórtice para outro mundo, (mal posso esperar para saber qual estrela este mundo órbita e em que constelação quando vista de São Paulo) eu e minha equipe graças a esse “evento” decidimos organizar uma missão científica para catalogar as espécies que aqui vivem anatomia, comportamento, DNA, etc… e já que há um riacho nas proximidades eu precisaria de alguns espécimes e está será a missão dos senhores.
—Achei interessante a parte de capturar os peixes, mas poderemos fritar alguns? Poderíamos aproveitar que estamos fazendo uma pesquisa em prol da ciência da biologia porque não aproveitamos e fazemos uma pesquisa em prol da ciência da gastronomia. Comentou Sophia e os seus colegas apoiaram e começar a debater entre si:
—Interessante apoiado afinal é pela gastronomia!
—Acho fundamental levarmos uma boa coleção de temperos e molhos, para propósitos científico-gastronômicos...
—Vou encaminhar uma lista de materiais assim que terminar aqui, mas primeiro vou expor os detalhes.
—Professor não se esqueça de incluir uma boa coleção de molhos e temperos na lista...
—Voltando aos detalhes....
—Sim os detalhes (responderam o grupo em uníssono...[e os temperos]).
—Bom, irei expor oficialmente agora. Iremos navegar durante alguns dias rio abaixo para coletar e analisar o máximo de espécimes que coletarmos, pesando, fotografando e coletando amostras.
—Só isso? E a embarcação, o material? Indagou Sofia
Bom já foi requisitado um barco com equipamentos científicos.
—Armamento? Iremos para locais inóspitos ou no mínimo desconhecidos e não sei se o senhor sabe, mas há uma guerra civil lá fora. Indagou novamente Sofia
—Sim, sim, não poderia me esquecer disso. Bom mais alguma pergunta rapazes? Se não reúnam seu equipamento, partiremos amanhã de manhã.
—Estão dispensados. Ordenou o coronel
—Sim senhor! Respondeu os quatro.
Assim os quatro amigos tiveram o resto do dia para prepararem o equipamento e discutir os planos, por mais que inicialmente se sentissem contrariados acabaram por estar animados, pois o pesquisador parecia ser um cara legal e havia um desejo no fundo de seus corações de saírem para explorar e isso motivou os a darem o seu melhor nesta missão.
No dia seguinte a equipe seguiu em um caminhão com seus pertences até o rio que recebeu o nome brasileiro de Paraipí que em tupi significa algo parecido como primeiro rio, pois este foi o primeiro grande curso de água a ser batizado.
Sua nascente está há pelo menos 15 kms em meio as montanhas dos Alpes Brasileiros onde junto com outros muitos córregos de água cujas nascentes são abastecidas pela umidade constante, descem tal como uma serpente sorrateira chegando a ter alguns trechos subterrâneos.
São tantos fios de água que pouco depois que chegam ao sopé das montanhas este rio já tem o tamanho mínimo para que uma embarcação de bom calado possa navegar rio abaixo sem encalhar.
E nesse rio há pelo menos 1,5 km da base se construiu um píer e lá o pesquisador e outra pessoa esperava o quarteto na embarcação que estava pronta e carregada. Aquele píer ainda seria ampliado junto com o próprio curso que seria alargado até certa distância e para manter o fluxo de água constante receberia parte da água reutilizada nas colônias vizinhas que cresceriam à sua volta.
—Bom dia jovens! Exclamou o pesquisador
—Quero que conheçam a capitã de nossa embarcação!
Após apresentar a oficial responsável por pilotar o barco que seria utilizado na missão, o pesquisador deu a palavra à moça.
Major Gilda era uma típica morena mineira de olhos verdes, linda com um sorriso gigantesco transpirava alegria e animação, era dona de um corpo escultural, diziam por aí que era a rainha da dança nas baladas do clube do exército em Forte São Jorge. Era uma velha conhecida de Sofia de quem havia sido mentora e há tempos ambas não se viam.
—Gilda?!!!!! Quanto tempo amiga porque sumiu?
—Desculpa Sofia, eu estava fora por um tempo, primeiro fui aceita naquele programa do exército americano sabe? Que permite que oficiais Brasileiros se alistem como voluntários para ganhar experiência em combate e então eu fui servir na ocupação americana na Somália, eu consegui ser promovida a comandante de um Abrams M2, botei para quebrar naqueles líderes tribais e também mandei pelos ares vários piratas e terroristas!!!!!
—Você se divertiu demais em Gilda? Que inveja (risos).
—Inveja do que Sofia? Tua fama nas Filipinas chegou ao Oceano Índico ta? Sabe, mas eu ganhei tanta atenção ao contar que era amiga da japa louca que estava aterrorizando os terroristas filipinos. Viviam me perguntando quem eram teu observador que estava junto contigo até eu contar que teu observador e melhor amigo era seu Nagant.
—Do que elas estão falando? Perguntou baixinho Emivaldo.
—O que você acha? Papo de Mulher, papo de mulheres psicopatas viciadas no jogo da guerra que se excitam ao puxar o gatilho segurando no cano enquanto mandam algum desgraçado ou civil azarado para o inferno.
Enquanto isso os rapazes e o pesquisador ouviam quietos e atônitos:
...Então naquele dia eu mirei, disparei e explodi o esconderijo de um pirata procurado...........eu consegui uma boa grana ao matar um líder rebelde local...........e eu acertei isso......e eu aquilo.
O que fizeram com nossas garotas, os rapazes pensaram. De uns tempos para cá o Império produziu a geração mais bela e casca grossa de mulheres, talvez tenha sido uma brincadeira ou desígnio de Deus, mas nunca neste país haviam aparecido tantas mulheres bonitas, mas também tão “faca na caveira”, a cota por sedentas de sangue e pólvora nunca era saciada.
Muitas iam com fervor espiritual e se o alvo era “sarracenos” ou socialistas. Protestantes, católicas e espíritas davam as mãos e se uniam para acertar uma conta que nunca se encerrava.
Um relatório do Ministério do Gabinete Imperial de Sua Majestade para a Defesa e a Guerra apontava uma taxa entre 30 a 50% de mulheres nos números de brasileiros que serviam como voluntários ou mercenários em conflitos como nas Filipinas onde se combatiam ao mesmo tempo facções islâmicas e comunistas e o mesmo relatório apontava uma média de 3 a 5 mortes comprovadas por brasileira em combate que servia por conta própria fora de sua pátria.
Deve ser por isso que Kuria conseguiu tanta popularidade no Brazil e deve ser por isso que o Imperador em sua sabedoria pouco antes da expedição de exploração e conquista a nomeou Marechal além de outros títulos nobiliárquicos que logo ela receberia. Aquela suposta divindade inspirava e motivava uma geração que fazia muito além do que deveria e todo sábio soberano sabia que a essa gente se deve, principalmente, prestar contas.
Com a conversa entre as grandes amigas encerrada, era hora de finalmente prestar atenção na embarcação que estava ancorada na frente de todos o tempo todo.
Era uma embarcação do tamanho de um iate pequeno com um padrão urbano de camuflagem, era um protótipo desenvolvido tanto pela marinha quanto pelo exército.
Um conceito novo, chamado por alguns de tanque fluvial ou tanque aquático, uma embarcação capaz de levar alguns soldados, suprimentos, mas servindo principalmente para o combate em diferentes funções, notoriamente de apoio de cavalaria.
Sua característica mais chamativa era uma torre giratória com 2 metros de altura e 5 de largura com um canhão 220 mm raiado com também tendo 5 metros de comprimento auto recarregável e como arma secundária uma metralhadora .50 em cima e também com uma metralhadora na proa e na popa podendo essas metralhadoras serem substituídas por lançadores de granadas ou outras armas.
Possuía uma blindagem de 50 cm em torno da torre feitos com uma combinação guardada como segredo de estado, com exceção do lado onde se aloja as munições que recebe uma camada externa de mais de 1 metro.
A embarcação excluindo a torre tinha 15 metros de comprimento por 8 metros de largura, sua altura do convés a quilha era de 7 metros quando estando com a carga máxima ficava o convés a 2,5 m acima da linha da água.
Seu motor era movido a diesel ou a eletricidade com os tanques cheios, tinha autonomia de 500 km, possuindo paineis solares para a necessidade de aumentar a autonomia operacional e também para alimentar todos os equipamentos eletrônicos não só do veículo, mas também qualquer equipamento que tivesse sido trazido para determinada missão.
Sua velocidade máxima era de 80 kms por hora, a velocidade média porém ficava entre 20 a 40 kms por hora. A blindagem no convés é de 30 cm e no casco de 40 cm feitos da mesma combinação de materiais da torre.
Todos ficaram espantados com o novo projeto da Marinha Imperial de Guerra do Brazil e só depois de algum tempo perceberam o motivo de Gilda ter se juntado a “tripulação”, ela era uma exímia tanquista e devido a suas habilidades e experiência foi selecionada como um dos comandantes deste e de outros protótipos deste modelo de embarcação que ganhou o nome de EBC-1 ou Embarcação Blindada de Combate modelo nº1.
Instruções recebidas, amigas reunidas, surpresas absorvidas, era hora de embarcar. Sofia foi a escolhida para registrar a moda antiga, os fatos mais importantes da expedição isso era devido a sua fama e ao respeito que de certa forma dela emanava.
—Última instrução! Chamou o coronel antes de partirem:
—O alto comando decidiu batizar a expedição de São Pedro em homenagem ao primeiro Papa que antes de ser escolhido por nosso Senhor era um pescador e como vocês irão literalmente pescar, nada mais apropriado que este nome, que São Pedro interceda por vós
—EU VOU REZAR PARA QUE SÃO PEDRO INTERCEDA PARA QUE O SENHOR NOS DE UM AUMENTO (RISOS)!!!!!! Gritou Sofia enquanto a embarcação partia.
—Vai ter de rezar para não ir parar no tribunal disciplinar.... Resmungou baixinho o coronel sem perder a postura.
Assim partia mais uma de inúmeras expedições pelo novo mundo que para nós Brasileiros era como uma folha em branco esperando os nossos de nossa raça e de nossa grei chegassem e colocassem seus pés na terra virgem.
AVE MARIA