Volume 1
Capítulo XII: Missão Novas Fronteiras-3
Era o primeiro dia de uma nova era. Acabado o momento mágico de deslumbramento as tropas se dividiam em sondar o terreno, montar uma base provisória e preparar para construir o que futuramente seria a principal base militar e também colônia brasileira. Sem ficarem parados, os cientistas da AIPEB também iniciaram seus trabalhos científicos.
É importante ressaltar que o programa espacial brasileiro passou relativamente ileso durante o fratricídio, isso se deveu graças ao apoio americano que antes do conflito começou a utilizar a base de lançamento de Alcântara no Maranhão que assim se tornou uma espécie de província especial onde o inglês era segunda língua oficial.
Quando o último governo antes da instabilidade ser desencadeada percebeu o que se avizinhava, solicitaram às autoridades de Washington para que no pior cenário assumissem o controle provisoriamente até que a situação se normalizasse.
Nesse ínterim durante a guerra os EUA reconheceram como governo legítimo o que restauraria a monarquia enquanto os líderes do outro governo que durante bom tempo dominou o estado do Maranhão não foram estúpidos suficientes para tomar aquela estratégica região protegida por um efetivo americano.
Porém isso a longo prazo cobraria um preço e o Império Tropical nunca recuperaria por completo aquele valioso Hub aeroespacial. (Anos depois do início da exploração da Mesogeia o governo brasileiro cederia quase que por completo Alcântara como uma forma de conseguir reconhecimento ou pelo menos uma não intromissão em relação às suas valiosas colônias).
Foi por isso que o programa espacial brasileiro se manteve relativamente intacto e com os apoios certos pôde se desenvolver permitindo a realização de missões espaciais interplanetárias e agora graças ao vórtice realizava sua primeira missão interestelar.
Essa sua missão consistia em coletar dados iniciais e fazer um levantamento do material necessário para novas pesquisas. Esses novos exploradores, ao contrário daqueles do século XVIII e XIX que literalmente exploravam mata adentro nas selvas tropicais, ficariam agora dentro de instalações militares preenchendo relatórios que prepararam novas expedições científicas.
Seus instrumentos de pesquisa e coleta eram relativamente básicos e com eles estudaram características também básicas como aceleração da gravidade, composição atmosférica, composição do solo, datação das rochas, pressão do ar, alguns padrões climáticos como variação de temperatura do dia para noite, além de recolher amostras de animais e vegetais encontrados (este seria o esforço mais interessante e inglório criando por necessidade uma verdadeira indústria baseada na coleta terceirizada de espécimes por aventureiros e outros pé-rapados que vendiam aos institutos de pesquisa).
O grande objetivo daqueles técnicos e cientistas era de escolher um local para se construir um ambicioso projeto de um observatório e laboratório de pesquisas avançadas, este seria tão grande ou importante quanto os localizados na Antártida ou mesmo na Lua.
Após alguns dias estudando toda a geografia das proximidades o quanto fosse possível, optaram pelo cume de uma colina.
Esta colina era basicamente a mesma cadeia de montanhas que corta boa parte da Mesogeia de norte a sul e devido a seu complicado nome local “Aztlantartus” seria logo batizado pelos brasileiros de Alpes Paulistas e depois como Alpes Brasileiros.
A “crista” principal ficava bem no topo das montanhas em cujo sopé foi construído o portal o que faria desse local um subúrbio da futura capital colonial brasileira que logo seria erguida.
Escolhido o terreno agora bastava elaborar o projeto, mas antes era necessário que uma equipe escalasse a colina que depois foi batizada de Monte Brás Cubas (Perifanikiria ou Orgulhosa Senhora na principal língua local, mas que também era chamada pelos primeiros povos da região que ali chegaram em tempos imemoriais de Tedrerk-mra que segundo diziam alguns, significava Testemunha do tempo) sendo o nome brasileiro dado em homenagem ao fundador da Cidade de Santos uma das mais antigas do Brazil.
Não bastava apenas chegar ao topo, tinha que se fazer um levantamento da geologia, da fauna e flora do local e uma vez que chegasse ao cume desta montanha que se fincasse em seu topo orgulhosamente em um grande mastro o grandioso pavilhão do Grande Império Unido do Brazil.
A expedição durou três dias, gastaram pelo menos 8 horas na subida e pelo menos 10 horas na descida, tamanha a minúcia para se estudar o terreno. Uma vez de volta a base que ia cada vez mais ganhando forma graças às remessas constantes pelo portal de materiais e até pré-fabricados. Era hora de planejar com o mesmo esmero como seria o observatório e os laboratórios além de um levantamento de custos.
Discutiram por uma semana todos os dias o dia inteiro, às vezes madrugada adentro, receberam o apoio da engenharia do exército no planejamento e finalmente definiram qual seria o projeto a ser adotado.
Eis o projeto: no topo da montanha um prédio com cinco andares tendo no seu topo uma sala equatorial. Uma sala equatorial é um grande cômodo coberto por uma cúpula onde o telescópio fica acoplado, podendo graças aos mecanismos da cúpula poder girar 360º e também aumentar ou diminuir seu ângulo de inclinação. Ela serviria para observação das estrelas e tinha como uma das missões, descobrir a localização do sistema planetário deste lado do portal e sua distância do nosso planeta.
Nesta sala além do telescópio com um espelho de 3 metros de diâmetro, haveria computadores que automaticamente ajustariam a posição do instrumento principal e coletariam as informações mais relevantes. Monitores, impressoras, cadeiras e mesas para os pesquisadores se debruçarem completariam o ambiente (com direito a um ambiente de descanso no andar de baixo além de refeitórios e dormitórios).
A torre do telescópio seria de luz visível, mas também viria equipada com sensores de infravermelho e ultravioleta. Próximo dessa primeira instalação o projeto previa um rádio telescópio construído a 1500 metros de distância no mesmo cume da montanha com uma antena cuja parabólica possuirá 85 metros de diâmetro sobre uma estrutura articulada de 30 metros de altura. O sistema automatizado responsável seria comandado a partir do prédio principal onde estaria o telescópio.
Nestes 1500 metros de distância entre os dois instrumentos principais, se planejava a instalação de instrumentos meteorológicos em uma pequena estação, um museu de história natural, um planetário, um prédio administrativo, um deque de observação com binóculos para turistas e um terminal de teleférico.
Uma antena de radar e telecomunicações com 200 metros de altura já estava sendo construída em outro ponto do cume com materiais trazidos por helicópteros e drones e por isso o exército exigiu um heliporto e um local para pouso e decolagem de Dirigíveis ou Zepelins.
A maior dificuldade seria em relação ao transporte do sopé da montanha até o topo. A opção mais viável foi o teleférico que já estava nos planos para fins turísticos, mas também teria a função do transporte diário de pessoal e suprimentos além de equipamentos, tendo por isso que toda sua estrutura ser planejada para suportar o transporte de cargas pesadas.
Nos terminais haveriam armazenados vagões especiais com essa finalidade e quando fossem usados caso a linha turística estivesse em funcionamento, estes vagões de carga teriam prioridade.
Com modelos novos de cabos reforçados, apoiados e, torres que se ergueriam cerca de 50 metros do solo, a linha projetada iria da Base Militar até o topo em um percurso de aproximadamente 7 a 8 kms.
Para os corajosos um sistema de escadarias com pontos de observações espalhados e também estações da via sacra ligariam também a base com o topo da montanha e permitiria no pior dos casos uma rota de emergência.
O grande problema que surgiu no projeto foi em relação à geração de energia, não seria sensato depender de cabos condutores vindos do portal e as Colônias a serem estabelecidas deveriam ter um sistema próprio de geração elétrica.
Fora estes problemas relacionados a água e luz que de tão importante foi considerado prioritário pelas autoridades brasileiras recém chegadas, havia a consciência de que um projeto com esse tamanho e complexidade levaria um bom tempo e custaria uma boa soma de recursos (só o teleférico responderia por 40 a 50% do custo total) e por mais que houvesse uma ansiedade e excitação por parte dos astrônomos (a ponto de logo se iniciar, graças a entusiastas uma campanha de arrecadação de fundos internacionais, ato visto por parte importante da sociedade brasileira como uma possível violação à soberania brasileira recém adquirida sobre o território) eles teriam de esperar e pelo menos para os cientistas haveria muito trabalho nas áreas biológicas e geociências.
Sobre a busca por água e luz, isso foi tomado com uma prioridade maior do que criar boas relações com os povos nativos, sem hesitar várias equipes e grupos de exploradores, principalmente batedores e posteriormente membros do 3º Batalhão de Infantaria de Selva de Barcelos no Amazonas que chegaram alguns dias depois da travessia das tropas principais pelo vórtice, se juntaram.
Essa unidade era formada por indígenas da Amazônia e também mestiços, com uma facilidade natural em identificar recursos críticos, esses soldados ajudaram a mapear na região (inclusive no que seria a “zona japonesa”) as principais fontes de água e possíveis fontes energéticas.
Dias de muito trabalho e pesquisa se passaram, alguns resultados preliminares sobre a natureza física deste mundo foram coletados e depois de um estudo mais aprofundado o resultado destes trabalhos seriam publicados nas principais revistas científicas do mundo. Além de publicações científicas, os resultados desta missão prepararam a missão seguinte que teria o objetivo de se aprofundar ainda mais nesse novo mundo.
Novas ideias de experimentos principalmente com a fauna e a flora local e também com a divindade auto proclamada, brotavam da mente dos estudiosos.
O grosso da primeira equipe que atravessou o vórtice logo retornou para São Paulo, porém uma pequena parte da expedição liderada pelo seu chefe Tadeu Figueira de Castro com apoio de seu amigo o cientista russo naturalizado Brasileiro, Yerik Frankiolev permaneceram na base militar Forte São Jorge continuando os estudos preliminares em solo e também esperando flagrar algum eventual fenômeno astronômico enquanto se passava noites olhando o céu noturno.