Volume 1

Capítulo XI: Expedição Pioneira Parte II

Continuando…

 

—Eu tive tempo de ler muito sobre a história deste mundo, se eu pudesse comparar a tecnologia do meu mundo, com a do seu eu diria que eles estão paralisados em um estágio que vocês chamariam de pré industrial. 

 

Porém o uso de armas de fogo ainda é relativamente pouco utilizado. Há algumas versões do que os senhores chamam de arcabuz e também canhões, porém são um pouco caros de produzir e há alguns povos distantes que começaram a utilizar foguetes rudimentares.  Ficarão surpresos com a utilização de dragões, uma espécie relativamente comum que foi domada a muitas eras (e que mencionei agora a pouco).

Então se levantou o Primeiro Ministro Eduardo Bolsonaro que declarou:

—Bom senhores, acho que já temos uma visão detalhada no mínimo parcial da situação, precisamos montar uma força expedicionária baseada não só na possibilidade de enfrentar forças hostis mas também temos que estar prontos para auxiliar os civis locais que como mostrado estão em situação complicada e sofrendo constantes ataques de ambos os lados nessa guerra.

—Com a permissão de vossa majestade, eu solicito aos comandantes do exército e demais forças armadas a preparação de uma força tarefa, não se esqueçam de chamarem batalhões de engenharia e também médicos. 

 

Vamos precisar trazer pesquisadores para estudarem os recursos que iremos encontrar no local. Espero que uma vez preparado este efetivo o portal possa já estar aberto para que possamos enviar este corpo expedicionário.

—Estarei indo hoje para São Paulo para cuidar do Portal, declarou Kuria.

—Todos aqui estão de acordo? Perguntou o Imperador D. Rafael do Brazil

—Estamos! Todos responderam em quase uníssono, com exceção de um ou outro representante da oposição, mas até estes tiveram que se render ao grande plano que se iniciava.

—Certo sendo necessária esta formalidade, eu D Rafael I pela Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional, Defensor Perpétuo do Povo Brasileiro, Senhor da América e Pilar do Ocidente como chefe de estado desta nação ordeno que as decisões aqui tomadas entrem em vigor, estando todas as autoridades aqui presentes como testemunhas e tendo a responsabilidade de cada um cumprir o que tem de ser feito, conforme sua responsabilidade e papel.

Terminada a reunião, Kuria partiu para São Paulo, porém não foi em um assento na classe executiva, mas em um avião da FAB para finalmente realizar a sua tarefa de abrir o vórtice. Junto com ela no mesmo avião estava uma equipe de engenheiros que também junto com outros soldados que já estavam no local, iriam ajudar a erguer a estrutura que abrigaria uma das pontas do portal.

A aeronave, um robusto Embraer KC 400, levava além dos passageiros vários equipamentos para a missão e dada à importância disso eles tiveram prioridade no pouso e decolagem.

Quando foi anunciado o local onde o portal seria aberto o exército já havia se adiantado e começou a erguer uma verdadeira base militar com áreas específicas e reservadas para futuras ampliações, porém infelizmente foi necessário desalojar uma comunidade carente.

Para que não houvesse alguma injustiça, os moradores não só receberam abrigos temporários, mas como também uma promessa de recebimento de terras para aqueles que quisessem praticar a agricultura ou casas nos assentamentos que iriam ser criados com subsídios para quem quisesse abrir um pequeno negócio e os custos das habitações bancadas pelo exército, aqueles que não desejassem se tornar colonos podiam optar por uma indenização em valor suficiente para obter uma nova moradia. 

 

Também se abriu a oportunidade para os membros da comunidade que desejassem se alistarem no exército colonial que em questão de tempo seria criado. 

 

Nessa comunidade havia aproximadamente 300 famílias e um total de 1500 pessoas, dos quais pelo menos 200 jovens resolveram se alistar nas forças armadas formando uma espécie de embrião do dito exército colonial.

Eles após passar por um treinamento e preparação se juntaram a força tarefa enviada para o portal.

Chegando ao local Kuria após um dia de preparativos finais, repetiu as fórmulas ou encantos tal como fizeram ao fazer a primeira ponte entre seu mundo e o Japão. 

Devido ao risco de abalo sísmico, naquele dia 22 de novembro de 2040, o Primeiro-Ministro do Estado e Reino de São Paulo o Sr Otávio Costa e Silva decretou feriado regional e solicitou que as pessoas ficassem atentas na região metropolitana de São Paulo, alertando dos eventuais abalos. Todo corpo de bombeiros foi mobilizado e os hospitais ficaram de prontidão. 

De fato alguns abalos foram sentidos, mas graças a Deus, nenhum dano foi relatado, parece que Kuria nos dias que esteve viajando pelo País andou treinando suas habilidades, dosando sua força (Se bem que isso nunca fora comprovado e se houveram abalos foram dentro do esperado. NOTA: Sismos de até 4.0 pontos na escala Richter considerados imperceptíveis são comuns no Brasil, no momento em que escrevo este texto em 2021 já ocorreram quatro, dois no CE, um em GO e outro em MG).

A estrutura que conectaria os dois mundos a partir do Brazil era inicialmente de uma forma ignorada, invocada pela deusa e feita a partir dos materiais presentes na terra e na encosta de um dos vários morros daquele terreno ondulado à beira do planalto. Como solicitado era tão grande que permitiria a passagem de um avião cargueiro.

Quase todos os aspectos da estrutura foram feitos pela deusa enquanto controlava o terreno com os detalhes finais feitos pelos engenheiros do exército (incluindo elementos de devoção cristã como uma enorme Cruz esculpida na estrutura acima do portal propriamente dito dando um interessante contraste com as duas estátuas “Pagãs” que “guarneciam” o vórtice).

Aquela estrutura era simples para não dizer rústica em sua textura, a primeira vista parecia pedra crua em tons cinzas-esbranquiçados. Seu interior formava um arco perfeitamente liso e seu chão era levemente curvo, mais baixo no centro e posteriormente seria tornado plano com a construção das várias vias e dutos para comunicação entre estes mundos conectados.

Adentrando havia uma luz tênue e se percorria uns tantos metros até se dar na outra ponta onde uma luz solar com todos os caprichos do clima e da hora do dia.

Uma vez deliberado entre seus membros, o Estado Maior Brasileiro decidiu por uma formação da força-tarefa, ela teria perto de 6 mil homens formando assim a base 1º Divisão do exército colonial e ela era composta de:

10 regimentos no total sendo destes:

O 10º Regimento de Cavalaria Blindada de Campinas-SP contendo 1000 homens e tendo 200 EE-T3 Osório e 50 Leopards 2 A 8.

O 8º Regimento de Infantaria motorizada de Pelotas-RS, contendo também 1000 homens e 60 veículos blindados de transporte de soldados, 10 ambulâncias blindadas e outros 30 veículos leves de apoio à infantaria.

O 1º Regimento de Artilharia de Campanha de Niteroi-RJ com 800 homens e 100 peças de artilharia autopropulsada modelo Usiminas-1 de 155 milímetros e 70 Caesar-3 de 155 milímetros.

O 5º Regimento de Artilharia de Campanha de Curitiba com 1000 homens equipados com obuses, morteiros e lançadores de mísseis.

O 1º Batalhão de Defesa Química, Biológica Radiológica e Nuclear do Rio de Janeiro-RJ com 200 homens.

Dois regimentos de infantaria leve vindos de Brasília-DF totalizando 2200 homens.

(Sendo estes os 11º e o 12º Regimentos de Infantaria Leve).

Além dessa força-tarefa de combate, também acompanharam a missão dois batalhões de engenharia do exército e um batalhão formado por uma missão médica e de pesquisa.

A AIPEB Agência Imperial de Pesquisas Espaciais dos Bandeirantes enviou um corpo de pesquisadores dentro da missão Novas Bandeiras-3. Como se acabou considerando que o mundo além do portal era um outro planeta (mas de fato era) a AIPEB tratou como missão de exploração espacial.

Chegando enfim a derradeira hora, parecia que Kuria se divertia com os diferentes tipos de trajes do nosso mundo, não que o seu mundo também não tivesse uma ampla variedade, mas os trajes utilizados aqui, para ela, era claro uma novidade e ela achava diferente, mas também muito bonitas as roupas que os brasileiros usavam naquela ocasião. 

Só isso para explicar o fato de que no momento em que todos iriam atravessar o portal, ela vestia uma elegante farda do exército de uma forma que nem a Imperatriz, uma mulher de hábitos discretos usou apesar de ter todo o direito de vestir um traje semelhante.

O Imperador em nome de todo o governo como um gesto de amizade e gratidão nomeou-a para o posto de Marechal (há quem diga que a iniciativa sequer partiu do monarca que se manteve cauteloso).

Após um breve discurso realizado pelo Imperador, pelo Primeiro ministro e pelo ministro da guerra, as tropas alinhadas e ostentando inúmeras bandeiras do Brazil, do exército, de suas unidades e até dos estados (ou nações imperiais como passaram a serem chamadas) e municípios marcharam em direção ao portal.

Os tanques foram na frente seguidos pelas peças de artilharia autopropulsadas e demais veículos, estes foram seguidos pela infantaria a pé e pelos batalhões médicos e de engenharia em seus veículos. Por último, os veículos transportando equipamentos diversos e o pessoal da missão científica da AIPEB, Novas Bandeiras-3.

 

Era o dia 24 de Novembro de 2040, uma nova era se iniciava. E é bom citar que entre as bandeiras levadas pelas tropas exploradoras havia uma feita especialmente para aquela ocasião, uma bandeira da marinha com os dizeres no canto superior esquerdo em letras douradas: Aqui chegamos aqui ficamos

Aqui chegamos, aqui ficamos.

O sangue de viajantes e exploradores fervia nas veias de todos os que foram ou irão tal como aconteceu há mais de 500 anos quando seus ancestrais partiram para singrar o mar tenebroso e  temido Atlântico. A história, sim a história tal como um capricho do destino se repetia.

Mais uma vez se lançavam, aqueles, de sangue lusitano de sangue ibérico, sangue temperado com o valor de outras raças, ao mar, seja qual fosse o mar entre as ondas do desconhecido.





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