Volume 1
Capítulo Extra III Kuria e o Cassino Rosas do Mar
Desde os turbulentos anos que levaram ao fratricídio, ganhou força em ambos os lados da refrega a ideia de legalizar e incentivar a proliferação de Cassinos e Casas de Jogos ou apostas. O motivo? Vários eis alguns:
Imitar os americanos em tudo o que dá certo e errado, aumentar o turismo mesmo em meio ao fogo cruzado, arrecadar o máximo possível de recursos para a guerra (já que guerra custa muito dinheiro) e manter essa piramide financeira que é a máquina pública além de outros motivos puramente esteticos e eróticos tal como o prazer de chamar a própria nação de Império ou República. Tudo isso é o mais puro erotismo travestido de um puritanismo beato.
Assim era de se esperar que as zonas turisticas com suas praias, resorts e outros locais de divertimento tenham se mantido intactos durante o fratricídio sendo inclusive praças informais de comunicação e mediação entre os lados inimigos.Há quem fofoque dizendo que alguns lugares os lucros vindo do turismo eram divididos igualmente entre os lados beligerantes.
E foi em um destes pontos na cidade de Parnamirim há menos de 20 kms de Natal que floresceu ainda naqueles tempos turbulentos o Cassino e Casa de Jogos Rosas do Mar. Um sonho surgido da mente e empenho de uma tipíca figura local cuja forma de ascensão financeira não vem ao caso, esta figura se chamava Evanildo Gurgel de Brito Rosa, nascido na cidade Macau no mesmo estado na virada do século.
Sobre sua história mais do que já foi dito contaremos depois, o que importa é que nos últimos anos antes da fragmentação na extinta República Federativa do Brasil, se foi aprovado leis que permitiam em regiões específicas o funcionamento de cassinos e justo esta legislação foi mantida após a fragmentação e após a paz sob o reinado do Império.
Assim o Cassino floresceu até nos dias mais difíceis se tornando um oásis de paz e opulencia movido desde o início a moeda estrangeira onde funcionários das mais variadas agências internacionais, caridade, notícias vinham se abrigar e gastar seus dolares, ienes, euros, rublos e yuans…
Para indicar sua neutralidade apesar de estar em território que até o fim da guerra foi republicano, havia uma bandeira do Brasil mas muito estranha pois nela só tinha o fundo verde e o losango dourado, sem o disco da República ou o Brasão do Império. Na verdade se utilizava muito a bandeira da Marinha o Jack Naval que tirando alguns detalhes era utilizado por ambas as marinhas em confronto.
O prédio ficava num promotório artificial frente ao mar e acima das ondas, feito com recifes de concreto. começou como um edifício simples de poucos andares mas tal como um castelo foi se expandido e se tornando um complexo de design e beleza peculiar misturando vários estilos ocidentais e orientais.
Sobre a arquitetura que misturava desde a escola japonesa passando pela russa e tradicional brasileira, há quem diga que isso foi feito para agradar seus clientes e hóspedes que em busca de belas praias e outras diversões que o eterno clima tropical propiciava, não paravam de vir.
Evanildo era sagaz e de boa lábia, logo no começo de sua aventura conseguiu investimento estrangeiro cujo mérito não vem ao caso e isso era ilustrado na bandeira de várias nações que eram hasteadas junto das bandeiras “neutras” brasileiras. Isso era uma espécie de salvo-conduto para que nenhum lado ousasse atacar aquele alvo tão fácil de ser atingido.
Lá dentro as línguas faladas além do português era inglês americano, espanhol latino americano, árabe padrão moderno, russo, mandarim e japones. para os funcionários eram oferecidos cursos nessas línguas sendo obrigatório dominar duas além da língua materna e quanto mais idiomas o indivíduo fosse certificado maior era seu salário para aquela função.
E isso era prática comum em toda “riviera brasileira” ou melhor a costa nordestina onde tantos outros cassinos e resorts se multiplicavam desde o fim da República fazendo com que muitas comunidades de vários niveis sociais tivesse incentivos governamentais e ou privados de desde cedo ensinar a suas crianças pelo menos dois ou três idiomas
Nota I: Sobre essas crianças e jovens poliglotas isso fez com que um número pequeno mas significante de rapazes, em vez de ir ou continuar no crime organizado fora lutar por grupos mercenários principalmente russos e americanos em locais desde a África até o Leste Europeu mas isso é outra história…
Nota II: Com a abertura dos portais, o yamareu começou a ser ensinado e também alguns jovens com excesso de energia vão se meter nas guerras do Novo Mundo como mercenários e aventureiros…
Voltando ao Cassino Rosas do Mar…Como foi dito o espaço foi se expandindo tal como um castelo do medievo, ganhando sessões, blocos, corredores, etc dando uma paisagem unica e luxuoriosamente acolhedora.
Lá se podia jogar toda gama de jogos, além dos tipicos jogos de azar a desde jogos de tabuleiro como Xadrez, passando por jogos exóticos de tantas parte do mundo onde nativos curiosos jogavam com os conterraneos de cujos lugares estes divertimentos representavam.
Nota: Os jogos de cartas desde poquer a também os vários praticados mundo afora eram bem populares neste presente ambiente.
Até videogames ou e-sports estavam disponiveis como outros esportes de ambiente fechado, só havia uma condição para participar destes eventos: apostar dinheiro. Então mesmo que alguém não fosse sortudo com jogos de azar mas fosse habilidoso em outros divertimentos poderia fazer uma grana frente a outros desafiantes em partidas individuais ou torneios abertos.
E sobre as apostas se apostava em tudo, desde eventos desportivos, nos jogadores que se desafiavam e até em eventos políticos como eleições, guerras e desastres naturais.
Foi certo dia para se apreciar a exibição da final de um torneio continental em que os finalistas eram dois grandes clubes proeminentes nacionais que se deram um evento regado a muito glamour e apostas. Gente de todo canto deste mundo e além do portal, políticos, militares, empresários, influencers, nobres da Mesogeia ou da renascente nobreza brasileira, gente que era tudo isso junto e mais um pouco, gente que só estava para apostar o dinheiro das férias. Havia até figurões estrangeiros do nosso mundo mas a maioria estava apenas para aproveitar um descanso.
Uma mistura de cores, brilhos, bebidas, conversas superficiais, discussões profundas, decisões acertadas ou não, havia gente de tudo canto até representantes da Família Imperial, meros príncipes de ramos colaterais cujo principal peso era apenas o sobrenome Orleães e Bragança, tudo se juntava e misturava dando um sabor peculiar numa mistura de português, inglês e yamareu.
E lá estava ela, a figura que por capricho iniciou tudo e se não criou um mundo, criou uma ponte entre os mundos.
A deusa vestia um traje de tecido fino quase semi transparente de tons azuis-esverdeados que iam da alça em volta do pescoço até quase tocando os pés. Como uma faixa descendo na sua frente, pendiam uma forma geométrica em forma de seta que era sua insígnia.
Brincos e colares feitos de metal valioso cuja liga só se podia obter e forjar na sua terra, na região do seu busto havia um decote no meio em fenda e os seios eram protegidos pelas dobras do tecido. Suas costas eram expostas até quase a distância da cintura mostrando uma cor pálida como a lua.
Estudos e relatos da própria deusa afirmaram que apesar do valor alto daqueles materiais, foi a própria entidade que aprendendo com a filha de outros deuses, confeccionou aquela peça, seus cabelos pendiam como cachos de ouro pelos ombros a frente e atrás e por fim protegendo seus pés um sapato de salto cujo material tinha características tanto de um cristal como de um metal.
Olhando a ilustre convidada daquele jeito o ambicioso anfitrião perguntou:
—Saudações Marechal! Belo vestido que você usa, quando e onde comprou? Eu gostaria de vender para as esposas dos meus mais apreciados clientes.
A deusa no seu olhar que mistura a sinceridade de uma criança e a arrogancia de bem…um deus respondeu:
—E tu ou eles teriam um pequeno principado para me oferecer em troca? Com todas as riquezas, lavouras e suditos? O que eu uso é mais valioso que o tempo e para chegar perto do meu refino ou mesmo poder, sua humanidade ainda engatinha, quanto mais a minha que desejo não dizer.
Atraindo olhares e também a devoção daqueles que não eram suficientemente cristãos, a deusa desfilou pelo hall principal e ao longo da noite passou se divertindo nos inumeros jogos que ali haviam de uma forma que para alguém como ela, dinheiro não era problema.
A razão da sua visita? Nenhuma em específico ela simplesmente quis visitar um lugar como aquele e assim o fez já que naquele momento ela não era necessária para o Império ou mesmo para seu próprio jogo maior e inconsequente.
Ela se deixou fotografar e ser vista por todos e sua figura compartilhada pelas redes de informação e internet deram a volta no nosso mundo várias vezes e também chegou nas colônias mais distantes do Império onde meia dúzia de colonos matavam saudades de casa lendo e vendo notícias da metrópole.
Ficou hospedada obviamente na melhor suíte do hotel que ficava acima do Cassino, na cobertura com tamanha privacidade que poderia andar o tempo que quisesse nua sem incomodar, tendo funcionários treinados e drones de última geração para atender seus caprichos tinha até piscina privativa.
—Será que aquele infeliz iria gostar deste lugar? Eles vão para guerra e nós estamos aqui desfrutando do melhor. Pensou ela no seu bichinho de estimação, um lusitano que naquele momento estava em terras ermas longe de casa e ela continuou: —Um dia eu trago ele para cá quando ele tiver algo para mostrar para essa “gente”.
Ela ficou alguns dias, desfrutando de tudo que se tinha direito e um dia simplesmente partiu.
Tempos depois na mesma região surgiu um verdadeiro palácio com a mistura de estilos portugueses e também yamareus, tão grande quanto o Cassino Rosas do Mar. O nome? Epimegetegeus cujo significado só ela sabia.
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