Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 9 – Arco 6

Capítulo 175: Degradação

Hélios manifestou uma porção real de sua energia na transformação daquela espada, que se tornou puramente chamas.

Leon nada se intimidou perante àquilo, meramente focado em atravessar o coração daquele homem de alguma maneira.

De cara, ergueu as lâminas e as brandiu na vertical. O revestimento de areia foi dispersado do chão, até se moldar no formato das navalhas curvadas.

Num movimento seguro, o apóstolo cortou as massas minerais, que carbonizaram segundos após o contato.

O imperador tirou proveito disso e correu em sua direção.

Arrastou as pontas afiadas no solo, usando a energia a fim de atrair os acúmulos espalhados às chapas metálicas.

Ao chegar perto, inclinou-se com os braços cruzados em xis.

Encruzilhada de Areia!”

Lacerou na disposição contrária da pose, também um xis incumbido de disparar camadas maiores contra o homem.

Dessa vez, não foi capaz de cortar o grande aglomerado inteiro. Boa porção de partículas o atingiram em cheio, lhe cortando em diversas partes do tronco.

Fios de sangue com Ícor espirraram pelo ar, misturando-se aos fragmentos diminutos que ganharam densidade e caíram.

Em virtude disso, saltou num giro mortal para trás. Novos disparos cruzados viajaram até seu encontro, o obrigando a correr entre os pilares para os evitar.

“Então não atravessam componentes sólidos!”, escondeu-se atrás de um.

Mas Leon depositou dose extra de energia, permitindo que a maioria das partículas se tornassem afiadas. Assim, mesmo a pilastra resistente acabou sendo atravessada.

Surpreso, porém nada amedrontado, o protetor de Rodes se esgueirou à direita.

— Ele é bem bom... — Voltou a sorrir no canto da boca.

De súbito, o imperador surgiu num deslize sobre a areia do plano, em seu flanco.

Buscou um ataque direto, mas foi bloqueado pela lâmina de fogo. As Autoridades em choque causaram uma onda de pressão no arredor.

Pressionado, o flamejante elevou a intensidade das labaredas. O calor passou a superar os minerais aglomerados, fazendo o filho de Nice recuar.

— Minha irmã ‘tá demorando, por sinal... — Fitou por cima do ombro, segundos antes de girar a arma com maestria.

O singelo movimento causou uma corrente de ar intensa no recinto, fazendo os fios soltos do cabelo negro do garoto dançarem.

Manteve-se plácido em sua posição, na guarda para evitar qualquer surpresa.

O Diurno avançou um passo com a perna esquerda.

Quando tateou o chão, as chamas dominaram a sandália até a transformar em cinzas.

Quando notou a malícia daquela ação, foi tarde demais para Leon; o Classe Avançada usou a explosão sob a sola para cobrir toda a distância na velocidade do pensamento.

No puro reflexo, só pôde defender-se com as lâminas, sendo atingido em cheio até voar por metros.

Colidiu com as paredes, atravessando umas três em sequência. Incrédulo, enfim parou de ser impelido ao bater as costas em um pilar de gesso.

Cuspiu um pouco de sangue pela boca.

“Eu nem pude...!”, antes mesmo de completar, percebeu boa quantidade do líquido rubro escapar do peito.

O corte atingiu pouco abaixo do pescoço. Cauterizou depois de segundos, graças à ação da Autoridade do Fogo.

Quando caiu, escombros vieram de outras mazelas nas cercanias e o envolveram.

E não parou por ali; sentiu os ossos da costela quebrados e queimaduras leves nos braços.

Além disso, as lâminas com as quais se defendera tinham rachado na superfície.

“Não pode ser...”, atordoado, tentou se erguer das pedras.

Hélios se aproximou logo em seguida, de pé acima de outro pilar partido.

Soltou uma risada abafada, convencido sobre possuir a vantagem derradeira no duelo.

“Eu fui para matar, isso é certeza”, semicerrou os olhos alaranjados. Depois, fitou a espada de fogo, menor do que antes de desferir aquele golpe.

Quando Leon se reergueu, ainda que debilitado, a atenção retornou. Só o viu pisar com firmeza no solo inundado, ao que a Autoridade Artificial voltou a cair.

— Parece que ainda tem truques guardados, garoto! — Girou a lâmina, reabastecendo a energia do gume de fogo.

 O filho da Deusa da Vitória esgazeou as vistas ao limite, no encontro da brecha decisiva para ultrapassar os passos do inimigo.

No momento que as labaredas se estabilizaram, os minerais voltaram a contornar as lâminas.

Cortou o espaço com as duas. Dessa vez, no entanto, o xis criado pelos movimentos foi feito deitado...

Tempestade de Areia!!

Tanto as partículas minerais criadas no momento quanto as acumuladas na outra sala foram conduzidas por uma atração inédita, como se levadas pelo vento.

Suspensas, foram arrastadas por todo o recinto, originando um turbilhão amarelado em torno de Hélios.

Esse, pego desprevenido, perdeu o equilíbrio por um átimo. A massa artificial, além de causar novos lanhos em sua pele, tornou o cenário desagradável.

“Não posso enxergar direito”, diante da visibilidade conturbada, passou a sentir ardência nos olhos.

Precisou fechá-los na hora, a fim de evitar o contato com as partículas descontroladas.

Ainda assim, mostrou os dentes num sorriso contido.

Redemoinhos se formaram na turbulência das correntes. O piso inteiro daquele santuário passou a chacoalhar, assim como a água no primeiro andar.

Conforme experimentava as cisuras sendo penetradas pela tormenta, o Diurno ergueu o braço dominante.

A lâmina de fogo manteve-se acesa durante todo aquele momento. E cresceu no minuto definitivo, iluminando as aglutinações das quais nenhuma luz podia atravessar.

Um corte.

Um corte foi o bastante para causar uma reação em cadeia entre as chamas e os minerais, detonando aquele cubículo estreito.

O epicentro da tempestade foi afastado. A Autoridade do filho de Nice agiu contra ele graças ao choque avassalador.

Perplexo, ele apenas arregalou as vistas, boquiaberto. Cortes superficiais desenharam as bochechas, feitos pelos próprios minerais.

Inerte, apenas observou o regresso da figura divina. Impossível de derrotar; foi a frase que atravessou sua mente naquele segundo.

Não havia qualquer chance de conseguir.

A vontade de fugir regressou, mas recusava-se a perder daquela maneira.

Recusava-se a jogar fora tudo que tinha almejado até então. O orgulho, as cicatrizes, os pesadelos...

Aquelas imagens jamais deveriam ser apagadas, exceto por sua morte. E que assim fosse, caso não pudesse triunfar.

Caso não pudesse conquistar a vingança contra os deuses...

“Eu não vou...!!”, enfrentando as dores na costela e nos outros machucados, ele enrustiu as sobrancelhas como um facínora.

Em detrimento à resistência do rapaz, tanto quanto a aura intensa que propagava a cada dificuldade, Hélios curvou os lábios para o alto.

As chamas da lâmina cresceram ainda mais, a ponto de envolverem o corpo inteiro do homem.

Arte do Crepúsculo... Primeiro Entardecer... — Posicionou a arma deitada, apanhando-a com a mão invertida. — Labaredas... do Pôr do Sol.

De repente, toda a escuridão do santuário interior foi assolada por um clarão dourado.

Leon sentiu as retinas queimarem de verdade dessa vez. Só que, ao sequer pensar em fechar as vistas, experimentou a ardência se espalhar pelo resto do corpo.

As labaredas ascenderam num formato encíclico. Veio a explosão derradeira, responsável por engolir mais de metade da edificação coberta pelo rio... que evaporou naquele ponto.

Os pilares não suportaram.

O colapso foi iminente.

O anoitecer por fim havia chegado, assim como uma forte chuva natural para aquela época do ano.

Repleto de queimaduras na região esquerda do tronco, do ombro à cintura, Leon correu o quanto podia, empenhado ao máximo em prol de manter a consciência.

Já quase não enxergava qualquer coisa pela frente. Se esbarrava em diversas árvores, por onde se situava a fim de continuar.

Sangue escorria na latera da boca. Tinha que lidar também com o corte no peito, que embora cauterizado, lhe despertava uma dor insana.

Sem largar as lâminas — uma delas partida ao meio —, amparava o braço pêndulo de tão queimado com a outra mão.

Era irônico, chegou a pensar. Durante o incêndio que vitimou sua cidade e sua mãe, não sofreu qualquer lesão tecidual pelo fogo.

E agora, em um piscar, tinha o corpo marcado por isso.

O pior era a chuva, que além de dificultar o progresso terreno, ainda fazia os incômodos dos ferimentos expostos triplicarem.

De todo modo, ele manteve-se empenhado até onde era capaz. Numa travessia entre raízes altas, tropeçou e acabou cedendo ao tombo.

A fadiga extrema não o permitia nem respirar pelo nariz. A agonia o manteve caído por bastante tempo e sabia que isso era terrível.

“Droga...”, rangendo os dentes, a ponto de quase os partir, a cabeça se ergueu. “Tenho que continuar...!”

Nenhuma das pernas recebia os comandos efusivos do cérebro para que se movessem.

Tentou usar o braço bom e o torso a fim de se arrastar ao lado. Então viu as responsáveis por o derrubar, os ramos sólidos e elevados que se desenterravam pelo trajeto.

O máximo que conseguiu fazer foi puxar-se no limite para o tronco ao lado, onde se escondeu ao encostar o dorso, sentado.

Uma coisa de cada vez, pensou.

Tentava retomar algum fôlego no intuito de ir até o passo seguinte, que seria se postar novamente e, depois, voltar a correr.

Só que, ao descer a linha de visão, encontrou o verdadeiro motivo para ter sido derrubado.

Uma flecha de luz tinha atravessado a panturrilha. E, agora, se desfazia em pequeninas partículas brilhantes, que desapareceram no ar.

Bateu a nuca no grande corpo de madeira. O rosto era banhado pelas incessantes gotas d’água. Os olhos se voltaram ao alto.

Os fechou, com leveza.

“Naquela hora...”, remeteu ao instante que tentou os surpreender com seu ataque de cima. “Eu deveria só ter fugido. Achei que podia dar conta, mas...”

Toda a batalha enfrentada no templo inundado surgiu nas memórias como uma retrospectiva cruel.

“Eles são só mais fortes... Estão a anos de distância”, aceitou a grande diferença, assim como o orgulho ferido de ter sido incapaz de vencer os deuses.

Ao fim daquilo tudo, soltou uma fraca risada de escárnio.

Quanto à falta de sorte em encontrar dois dos mais experientes membros da corporação, nada podia fazer a respeito.

“Talvez nem ele...”, pensou naquele que liderava o grupo enviado ao Berço da Terra.

Não fazia ideia de quantos mais foram enviados para os perseguir e derrotar. Não fazia ideia se aquela dupla era a única dotada de poder superior ao dos demais imperadores.

Mas, ao menos, gostaria de acreditar que poderiam cumprir a utopia alimentada nas trevas.

Mesmo se não fosse ele ou seu irmão, alguém deveria alcançar as Moiras. E, assim, determinar a queda dos deuses que tanto odiavam...

— É por isso que não posso deixá-lo sozinho — proclamou a voz feminina. — Você sempre termina exaltado demais.

Ela deu a volta, a passos delicados sobre as poças a preencherem a terra úmida.

Com o arco de lua crescente em mãos, encontrou a figura do jovem desamparado no tronco.

— Foi mal, irmã...

Hélios chegou em seguida. A chuva já tinha lavado boa parte dos machucados adquiridos no combate e ele nem se incomodava.

Próximo de sucumbir em definitivo, Leon encarou os murmúrios dos irmãos.

Os olhos castanho-escuros se depararam com a silhueta de cada um, bem à sua frente.

— Em compensação... deixe-me terminar logo isso pra que possamos continuar. — O homem avançou dois passos e se postou entre o jovem e a mulher.

— Não há necessidade de pressa, Hélios. Não vamos continuar enquanto estiver escuro, já decidimos isso. — Ela ergueu o queixo, no controle da situação. — Aproveitemos que esse garoto está consciente. Devemos esclarecer algumas dúvidas.

O Diurno se lamentou por ser interrompido pela irmã, mas não havia muito a fazer; a questão dela era a mais correta. Em respeito a isso, abaixou a lâmina e recuou os mesmos passos.

Já a Notívaga, sempre cuidadosa e sapiente, tomou a dianteira como não tinha feito ainda.

Fitou o estado deplorável do jovem imperador, vendo que ele não podia mais oferecer qualquer problema aos dois.

— Me matem... de uma vez...

Soou da voz afônica dele, através de um sorriso fraco.

— Não podemos fazer isso antes de entendermos toda a situação.

Selene moveu o arco para a lateral do corpo e flexionou as pernas, agachando-se à frente do garoto.

— Vocês desejam saber... por que estou aliado aos Imperadores das Trevas... e por que eles possuem o objetivo de derrubar os deuses... hein?

O questionamento foi tão certeiro que a apóstola o deixou se tornar retórico.

Leon tossiu algumas vezes, graças às fortes pontadas dolorosas no peito lacerado.

Com isso, a purpúrea pôde ver, em maiores detalhes, algo que a intrigava desde o momento que tomou conhecimento do inimigo.

Foi logo após a grande explosão, responsável por derrubar mais de metade do templo e secar boa parte do rio.

A resposta definitiva veio ao atingi-lo na perna com uma flechada certeira.

Sangue ainda escorria daquela região, unindo-se às gotas de chuva que o acertavam.

Contudo, continuava lá... os pontos dourados em meio à vermelhidão viscosa.

— Aqueles que se juntaram... sofreram... perderam alguém importante... por culpa dos deuses... — O garoto cuspiu entre as tosses pesadas. — Somos nada mais do que cúmplices... de um mesmo objetivo. Tudo isso criado por desejos pessoais de cada um...

— Então, de que maneira os deuses lhe fizeram perder esse “alguém importante”, a ponto de buscar esse destino?

À pergunta firme da Notívaga, Leon separou os lábios a fim de responder. Porém, nada saiu a princípio.

Sempre que as memórias daquele dia retornavam, o coração vacilava. Agora, não tinha forças nem em prol de se apegar ao ódio.

Para ele, tanto fazia se dissesse ou não. Por isso, ciente do desfecho que provavelmente teria, escolheu destilar o mais puro ódio na declaração:

— Há seis primaveras... os deuses destruíram a cidade onde a gente morava. — O cenho franziu. A mão no amparo ao braço machucado se apertou. — Foi tudo engolido por fogo... e nossa mãe, uma divindade menor, foi morta na nossa frente...

Era a confirmação de Selene acerca da descendência divina do garoto, baseado no que tinha visto com clareza.

— Os deuses destruíram uma cidade? — Hélios, em contrapartida, exalou confusão ao escutar aquilo.

A princípio, desejou negar o crédito das palavras proferidas pelo rapaz.

No entanto...

— O Grande Incêndio de Tebas, presumo? — A indagação da Notívaga pegou tanto ele quanto o imperador de surpresa.

— Espera, irmã. Mas esse incêndio não foi provocado pelos deuses. — O Diurno, agora entendendo o significado das palavras do oponente, voltou a encará-lo. — O que aconteceu foi uma desavença ferrenha entre os mortais, que louvavam divindades diferentes!

— Foi isso que nos disseram, na época. — Ela semicerrou os olhos escuros.

E isso arrancou outra risada jocosa do debilitado.

— Então foi essa a mentira que espalharam entre vocês?... — Respirou fundo, de maneira a deixar alto e claro nas palavras: — Eu vi. Eu ouvi. Eu vivi tudo!! Pro azar dos deuses..., eu e meu irmão somos dois sobreviventes desse dia.

— Então...? — Incrédulo, o flamejante fitou a soturnidade da irmã.

— Não é tão surpreendente, Hélios. — Ela não deixou de fitar o garoto. — Não espere nada dos Deuses Olímpicos. Eles são assim. Eu confesso que sempre achei a história estranha. Até as Musas sabiam que havia algo a mais que eles escondiam...

— Então o que a gente faz com isso?

À indagação atônita do Diurno, a Notívaga respirou fundo.

Olhou bem fundo nos olhos escuros do rapaz. Então, acompanhando tudo que ele tinha contado, somou as informações à intuição que alimentava desde que o encontrou.

Assim, entoou de forma sucinta:

— Você seria filho de Nice, a Deusa da Vitória?

O baque demorou, mas chegou.

As sobrancelhas de Leon se ergueram ao limite da testa.

— Você... conhecia minha mãe?

Foi a única coisa que ele pôde perguntar de volta.

E foi a resolução que a apóstola buscava, no intuito de adotar uma inédita abordagem na discussão.

Contraiu as sobrancelhas numa genuína demonstração de pesar. Então, fechou os olhos com extrema delicadeza.

— Como eu não poderia conhecer? — Suas palavras conduziram um misto de nostalgia e consternação. — Ela era filha de uma de nossas tias. Nos encontrávamos algumas vezes, desde o dia que... nos tornamos independentes. Então, descobrimos que ela tinha sido uma das vítimas do incêndio em Tebas.

Leon percebeu, na repentina pausa dela durante a construção da frase, um teor doloroso.

Isso o fez relaxar os ombros rígidos, o que o permitiu dosar parte do ódio destilado contra os dois.

— Então... — Sem mais piscar, os olhos trêmulos, ele procurou digerir tudo. — Vocês não sabiam mesmo... como ela tinha morrido?...

— Sabíamos que foi durante esse incêndio. Mas, como dito, a informação passada pelos deuses foi diferente da que nos contou. Por isso eu nunca confiei totalmente nessa história. — Voltou a se erguer. — Nice era uma deusa menor, como disse. No entanto, ela estava longe de ser fraca. Para morrer em um mero incêndio...

— Irmã... — Ainda contrariado, Hélios virou-se ao lado dela. — Você vai acreditar nas palavras desse garoto?

— É igual à versão dos deuses, Hélios. Não é possível considerar essa como uma verdade absoluta, pelo menos não por ora. — Os cílios úmidos se aproximaram. — Mas entre o filho de Nice e os deuses, é óbvio para qual lado eu escolheria a me pender.

— Eu entendo o que diz, mas... — Cerrou os punhos, vigoroso. — O ato que eles buscam, de derrubar os deuses, poderia afetar nosso objetivo também.

— Estou ciente. Não iremos nos unir à causa deles. Porém, tudo isso não deixa de ser uma situação bastante controversa.

— Ainda acho que ele pode estar tentando nos enganar... — Desviou um olhar desconfiado ao jovem.

— Não, Hélios. Há uma prova.

E a quebra de qualquer nova refutação apresentada pelo semelhante chegou.

A mulher apontou o indicador à ferida na perna dele, onde o flamejante enfim pôde constatar algo que tinha ignorado graças à euforia da batalha.

Selene se aproximou do garoto cheio de ferimentos e queimaduras encostado no tronco da grande árvore.

— Seu sangue é a prova...

Diante daquela amostra, Hélios nada mais teve a declarar.

Nem mesmo Leon conseguiu dizer algo a respeito. Somente abaixou o rosto, dominado pela perplexidade.

“O que realmente está acontecendo aqui? E o que realmente aconteceu há seis primaveras?”, a apóstola encarou sobre o ombro.

Levantar novos questionamentos sobre um evento daquela magnitude, quase varrido sob o tapete dos deuses, de certo desenrolaria consequências ainda mais severas no futuro.

Se aquela era uma escolha estipulada por aquelas que controlavam o Destino, podia sequer imaginar o que viria após isso.

De todo modo, a Notívaga, depois de ponderar em silêncio por algum tempo, tomou uma importante decisão.

— Como estão esses ferimentos? — Encarou o semelhante de soslaio.

— Não são nada.

— Então voltaremos a Rodes. E iremos levá-lo.

— Tem certeza? — Apesar dos pesares, Hélios não ficou assustado com a determinação dela.

— Não temos mais o que fazer por aqui. Alcançar as Moiras é impossível. Deixaremos que aqueles jovens tentem fazer o que foram ordenados. — Fechou o arco no formato de um bastão e o guardou na cintura. — Podemos pensar no resto depois...

— Espera... — Leon, rouco, interrompeu-a. — Meu irmão... ele está nessa ilha. Nos perdemos naquela caverna...

Hélios fitou a irmã, que assentiu com a cabeça.

— Acha que pode o rastrear?

Quando perguntado, o filho de Nice fez que sim com a cabeça em um gesto moroso.

Entre morrer de forma prematura e seguir os caprichos da mulher, que demonstrava ter realmente conhecido sua mãe, era fácil escolher a opção na qual iria se agarrar.

Suas intenções ainda não estavam claras, porém, o descendente de Tebas tampouco poderia avançar sozinho a partir daquele ponto.

Portanto, aceitou o convite inusitado daquela que há alguns minutos era sua inimiga mortal.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de Epopeia do Fim, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história! 

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