Volume 9 – Arco 6
Capítulo 174: Dois Caminhos
O Berço da Terra foi coberto pelo anoitecer, o fim do segundo dia.
Melinoe permaneceu descansando no interior da construção de um dos pátios nos Jardins Suspensos.
Deitada sobre uma grande coluna de gesso derrubada, apoiava o rosto sobre o cotovelo no improviso de um travesseiro.
A brisa fria batia em seu corpo, cheio de cortes já cicatrizados por todo o torso e os braços.
De repente, uma vontade de espirrar a acometeu, fazendo-a fungar bastante até abrir os olhos.
Conseguiu contornar a reação involuntária ao se reerguer.
Espreguiçou-se até estalar todas as juntas, então encontrou a presença do aliado não muito distante.
Ele estava sentado, de pernas cruzadas, próximo ao enorme buraco no chão.
De olhos fechados, Tríton concentrava a energia remansada sobre os ferimentos de queimadura e cortes sofridos durante a batalha de um dia atrás.
Para tão pouco tempo e desprovidos de algum curandeiro, a situação da dupla era até que boa.
Ao vê-lo naquela postura, a ctónica resmungou:
— Olha só. Ele queria tanto seguir em frente, todo apressadinho, mas entendeu que a voz da razão ‘tava aqui.
Apesar dos dizeres irônicos, o atlanti permaneceu sereno, à medida que dissipava os últimos resquícios de dor das feridas.
Ela riu em desdém e se levantou da “cama”. Girou os braços, um de cada vez, conferindo estar recuperada — não totalmente, porém o bastante a fim de voltar à ação.
O maior motivo de preocupação era o ombro esquerdo, local onde sofreu o corte mais profundo. Bateu com a palma duas vezes na marca que descia até a costela.
Um leve incômodo respondeu, mas nada demais a ponto de interferir em seus movimentos, pensou.
Assim que terminou a checagem, caminhou até se juntar ao filho de Poseidon.
Subiu o rosto ao enorme buraco que também havia no topo da edificação, abrindo um sorriso que mostrou os caninos.
— Acho que agora dá pra voltar atrás daqueles pirralhos. E aí, ‘tá pronto pra seguir, anfíbio!?
Passado um átimo de silêncio, Tríton deixou de concentrar energia em torno de si.
Abriu os olhos, vagaroso.
— Pare de atrapalhar os outros, cadela. — Então, levantou-se do chão, trazendo consigo o tridente prateado.
A ruiva estalou a língua, ainda provocativa.
— Seu ingrato de merda. No fim das contas, ao menos admita que eu ‘tava certa!
— Eu poderia recuperar a integridade enquanto estivesse a caminho. — Deu a volta, em caminhada até o centro do local, onde a luz da noite descia. — Você só quis vagabundear pelo último dia.
— Então por que não me deixou sozinha e foi atrás deles? É péssimo em inventar lorotas.
O atlanti bufou cansado.
— Essa prepotência vai te matar um dia...
— Eu ‘tô bem viva até agora, não ‘tô?
Depois de trocarem os murmúrios afiados, os dois saltaram para a escalada de retorno à superfície do pátio.
Receberam a lufada mais impetuosa da região ao chegarem na parte superior, onde podiam ver as grandes correntes a poucos metros.
Partiram em disparada e a atravessaram em breves minutos. Chegaram ao átrio seguinte, onde fizeram uma rápida pausa a fim de verificar as trilhas que tinham à disposição.
— Não precisa me agradecer depois. — Encarou-o de perfil, uma sobrancelha contorcida. — Dá pra recuperar o tempo perdido mesmo com essa pausa. Tenho certeza que os pirralhos também fizeram algumas.
Tríton entendeu um pouco o motivo daquilo, afinal, começou a sentir o ar mais rarefeito à altura que tinham atingido antes mesmo do segundo nível da ilha.
Ainda assim, exalou um lamento cansado, pois continuaria a ser importunado por aquela perturbação.
De todo modo, ambos concordaram que o momento de seguir atualmente os favoreceria de todo modo.
Além de terem resguardado a energia após a batalha contra os Dióscuros, teriam, muito provável, caminho limpo adiante.
Depois de divagar um pouco, Melinoe soltou outro estalo de língua, dessa vez contrariada.
— Que se dane — rezingou por fim, tomando o rumo final.
Nada mais importava àquela altura.
A única coisa que passava por sua cabeça era a necessidade de romper os limites impostos sobre o Destino e sair viva daquele lugar único.
Nem que fosse por conta própria.
Voltando poucas horas no tempo, ainda na reta final do entardecer sobre a ilha.
O som da água corrente indicava um riacho próximo. Graças a isso, as duas pessoas trajadas em mantos de cores quentes e frias decidiram seguir aquele caminho.
Rapidamente alcançaram o curso estreito repleto de rochas que se estendia por boa parte da trilha florestal.
A mulher parou por um momento, a fim de observar o céu nublado, tomado por uma tonalidade mais rosada; a manifestação do crepúsculo.
Naquele dia, tanto ela quanto seu irmão tinham feito pouco progresso pelas passagens de terra.
E, além disso...
— Encontrou algum sinal dele? — Ela fez a pergunta, se virando a ponto de fazer os longos fios roxo-escuros dançarem.
— Nem um pouco. Aquele moleque realmente desapareceu.
Nada agradável, o apóstolo passou a mão pelos arrepiados fios alaranjados, que ainda tinham mechas amarelas, semelhantes a uma tocha.
Diferente de Hélios, Selene parecia pouco aborrecida com a situação extravagante.
Manteve-se concentrada em prol de permanecer nos caminhos tortuosos da ilha.
Como a mais velha, sentia-se na responsabilidade de tomar as melhores decisões, com equilíbrio e pulso firme.
Por isso, decidiu avançar ao saltar até as rochas.
Sem muitas escolhas, Hélios a acompanhou, até cruzar boa parte do rio.
O canal começou a crescer em largura e profundidade, conforme as árvores aglomeradas diminuíam em quantidade.
— Podemos procurar por mais algum tempo. Quando escurecer, iremos parar e descansar — comandou a Notívaga. — Se não encontrarmos até o amanhecer, seguiremos em frente.
O Diurno apenas aceitou.
— Aquele garoto com certeza sabe se cuidar!
Ela concordou com a visão dele a respeito, portanto sustentou o silêncio.
A correnteza se tornou mais forte à medida que os dois seguiam o trajeto.
Não demorou muito até se depararem com uma grande cachoeira, de onde era possível enxergar a torre negra no horizonte.
— Não acho que ele tenha vindo por aqui! — disse o flamejante, enquanto a irmã analisava o terreno que podia ver abaixo.
Alguns bons metros os separavam de até onde aquela água escorria da queda.
Permaneceram sobre ela por algum tempo.
Nada demais vinha até a dupla, tamanha a vastidão daquela porção de terra. Era até difícil de acreditar que tudo aquilo era considerado como “só uma ilha”.
Achar qualquer pessoa, amiga ou inimiga, por tamanha amplitude seria um árduo trabalho.
Selene não desejava descer naquele momento. Logo escureceria, então se embrenhar ainda mais em regiões desconhecidas faria tudo se tornar perigoso.
Portanto, ela ameaçou dar a volta, a fim de retornar à trilha já decifrada.
Quando foi executar o movimento, a sensibilidade a atiçou de súbito. Virou-se de novo à queda, mirando uma região bastante inundada à direita.
— Encontrei uma energia.
Chamando a atenção do Diurno, ela franziu o cenho.
— É o garoto?
— Não...
Diante de tal resposta, ele antecipou o cenário.
Por isso, sem nem pedir a permissão da mulher, saltou da falésia. Ela contemplou, a princípio, em silêncio.
Mas a respectiva — e rara — descoberta jamais poderia ser colocada em segundo plano.
Por fim, acompanhou a astúcia do semelhante ao pular pelo acentuado desnível.
Tocou as sandálias de cabedal na superfície aquática depois de alguns segundos, sem provocar qualquer ruído.
Por outro lado, o homem já corria com pressa em direção a um templo cercado pelo lago.
Montanhas rochosas também circundavam a construção, decorada por vegetações herbáceas em diversos pontos da fachada.
— Irmã! — Hélios chamou ao virar o rosto e perceber a saída de uma gruta daquele aglomerado rochoso.
Selene se aproximou, cautelosa, para encontrar as pegadas contínuas pela terra. Claro, elas iam somente até o nível da água.
Estava correta na sensação da influência desconhecida.
Ao seguir aquele itinerário, imaginou que a figura em questão deveria ter prosseguido até a edificação.
Acompanhando o mesmo raciocínio da irmã, Hélios tomou a dianteira na caminhada ao local fechado.
— Eu vou na frente, irmã.
Respondido pelo silêncio, se aproximou da entrada aberta.
Como esperado, o nível d’água subia a cada novo avanço, a ponto de inundar o santuário.
Seria difícil seguir a regiões mais profundas, então os dois optaram por pegar um trajeto mais alto.
Hélios puxou a lâmina da cintura e depositou energia no releixo, criando uma camada fina de Autoridade Elementar do Fogo.
Iluminou o interior bastante danificado das estruturas, encontrando um acesso estreito que levava a uma escadaria.
Tomaram esse trajeto e subiram até o segundo andar.
Livres do lago, puderam explorar com maior cautela as imediações. Ultrapassaram alguns cômodos e corredores.
Nem sinal da pessoa identificada há pouco; apenas restos mortais em decomposição, tanto no piso onde estavam quanto sob esse, flutuando na água.
“Teria ele escapado?”, Selene estreitou os olhos ao chegar a outro recinto vazio.
Ao sair dele, dando de cara com um cubículo de maior tamanho comparado aos demais... o som de uma gota ecoou, vindo de baixo.
Claro, poderia ser a ação natural da inundação, que já ameaçava engolir aquele piso à medida que prosseguia.
No entanto, os dois entraram em um súbito estado de alerta, paralisando o seguimento.
Envoltos por blocos de pedra derrubados em virtude da devastação causada pelo tempo — e outros impactos —, o centro do salão recebeu um silêncio assombroso.
O ruído das gotas, a caírem em intervalos bem determinados, continuou a cortar o breu.
Até que, de repente, um barulho diferenciado contaminou os ouvidos dos apóstolos.
Hélios brandiu a lâmina de fogo para trás, ao que Selene se apegou ao arco no formato de uma lua crescente.
Deram as costas um ao outro.
Quando a Notívaga abriu a palma livre, a fim de reunir energia sobre ela...
“Chuva de Areia!”
Em outro cômodo superior, escondido, o rapaz gerou camadas densas de minerais ao brandir uma das lâminas negras que empunhava.
As porções resistentes e pesadas se dissiparam do teto e caíram em direção aos apóstolos, que foram surpreendidos.
No reflexo, o Diurno balançou o gume de fogo em um corte em arco para o alto, derretendo a maioria das partículas velozes.
Dessa forma, pôde também proteger sua irmã, que resistiu na condensação de energia sobre a mão.
Uma flecha de luz foi originada, a retesou na corda e disparou ao girar rapidamente o corpo.
O disparo atingiu os escombros reunidos no andar de cima, pela abertura que eles sequer tinham percebido ao chegarem no salão.
A pessoa que tinha os atacado se livrou em virtude das proteções rochosas para, num rompante, dar a volta e disparar.
Hélios saltou eufórico para atravessar o piso e perseguir o misterioso.
Só não contava com o amontoado de areia no local, responsável por empurrá-lo de volta ao contrair toda a massa em um único ponto.
“Que tipo de Autoridade seria essa?”, indagou Selene, ajeitando a postura a fim de desviar do resto de minerais a escorrerem do topo.
Mais desses explodiram quando o Diurno se livrou ao concentrar energia de fogo na ponta da lâmina.
Tendo alguns cortes superficiais pelo torso após ter perdido o manto de proteção, ele abriu um sorriso afiado.
— Ah, mas não vai mesmo!!
Correu pelo trajeto cheio de destroços, ao que reencontrou a figura do inimigo ao virar um corredor acidentado.
Quando contornou a passagem obscura, uma força nada natural brecou suas pernas, o que interrompeu bruscamente sua corrida.
“O qu...?”, nem completou ao descer a linha de visão.
Um abismo de areia embebida cobriu os tornozelos, motivo de ter o bloqueado na hora. Por conta do fulgor, nem sentiu o piso mais fundo ao avançar e acabou surpreendido.
Pouco a pouco, conferiu que estava sendo puxado, além de notar o fluxo flamejante na lâmina diminuir.
A vertigem bateu, seguida de uma ínfima enxaqueca. A respectiva soma de fatores o fez perceber algo desagradável:
“Ele ‘tá sugando minha energia também”, rangeu os dentes.
Não importava o nível do esforço, as pernas — agora já cobertas na altura dos joelhos — continuariam pressionadas.
“Areia Movediça”, pensou o responsável por originar aquela Autoridade, observando os resultados da armadilha detrás de uma coluna caída em diagonal “A água acumulada em suas sandálias vai ser o motivo de sua derrota. Agora, eu vou sair...”
O jovem de cabelo escuro se decidiu, desinteressado em verificar o desfecho daquele cenário.
Afinal, ele já sabia bem o que aconteceria quando o homem fosse completamente sugado às profundezas da...
— Onde pensa que vai!!?
O grito repentino de Hélios o fez virar metade do corpo, atônito.
Executou um corte explosivo que destruiu o piso do andar inteiro em um efeito cascata, única forma de conseguir se livrar da areia movediça.
Com a queda intensa de inúmeros destroços, os dois retornaram ao segundo andar, esse já preenchido por água em alguns cantos.
O dominador dos minerais estalou a língua, mas sem se deixar abalar. Corrupiou-se e permaneceu focado em escapar daquele local.
— Você roubou uma boa quantia de energia, garoto!! — O apóstolo rodopiou, dobrando a quantidade de chamas no releixo.
As chamas amarelas-alaranjadas tornaram-se intensas, até serem lançadas num corte descendente em um jato contra o adversário.
A colisão com os inúmeros blocos provocou outra detonação, na qual a onda de choque fez o rapaz ser lançado às paredes.
Sem perder tempo, Hélios saltou contra a camada cinzenta criada pelos impactos. Brandiu novamente a arma afiada, encontrando a defesa bem postada do garoto.
Ele tinha os dois gumes sinuosos posicionados paralelos à frente do tronco. A onda de choque do contato foi suficiente a fim de dissipar boa parte da fumaça.
A claridade do fogo iluminou a feição do integrante dos Imperadores das Trevas...
— Você domina uma Autoridade interessante!...
Leon semicerrou os olhos castanhos diante do elogio.
Enquanto a disputa se intensificava, partículas minerais escorriam das armas pretas até o chão, silenciosas.
Quando parecia prestes a perder para o fogo escaldante, as fez se espalhar por diversas regiões daquela sala estreita.
O Diurno percebeu a ação no último segundo. Foi tudo bastante rápido; a perna esquerda do filho de Nice subiu, com o joelho a atingir o antebraço do apóstolo.
Em seguida, desceu numa forte pisada contra o chão.
A resposta veio na sequência, quando enormes sustentáculos de areia se expandiram dos grãos espalhados pelo ar.
No instinto, o flamejante se soltou do confronto direto a fim de recuar, desviando das estacas pesadas a quase se conectarem no meio do saguão.
Após o ataque improvisado, as grandes massas aglomeradas se desfizeram, retornando ao solo que rodeava o arauto e seu agressor.
Dessa vez, Leon reconheceu a impossibilidade de fugir. Ao menos, seria incapaz de fazê-lo caso não derrubasse o membro da Corporação dos Deuses à sua frente.
Sabia da existência da segunda, porém contava com o surgimento de alguns monstros nos outros cômodos para a atrasar.
Assim, era de suma necessidade ser cirúrgico nas escolhas que o levariam a vencer o mais rápido possível no intuito de os despistar.
Tomou-se um espaço de absoluta concentração de ambas as partes. Se encaravam, sem deixar escapar qualquer detalhe.
Sisudo, o moreno cruzou as lâminas, que não deixavam de reunir partículas minerais no arredor das chapas curvadas.
Então, num ato rápido, quando o apóstolo ameaçou se mexer, ele estendeu a arma da mão destra com a ponta direcionada ao atinente.
— Sarcófago!!
No controle da areia gerada nos pontos cortantes e espalhada sob os pés, criou-se um caixão de aglomerados ao redor do flamejante.
Em menos de um piscar, ele foi cercado pela escuridão. De toda forma, não deixou de sorrir ao ser trancado e prensado pelas massas quentes por todos os lados.
“Isso dói mesmo!”, experimentava os ossos serem esmagados uns contra os outros dentro de si.
Nenhuma brecha era imposta a ele, que tinha o braço dominante dobrado e sem espaço para se mover.
Mesmo formado, porções de areia continuavam a cair das lâminas escuras ao plano, assim rumando para se unirem no sarcófago.
A adição gradativa fazia a pressão interior aumentar. Assim o faria até que conseguisse amassar todo o corpo do oponente.
Chegou a um momento no qual o peso adquirido tornou-se tão grande que a caixa retangular tombou.
Nada podia ser escutado de dentro.
Nesse átimo, o filho de Nice pensou em dar a volta para fugir de vez...
Subitamente uma onda de calor escapou da fenda criada na superfície de minerais sólidos. Outra vez, o imperador teve a prerrogativa de escape desmantelada.
Depois, o som de dentro nasceu; só que não era o esperado.
Explosões consecutivas ecoaram por dentro da região apertada, até que uma fina camada de labaredas escapou para fora, envolvendo todo o sarcófago.
— Você é bom, garoto!! — A voz abafada ecoou, como se um gatilho para realizar a destruição da caixa de areia.
Partículas quentes e incendiadas foram expulsas para todos os lados, induzindo o rapaz inerte a proteger os olhos com um dos braços.
Com diversos cortes, agora medianos, a ponto de soltarem filetes de sangue, Hélios se reergueu e saltou de imediato até uma coluna partida, longe do domínio de areia no piso.
Respirou ofegante por breves segundos, sinal de que, realmente, havia sido pressionado ao limite naquela prisão.
“Isso foi louco. Se eu me deixasse desleixar por mais alguns segundos, ele me mataria...”, semicerrou os olhos vivos.
Era cada vez mais certo de que deveria lutar com parte considerável das próprias capacidades.
Sendo assim...
— Não vou me segurar muito mais...
O sorriso se desfez, dando lugar a uma feição carregada com os olhos arregalados.
Resultado disso foi a elevação imponente de sua energia, a rodeá-lo com uma aura quase invisível a olho nu.
Diante daquela inédita manifestação, Leon engoliu em seco, experimentando a sudorese começar a afetar o rosto.
A cada novo desdobramento, as possibilidades de escapar se tornavam mais e mais escassas diante dos olhos.
Para conquistá-las, deveria fazer algo além do que considerava ser capaz. E alcançar tal patamar, num instante como aquele, podia ser considerado uma loucura.
Enquanto a areia dominava o solo abaixo dos pés, o fogo começou a ser alimentado pela energia agressiva do apóstolo.
Sem jogar a toalha, cruzou as lâminas de onde as partículas minerais enfim pararam de cair.
Apenas as chapas metálicas negras, agora até mesmo aptas e refletirem o brilho das luzes flamejantes acima.
Aquilo o lembrou daquele dia...
Os gatilhos internos foram revirados.
As imagens de quando as chamas lhe tomaram tudo, inclusive sua mãe, arderam nas retinas.
Foi o momento que o desejo de fugir, pela primeira vez, foi sobreposto por outra vontade cravada no interior de sua alma.
“Devo matá-lo...”
Gélido, transmitiu aura igualmente intensa ao apóstolo, que contraiu as sobrancelhas.
“Ótimo...”, o Diurno pensou ao erguer a palma livre, de onde a manifestação vital se condensou até tomar conta de todos os dedos.
Após isso, tocou-os sobre o metal da lâmina. Todo o releixo foi engolido pelas chamas vitais, ao que sons de rachaduras se propagaram no espaço.
— Vou abdicar disso aqui, em forma de respeito a você...
Por meio daquele murmúrio, Hélios apontou o releixo que, agora, era puramente de fogo.
O filho de Nice, empurrado por um frenesi de emoções desagradáveis, a ponto de fazer o coração palpitar mais rápido, designou os cinco sentidos ao foco absoluto em matar aquele homem.
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