Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 9 – Arco 6

Capítulo 168: Ondas de Cristais

“Que estranha essa sensação...”

Após a troca de cumprimentos, Silver e Heath separaram alguns poucos segundos no intuito de equilibrarem o fôlego.

“Ele é forte. Mas eu não estou nem um pouco com medo”, o altruísta não conseguia controlar o sorriso satisfeito que se desenhou no rosto. “Então isso que é estar animado?”

Ao balançar a empunhadura, deixando o resto dos fragmentos de antarticita ruírem sobre a água, o garoto dos Imperadores das Trevas resolveu se agarrar àquela sensação.

Por outro lado, o filho de Poseidon pouco se importava com qualquer tipo de euforia. Mantinha-se controlado, no intuito de afogar-se ainda mais na zona de mansidão.

Já tinha percorrido um caminho favorável durante o “aquecimento”. Agora, só tinha que elevar a absorção interior, sem se deixar levar por algum ruído exterior.

Podia, até certo ponto, experimentar a gelidez permear seu corpo. A imagem mental, sempre que fechava os olhos, o levava ao afundamento nas camadas do oceano, cada vez mais profundo.

Continuava a estar próximo da luz na superfície, o que não era agradável, mas era aceitável.

Se colocar nas zonas mais escuras do mar enquanto em batalha sempre seria mais demorado. Portanto, não permitiu que os nervos surgissem à flor da pele.

Respirou profundamente, inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca.

“Elimine as perturbações”, repetiu consigo, à medida que a firmeza nos olhos ia se perdendo.

De repente, todo o corpo deixou a rigidez ir embora.

Heath pôde enxergar, ainda que leigo, a “moleza” adquirida pelo corpo do adversário a poucos metros de distância.

“O que vai fazer agora?”, enquanto identificava o fluxo de ar gélido irromper o ambiente, provindo do jovem deus, o altruísta se preparou à sua forma.

Desfez o sorriso de ânimo, em substituição a uma feição um pouco mais circunspecta.

Precisava, além da confiança, também de forte compenetração a fim de usufruir ao máximo de sua complexa Autoridade.

Deveria alcançar a cristalinidade perfeita, pois só assim estaria apto a vencer.

Como sua mãe tinha o ensinado, até o último dia de vida...

“Vamos nessa, garoto...”, colocando o coração naquela vontade, pôs-se de frente ao desafio de lidar com a aura marítima daquele descendente divino.

Quando os olhos cor de mel se abriram novamente, o fluxo vital tornou-se ainda mais claro ao filho de Nice.

Compreensivo àquela “forma”, conectou as peças responsáveis por lhe indicar às melhores condutas ofensivas e defensivas a partir de então.

A análise superficial sobre o atlanti e sua influência vital estavam concluídas.

Repetiu os movimentos anteriores, quando ergueu o cabo vazio para o alto. Do nada, os precipitados líquidos surgiram, até se tornarem cristais brancos.

“Primeiro a Antarticita!!”, determinou ao esgazear as vistas e descer o braço, impetuoso, para disparar as estacas brancas contra o apóstolo.

Silver lidou ainda melhor com as gemas pontiagudas, tendo sucesso em cortá-las sem dificuldades. Movimentava nada além do braço e parte do tronco.

As ações remansadas mal passavam intensidade ao adversário, que estremeceu as sobrancelhas.

Era como se nem pudesse decifrar os deslocamentos livres de qualquer agitação.

Após se livrar dos disparos, Silver pegou impulso nas pernas e disparou em direção ao agressor, já condensando Autoridade Elementar da Água sobre o releixo.

Heath pouco se intimidou, retornando com a empunhadura vazia à frente do corpo.

Rubi!

A exemplo das esmeraldas utilizadas no início, os cristais de tonalidade avermelhada, vinho e rosa nasceram em uma linda mistura que se tornou outra grande lâmina.

Essa, no entanto, dividiu-se em três ramificações, como um garfo — um tridente.

A configuração tampouco distraiu o filho de Poseidon, que realizou o ataque frontal. A colisão provocou um som oco profundo, a se alastrar em ecos pelo pântano.

Dessa vez, a disputa entre as armas manteve-se, pois as gemas de fundo escuro resistiram.

“Dureza de nível nove. A segunda mais resistente que tenho domínio”, o brilho pulsou às vistas do dominador aquático, que pouco se empenhava em prol de atravessar a defesa rubi.

Ainda assim, Heath tremia os braços, esforçado para impedir o ímpeto contrário de o superar.

“Ele nem treme!”, perplexo diante das capacidades do oponente, ganhou uma nova dose de segurança para combatê-lo.

Agora, com tudo que tinha.

“Não me subestime!!”, deu dois passos à esquerda, deixando o ofensivo passar um pouco da linha de base.

Isso o permitiu balançar a arma, fazendo a postura do descendente marítimo entrar em desequilíbrio. Assim, trouxe de volta a lâmina de rubi em garfo, no objetivo de o empalar.

Sem perder o emocional, Silver pisou com força no pé de apoio e sacudiu a lâmina gelada de volta, provocando outra colisão entre as Autoridades.

O braço dominante de cada um subiu graças ao impacto do choque, os obrigando a perderem segundos preciosos a fim de retomarem a estabilidade.

Nisso, Heath foi mais rápido em usufruir do momento adverso à própria benesse.

Somente desceu o braço, apontando as pontas afiadas contra o prateado. Condensou energia sobre elas, até que as separações cresceram num rompante.

No puro reflexo, Silver se esquivou ao contorcer o tronco à direita, porém não pôde evitar que um corte ralo se formasse sobre a bochecha.

Num piscar, elas retornaram ao tamanho original, tempo no qual o filho de Nice voltou a se fixar no chão.

Assim, disparou de novo o aumento de proporção, no que o padrão das lanças perfurou a perna esquerda do atlanti e raspou no antebraço livre.

No instinto, Silver também aproveitou a adversidade a fim de subir a lâmina contra os cristais rubros. Os quebrou com o golpe que não foi capaz anteriormente.

Heath estalou a língua depois de ter perdido a extensão do ataque, desvencilhando-se do contragolpe rápido do oceânico.

“Ele sabia que os rubis ficam mais frágeis quando as inclusões são mais extensas?”, freou o recuo ao arrastar os pés na terra. “Não... Foi só sorte.”

Trouxe de volta o que restou das gemas.

O que tinha sido fincado na coxa foi removido pelo próprio apóstolo. Ele apenas desceu o olhar imutável, não parecia sentir dor ou incômodo algum.

Todavia, aquele ferimento com certeza o prejudicaria.

Agora, os dois tinham conquistado uma vitória pessoal naquele princípio de combate.

E a vantagem pendia um pouco mais ao imperador.

Prestes a perder a maior parte da serenidade reunida, Silver tratou de controlar a respiração. Focou parte da energia remansada até a perna ferida, onde pôde controlar a perda de sangue.

“Ele é bom...”, reconheceu pela primeira vez ao encará-lo de soslaio. “Preciso me aprofundar ainda mais. Não se perca...”

Abriu e fechou os dedos sobre o pomo da arma afiada.

Passou a inspirar ar também pela boca, os lábios levemente separados. As sobrancelhas desceram, descontraídas.

Conforme fios de sangue vertiam até tomar a panturrilha, a audição aguçada se destoou de tudo que poderia captar nos arredores.

Com exceção do inimigo...

Podia ouvir sua respiração levemente ofegante. O coração a palpitar mais intenso por conta do clima, tanto natural quanto o da batalha.

Heath, porém, não o deixaria se focar com tamanha liberdade; criou inclusões entre os rubis destruídos.

Isso os fez crescerem de novo, agora tomando para si um aspecto de um buquê de flores.

Apontou ao atinente e deixou a energia condensada “explodir”, lançando disparos parecidos ao das antarticitas, só que menores e em maior escala; além de mais rápidos.

O descendente dos mares voltou a encarar o desafio na hora certa. Mesmo dificultado pelo machucado na perna, movimentou a lâmina e cortou os primeiros cristais.

Em seguida, executou pulos rápidos e se livrou dos outros, ciente de que manter-se afastado seria ruim.

Se aproximar tampouco seria fácil.

Dessa forma, ele optou por abrir ainda mais distância; correu às regiões de mata densa do pântano, onde também teria mais água nas cercanias do solo úmido.

Ao entender as pretensões dele, Heath manteve a elevação das inclusões. Então, partiu de onde estava à perseguição.

— São flores bonitas, não acha!? — indagou, de modo a tentar o ludibriar. — Lindas flores cor de sangue...

Se deixando levar pela superioridade adquirida, começou a sentir a água gelada bater nas canelas.

Perceptivo ao possível benefício que o jovem deus teria, decidiu sacar o segundo cabo vazio, guardado no outro lado do cinto.

Ao fazer isso, deixou de crescer as inclusões dos rubis para focar na outra arma.

Enquanto se afastava, Silver percebeu a interrupção dos tiros avermelhados e decidiu encarar por cima do ombro.

Foi quando o imperador voltou a abrir o sorriso.

Lapis Lazúli!

Agachou-se em alta velocidade e bateu o cabo no chão. Isso causou um rebuliço na terra abaixo da água, da parte mais rasa à mais profunda.

Em questão de segundos, o resultado surgiu sob as sandálias do garoto: blocos azulados subiram, em formato de estacas, em alta velocidade até o alcançarem.

Silver foi obrigado a parar de ir em frente quando um emergiu no ponto exato onde daria o próximo passo.

Essa era uma pedra mais opaca, onde os pequenos pontos brilhantes vinham dos compostos brancos e amarelos na extensão da superfície escura.

Após crescer a uma altura considerável, a parede fez o prateado retornar. Ao mesmo tempo, um bloco cresceu sob o ponto de equilíbrio de Heath e o lançou pelo caminho.

Mesmo com o auxílio da audição, Silver não pôde reagir no momento certo. Quando deu a volta, foi atingido pelo buquê de lâminas rubi no peito.

Cuspiu bastante sangue antes mesmo de colidir com a parede de lazulita, sentindo todos os ossos do tronco grunhirem em agonia.

Porém, a situação não era tão simples quanto aparentava.

— Me empolguei um pouco demais... — A voz do filho de Nice soou pesada. Um fio de sangue escorreu do canto de sua boca. — Acabei mandando mal...

A lâmina do apóstolo também tinha o atravessado, na altura do abdômen.

Se não podia se defender, então que criasse um contra jogo ao oponente.

O descuido de surpreender o fez ser surpreendido. A vantagem construída até então era colocada em xeque.

— Você... — Dessa vez, foi o atlanti que comentou, algo raro. — Domina duas Autoridades?...

— Na verdade, não é bem assim... — Os dois mantinham-se firmes um sobre o outro. Não por vontade própria... — Essa Autoridade é um artifício... originado da Autoridade da Terra.

Os dois seguravam um ao outro, para que a nova vantagem não fosse concretizada a qualquer dos lados.

O imperador tentava voltar com os rubis que atingiram o peito do apóstolo, que fazia o mesmo com a lâmina que empalou a barriga do imperador.

E ambos usavam as mãos de apoio no intuito de manterem-se cravados.

Porém, quem acabou por responder mais rápido foi Silver, que usou a sola para chutar o tórax do inimigo.

Dessa forma, tanto se livrou dos rubis quanto recuperou o releixo gelado, postado a fim de o atacar de novo.

Estalando a língua, Heath usou a energia expansiva no objetivo de se proteger com outra coluna de lazulita.

Sangue com icor espirrou acima das rochas, vindo dos dois lados. Outras gotas caíam na água escura, até se tornarem parte do líquido.

De novo, o descendente dos mares precisou recompor a serenidade concentrada. Agora seria um passo bem mais árduo, visto a quantidade de ferimentos nada superficiais pelo corpo.

Sem contar a descoberta acerca da Autoridade estranha, jamais vista em vida, dominada pelo adversário.

Ao mesmo tempo, Heath também precisaria cortar um dobrado até voltar a equilibrar o controle de energia.

Por se tratar de uma Autoridade complexa, era necessária a elevada compenetração a fim de a gerar e manipular.

Um mínimo deslize de foco poderia fazer com que errasse a confecção das gemas intrincadas. E isso poderia custar sua vida.

“Concentre-se na cristalinidade... Elimine as impurezas”, dizia para si mesmo, conforme os rubis afetados pelo descontrole vital se fragmentavam.

No fim, os dois eram bem parecidos: extremamente dependentes da placidez interior.

Esses eram os mínimos detalhes que decidiriam o conflito. Os pormenores que apenas os dois podiam enxergar, sentir.

Precisavam lidar consigo mesmos antes de lidarem com o que havia adiante.

— Com todo respeito, mas tenho certeza de que você nunca passou pelo que eu passei... — Heath depositou energia extra na lâmina tripla dos rubis. — Não tem a experiência para achar formas de superar.

Um pouco ciente sobre as questões do adversário, graças ao encontro frontal recente, ele focou todo o arrojo no respectivo.

“Por favor... Me permita terminar rápido com isso”, voltou a conceber a imagem de Leon em seu imaginário.

O motivador motriz para derrotá-lo e seguir em frente, antes mesmo do objetivo que diziam ter os levado até aquele lugar.

Até aquele grupo...

Todavia, Silver não venderia barato até o fim.

Voltou a se postar, fazendo os devaneios do jovem imperador serem dissipados com um sopro.

Apesar do olhar desalmado, ele também era instigado por vozes calorosas a ecoarem pela cabeça

Era tudo que necessitava naquele momento.

Forçou a energia fluida a atravessar o corpo todo até chegar na lâmina oceânica.

Outra camada de Autoridade da Água preencheu a envoltura da chapa metálica. Só que, dessa vez, a porção de energia manifestada apresentava-se bem instável.

Ondulava intensamente enquanto cercava o gume. Mesmo na força de vontade, o atlanti aparentava ter perdido boa parte do controle da própria serenidade.

“É uma pena. Mas não adianta”, perceptivo a isso, o filho de Nice arriou as sobrancelhas e fez apenas crescer a quantidade de rubis no cabo da mão canhota.

Silver pouco se intimidou diante dos próprios problemas e partiu em disparada na direção do altruísta.

Ele retomou a abertura completa das vistas, em preparação ao novo encontro.

Com um corte rápido, numa diagonal de baixo para o alto, a camada d’água instável atingiu os cristais avermelhados de alta durabilidade.

A terra abaixo deles tremeu de leve. Então...

O som de rachaduras permeou os ouvidos dos dois. Os olhos do imperador tornaram a esgazear quando os cristais rubros foram partidos em suas estruturas.

“Como!?”, incrédulo perante a destruição lenta da gema poderosa, mal pôde acompanhar o giro rápido do apóstolo.

Num golpe baixo, acertou a parte posterior da perna na lateral da panturrilha do adversário, o fazendo perder sustentação.

Só quando percebeu ter perdido o contato com o solo, Heath viu a lâmina atravessar sua defesa rubi.

Ia na vertente de seu rosto, quando rangeu os dentes e conduziu o outro membro no desespero. Defendeu-se com um bloco de rocha azulada, criada na hora sobre o cabo.

O improviso o salvou de última hora, mas não pôde lhe privar do impacto de ser lançado para trás.

E ia em sua direção.

“Ele superou minha gema de dureza nove!? Isso é...!”, após capotar na terra cheia d’água, ele se reergueu em um pulo descoordenado. “Mas se ele está instável, o ataque não deveria estar enfraquecido?”

Criou plataformas de lazulita a fim de manter-se ativo.

Ao subir o rosto, percebeu que a presença do apóstolo tinha sumido. Procurou-o ao virar os olhos aos lados, porém nada ocorreu.

Então, assim que pensou em caçá-lo através da influência gélida que espalhava desde o princípio, ouviu um rompante na água do pântano.

Uma chuva artificial foi criada sobre a cabeça de Heath, que se perdeu por um breve átimo.

O bastante a favor de Silver, que aproveitou a cortina d’água criada com o golpe para surgir na retaguarda do desprotegido.

Atrasado graças à distração, o filho de Nice apenas pôde ver a postura agachada do inimigo pela esguelha.

Empenhou-se a fazer outro bloco rochoso emergir, mas foi tarde demais.

O filho de Poseidon lhe cortou na altura do tórax, arrancando sangue com icor, assim como rasgando o tecido da camisa do rapaz.

Pressionado ao sentir a ferida arder pelo tronco, ele cambaleou dois passos para trás, até que a parede rochosa surgiu debaixo do atlanti e o lançou para o alto.

“O que está acontecendo!?”, irritado pela primeira vez, Heath apontou o buquê de rubis ao jovem em pleno ar.

Desprovido de apoio para defender, Silver apenas sentiu a gelidez permear seu corpo.

Algo novo, do qual desconhecia, percorria os dedos dos pés aos fios erguidos do cabelo prateado.

E foi assim que, em um movimento cortante com a lâmina, causou uma explosão na água acumulada ao redor da plataforma na qual o dominador dos cristais estava.

Ele perdeu o equilíbrio no mesmo instante que a rocha azulada rachou.

Desentendido tanto quanto o adversário, o filho de Anfitrite lançou-se de volta em uma das partes rochosas que foi lançada ao ar, bem ao seu lado.

Heath tentou se defender com ambas as armas, mas foi inevitável.

A lâmina recheada de energia oscilante penetrou acima do umbigo, o afundando nos destroços misturados de rubi e lazulita.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de Epopeia do Fim, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história! 

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