Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 9 – Arco 6

Capítulo 163: As Passagens do Berço da Terra

Os olhos de Heath se abriram, marejados.

Coberto pelo manto negro, referência a ser um membro dos infames Imperadores das Trevas, levantou-se sonolento do firme e volumoso galho onde descansava.

Cercado por diversas árvores de inúmeras proporções, esticou-se até estalar todas as juntas e soltou um bocejo delongado.

“De novo...”, quando se sentiu um pouco mais despertado, notou as vistas úmidas.

Secou-as com o indicador, rapidamente. Depois, balançou a cabeça para os lados, trazendo à tona o último resquício da lucidez.

Virou o rosto ao lado e encontrou o irmão, de pé sobre um galho idêntico ao seu.

O cabelo preto estava maior, solto de maneira a envolver o rosto quase inteiro.

“Ele ficaria a cara dela se amarrasse o cabelo”, esfregou o rosto ainda moroso ao se lembrar da imagem sorridente de Nice.

Levou as pontas dos dedos até as mechas do seu cabelo, que era castanho-escuro. Diferente de Leon, ele o amarrava em um pequeno rabo de cavalo sob a nuca.

Penteado esse semelhante ao da mãe, mas que deixava seu irmão sempre de lábios contorcidos ao ver. Só de pensar em como era doloroso sequer cogitar em imitá-la.

Ao perceber que o outro tinha acordado, Leon o encarou de soslaio.

— Seu enjoo passou? — indagou, áspero.

— Sim, um pouco. Dá pra gente focar agora.

Passado um minuto, os dois desceram das árvores ao saltarem rapidamente.

Finas linhas de fumaça ainda subiam da fogueira improvisada com pedaços curtos de madeira.

Encostado na base do tronco de outro arvoredo, o terceiro membro de rosto coberto pelo capuz já se encontrava de prontidão.

— Obrigado por vigiar essa noite, Dante. — Heath se dirigiu ao rapaz. Forçou um sorriso amigável. — Tem certeza que se sente bem pra ir?

O encapuzado ficou em silêncio num primeiro momento.

Conforme Leon chutava os restos da fogueira, a fim de eliminar os rastros, ele respondeu com uma pergunta:

— ‘Tava tendo pesadelo?

O jovem cerrou os olhos pesados, que tinham as olheiras bem fundas.

Diante do silêncio, Dante desencostou do tronco e deu meia volta, em direção à trilha que terra que se seguia.

— Você também estava naquele dia. — A pergunta veio do altruísta. — Todos nós vivemos aquele inferno. Por isso estamos aqui, não é?

Ele parou de andar e se virou, a observá-lo por cima do ombro.

Heath pôde ver algumas marcas a subirem o pescoço dele, além de um dos olhos cinza-azulado, revelado por conta da posição a fazer o capuz subir centímetros.

— É, claro. — Exalou um profundo suspiro. — Eu sinceramente ‘tô pouco me lixando pra esse negócio de mudar o destino dos deuses. Se fosse por mim, eu nem estaria aqui.

— Eu concordo. — Leon se juntou à conversa, os braços cruzados cobertos pelo manto.

— Leon... — O irmão se virou. — Não tivemos escolha. Afinal, aquelas mulheres são...

— Eu sei — resmungou, o interrompendo. O cenho franziu ainda mais. — Por isso vamo’ acabar logo com essa desgraça. E aí procuramos o que temos que procurar.

— Tem uma passagem dupla mais à frente. — Dante apontou, revelando seu braço negro, com algumas lesões antigas. — É igual aquele cara disse. Vamos nos separar.

Os irmãos apenas assentiram.

“Keith foi na frente. Irene ficou pra trás...”, o rapaz ponderou os cenários que se apresentavam ao trio, que logo iria se dividir.

Sem esperar outro pronunciamento, o encapuzado resolveu ir em frente. Logo acabou sendo acompanhado pelos filhos de Nice.

E pouquíssimo tempo depois, se depararam com a divisão antecipada pelo rapaz.

Sendo assim, como combinado, os irmãos seguiram por um rumo, enquanto o carrancudo pegou o outro.

As forças totais dos Imperadores das Trevas tinham terminado de se dividir por completo no Berço da Terra.

Cada um em busca de seu próprio objetivo.

Todos a caminho de um mesmo destino...

Enquanto o novo amanhecer chegava à ilha isolada, o grupo que tinha deixado as ruínas se preparava para retornar ao trajeto.

— Bom dia. — Helena saudou o irmão, que ia até um riacho próximo para lavar o rosto e se hidratar. — Conseguiu descansar?

— Merda nenhuma... — Com a voz irritada, Damon se agachou e apanhou água nas mãos em concha. — Lugar de merda...

A jovem mulher riu desconcertada ao escutar as reclamações nada politizadas do garoto.

— E você? — indagou.

— Me sinto melhor. Obrigada por perguntar. — Olhou para trás. — Chloe disse que seria questão de tempo até me acostumar a esse “clima”.

Na direção para onde os olhos da ruiva apontavam, as filhas de Atena utilizavam suas Bênçãos de forma simultânea.

Os olhos violetas de Chloe cintilavam, ao passo que tateava o solo batido. Buscava rastros inimigos que pudessem as indicar o melhor trajeto a ser tomado adiante.

Enquanto isso, o mesmo ocorria para os globos esverdeados de Julie, sobre o galho mais alto da árvore mais alta naquela região.

A Telepatia se alastrava por uma distância formidável, à procura tanto de possíveis inimigos quanto os demais aliados que haviam se separado nos jardins suspensos.

Silver aguardava, apoiado com as costas em um tronco. A audição aguçada sempre alerta para qualquer surpresa.

Por fim, Irene observava o trabalho silencioso das gêmeas de boca aberta, espantada e curiosa.

Passado quase dois minutos, as duas retraíram a utilização de suas energias. Foi o tempo igualitário aos afazeres rápidos dos filhos de Zeus, que retornaram ao grupo.

“Informação: Pude encontrar leves traços de energia dos irmãos defensores do Museion. Entretanto, o filho do Deus do Sol não aparentava estar junto deles.”

As palavras ecoaram na cabeça de todos; alguns levaram na boa, outros se incomodaram — claramente, Irene e Damon, os mais assíduos em cada reação.

— As companhias de Irene, de certo, interromperam a progressão durante a última madrugada, tal como nós. Minha Psicometria avançou a esta trilha em específico, porém, infelizmente não pude encontrar qualquer pista. É possível que tenham apanhado outras passagens, a exemplo de nossos aliados.

— Quando se separou deles, consegue se lembrar onde estava? — Helena indagou à jovem pálida.

Ela deu um soquinho na testa, de novo, ao responder:

— Irene não lembra beeem!

O olimpiano estalou a língua ao escutar.

— Perder-se neste local é tão simples quanto respirar. — E a lanceira saiu em defesa da menina. — De modo geral, devemos prosseguir. Eventualmente, caso sigamos rumos igualitários, os encontraremos.

Sem dizer mais nada a respeito, Damon deu a volta e iniciou a caminhada pelo trajeto cercado de arvoredos.

O grupo, portanto, retomou a jornada durante o amanhecer do segundo dia no Berço da Terra.

Conforme ultrapassavam as repetições de árvores aglomeradas, espectros e soldados mortos-vivos continuavam a surgir, para indignação dos aventureiros.

A linha de frente composta por Damon e Silver não oferecia chance às criaturas. Nenhuma surpresa maior poderia vir deles.

Eram considerados apenas como os “monstros padrões”.

“A aclimatação, de fato, se mostra positiva”, pensou Chloe, a alguns metros da batalha.

Viu que nenhum dos dois demonstrava qualquer cansaço ao lutar tranquilamente contra os monstros.

E os próprios já tinham percebido essa grande melhora em comparação ao dia anterior.

Passadas as vertentes florestais, alcançaram uma nova região que se assemelhava tanto aos pátios de “ponto de controle” quanto às ruínas onde encontraram Irene.

Esse, contudo, tinha diversas torres e templos maiores por todo o percurso.

Quietos, decidiram ir em frente. As únicas que davam maior atenção às grandes construções eram as filhas de Atena.

Na cabeça delas, aquilo tudo não estaria onde estava apenas por estética.

Nada naquela ilha deveria carregar tal significado.

Dito e feito, eles se depararam, após minutos de caminhada, com um enorme portão.

Nele havia três aberturas pequenas no centro, todas com diferentes padrões geométricos.

— É alto demais... — Helena subiu o olhar, espantada.

Sem prestar contas, Damon resolveu subir à moda pessoal, como fazia no Olimpo ou em qualquer outro lugar de ascensão.

No entanto, ao chegar no topo da passagem, foi impedido por uma barreira de energia invisível.

Estalou a língua conforme regressou ao solo, caindo alguns metros atrás de onde os outros estavam.

— Ora, agradeço por ter averiguado esta possibilidade. — Chloe sorriu ao rapaz, que resmungou em retorno.

Então, o foco do grupo retornou às aberturas em relevo.

Havia uma em formato de cruz, no topo, outra em formato de estrela de cinco pontas, no canto inferior esquerdo, e um círculo, no inferior direito.

Ao lado dessa grande muralha, havia uma abertura vazia.

— Ora, ora... Este enigma não aparenta ser complexo. — A púrpura encarou os detalhes através das vistas entrefechadas. — E a não-resolução deste indica a ausência de passagens recentes na região.

— Nem mesmo mortais conseguiram chegar até aqui? — A ruiva-alaranjada fitava os arredores.

— Não é que eles não conseguiram chegar. — Damon retornou para perto. — Talvez eles nem tenham encontrado esses negócios.

— Três objetos. Três formatos singulares. Em consideração à inexistência de passagens paralelas a esta, de certo encontram-se por este âmbito. — Girou sobre o próprio eixo ao fitá-los. — Iremos nos dividir em duplas.

— É. Então ‘bora, Helena. — Apontou com o polegar acima do ombro. — A gente vai naquelas torres. E, se puder...

— Compreendo de antemão, Damon. — Ela encarou a nova integrante. — Irene, por obséquio, pode me acompanhar? Julie, siga o filho de senhor Poseidon.

“Resposta: Como quiser, minha irmã.”

— Ahaha!! ‘Tá tudo bem!! A Irene vai com você, sim!! — Ela sorriu forçado, levando a mão à nuca em pleno desconcerto.

— Agradeço a compreensão

— E-ei, irmãozinho querido... — A Classe Iniciante cutucou o braço do parceiro. — Então... Tem certeza de que quer ir naquelas ali?...

Apontou ao local onde o rapaz já tinha indicado.

Ele abriu um sorriso de canto, claramente provocativo, e se voltou ao trajeto escolhido por conta própria.

Atordoada perante aquela malícia, Helena engoliu em seco antes de mover as pernas a fim de o acompanhar.

— Há elevações naquela região. — Chloe indicou, no trajeto à frente. — Eu e Irene procuraremos pelo meão. Julie, avise-me sobre quaisquer imbróglios.

“Resposta: Como quiser, minha irmã.”

Enquanto a alva repetiu a resposta de sempre à semelhante, Silver já dava meia-volta em busca de acessar as elevações terrenas pelo pátio abandonado.

Com isso, restou à lanceira e à pacifista iniciarem a busca na localidade que estava preservada.

Ainda que desconfortável por não estar na presença da cara metade, Chloe manteve a compenetração intermitente durante o percurso.

Já a primeira dupla, os filhos do Rei dos Deuses, tinha alcançado a região recheada de torres de pedra. Umas maiores do que as outras, por motivos óbvios.

A grande maioria já se apresentava danificada, recheada de buracos e destruídas em diversos pontos, que poderiam cair a qualquer sopro do vento.

Helena estremeceu ao dar de cara com tal paisagem. Um desagradável frio na barriga lhe apossou.

Já não bastava o perrengue enfrentado na travessia das correntes até os jardins suspensos, duas vezes — sendo a primeira um pesadelo do qual recusava a se lembrar.

— Que foi? — Preparado para averiguar a primeira das torres, Damon a encarou de perfil. — ‘Cê tem medo de altura agora?

A pergunta, um misto de curiosidade e mais provocação, fez os olhos esverdeados da jovem deusa oscilarem.

— Não é que eu tenha medo de altura, Damon. Mas... — Voltou a encarar as estruturas condenadas. — Eu não acho que seria... prudente sair entrando assim nessas construções...

Ele inclinou a cabeça, um pouco dúbio.

Voltou a encarar as estruturas das quais ela falava, sendo a mais próxima da que pretendia entrar derrubada pela metade.

— Nas correntes tudo bem, dava pra gente morrer...

Agora que você afirma isso!?”, a alma da beldade quase foi arrancada do próprio corpo.

— Err...

E se resumiu apenas a resmungar com um desvio de olhar por fora. Desejava renegar, com todas as letras.

Suas pernas também sofriam o leve tremor, como se estivessem recusando-se a seguirem em frente.

Ante o medo genuíno demonstrado pela meia-irmã, o olimpiano parou um pouco para pensar.

Levou a mão esquerda sob o queixo. Claro, jamais conseguiria chegar ao nível das gêmeas, porém deveria encontrar uma maneira menos arriscada de prosseguir.

Depois de alguns segundos em ponderações, ele prendeu uma risada entre os dentes, confirmando que jamais seria capaz de encontrar o que a companheira desejava.

— Quer dizer, não acho que seja tão perigoso. — Abriu os braços, descontraído, então deu a volta e chutou a torre. — Olha só, nem é pra tanto, e...

Quando acertou o pontapé na parede, um rangido intenso se alastrou pela edificação.

Boquiaberta, Helena quase perdeu a cor, assim como a íris e as pupilas dos globos oculares esgazeados.

Um silêncio mortal se criou, até que rachaduras se formaram na base atingida. Se alastraram por um breve período, até alcançarem nada menos que o topo.

Logo em seguida, o colapso ocorreu.

A queda intensa do grande pilar chamou a atenção das outras duplas, ainda na caça dos objetos geométricos. O leve tremor causado pela derrubada também os alcançou.

Um mar de poeira e fumaça foi criada, de forma a abraçar os descendentes do Rei dos Deuses.

Quase com o coração a pular para fora da boca, Helena permaneceu na posição que estava, distante da torre em alguns metros — por pura precaução.

Já Damon, mais abaixo, precisou recuar na hora exata da demolição. Tossiu bastante antes de bater as mãos no cabelo, removendo o acúmulo de terra e poeira dos cachos desgrenhados.

“Impossível”, a mente da Classe Iniciante só conseguia repassar aquela exata palavra, ininterruptamente.

Enquanto experimentava o desespero exalado pela semelhante na retaguarda, o garoto respirou fundo.

Pouco a pouco, a cortina de fumaça se dissipou ao redor dos dois. Só que, agora, o grande impasse estava declarado.

Mediante algumas respiradas profundas, Damon balançou a cabeça em negativa consigo mesmo.

— ‘Cê pode esperar aqui. — Sem nem olhar para a aturdida, resolveu se dirigir à próxima torre.

Mas...

— Não precisa!... — Helena se esforçava para superar o próprio medo. — Eu consigo...! Eu vou contigo, maninho!!

Empenhando-se para mostrar os dentes num sorriso contorcionista, Helena trouxe uma nova carga de dúvidas à mente do garoto.

Sem dizer mais nada, ela caminhou com passos firmes até o ultrapassar, incrédulo.

Quando a brisa fresca voltou a os envolver, fazendo os fios bagunçados menearem, a cabeça entrou em completo parafuso.

“Por que as garotas são tão indecisas?”

A pergunta feita por ele, provavelmente, jamais ganharia uma resposta.

Láquesis continuava a se deleitar perante as recentes sequências entre os enviados divinos e os enviados das trevas.

Contudo, restringia-se a uma maior seriedade enquanto observava as oscilações criadas nos fios separados.

Com os olhos cravados em cada movimentação originada pelas decisões dos próprios jovens, apertava o indicador e o polegar contra o queixo.

Vez ou outra rodopiava e sorteava o destino de outros seres não tão importantes com sua unha enorme.

“Essa maldita está desfocada demais”, Átropos, na área escura do salão, resmungava consigo à medida que recebia mais fios que o normal para cortar.

Isso porque além de dar atenção exclusiva àqueles que as buscavam na ilha, também começava a acompanhar o fluxo natural criado por outras partes.

“As coisas estão ficando muito mais interessantes”, a determinadora da Sorte continuava a contemplar tudo que podia, quase que simultaneamente.

Os olhos bem abertos pareciam um pouco mais fundos. Vira e mexe, ela soltava suspiros pesados e bocejos delongados.

E suas irmãs, claro, percebiam. Ela não tentava esconder, já que seria tudo ainda mais insuportável.

Mesmo com tantos malabarismos dos quais era capaz de fazer, jamais conseguiria repor energia de forma devida ao ir além do costume durante anos e anos.

Só que esse cansaço causava alguns percalços.

Ao errar o tempo de flutuação até alcançar fibras mais distantes, não pôde sorteá-los da maneira desejada.

E isso causava a dor de cabeça suprema à sua irmã, a pobre tesoureira.

Quando um sorteio errado causou a repentina ida de mais de trinta fios até a região que deveriam ser findados — sim, ela tinha contado —, a encapuzada rugiu em protesto:

— Até quando você vai atrapalhar nosso trabalho com esses pirralhos!!?

A pergunta puxou o olhar fatigado da Sorteadora.

Ela, apesar da visão monstruosa concebida para sua irmã, no momento, expressou uma risada desconcertada.

— Não precisa se enfurecer tanto assim, chatÁtropos.

— Você só está aumentando nosso trabalho, eu já falei! Pare de ficar vagabundeando com esses pirralhos e poupe sua energia! — Apontou a tesoura à flutuante, que bocejou de novo.

— Ah, mesmo? Poxa, me desculpa, irmãzinha. Eu vou tentar dar uma descansada, sim, mas a Cloto nem reclamou até agora, e...

— Você sorteia e mede para mim!

Foi como se a proporção da presença da tesoureira se tornasse um titã perante a cansada.

— ‘Tá bom... Me desculpa, mesmo. — Sem a ironia de praxe, Láquesis bateu as palmas e abaixou a cabeça. — Mas se eu tiver que parar pra descansar, então vai só atrasar tudo, não acha?

— Então encontre um equilíbrio entre seu passatempo maldito e o trabalho, antes que eu corte esses fios que tanto estima por bem ou por mal.

Láquesis riu de novo, mas dessa vez entendeu bem que só atrapalhava o fluxo natural que deveria estabelecer daquela forma.

Respirou fundo, uma maneira de recuperar um resquício de atenção, então rumou até novos fios e antecipou tudo que pôde com fiadas precisas.

Átropos voltou a cortar o aglomerado de fibras que tinha recebido, também a fim de se livrar o quanto antes.

Dessa forma, as duas entraram em um acordo que não se via desde o começo dos conflitos entre os deuses e os Imperadores das Trevas.

Ao terminar a jornada de recuperação, Láquesis bufou com alívio e secou o leve suor a se formar na testa.

— Pronto! — Estendeu o polegar à encapuzada. — Agora, enquanto eu acompanho meu “passatempo”, dou uma descansada, combinadas?

Mediante os movimentos refinados da mulher, a carrancuda nada falou a respeito.

Poderia suportar a brincadeira ridícula dela por mais algum tempo, desde que não prejudicasse os trabalhos de meio e fim das rotas do destino tecidas na Roda da Fortuna.

A Sorteadora soltou outro bocejo, bem antes de se assentar no próprio ar, a fim de contemplar as novas tomadas de decisão daqueles que iam em frente no Berço da Terra.

“Bom, eu não destruí as Ruínas das Lamentações, então pelo menos tenho passe livre da minha querida irmã”, corria com os devaneios ao calcular quais seriam suas novas interferências.

Juntar uma integrante do grupo inimigo dos deuses com os enviados do Olimpo já era bem intrigante, embora fizesse sentido dentro dos respectivos “enredos”.

De alguma maneira, aquilo poderia criar desdobramentos ainda mais imprevisíveis, já não bastasse o fato de que muitas de suas decisões recentes eram burladas.

E foi pensando nisso que os lábios se separaram, revelando os dentes brancos em um sorriso pessoal.

“Vamos ver como me contrariam agora”, já tinha definido a próxima ação arteira para atrapalhar os dois lados.

Os ânimos levaram os movimentos finais de suas mãos, antes de cumprir o combinado e descansar por um breve intervalo.

Mesmo em silêncio, com desinteresse aparente, Cloto continuava a observá-la de canto.

Quanto mais tempo se passava, mais a chegada deles começava a se tornar uma possibilidade real.

Àquela altura, ambos os grupos, em suas divisões respectivas, estavam prestes a alcançar a metade do trajeto da segunda porção da ilha.

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