Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 9 – Arco 6

Capítulo 162: Chamas do Ímpeto - "volte atrás no tempo" 2

Para que nada fosse esquecido, memórias de um passado não tão distante voltaram à tona.

Raios solares entravam no cômodo pela janela aberta, coberta por cortinas brancas quase transparentes que meneavam em ritmo sereno graças à brisa amena daquela primavera.

Só a luminosidade alastrada pelo quarto pequeno poderia despertar o garoto. Ele buscou não ser incomodado ao se esconder debaixo das cobertas.

Porém, antes que pudesse encontrar uma nova posição de conforto para prosseguir em seu repouso...

— Heath, hora de acordar!

Uma mulher alta abriu a porta com força, fazendo os esforços serem varridos com facilidade.

Ele soltou uma resposta debaixo das cobertas por meio de murmúrios indecifráveis, só que a jovem moça não comprou a ideia e o forçou a se levantar.

Caminhou a passos rápidos até a cama de madeira dele, puxando os lençóis com vigor.

— Não precisa disso... — murmurou o jovem.

— Você mesmo pediu para que eu viesse acordá-lo, nem adianta reclamar! — Encarou-o de soslaio. O cabelo castanho-escuro do rapaz, todo abarrotado, quase cobria as vistas. — Seu irmão já está anos-luz à sua frente, jovenzinho!

O garoto chamado Heath tentou abrir os olhos profundamente negros. A entrada da luz solar ainda afetava sua visão desacostumada.

De toda forma, conseguiu fitar a mulher de pé ao lado de sua cama, dobrando os lençóis que havia tirado dele.

Abriu um tênue sorriso ao encarar o cabelo ondulado dela, amarrado em um curto rabo de cavalo na altura da nuca.

Por fim, virou o rosto à janela.

Quando se sentou na cama, encontrou o pequeno quintal.

Lá estava o outro jovem, seu cabelo preto cobria a lateral de sua face.

Sob um céu azul de poucas nuvens, ele segurava uma porção de areia que parecia refletir a luz em um brilho efêmero.

A mão, vestida por uma luva grossa, tocava as partículas recheadas de energia, a escorrerem entre os dedos para desaparecerem antes de tocar o gramado.

— Leon já ‘tá bem habituado com a energia.

— Está mesmo. Meus dois bebês são um prodígio! — A mulher abriu um sorriso com os lençóis ajeitados sob os braços. — Afinal, são meus filhos.

Heath soltou uma risada tímida, enquanto continuou a observar a concentração exercida pelo irmão.

— Tenho certeza que os deuses receberão os dois de braços abertos quando verem seus potenciais!

Contente, quase cantarolando, a mãe deixou o cômodo.

Uma brisa ainda mais forte correu pelo espaço e invadiu o local, levando alguns grãos da areia brilhante até o acamado.

Leon virou os olhos naquela vertente, para onde a franja lisa também meneou.

Encontrou as esferas idênticas do acamado.

A atenção ambígua de Heath levou-o a vislumbrar o céu, na deixa para a energia reunida se dissipar.

Naquele momento, foi como se ambos sentissem.

Um singelo presságio de que algo maior estava por vir...

Depois de tomar café e vestir uma camiseta, Heath se dirigiu ao lado de fora, onde seu irmão, Leon, já estava desde cedo.

Nenhum deles trocou palavras.

O jovem castanho somente se postou ao lado dele e sacou uma pequena faca.

Observado pelo silencioso, fechou os olhos com serenidade e buscou concentrar a Energia Vital do corpo à arma branca.

A progenitora apareceu em seguida, sempre sorridente.

Na atração dos olhares, o recém-despertado foi bem-sucedido ao canalizar a energia sobre a lâmina de ferro.

De forma gradativa, flocos cristalinos surgiram em diferentes pontos da chapa metálica.

Aos poucos, passaram a se propagar, cristalizando a totalidade do releixo em alguns segundos.

A tonalidade esverdeada dominou a faca. E isso fez a mulher expressar um gemido de surpresa, batendo palmas para o filho.

Quando voltou a abrir os olhos, Heath conferiu os próprios resultados. Ao passá-la na altura da testa, as sobrancelhas semicerraram.

Sua mãe se aproximou e analisou junto dele a estrutura criada sobre a lâmina.

— Consegue ver, certo?

— Opaca... — Ele relaxou o braço, cabisbaixo. — Mas você mesma disse que esmeraldas são opacas.

— Sim, eu disse. É a verdade. Porém...

A mulher levou a palma sobre a mão do rapaz, o suficiente para fazer toda a estrutura cristalina ruir sobre a lâmina.

— Você ainda usa muitas inclusões inconscientemente. Isso reduz a resistência do revestimento. A esmeralda tem uma das maiores durezas em estado puro.

Após isso, enquanto o filho ficou boquiaberto, ela transmitiu sua energia até a arma.

— Precisa limpar a mente...

Cristais absolutamente transparentes tomaram conta da lâmina. A dureza perfeita do mineral perfeito encantou aos irmãos.

Apenas Heath reagiu perplexo, enquanto Leon apenas encarou sua feição, silente.

Autoridades Artificiais, diferente das Elementares, podem ser modificadas uma a partir da outra, gerando novos elementos. — Acariciou o cabelo do jovem, que desviou o rosto desconcertado. — É bastante difícil, mesmo entre os deuses, nascer com um dom que vá além do comum. O artifício de moldar um derivado daquilo que é natural, criando uma nova forma, é extremamente complexo.

Dessa vez, o afago materno foi direcionado à Leon, até então sem expressar uma sílaba mediante a interação.

Mesmo tão carrancudo quanto o irmão, não foi capaz de esconder o leve rubor culminado pelo gesto da mulher.

— Por isso vocês são prodígios — completou, num mussito. — Conseguirão alcançar um patamar que nem eu ou seu pai conseguimos...

Por fim, envolveu-os em um forte abraço.

Todo cristal e areia criados pelos jovens desapareceram em meio à brisa fresca.

Sons de gritos acordaram ambos na noite seca.

Os dois trocaram olhares na escuridão, assustados ao se depararem com uma fina camada de névoa adentrar o quarto.

Olharam para o quintal, mas nada de muito anormal parecia ocorrer. Além do céu ligeiramente “aceso”.

Um forte aroma foi responsável por deixá-los aflitos na sequência, os fazendo levar as mãos a tampar o nariz.

“Tem alguma coisa queimando”, Heath se levantou quando a ardência surgiu nos olhos.

Leon foi na frente, abrindo a porta do quarto. Uma camada mais espessa de névoa, que, na verdade, era fumaça, os engoliu.

Da janela da cozinha, puderam notar a iluminação estranha no lado de fora.

— M-mãe!? — gritou o castanho.

Enquanto tentavam proteger o rosto, tossiam bastante, dirigiram-se pelos outros recintos da morada em busca de sua mãe.

Sem ideia alguma sobre o que acontecia, Heath avançou sozinho até outra porta.

Quando se voltou ao interior, encontrou o irmão prestes a mover a maçaneta.

No entanto, percebeu que a fresta superior carregava uma coloração amarelada nada ocasional.

Antes que pudesse o alertar do perigo, Leon abriu a passagem. O vapor escaldante soprou contra seu rosto e labaredas intensas se revelaram.

A explosão foi iminente.

O impacto lançou ambos a alguns metros no pequeno corredor, derrubando parte da estrutura de madeira que os cercava.

Sentindo dor extrema pelo corpo, assim como nas mãos, Heath, cujas tosses pioravam, tentou se reerguer.

Uma mão o pegou pelo braço e o ajudou.

Ao virar o rosto, percebeu que Leon também tinha se machucado, mas seguia firme.

Nem puderam perceber a velocidade absurda com a qual o fogo áureo se alastrou pelo restante do âmbito.

Nenhum deles já havia visto chamas daquela cor e intensidade. Tampouco imaginaram ser capazes de apagá-lo, o que piorava a situação.

Imóvel, Heath só conseguia pensar em achar sua mãe. Ainda faltava dois cômodos por ali para procurarem.

— Temos que sair — soturno, ainda que aflito, Leon o puxou.

— M-mas...

— Se a mãe ‘tivesse, ela já teria vindo até nós. — Não o permitindo argumentar, o conduziu com força até a janela da cozinha. — Ela nunca iria morrer pra isso. E nem nós.

Jogado de volta à realidade, o amedrontado assentiu com a cabeça e decidiu acompanhar o parceiro.

Os dois pularam a abertura que os levava ao lado de fora.

A casa, um pouco isolada pelo pequeno jardim, começou a ser dominada pelo incêndio.

Incrédulos, observaram a proliferação do fogo intenso, até tudo ser perdido.

Então, os gritos desesperados voltaram a contaminar seus ouvidos.

Correram até a rua que conectava às demais moradias.

E o cenário contemplado por ambos os fez quase perderem os batimentos cardíacos.

Estava tudo em chamas. Absolutamente tudo.

— Pelos deuses — murmurou o de cabelo castanho.

Carentes de quaisquer informações além as vistas contemplavam, os dois perderam segundos preciosos em pura inércia.

O desespero, a tristeza, a dor. Tudo se misturava em uma só paisagem, como se um pesadelo estivesse se tornando real.

No entanto, antes de sucumbir àqueles sentimentos profusos, Heath lembrou-se das palavras ditas por sua mãe, cheia de orgulho.

O brilho no olhar retornou, evitando que tudo fosse tomado pela escuridão.

Se agarrou àquela imagem no coração e respirou fundo, no intuito de varrer o turbilhão que o preenchia.

— Ela deve estar ajudando outras pessoas na cidade — comentou mais como uma esperança do que uma certeza. — Vamos procurar por ela!

Encarou Leon, que rangia os dentes, sem segurança alguma no semblante contorcido.

Ainda assim, o irmão, aparentemente mais comedido, fez o aceno de cabeça vertical.

Enquanto a noite de primavera era iluminada pelo brilho dourado, corpos e mais corpos se estendiam pelo caminho tomado pelos dois nas ruas da cidade.

Parecia que havia lugar algum livre dos incêndios. O cheiro da morte pairava por todos os cantos; alguns, ainda vivos, agonizavam pela salvação divina.

Ela jamais poderia chegar naquele momento.

Conforme muitas casas mais simples já tinham desmoronado, outras se sustentavam até o limite de seus pilares.

Os berros agoniantes não paravam de ecoar, como sirenes a tocarem pelo ambiente catastrófico.

Nervoso, Heath tentou tampar os ouvidos. Ele queria ajudar a todos, mas sentia ser incapaz de fazê-lo.

Apenas torcia pelo bem-estar de sua mãe, que deveria fazer o que ele jamais poderia agora, graças ao medo.

“Por quê? Por que isso ‘tá acontecendo!?”, quase fechava os olhos, para se proteger do sofrimento alheio. “Que droga é essa!?”

Ao seu lado, Leon tinha vistas semicerrados, sem temer enfrentar aquele mar de tragédia.

Embora guiado pela decisão do irmão, ele avançava na dianteira do trajeto tortuoso. A cada rua atravessada, a cada esquina virada, mais terror nascia.

Nem mesmo aqueles que tentavam correr conseguiam se safar. Pouco a pouco, a positividade dos andarilhos se esvaía.

Minutos se passaram e nada vinha até eles.

Até que, como em um sopro do destino, conseguiram identificar uma pequena fração de energia que, de certo, pertencia à sua mãe.

Se entreolharam e, na retomada da esperança, dispararam na vertente do rastro vital que os alcançou de súbito.

Atravessaram a devastação das chamas, deixando quem lutava pela vida para trás em definitivo.

Lágrimas ameaçavam se acumular nos olhos esgazeados de Heath, mas ele se empenhou em manter o mínimo de controle durante a perseguição.

“Me desculpem!!! Me desculpem, me desculpem, me desculpem!!!!”, sem parar, ele sentiu o peito doer, como se o coração fosse explodir a qualquer momento.

Após minutos de correria, alcançaram uma área pouco povoada por casas ou pessoas.

Um parque, onde havia predominância de algumas árvores.

Estranharam o fato de ser um local mais distante da cidade em chamas, mas a influência da mulher apontava para ali.

Além disso...

“Tem outra energia ainda maior aqui!?”, em alerta, Heath se viu aturdido por receber a nova influência vital.

Quando se encontravam próximos do destino, Leon repentinamente o puxou para se esconder detrás de um arbusto.

Pensou em discutir com o irmão, mas sua boca foi tampada pela mão dele.

Ao fitá-lo, percebeu a inquietação que raramente era mostrada de forma tão clara no rosto do rapaz.

Então, virou o rosto à mesma vertente que ele encarava.

Lá estava sua mãe. Ela portava uma lâmina longa, um pouco achatada.

Mais uma vez pensou em chamá-la, porém seguiu sendo segurado pelo ímpeto do semelhante.

Foi o momento que a razão para tal atitude se mostrou, nua e crua...

— ‘Cê é mesmo uma divindade “menor”!? — A voz grosseira de outra mulher ecoou. — Não dá pra acreditar. O velhote é mesmo um idiota!

Esguia, carregava um sorriso vil no rosto.

Diferente da defensiva, que ofegava bastante, não portava uma arma sequer.

— Seu nome é Nice, né!? — Inclinou o rosto à esquerda.

As mechas onduladas do cabelo bagunçado cobriam metade das costas, predominantes em um ruivo-escuro que contava com a presença de um tom branco invasivo na altura do couro.

— E quem seria... você? — Nice entrefechou a vista aberta. A outra era coberta por sangue, assim como outras partes do corpo. — Tem a energia de uma divindade do panteão, mas... não consigo reconhecê-la...

— Nah. Não se preocupa com isso! Sabe, eu costumo acordar só quando quero e faço algo pros deuses verem só quando algo me interessa. Gosto de desafios! — Abriu os braços, animada. — É que toda essa droga de “etiqueta divina” é um porre. Aí num momento raro, quando eu ‘tô acordada, o velhote decide fazer uma festa de arromba! Tudo isso só por um teatrinho desgraçento... Ele é megalomaníaco pra cacete, cara!

— Do que você...?

— Ah, ah! Te chamam de Deusa da Vitória, né? — Apontou o indicador a ela, a atravessando na fala. — ‘Tá, agora ‘tendi porque ‘cê é forte, mulher! O velhote é muito burro mesmo. Eu sou poderosa demais, então é complicado achar algo que me entretenha. Por isso mato meu tempo dormindo!

As palavras da mulher de cabelo bicolor soavam presunçosas demais, mas exalavam uma pressão gigantesca sobre a denominada Deusa da Vitória.

Nem mesmo os jovens escondidos conseguiam suportar tamanha influência sem estremecerem dos pés à cabeça.

Era extremamente natural para aquela deusa. Como se respirar fosse o suficiente a fim de transmitir sua autoridade a todos que a rodeassem.

Quem mal respirava eram eles, por sinal.

Nice confiava em seu poder.

Confiava nas capacidades que possuía, embora, como a adversária tinha dito, não fizesse parte do panteão.

Apesar disso tudo, sentia que chances de triunfo perante a mulher inexistiam.

— Eu sei... — respondeu a respectiva linha de pensamento, conforme se sustentava em pé. — Mas não posso deixar que continuem a destruir essa cidade.

Concentrou energia a fim de revestir a extensão completa da lâmina com seus cristais transparentes.

— Oh! Que bonito. Que tipo de Autoridade é essa? — A atinente não respondeu. — Se domina algo tão único assim, só mostra que aqueles idiotas são o que são.

— Para seu descontentamento, não sou tão forte como diz. — Nice levantou o rosto. — Mas isso pouco importa. Desde que eu possa proteger o futuro deles...

A bicolor semicerrou os olhos semicobertos pela franja desgrenhada.

Seu sorriso de euforia fora instigado pela mesma feição da Deusa da Vitória, diferente de todo o percurso da discussão.

No entanto, o que tomava os garotos, ainda escondidos, era a angústia.

Sabiam que nada poderiam fazer àquela altura.

Mesmo que a mulher tivesse falado sobre protegê-los, eram eles que desejavam a proteger acima de tudo.

Mas se deixassem aquele lugar, de certo morreriam em vão.

A sensação parecia piorar a cada segundo, mas nada foi tão cruel quanto a própria Nice, de repente, virar o rosto à direção dos arbustos.

Com os lábios curvados em plena satisfação, ela definitivamente os olhou.

Jamais poderia ser sorte. Ela sabia da presença deles. Assim como a outra deusa...

— Vamo’ lá...

O chamado baixo dela puxou o foco deturpado de volta à batalha prestes a se iniciar.

Uma corrente de vento poderosa colidiu com o ambiente, a ponto de fazer os jovens quase serem derrubados.

Sem que pudessem contemplar no ato, um ruído grotesco ecoou pelo espaço.

Ao reabrirem os olhos, encontraram a paisagem já pintada em sangue.

Um braço havia perfurado as costas de Nice, a atravessá-la na altura do peito.

Carne, sangue e tripas voaram para fora, pintando os dedos retesados no outro lado do corpo.

— Tão frágil... — O tom risonho e cantarolado veio do homem incumbido de fazê-lo.

Leon e Heath, abraçados, tamparam as bocas um do outro, na iminência de evitarem um berro descontrolado.

O respectivo, que tinha um cabelo branco altivo, semelhante a uma tocha, recuou o membro, deixando apenas o buraco enorme no tronco da deusa.

Ela caiu, sem mais qualquer energia a deliberar.

A queda sem volta nada mais que anunciou o pior dos pesadelos daqueles dois...

— Como gosta de cortar o barato dos outros, hein? — A bicolor resmungou.

— Me perdoe por isso! Juro que não te vi, querida irmã. — Ele caminhou sobre o corpo morto de Nice. — Eu estava apenas de passagem, então aproveitei o momento!

— Sei, sei...

— Se não me engano, tinha mais uma que nosso pai deve ter seduzido por aí. — Encarou o cenário em chamas, a alguns metros. — Às vezes penso como ele consegue exagerar. Até agora não entendi porquê derrubar toda essa cidade.

— Vai saber... — Ela ergueu o olhar, escondido nas mechas desgrenhadas. — Eu ‘tô de saco cheio. Vou pra casa dormir.

Deu a volta, tendo perdido todo o interesse criado naquela situação extravagante.

O homem de cabelo alvo tratou de acompanhá-la, como se a fim de fazê-la reconsiderar.

Enquanto isso, os irmãos baqueados permaneciam escondidos. Seguravam um ao outro, quase a ponto de se machucarem para não chamar atenção.

Mal conseguiam olhar a imagem da mãe morta. Era insuportável para as vistas recheadas de lágrimas.

Heath conseguiu se controlar, mas a raiva crescente no irmão parecia ir além. Por um átimo, a tristeza e sofrimento foram sobrepujados pelo espanto ao vê-lo daquele jeito.

Os dentes rangiam com violência, prestes a partirem-se uns nos outros.

Enquanto se dirigiam até outro lugar, o homem percebeu a espontânea elevação de outra energia intensa naquele lugar.

Por isso, deu a volta e, na velocidade do pensamento, correu até os arbustos.

No entanto, ninguém estava lá.

— Que foi? — A mulher também se corrupiou, curiosa com a repentina ação do deus.

— Nada...

Contrariado quanto àquilo, desviou o olhar celeste a algumas gramas pisoteadas, no retorno para a cidade...

Os irmãos conseguiram escapar no instante crucial, de volta ao caos absoluto da cidade em chamas.

Os gritos não mais os alcançavam. O silêncio mortal reinava nas extensões carbonizadas da grande tragédia.

Não. Aquilo estava longe de ser uma tragédia.

Heath não suportou o peso das pernas, que caíram com os joelhos no solo tórrido.

Apoiou as mãos, inclinando o tronco, a fim de não sucumbir por completo. As lágrimas pingavam ao verterem efusivas pela face.

— Eles mataram... a mamãe! — Através de soluços intensos, socou com força o chão. Diversas vezes... — Destruíram... a cidade... e mataram a...!!!

Socou tanto a ponto de tornar o dorso do punho quase em carne viva.

Leon continuava de pé, o olhar perdido em meio ao vazio. O pranto já tinha secado, tamanho calor que vinha dos arredores.

Levantou o rosto, a fim de observar o céu. As estrelas da primavera eram ofuscadas pelo brilho das chamas, que traziam um ardor terrível aos olhos.

— Foram os deuses — murmurou, em oposição ao abalado irmão. — Eles que fizeram isso...

— Leon...? — Ergueu de novo o rosto, destruído emocionalmente.

— Vamos fazer... eles pagarem... — Cerrou os palmos doloridos. — Eles vão pagar... pelo que fizeram...!!

Destilando o ódio do mundo todo naquela declaração, despertou uma força inédita em Heath, o fazendo se reerguer.

Cercados pelo fogo dourado dos deuses, os dois remanescentes da destruição em massa de uma grande pólis helênica firmaram um juramento em seus corações.

Para eles, a partir daquele instante, nada além da vingança contra os deuses importaria.

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