Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 7 – Arco 5

Capítulo 135: Consequências do Desastre

O Sol raiou sobre a Ilha de Rodes.

As consequências do desastre no Museion não alcançaram a cidade. Mortais prosseguiam com suas rotinas em mais um dia normal.

Sorte a deles.

A catástrofe foi inimaginável para os envolvidos no santuário isolado.

Polímnia, a Sacra, e Erato, a Poetisa, foram petrificadas pela maldição de Medusa. Só com isso, o equilíbrio já seria perdido por inteiro.

Com a morte de Terpsícore, a Dançarina, não sobrava qualquer clima para os residentes, e tampouco aos visitantes, que não puderam fazer rigorosamente nada para impedir.

Mesmo assim, havia trabalho a ser feito.

De todos os danos materiais, os maiores encontravam-se no saguão de entrada, quasedemolido pela batalha contra Megera.

Enquanto o silêncio predominava o local, os irmãos responsáveis pela proteção da ilha faziam uma inspeção.

Deveriam encontrar maneiras nas quais pudessem reparar os danos no menor período possível.

Isso enquanto se preocupavam com as anfitriãs. Dias depois de tudo, se encontravam isoladas em seus aposentos.

Os únicos que, vira e mexe, transitavam pelas passagens interiores eram os apóstolos.

— Então, foi isso que aconteceu!! — O filho de Apolo levantou a voz. — Conseguimos conter o maior perigo, mas...!

Apesar do sorriso costumeiro, brigava contra a dureza que o fazia ficar cabisbaixo.

E isso se tornou ainda mais claro durante a incapacidade de completar a informação.

— N-nuah! Não precisa se preocupar com isso, menino! — Eos ergueu as mãos. — Você também deve descansar.

Ela balançou a mão esquerda, mas o rapaz negou-se a desistir com a cabeça e prosseguiu:

— Não! Na verdade, ainda me falta muito para que eu consiga cumprir minha promessa!

Cerrou o punho sem a luva especial, permitindo que as marcas de queimaduras pudessem ser vistas pela lilácea.

Era a prova de que não só ele, como todos os demais eram extremamente esforçados.

De certo estavam tão sentidos quanto as próprias deusas.

— Você ainda tem assuntos pessoais a resolver, correto? — Selene, sem o fitar, disparou. Ele a encarou, espantado. — Elas também precisam de um apoio como o seu. Mas não podemos fazer com que tudo ocorra ao mesmo tempo. Por isso, foque no que pode fazer no momento.

— ‘Tá bom!! — Antecipou-se a ela e deu a volta. — Estou voltando!! Boa sorte com o trabalho!!

— Tchauzinho! — Eos acenou de volta.

— Ele parece estar lidando bem — mussitou Hélios, conforme carregava alguns destroços nas costas.

— Não... — Mas a mais nova o contrariou, pesarosa. — Ele ‘tá se esforçando pra não mostrar. Mas com certeza foi um dos mais afetados pela derrota.

O flamejante a encarou de canto, sem discordar. Apenas absorveu o ponto de vista oferecido pela pequena.

Selene permaneceu em silêncio, de costas para os dois.

Em um cenário como aquele, era definitivamente impossível lidar bem com os novos reveses contra as sombras...

Pensativo como jamais esteve, Gael atravessou o corredor até se deparar com a porta que tinha o símbolo da máscara alegre cinzelado.

Abriu-a com cuidado, diferente do que sempre fazia. A passos curtos, passou do primeiro cômodo.

No acesso ao segundo, deparou-se com a cama no canto do cubículo de poucos móveis.

Thalia fitava o lençol que cobria as pernas.

O olhar cabisbaixo transmitia uma sensação de perdição ao rapaz, que sequer foi notado a princípio.

Ao vê-la a derramar um pranto de solidão, hesitou. Só que o rangido da porta, movida de leve no reflexo, lhe denunciou.

Pega de surpresa, ela levantou o rosto e o encontrou paralisado entre a passagem.

Em velocidade recorde, forçou o sorriso de hábito.

Após segundos sem reações de ambas as partes, o apóstolo analisou o olhar sofrível mascarado pela aparência risonha da loira.

Respirou fundo rapidamente para estufar o peito e transmitir algum ânimo a ela:

— Você ‘tá acordada!! — Fechou a porta e se aproximou. — Como ‘tá se sentindo!? Você desmaiou de repente!

Em busca de controlar as emoções, a musa engoliu em seco antes de responder:

— Foi um choque tremendo, mas estou melhor!! Aquela garotinha também é boa nos cuidados!!

— E eu ainda preciso melhorar!!— Realizou uma pausa demorada. — Mas, eu... queria falar com você!... Sobre... você sabe...!

Ele era péssimo em não ir direto ao ponto, ela pensava.

E aquele jeito de quem não sabia demonstrar a própria insegurança a afagava de uma forma que não conseguia explicar.

— Sim... é claro! — mussitou ao desviar de leve o olhar.

Ainda incerto, Gael chegou mais perto.

A Festiva retirou a coberta das pernas e virou o corpo até ficar sentada na beirada do colchão.

Com dois tapinhas ao lado, o convidou a se juntar.

O filho de Apolo aceitou com um gesto positivo de cabeça e, ainda todo desconcertado, repousou. As mãos cruzadas e os dedos entrelaçados sobre as pernas.

Não fazia ideia sobre o que viria da boca dela.

Tampouco sabia se estava preparado para escutar.

De toda forma, desejava prosseguir com o assunto que nasceu em meio ao desespero, como havia dito.

Nem mesmo a Musa da Comédia se sentia segura o suficiente quanto ao tema.

Esfregava as mãos como se a fim de aliviar a própria inquietação.

Ela tinha começado, era verdade. Mas fizera no calor de um momento em que a aflição falava mais alto.

Foi induzida pelas emoções à beira da morte.

Mas, agora, precisava lidar com tais consequências. Ela havia prometido, afinal, que iria contar a ele sobre o “segredo”.

Depois de alguns segundos em absoluta taciturnidade, respirou fundo e tomou coragem para elaborar:

— Após sermos retiradas do Panteão, fomos ajudadas pela Ateninha a encontramos um bom lugar. Foi quando achamos esse templo! Um dia, dois deusinhos vieram visitar a gente para que pudessem criar suas próprias Artes. Eles eram a Ártemizinha e o Apolinho! Então... eu acho que ele se apaixonou por mim!?

Ela mostrou os dentes em um sorriso torto. Era tão ruim em não ir diretamente ao ponto quanto o próprio rapaz.

E por coincidência, boa ou ruim, ele ficou boquiaberto de espanto e aceitou o breve resumo.

— E você!?

À indagação inesperada, matutou um pouco antes de prestar o esclarecimento pessoal:

— Ele era bem jovem. Era bem grudado com a irmã! Mas eu conseguia ver suas virtudes. Acho que, com o tempo, acabou sendo recíproco! Eu levava mais na brincadeira, afinal, tenho irmãzinhas bem mais atraentes! Como a Eratozinha... — O murmúrio soou pesaroso, trazendo uma nova onda de silêncio. — Uah! Desculpe por isso!

Balançou a cabeça em negação, mas o rapaz não se importou com o instante de sensibilidade.

— Não se preocupe!! Conte mais!!

Agraciada com a atitude dele, Thalia arriou as sobrancelhas.

— Então, depois de um tempo comigo sendo a tutora dele, acabamos criando um relacionamento mais amoroso. Sendo sincera, seu pai é virou um baita garanhão! — Forçou um novo sorriso. E o rapaz deu risada. — O resto é história, hihi!

Gael se impressionava a cada explicação da divindade, sem saber o que dizer em retorno.

Ele, filho da Musa da Comédia em união com o Deus do Sol, procurava digerir as informações com a euforia de sempre.

No entanto ainda não tinha chegado à elucidação que mais desejava ter.

E antes de ter a oportunidade para questionar, foi interrompido pela voz deturpada da musa...

— Foi nesse templo que você nasceu! Mas eu achei melhor que ficasse com o Apolinho, para manter sua segurança! Também te deixaria mais próximo dos deusinhos, então...! — Ela, agora, nem conseguia encará-lo no rosto. — Eu não pude ser uma mãe presente pra você. Sempre que eu pensava nisso, me sentia frustrada. Desde aquele dia...

Quanto mais falava, menos Gael reagia.

Isso a aproximava de perder-se nas próprias palavras.

— Digo, viver pensando na impossibilidade de te ver machucava muito... — A voz dela tornou-se soturna. — Mas, no fim, você acabou vindo até mim, depois de tantos anos! Aquela boba da Cliozinha entendeu na hora e te mandou até mim. Eu simplesmente não sabia como dizer isso a você.

Enquanto ela se enrolava, o sorriso deixou escapar uma gargalhada estridente.

Dessa vez foi a própria musa que não encontrou maneiras de respondê-lo, impressionada com o tom elevado dos risos.

— Isso é incrível!! — falou animado, contrariando todas as expectativas. — Eu também pensava nisso de vez em quando... sobre minha mãe! E, agora, pude te conhecer!!

Thalia nem percebeu estar boquiaberta.

Diversas emoções abrasantes se misturavam em seu peito, a conduzindo a abandonar as palavras para, então, agarrar o pescoço do rapaz num abraço aconchegante.

As lágrimas que segurava até então, despencaram das vistas cerradas.

— Gaelzinho! Me desculpa!! Eu juro que nunca, nunquinha, deixei de pensar em você!! Eu sempre te amei!! Então, por favor...!!

Dessa vez, através de uma genuína expressão de felicidade, ignorou as dores no abdômen enfaixado em prol de agarrar-se nele com todas as forças.

— Eu não poderia estar mais feliz! — Ele retribuiu o gesto afetivo. — Eu sempre perguntava ao meu pai, mas ele sempre desconversava! Mesmo assim, eu sabia que minha mãe devia ser uma mulher forte e incrível! E você é tudo isso e mais um pouco!!

Ao ver os dentes dele unidos em um riso forte, a mulher levou o dorso dos punhos estremecidos a fim de secar as lágrimas que não paravam de cair.

— Obrigado, mãe! — completou, radiante como o sol. — Eu posso ser quem eu sou graças a você!!

Chorosa ao extremo, Thalia contorceu o semblante quando ranho começou a escapar de seu nariz.

— Gaeeelziiiinhoooo!! — O abraçou de novo, recebendo sua gargalhada de volta.

Com o tempo, as emoções se apaziguaram.

Deixando de lado os ocorridos recentes por um tempo, mãe e filho prosseguiram com uma conversa mais animada.

Entravam em diversos assuntos onde, com maiores detalhes, o apóstolo contou sobre suas experiências.

Do outro lado, a musa aprofundava-se um pouco mais nas suas relações com Apolo, também não via há tanto tempo.

Sequer sentiram a passagem do dia.

Era como se as lacunas de todos os anos distantes fossem preenchidas durante as horas que, enfim, tinham apenas um ao outro.

Porém...

— Essa sua amiga, a Daphninha, é realmente importante pra você, né!? — Ela pendeu a cabeça levemente à esquerda. — E a Ártemizinha também tem uma filha...

— Sim!! Um dia posso trazer elas pra vocês se conhecerem!! Tenho certeza que vai adorar as duas!! — Cruzou os braços, determinado.

— É claro! — A musa abaixou a cabeça, mas assentiu.

Depois de colocarem todas as pendências em dia, retomaram o silêncio do cômodo.

De volta ao clima atual, poucos dias após os conflitos e perdas dentro do Museion, a Festiva levou uma das mãos ao peito.

— Vocês... devem ir embora hoje, certo!?

— Acho que sim! Precisamos pôr um fim nessa situação! — Levantou-se da cama num salto eufórico. — Mas prometo que venho te visitar quando tudo terminar!! E trazer a Daphne e a Elaine também!!

Ao receber a promessa do filho, Thalia sorriu graciosa.

— Está bem!! Estarei ansiosa por isso, Gaelzinho!!

— Esplêndido!!

Os dois eram, de fato, sangue do mesmo sangue.

Defronte a uma das portas na passagem externa, Damon encarava o símbolo de duas sandálias estampadas no topo.

Tratava-se da indicação referente à Musa da Dança, que não mais residia naquele plano de existência.

Ele ainda sentia as dores por todo o corpo, fruto do cansaço acumulado durante os últimos dois meses e o resultado da batalha travada contra a erínia.

Não mais carregava as faixas que cobriam o braço esquerdo. Agora podia enxergar a enorme cicatriz permanente, que passeava do punho à articulação do cotovelo.

O que restava era o laço escuro amarrado no punho dominante. Ao menos sentia-se confortável em tê-lo consigo.

— Olá, irmãozinho.

A voz de Helena chamou sua atenção, entoada pelo tênue sorriso que se aproximava a passos delicados.

Enquanto a encarava de lado, não pestanejou em indagar:

— Cadê as musas?

— Fazendo os preparativos para a cerimônia de despedida.

A meia-irmã mais velha parou ao seu lado.

De olho na estrutura metálica que, até então, tinha passado desapercebida por todos, exalou um breve suspiro.

Levou as mãos a se unirem, entrelaçou os dedos e fechou os olhos em silêncio.

— O que ‘tá fazendo? — questionou, um tanto curioso.

Após uma breve quietude, a ruiva explicou, sem abandonar a postura:

— Uma oração.

— E pra quem ‘tá orando?

— Para a senhorita Terpsícore. — Apertou as sobrancelhas, encostando a testa abaixo dos polegares. — Que sua alma rume até os Elísios... e descanse em eterna paz.

O apóstolo adotou o silêncio, permitindo à companheira vivenciar aquele momento da maneira desejada.

A importância da falecida nos programas de treinamento foi inegavelmente fundamental, a todos.

E nenhum deles jamais teriam a oportunidade de agradecer apropriadamente.

Helena finalizou a prece ao mussitar uma palavra inaudível.

Só então tornou a abrir os olhos verdes e encarou a estrutura metálica por mais algum tempo.

A despeito da quietude, passos lentos ecoaram da esquerda, puxando a atenção da dupla

— Olá, jovenzinhos!

Calíope projetou um sorriso ao vê-los.

A jovem deusa prestou uma mesura respeitosa a ela.

— Como ‘tão as coisas? — O filho de Zeus, meramente aliviado ao encontrá-la, logo indagou.

— Sendo resolvidas. Euterpe e Urânia seguem arrasadas. E contei com a ajuda de Melpômene para deixar alguns detalhes nos conformes. — A mulher exalou um suspiro fraco. — A vida precisa seguir. As feridas continuarão, mas, com o tempo, encontraremos a forma de superá-las.

Damon abaixou a cabeça, em demonstração de comoção sobre o pensamento compartilhado pela anfitriã.

Ainda assim, entendia o significado daquilo.

— E enquanto as...? — Quem falou foi a garota, seu tom de voz soou preocupado.

Mesmo sem completar, fez-se entendível à Eloquente, que balançou a cabeça na horizontal.

— Clio está pesquisando por formas de reverter a petrificação. As jovens filhas de Minerva estão sendo de grande ajuda nesse caso.

— E como estão?

— Por enquanto, nada de muito concreto foi encontrado. É presumível que seja algo inédito, visto que foge à memorização de Clio, o que é extremamente raro. Portanto, há ínfimas chances de que algo seja encontrado imediatamente.

— Entendo...

Memorização? — O rapaz estreitou os olhos.

A esmeraldina, depois de piscadas rápidas, prosseguiu com a explicação:

— Todas nós herdamos de nossa mãe a capacidade de guardarmos informações com maior facilidade. Mas Clio foi a única entre as nova que herdou sua Autoridade: a Mnemotécnica. — Apontou o indicador à têmpora. — Ela carrega, como base primordial, a estimulação de memórias. Isso a permite, além de memorizar tudo que vê e toca, manipular memórias próprias ou de outrem.

Helena abriu a boca, espantada.

— Então foi com essa Mnemotécnica que ela nos indicou a cada tutora?

— Precisamente.

— Ela pode manipular memórias?...

Apesar de ter sido bem enfática, Calíope entendeu o questionamento do jovem olimpiano.

Aquilo tinha chamado demais a atenção dele. Podia ver em seus olhos o desejo de entender mais sobre.

No entanto...

— Não posso ir mais a fundo nestes detalhes, meu jovem. — Ao desconversar, fez com que ele franzisse o cenho. — Enfim, é uma pena que não possam participar da cerimônia. Ainda assim, sei que Terpsícore estaria extremamente feliz por todos vocês!

Um pouco desconfortável depois da transição entre os assuntos, o filho de Zeus fugiu do olhar da anfitriã.

— Vai, realmente, ficar tudo bem? — Helena indagou.

— Como antecipei, não há necessidade de que se preocupe. O retorno de vocês é imprescindível para Minerva! Senão, todo esse tempo que passaram aqui de nada valeria, não é verdade?

Coube à dupla somente aceitar a afabilidade da responsável por acolhê-los durante todo o tempo transcorrido.

Carregariam o peso de terem sido os principais responsáveis pelo ocorrido, sem sombra de dúvidas.

Em vista disso, a musa foi acometida por uma singela vontade de confortá-los.

Precisava dizer a eles que não era culpa de ninguém.

Mas, no fim, escolheu não seguir aquele desejo.

— Será que... — A voz da jovem voltou a ecoar. — Não há maneiras de visitar a senhorita Terpsícore? Digo, nos Elísios...

Mais uma vez, a superior manteve a calma, em prol de encontrar as palavras devidas a serem proferidas.

— Não. — Quem apareceu, de repente, foi Melinoe. Damon quase estalou a língua ao vê-la. — Depois que alguém morre, a alma é julgada pra ainda saber se vai pros Elísios. E se for, é levada a um estado de neutralidade.

— Neutralidade?...

— Em resumo — completou Calíope —, tudo é restaurado. Sua personalidade, memórias... A alma se torna ambígua.

Diante da descoberta, o pesar voltou a dominar a Classe Iniciante. Já a Herói bufou e seguiu o caminho pelo corredor, sem prestar mais declarações.

Seu maior desejo de momento era o de retornar para casa e encerrar a irritante viagem, de uma vez por todas.

— Então, vamos reunir seus pertences? — A Eloquente deu meia-volta, sempre desenvolta. — Está na hora de prepará-los para a partida.

Sem terem mais nada a dizer, Damon e Helena aceitaram a demanda da Rainha das Musas.

De volta à porta onde tudo começou, o cacheado respirou fundo.

Empurrou-a até deliberar a passagem para a névoa fria que dominava o cubículo.

Atravessou as camadas internas até o respectivo aposento, onde a espada e a bolsa com suas roupas estavam.

As apanhou sem cerimônias e retornou, para encontrar com a silhueta presente rente à entrada e saída do local.

Pôde distingui-la quase camuflada na escuridão. A princípio nada disse; apenas continuou, a ultrapassando pelo flanco em direção à estrutura metálica.

Mas parou antes de mover a maçaneta.

Passado um ínfimo período naquela posição, ele encarou a cicatriz no antebraço canhoto.

— Valeu por tudo. — A voz entoada com certa timidez chamou a surpresa da Astrônoma. — Espero um dia poder te recompensar...

Feliz com o agradecimento do pupilo, Urânia delineou um sorriso tênue na face corada.

Só que, ao invés de agradecer como faria de costume, preferiu alertá-lo:

— Você carrega algo muito maior do que imagina... — Ele encarou por cima do ombro. — Tome cuidado...

Incapaz de compreender o intuito de tais palavras, Damon resolveu abrir a porta, ciente de que não teria respostas para as perguntas que desejava fazer.

 As pontas bagunçadas do cabelo vinho-escuro oscilaram.

Quando fechou a passagem, o silêncio predominou a separação entre os descendentes olímpicos.

A partir de então, seus caminhos jamais se cruzariam novamente.

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