Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 7 – Arco 5

Capítulo 134: (Não) Há Problema em (Não) ser Forte

As imagens do passado queimaram nas retinas da garota.

Os treinamentos com sua mãe, os encontros com a melhor amiga na Cidade da Lua...

Toda a vida parecia correr ao alcance das vistas num piscar, alimentando as labaredas da mente dolorida.

Se eu fosse forte naquela época, nada disso teria ocorrido.

— Tenho certeza de que ela se tornará forte o suficiente para servir aos deuses no futuro.

Remeteu às palavras proferidas pela Deusa da Juventude, desde então gravadas em seu âmago.

A mãe, constantemente elogiada por seus hábeis serviços prestados a todo o Panteão, acreditava no potencial da filha, que seguia o caminho contrário.

Embora questionada por diversas divindades, com relação às capacidades sendo uma descendente direta do Rei dos Deuses, o brilho do orgulho lhe tomava os olhos rosados.

De todas as figuras possíveis, a tratava como a fonte motriz de inspiração, em prol de superar as expectativas depositadas em suas costas.

Eu só queria ser como a mamãe...

Embora estivesse longe de ser a deidade mais poderosa, destacava-se por sua beleza e desenvoltura.

Era a própria representação da divina e eterna Juventude.

No fim, nem todos os membros da alta cúpula olímpica engoliam tamanhas condecorações.

Onde existia admiração e enaltecimentos, podia-se encontrar antipatia e inveja.

A despeito de estar ciente disso, a deusa não deixava de irradiar seu ânimo, sempre com um sorriso benévolo no semblante.

Tratava-se da imagem que a menina desejava seguir.

Os afagos, elogios e incentivos recebidos, todos eram guardados com extremo carinho em seu coração.

Faria de tudo em prol de alcançá-la. Para que, um dia, pudesse distribuir tudo que obtinha.

Talvez, desse modo, conseguiria provar aos deuses que sua mãe era, sim, merecedora de tamanho reconhecimento

Provaria que ela estava certa...

Tudo acabou muito rápido.

A imagem que estaria, para sempre, gravada em sua retina.

A queda da mulher diante dos olhos não ocorreu por mero acaso. Ela sabia muito bem disso, mesmo naquela época e com aquela idade.

Enquanto se preparavam para irem até Éfeso, onde encontrariam com a Deusa da Lua e sua criança, a cruel ação do destino as envolveu no ciclo de inveja.

A chegada foi sorrateira.

Uma lâmina atravessou o peito de sua mãe, que recuou passos trôpegos.

No ato de instinto, conseguiu usar sua Autoridade e derrubou o responsável.

Quem...?

Bluebell não conseguia reconhecer a face por baixo do capuz escuro e encardido.

Quem era!?

Um abraço quente de sangue interrompeu seus pensamentos.

— Está... tudo bem... — A voz trêmula e sussurrada de sua mãe a privou de piscar. — Vai ficar tudo bem... Vai ficar... tudo bem...

A repetição incessante perdia cada vez mais força, a exemplo da pressão que colocava o assassino na terra.

Um beijo em sua testa. E a imagem apocalíptica ganhou tons quentes.

O homem se levantou, sorridente.

Então, o capuz pendeu para trás, mostrando uma fração de sua fisionomia.

Ele...!!

As vistas pesadas preencheram-se de lágrimas, que esvoaçaram conforme ia de encontro ao solo.

No entanto, sem que pudesse prever, foi dominada pela escuridão.

Incumbida de separá-la de sua amada mãe para sempre.

Jogada às profundezas do desconhecido, a menina retornou do que pensava ter sido a morte.

Sem desejos ou motivações, vagara sem rumo em busca de...

Ela não sabia o que precisava buscar.

Nem mesmo se importava em permanecer viva.

— Olhe o que eu encontrei! — Uma voz estranha esbravejou. Parecia contente. Ela não sabia. — Pode ser uma boa!

— Sim... — Outro veio por trás, repousando as mãos pesadas em seus ombros. — Bem cuidada e nova. Será ótima.

Os olhos desprovidos de luminosidade sequer se importavam com o que via ou ouvia.

Tampouco com o que passaria depois disso.

Sempre carregando o espelho de superfície trincada e sua varinha de madeira, duas vezes maior que sua mão, foi levada a um lugar sombrio.

Sabia que aqueles pertences eram de sua mãe. Como estavam consigo, sequer fazia ideia.

Nada mais fazia sentido para ela.

Chicoteada, abusada e espancada. Ela não sentia nada.

O tempo correu sem que pudesse ver.

Quando aquele tormento iria acabar?

Quando ela poderia morrer de uma vez, para se juntar naquele abraço cálido responsável por a envolver pela última vez?

“Mamãe...”

Na calada da noite, os ecos da destruição chegaram.

Qualquer coisa possível sequer a abalava.

Apenas esperava dentro da cela, presa à coleira de corda, para que fosse usada novamente pelas sujas mãos daqueles homens sem rosto.

Seus gritos tampouco a faziam reagir.

O som dos corpos sendo esmagados, triturados e mutilados tingiam o monocromático de vermelho-sangue.

Então, o silêncio veio.

Bluebell se levantou por conta própria pela primeira vez em tanto tempo do qual nem se recordava.

Dominada pelas dores que lhe afligiam o corpo inteiro, caminhou para fora da cela.

Se deparou com o cenário banhado em morte.

Olhava para os corpos espalhados no solo, porém nada vinha ao peito. Seguia a passos cambaleantes e pausados, sem rumo.

De repente, tropeçou em algumas entranhas misturadas a escombros de pedra.

Sucumbiu à terra de folhas secas, de joelhos.

O espelho tombou abaixo da face, junto com a varinha. As únicas coisas que ainda a conectavam à vida.

Que protegia com ela própria...

Encarou-se, irreconhecível, na rachada superfície refletora.

Lágrimas vieram em profusão, gotejando sobre o vidro.

Sentiu o uivo do vento arrepiar sua espinha, a espalhar calafrios por todos os membros sensíveis.

“Só... me matem...”

Cercada pela desorientação, misturada à agonia lancinante que machucava seu peito, escutou o ruído crocante das folhas nas proximidades.

— Ela está mesmo aqui. — Uma voz fria invadiu seus ouvidos. — As descobertas daquele seu irmão são mesmo impressionantes.

Era como se não falasse com ela, mas ainda assim, chamou sua atenção a encarar por cima do ombro.

O dono da voz se tratava de um garoto, trajado sob o manto negro com o capuz, responsável por cobrir metade do rosto.

Repentinamente vieram as memórias deturpadas. As vistas se esgazearam e uma fagulha de luz retornou às pupilas.

Sem pestanejar, ela se ergueu apanhando uma rocha pontiaguda e partiu contra o jovem, na tentativa feroz de o empalar.

— Opa! — Ele apanhou o punho dela e recuou um pouco, a controlando. — Sua expressão mudou. Isso é interessante!

— Morra...!! Morra!!! Morra!!! Morra!!!

Depois de um período delongado, Bluebell soltou a voz fremida, como rugidos em meio à solidão.

No entanto, logo notou as notou as cicatrizes em destaque na região inferior da pele negra.

Os olhos rosas paralisaram no exato instante do contato, de onde uma monstruosa influência irradiou em sua direção.

Ela perdeu as forças de súbito e foi solta pelo punho tenaz, até quase cair de novo.

Não era ele. O responsável por ter...

— Mamãe... — O mussito trouxe dubiedade ao rapaz. — Eu... quero... morrer...

Capaz de oscilar a borda da proteção facial, a ponto de revelar parte dos globos alaranjados, o encapuzado contorceu os lábios.

— Então, morra. Ou... — Chutou a faca até ela. — Venha comigo.

Apesar do convite inesperado, a garota mal conseguia levantar o rosto melancólico.

Nem por isso o garoto parou:

— Sua mãe era uma deusa, mas ainda assim, os deuses desejaram a morte dela. A seletividade deles é realmente lamentável, não acha?

Agachou-se, ficando cara a cara com ela.

Faltaram palavras para proferir uma resposta.

Tampouco encontrava meios de digerir tudo o que aquela pessoa lhe dizia.

No fim, restou ceder ao desespero efusivo e apanhar a faca.

Eles devem pagar.

A voz interior gritou o contrário do que as mãos desejavam fazer. Apontou a lâmina contra o próprio pescoço, a respiração ofegante se descontrolava cada vez mais.

— Vamos. Se mate se for capaz...

Eles devem pagar!!!

Num grito desesperado, Bluebell empurrou a faca.

Ela caiu de volta ao solo, à frente das pernas flexionadas.

E o rosto voltou a pender à vertente inferior, despejando lágrimas que traziam ardor aos olhos.

A ferida recém-originada na alma esbravejava mais alto, a ponto de se sobrepor às demais adversidades.

A noção geral se perdeu, tragada a um abismo sem fim.

Em meio à escuridão, a luz do luar se sobressaiu diante das nuvens carregadas.

A clareza iluminou os dois, frente a frente, em completo silêncio.

Pouco a pouco, os sons, as cores e os gostos retornavam aos sentidos adormecidos da menina.

Os arquejos pesados acompanhavam os batimentos cardíacos, tão poderosos que causavam a iminência de rasgá-la a partir do interior.

Todo o fardo despejado contra o misterioso, agora, recaía sobre ela.

A realidade começava a ser aceita, aos poucos.

— Isso foi o que você realmente desejou. — Voltou a se levantar e caminhou a alguns metros. Apanhou o espelho quebrado da garota. — Se vier comigo, terá a oportunidade de conquistar sua própria justiça.

— Por quê...? — O mussito de soluço escapou.

O rapaz deu meia-volta e a entregou o objeto precioso.

Ela o apanhou, lentamente.

Mas ele não soltou.

Os mais fracos perecem. Os mais fortes perduram. — A resposta, fria e seca, a assustou. — Assim os deuses constroem seu reinado de autoritarismo, onde suas perfeições devem ser destacadas àqueles que vivem sob suas sombras. Você, assim como sua mãe, não se encaixava nesse mundo perfeito deles. Por isso foram descartadas.

O dilema expressado pela menina continuava a crescer, assim como a vontade de morder os lábios.

O desespero predominante havia sido substituído por uma nova dose de sentimento: ódio absoluto.

— Toda a dor, o sofrimento e as tragédias têm origem nas atitudes dos deuses. Entre mortais, ou até mesmo, entre outros deuses menores... como você. — Soltou o espelho e puxou a cabisbaixa atenção dela. — Não é culpa sua. Você não fez nada de errado. O destino... e esse mundo... são igualmente cruéis.

Por um breve átimo, ela pensou estar escutando uma pessoa completamente diferente da anterior.

O baque diminuiu, trazendo de volta o reconhecimento dos sentidos em seu corpo.

De cabeça erguida, com destaque para as lágrimas que continuavam a verter sobre a face pálida, balbuciou:

— Quem... é você?...

— O nome é Keith. Um dos pilares dos Imperadores das Trevas, aqueles que vagam pelas sombras daqueles que se põem como os seres de luz. — Levantou o capuz, revelando a face jovial recheada de marcas profundas. — Todos nesse time possuem objetivos distintos. Mas eles se entrelaçam em apenas um: destruir o domínio desses deuses.

— E estabelecer uma nova Era. — Uma outra voz falou, surgida de um portal aberto no ar. — Uma Era desprovida de desigualdade. Desprovida de injustiças...

O rapaz encapuzado surgiu, estendendo sua mão para a jovem boquiaberta. Sem notar, ela não soube responder àquele convite de forma apropriada.

Identificava a sinceridade disseminada em cada palavra do novo chegado, mas a confusão ainda a impedia de pensar a respeito.

O chamado definitivo para conquistar um novo propósito, a favor da vida devastada por aqueles que se consideravam o sangue superior...

O mesmo que corria em suas veias.

É culpa deles... tudo culpa deles.

— Se os fracos... são deixados de lado... — murmurou Bluebell, cerrando os punhos com força. — Então, eu... deixarei de ser fraca...

Não poderia permitir que seu sangue fosse maculado. Que o sangue de sua mãe fosse maculado...

Eu...

Entrecortada nas memórias, prestes a serem trancadas por correntes de aço originadas na defesa da mente... surgiu a feição de Elaine.

— Irei destruí-los...

... não posso destruí-los.

Os olhos rosados se abriram.

O primeiro detalhe captado foi do satélite natural, praticamente no ponto central da abóbada estrelada.

As conturbadas memórias ainda pulsavam na cabeça, pouco a pouco sendo varridas pelo regresso da consciência.

Procurou se mover, porém nenhuma resposta foi dada pelos membros. Só então as informações agonizantes despertaram.

A cabeça doía tanto que parecia prestes a explodir e não seria nenhum exagero.

Do torso às pernas, um desconforto grotesco a fazia pensar que os ossos tinham sido esmigalhados e os músculos estouraram.

Há tempo não passava por uma experiência tão decrépita.

“Merda...”, mesmo para pensar doía.

Toda a impotência a conduzia de volta àqueles dias, onde os deuses e o destino lhe arrancaram tudo.

No mínimo, pôde mover os dedos, de modo a se arrastarem pela terra.

Mesmo depois de tudo, ainda estava fria...

— Bellzinha?...

A fraca voz soou mais altiva do que o esperado.

Depois de segundos baqueados, conseguiu virar o rosto até encontrar a menina de cabelo azul-escuro, também deitada.

Estavam ambas caídas, uma ao lado da outra, separadas por centímetros. Pôde entender o motivo de ter a escutado com clareza.

Se pudessem esticar o braço, se alcançariam facilmente.

Se pudessem...

Conforme o luar superava a fumaça que desaparecia gradativamente, pôde notar um sorriso empenhado da filha de Ártemis.

As condições dela eram bem piores que as suas. Os sangramentos perderam intensidade, porém os ferimentos continuariam sendo um perigo.

Enquanto ela não podia mais se mover por conta disso, Bluebell era impedida por ter rompido os próprios limites.

Reconheceu, da maneira mais dolorosa, que ainda era incapaz de alcançar sua utopia.

E, apesar disso...

— Ainda... ‘tá viva... — Soltou um lamento de exaspero, para voltar a encarar o céu. — Desde quando... é tão teimosa?...

— Hihi... Deve ser... má influência sua...

Ao receber a resposta descontraída, Bluebell exalou outro lamento carregado.

— Eu precisava te apagar... da minha vida. — Entre soluços, a voz trêmula chegou à filha de Ártemis. — Eu sabia que você seria a única capaz de me parar... De me impedir de conseguir continuar no caminho que escolhi. Sempre que pensava em você, meu coração fraquejava. Mas... eu me esforçava pra seguir... Pra evitar que essa fraqueza retornasse.

Feliz e entristecida pelo desabafo, a feição despreocupada de Elaine se desfez. O olho remanescente se entrefechou.

Certa de que estava próxima de perder a consciência mais uma vez, resolveu ir diretamente ao ponto:

— Eu senti muito sua falta... Não pude acreditar quando me disseram sobre o que havia acontecido... Ou, então, o que fizeram parecer ter acontecido... — Um sorriso tímido voltou a ser desenhado pelos lábios. — Eu sempre fui fraca... Sempre tive medo e insegurança... Mal consigo olhar alguém nos olhos até hoje... E mesmo assim fui aceita por outras pessoas...

O rosto carregado da filha de Hebe tornou a encarar a filha de Ártemis.

Que continuou:

— Graças a eles, eu pude dar meu melhor, como nunca... Enfim pude encontrar um caminho..., uma maneira de seguir em frente... E, então, quando eu menos esperava... você apareceu na minha vida... de novo...

Dessa vez, foi a descendente lunar que virou o rosto.

Encarou o fundo das vistas rosadas daquela que foi sua primeira amizade.

A partir da nova feição sorridente, mais pura do que o próprio luar, a vingadora pegou-se boquiaberta.

— No começo eu fiquei chocada... Não consegui tirar aquele encontro da cabeça... Suas palavras, sua força... seu beijo... — Soou um pouco desconcertada, mas prosseguiu; a outra notou um leve enrubescimento em sua face. — Tudo que eu conseguir sentir era que... você estava carregando uma dor enorme...

As sobrancelhas de Bluebell ergueram em espanto.

— Então, meu maior desejo... a partir disso foi... que eu queria te salvar dessa dor... — Elaine aproximou os cílios, o olho marejado. — Mesmo que eu tivesse que suportar ela com você...

E a exemplo dela, e das estrelas que pontilhavam a escuridão da noite, os olhos da filha de Hebe também se encheram de brilho.

— Por quê? — sussurrou dos lábios trêmulos. — Eu só poderei apagar essa dor ao conquistar minha justiça... Não posso desfazer esse caminho que escolhi. Por isso, eu preciso ser forte. Mais forte. Mais forte!! Preciso me livrar de tudo que possa me impedir, mesmo que isso seja você!! Dessa forma, eu...!!

A voz sumiu quando um calor aconchegante preencheu sua mão canhota.

A tremedeira cessou na mesma hora. O afago se alastrou ao corpo inteiro da rósea, superando a agonia com um arrepio.

— Não tem problema algum... em não ser forte... — disse ao descansar a palma sobre a mão dela. — Mesmo as fraquezas podem se tornar virtudes... Assim como eu tive uma nova chance... você também pode ter...

Fechou o olho que lhe restava, deixando o sorriso falar por si. Com lentidão, a mente foi sendo tomada pelo breu.

Para Bluebell foi como se o elo dentro de si, do qual tanto lutara a fim de se livrar, fosse despedaçado por aquela imagem.

— Por isso... vamos... voltar...

As últimas palavras precederam a síncope, consequência do desgaste somado aos graves ferimentos.

Bluebell sustentou a feição impactada.

Uma súbita vontade de ficar ali, fitando o semblante pacífico exalado pela amiga, a acometeu.

Contudo, forçou-se a virar o rosto de volta ao alto.  

Do bosque veio a brisa e, com ela, os eventos traumáticos.

A repetição daquela lembrança surgia como um mártir e, ao mesmo tempo, servia como o combustível que sustentava o desejo.

Mas, dessa vez, foi diferente.

O que ganhou destaque foi o benévolo sorriso de Hebe.

A despedida silenciosa daquela que jamais abandonou a felicidade de ter sua filha por perto, mesmo nos últimos segundos de vida...

Obrigada, minha filha.

Foi sua última declaração de amor, no instante do toque gelado em sua testa.

Palavras afetivas forçadas ao esquecimento.

Compenetradas em sustentar a jornada de corrupção consumada por ódio e vingança.

Lágrimas quentes verteram por seu rosto, sem mais conseguir se segurar. Apertou a bolsa que carregava ao lado do torso, assim como a varinha que ainda tinha na palma dominante.

Um misto de ternura por reviver aquelas palavras e frustração pela derrota.

Exclusivamente a favor das condições atuais, permitiu-se a aceitar o afago de sua melhor amiga.

Girou o palmo dolorido e entrelaçou seus dedos nos dela, que não a deixaria ir de forma alguma.

Desgarrou-se da consciência à custa das profundas lesões. No semblante restou a placidez, tão límpida quanto a lua cheia...

Naquele instante, passos cuidadosos deixaram a trilha florestal.

Defronte a destruição espalhada pelo campo aberto, caminhou sem pressa até as meninas desacordadas.

Os lábios púrpuros se abriram sem perceber.

A perplexidade que a conduziu de volta foi confirmada.

Apesar dos destroços ao redor, do estado de ambas as feridas e da tensão no ar... nenhum detalhe chamou mais a atenção de Ártemis do que as mãos delas, juntas.

Admirou-as sem dizer uma palavra.

Nenhuma poderia pintar tão bem aquela cena como o silêncio.

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