Volume 7 – Arco 5
Capítulo 130: Ecos
O filho de Zeus foi assolado pela redução de temperatura corporal.
Era como se visualizasse um ser sombrio no lugar da verdadeira oponente. Chegou a relembrar os momentos vivenciados com Lilith, mas não parecia a mesma coisa.
Constatou ser algo ainda pior.
A aura cortante retumbou sobre o templo.
O sinal da destruição gritou em seu coração.
Pegou-se imóvel por singelos segundos, o bastante para ser envolto por cortinas de trevas lançados do próprio corpo da erínia.
O súbito despertar o conduziu a desvencilhar-se por meio da Velocidade Deus.
Em seguida, as garras o atingiram na vanguarda. Pôde se proteger com a espada no reflexo, mas acabou lançado contra o teto de forma brutal.
Sentiu a dor se espalhar pelos ossos. Cuspiu sangue segundos após a violenta colisão com o concreto.
Recaiu sobre si o fato de ainda sentir-se longe do ideal após tudo que passou. Como havia comentado, precisava “tirar o pó” de si mesmo.
A filha do Submundo hesitou pela primeira vez. Ainda assim balançou a alabarda como forma de se recompor, já na mira do contra-ataque.
As “mãos” negras a perseguiram até absorverem uma parte do Manto do Inferno. Ela precisou se corrupiar e rebatê-las com as lâminas puras a fim de se livrar.
De súbito, garras na vertical descendente a caçaram. Posicionou o cabo longo à frente do rosto para evitar o golpe crucial, mas não pôde evitar que o corpo fosse pressionado contra o solo.
Sentia os ossos gritarem de dor. Em breve, se continuasse daquela forma, perderia na briga de força e teria os braços e as pernas destruídos.
Isso se a coluna, inclinada para trás graças à postura adotada, não fosse a primeira a se partir.
Megera depositou ainda mais peso no membro agressor, o imbuindo de Autoridade Elementar da Escuridão.
Se não pudesse a quebrar de forma efetiva, arrancaria tudo dela para a matar.
Suas costas arderam do nada. Sem perceber, o foco todo tinha se movido à ctónica, permitindo que o filho de Zeus a atingisse com um corte horizontal no dorso.
A abertura ensanguentada cicatrizou no mesmo momento.
“Quê!?”, Damon ficou sem reação ante a repercussão. Chegou a se lembrar do poder do amuleto usado por certo titã.
As memórias em flash se dissiparam quando sofreu uma cotovelada no rosto. Voltou a zunir por alguns metros e capotou no plano.
A despeito da dor, embora sem ter fraturado qualquer osso, empurrou-se para o alto no âmbito de retomar a postura.
Quando se ajeitou, a monstruosidade tinha sumido da linha de visão. Estava bufando em seu pescoço, sem dar aviso prévio.
Mal pôde contemplar o chute que lhe afundou o abdômen e o jogou contra a parede mais próxima.
A explosão liberou escombros e fumaça, que o soterraram logo após afundar na estrutura sólida.
“As coisas vão de mal a pior”, lamentou Calíope, que por um instante chegou a acreditar em uma virada de jogo. “Temos que dar um jeito de chamar os outros...”
Olhou por cima do ombro. Lá estavam Terpsícore, a meros centímetros de si — e bastante ferida, mas controlada — e Clio, na porta.
A despeito do conflito vivenciado na pele, tinha pressentido algumas energias dispersas pelo corredor há pouco.
Sabia que a erínia não era a única invasora. Mesmo assim, a circunstância atual só a fazia pensar em uma saída.
Arriou os supercílios e tentou se levantar, ainda sentindo a ardência dos cortes nas pernas.
— Terpsícore. Clio. — Chamou por ambas, que a encararam. — Vão até as câmaras e encontrem os outros.
— Irmã? — A Dançarina também se ergueu, com dificuldades.
— Eu ficarei aqui, com os dois jovens. Precisamos aproveitar esse momento, já perdemos muito tempo paradas aqui!
O timbre determinado daquela que era a mais velha e experiente das Nove Musas tocou o coração das duas.
“Se eu puder mandar Terpsícore, ela pode se recuperar e ficar longe do perigo”, encarou de volta o campo de batalha.
Melinoe tinha acabado de retomar o equilíbrio, mas, ainda debilitada, sofreu fácil o baque das garras da enegrecida.
Foi jogada com cortes em profusão à mesa, ainda intacta da batalha, no centro do salão.
Tendo os dois adversários imobilizados, os olhos insanos da monstruosidade se voltaram às anfitriãs na entrada do corredor.
— Não pode ser... — Calíope viu o pior. — Vão logo!
Antes que qualquer uma pudesse obedecer ao grito, Megera surgiu diante da esmeraldina.
Mirou-a sem pudor, a camada de escuridão já pronta nas lâminas do braço.
Preparou o ataque fatal, flexionando o membro em um gatilho e o empurrando para a perfurar...
O som da perfuração ecoou por todo o recinto.
Damon se livrou dos entulhos, cheio de cortes e filetes de sangue divino a escorrerem dos braços. Melinoe também se levantou dos destroços da mesa.
A imagem que recuperaram revelou a mais fria crueldade.
Calíope estava caída a poucos centímetros de onde havia se erguido. Clio, logo atrás, tinha os dois braços erguidos à frente do rosto, mas com passagem para que os olhos pudessem encontrar...
Terpsícore... As enormes garras a atravessaram.
No pescoço. No peito. E no rosto.
Foi como se tudo congelasse no tempo.
Calíope observou a imagem queimar nas retinas sem poder fazer nada além de arquejar com um peso descomunal no peito.
A musa turquesa, apesar das perfurações fatais, carregava um sorriso benévolo no rosto.
O doloroso silêncio se espalhou. Tudo se tornou monocromático à visão das donas do santuário.
Sem se importar, a enegrecida trouxe de volta os membros. Só então o sangue escorreu para fora das regiões esburacadas.
Não durou dez segundos; o corpo rijo da Dançarina tombou, lentamente.
Rastros do líquido escarlate com pontos dourados pairou sobre o ar. A luz dos olhos castanhos desapareceu.
No momento que entrou em contato com o mármore, as cores e sons pareceram ser devolvidos às outras duas.
Abismados em suas posições, os apóstolos sequer notaram as bocas escancaradas perante a terrível cena.
Diante da impetuosa megera, Clio estremeceu na iminência de sucumbir pelas pernas.
Já a Eloquente continuava inerte à realidade.
— Ter... — Da garganta nada saía, como se amarrada por arame farpado.
A imagem da irmã, bem ao lado; imóvel, pálida...
Sem vida.
Da posição que se encontrava, engatinhou duas vezes a se aproximar dela.
Levou os dedos fremidos a tatearem o rosto frígido dela. A ficha enfim caiu, como se uma tonelada esmagasse o coração.
Lágrimas acumularam-se sobre os cílios.
A poça quente em formação dominou seus joelhos, assim como as palmas de suas mãos que não paravam de oscilar.
Num ato de desespero, misturando a visão do líquido rubro, ainda quente, e da frieza da casca humana... a deusa perdeu o controle respiratória, para enfim entoar um grito agonizante.
Sua voz poderia ter corrido por todo o corredor principal.
As anfitriãs ainda vivas, tal como os apóstolos, sentiram como se penetrasse suas almas; o terror, a amargura, a repulsa...
Nem mesmo a Historiadora percebia o pranto a verter pelo rosto trêmulo.
— Irmã... Terpí...? — A voz afônica chamou-lhe a atenção. Urânia também chorava, mesmo mal tendo chegado no local. — O que...? Por que... a irmã Terpí...?
Por meio de soluços fortes, não conseguia deixar de assistir.
Em meio ao grito que não acabava da mais velha, a caçula caiu de joelhos.
— Mais uma...
A voz grotesca de Megera, ainda com resquícios de sangue nas garras mortíferas, criou um calafrio que despertou Clio de seu transe.
Sem pensar duas vezes, ela se jogou para abraçar a Astrônoma no chão, ficando de costas para a morte.
Damon e Melinoe romperam as barreiras e fecharam a passagem da criatura com suas armas.
Com um ataque simultâneo, obrigaram-na a recuar.
O leve tremor causado pelos dois não foi o bastante para reestabelecer alguma vantagem.
Afetados pelos últimos golpes sofridos, além do desgaste físico e vital, o confronto tornou-se tão delicado quanto um tênue fio de lã.
Parte da consciência começava a pesar, principalmente no caso do filho de Zeus.
O risco tomado por ele tinha sido em vão até agora.
Lutava em prol de reprimir a fúria latente que subia o peito, culminada pelas falhas pessoais.
Escutar o pranto daquela que os acolheu, derramado sobre o corpo daquela que o ajudou a superar seus problemas, originava o pior dos impulsos em seu coração.
Pela primeira vez, além do novo fracasso, vivenciava a angústia de perder alguém.
Uma ameaça que nem se comparava à do Titã Condenado...
Da forma que se seguia, o desfecho só tendia a piorar.
Por isso, cedeu a um desgosto profundo:
— E agora... o que a gente faz?
Paralela a ele, a filha de Hades contorceu as sobrancelhas e bufou:
— Não acredito que essa pergunta foi séria, maldito.
— A Classe Herói aqui é você, desgraçada.
Ela resmungou para dentro, mas logo procedeu:
— Ela é diferente. Diferente de qualquer um que já pude enfrentar. — Nem a própria mediadora conseguia acreditar na sinceridade com a qual afirmava. — Do jeito que as coisas estão...
Damon sabia que ela estava passando um forte perrengue só para dar o braço a torcer pela realidade.
E nem precisava completar, por mais que fosse um ato culminado pelo que restava de seu orgulho.
Nenhum dos dois e tampouco os dois poderiam derrotá-la.
A sensação da morte encarar de perto também a arrepiava.
Os olhos negros estavam sedentos por sangue. As camadas sombrias tomavam completamente o braço restante, até a altura do pescoço.
Parecia questão de tempo até o elemento impuro dominar-lhe corpo e alma, o anúncio derradeiro para o desastre.
Os jovens deuses encontravam-se prontos para batalharem até a última gota de energia, isso não mudaria.
“Eu prometi”, o olimpiano, de novo, recobrou a imagem das duas que mais lhe eram importantes.
— Eu prometi que ia voltar. Custe o que custar.
Bradou para si e para os que o rodeavam, voltando a armar a guarda com a espada eletrizada.
Melinoe sentiu-se contagiada com aquilo, mas isso só a despertou desprezo.
De todo modo, agarrou-se ao esperneio derradeiro, até que sua Bênção morresse.
No momento do tudo ou nada, porém...
— Arte do Crepúsculo, Segundo Anoitecer... — A voz refinada e soturna irrompeu o instante de tensão. — Impulsão Lunar.
Assim que largou a corda do arco, a seta especial voou contra as costas da erínia.
Essa prontamente moveu as garras no sentido do rodopio veloz do corpo.
Mas a ponta de seta lhe perfurou o braço, em desprezo à camada da Autoridade Elementar da Escuridão.
O impacto cintilante recaiu sobre ela com segundos atrasados, a afastando dos jovens e das anfitriãs incapacitadas.
Clio ergueu o rosto sobre o ombro, sem deixar de envolver o corpo trêmulo de Urânia.
Damon e Melinoe dirigiram os olhares atônitos ao buraco superior do salão, de onde vinha o luar.
Destacada pela luz natural, a mulher de longos fios púrpuros encarava com o arco em formato de lua crescente apontada à vertente que havia disparado.
“A mulher do porto”, o rapaz logo remeteu à figura dela, que saltou da passagem inusitada e aterrissou no plano, sem causar ruído algum.
Depois da sutil arremetida, subiu o olhar de tom similar ao do cabelo ondulado. Então, ao erguer a palma... Autoridade Elementar da Luz — uma luz azulada — nasceu sobre ela.
Ao ser condensada em partículas de energia, uma flecha luminosa foi criada.
Os dois aliados reagiram abismados diante daquilo.
Megera, por outro lado, rangeu os dentes enraivecida após encontrar a flecha em seu braço desaparecer nos mesmos flocos luminosos da formação.
— Ei! — Contrariando o momento de impacto, Melinoe rugiu. — O que ‘tá fazendo aqui!?
— Fique quieta e mantenha o foco na adversária.
Selene, após retrucá-la, colocou a seta na corda e a retesou até o ombro.
O disparo semelhante ao anterior, dessa vez, fez a erínia se esquivar.
Depois disso, a Notívaga passou a palma esticada na lateral do arco, de onde três flechas surgiram num piscar.
Os novos disparos foram rápidos, sem dar chances para que a enegrecida recuperasse distância.
De quebra, as explosões de luz se uniram e, por pouco, não a afetaram.
— Movam-se, rápido. — Deu as ordens, focada na inimiga. — Vamos segurá-la até a chegada de meus irmãos.
— Segurá-la!? — A Classe Herói quase rugiu.
— Não podemos derrotá-la sozinhos. Com meus Eos e Hélios, talvez. — Semicerrou as vistas sem sequer a encarar. — Não devemos deixar a oportunidade de abater uma Erínia passar.
O desenlace nulificou qualquer pretensão de resposta de Melinoe. Seus olhos arregalaram, tanto quanto os das anfitriãs logo atrás.
Ainda que estivessem chocadas com a perda de Terpsícore, receberem a confirmação da identidade da invasora criou um tremendo baque.
Diferente delas, Damon não assimilou muito bem o significado. Só o conhecimento sobre seu extremo poder já parecia suficiente.
Qualquer tipo de epíteto não mudaria a história já escrita. E tampouco levaria a história a algum desfecho diferente daquele.
Balançou a cabeça e livrou-se dos pensamentos, no objetivo de reativar a Velocidade Deus.
A ruiva mantinha-se relutante.
Agora que tinha ciência da identidade opositora, não enxergava outras opções.
E isso a deixava extremamente irritada.
“Eu sou a Classe Herói aqui”, apertou a alabarda com vigor. “Merda...!! Desgraça!!”
Suportou só a favor daquele momento, onde trouxe de volta o ímpeto de seu Manto do Inferno.
Mas quando tudo aparentava caminhar para o completo caos, um vórtice negro se originou entre os aliados e a inimiga.
Os tiros luminosos foram engolidos, sem oferecerem qualquer resistência.
Selene aproximou os cílios perante a anomalia responsável por interromper seu avanço.
Para o filho de Zeus, tal energia não era novidade.
Nem para Megera, que encarou desacreditada a deixa do encapuzado através do portal...
— Me perdoe por interromper sua “diversão”. — Arlen exalou um lamento. — Estou sentindo outras duas presenças idênticas a dessa mulher que acabou de chegar, sendo uma delas bastante perigosa.
— Eu não me importo, moleque! — Brandiu o braço, na tentativa de ultrapassar o rapaz. — Vou matar todos de uma vez!
— Não com esse ferimento, se me permite. E, com certeza, não agindo dessa forma. — Mediante a resposta ousada, ela girou o corpo que ecoou estalos aterrorizantes. — A senhorita subestimou os adversários e perdeu um braço. Se colocar todo o restante a perder também, não poderemos seguir com o planejado.
— Veja o tom que dirige a mim, moleque. — Aproximou-se a dois passos, o encarando de cima. — E daí que eu subestimei eles? No fim, o cadáver não será meu. Sem um ou dois braços, não importa.
— Peço encarecidamente que reconsidere. — Ele não parecia se intimidar com o olhar mortífero rente a sua face. — É um pedido exclusivo de minha mãe.
Assim como a erínia ficou sem palavras para respondê-lo novamente, os adversários afastados quase perdiam o fôlego.
A aura lancinante da enegrecida só crescia a cada novo contexto apresentado sobre o salão.
Em desprezo aos demais, confiante de que nenhum deles poderia a afligir com seu sobrinho presente, não deixou de encará-lo.
Aguardou alguma palavra a mais por parte dele, mas já podia imaginar o que ocorreria a partir das últimas.
Enquanto coberto pela metade do rosto moreno, sustentou a postura, firme na decisão pessoal.
Apesar da obstinação inicial, ela refugou parte da aura assassina e cedeu à sensatez do “outro lado”
Resoluta à frente das constantes mudanças, cada vez mais ameaçadoras a sua integridade — e a das irmãs distantes —, adotou o exaspero em prol de contornar o turbilhão sanguinário.
Deixou a energia sórdida esvanecer e mirou o membro decepado, a alguns metros no solo.
Pensou em trazê-lo consigo, mas considerou permanecer como estava.
Após passar ao lado do homem coberto, encarou sobre o ombro.
Toda a destruição ocasionada pelo ataque surpresa foi contemplada, o que a levou a declamar:
— Considerem esse um pequeno aviso do que está por vir, seus lixos! Da próxima vez, não haverá salvação!!
Transmitida a mensagem final, Megera adentrou o portal.
A exemplo dela, Arlen voltou a fitar, especificamente, o filho de Zeus. Após isso, deu meia-volta e regressou à passagem.
Essa desapareceu logo após ele.
Melinoe nem piscava. A vontade que tinha agora, conforme o manto da Bênção se desfazia em sua volta, era o de destruir algo com as próprias mãos.
Damon pegou-se incapaz de comentar algo a respeito.
Com o fim da tensão, voltava a ser acometido por uma angústia crescente no peito, como se retornasse à estaca zero.
No desfecho do conflito, as perdas pesaram indubitavelmente acima dos ganhos; nulos.
Os Imperadores das Trevas saíram por cima, de novo.
Pôde escutar tanto os xingamentos enfurecidos da desafeta quanto o pranto constante de Calíope, sem sair de cima do corpo da assassinada irmã.
O misto de frustração e pesar dominou o santuário que só era iluminado pela lua cheia.
— Não pude chegar a tempo... — Selene soou um pouco remoída.
Naquela batalha que pouco participou, ela também foi derrotada completamente.
Os aliados da Corporação dos Deuses, com diferentes posturas, somente absorveram em silêncio.
Na concepção da ruiva, aquela desculpa não serviria como panos frios sobre o fracasso.
— Irmããã!!
Escutaram o chamado que veio da área exterior.
Eos e Hélios passaram pela abertura destruída ao lado da porta, trazendo uma dose de alívio à púrpura, por saber que a irmãzinha cumpriu seu pedido.
Mesmo já sendo tarde para ajudarem em algo, apreciou o esforço deles em, pelo menos, a acompanharem até lá.
Restaria o auxílio no amparo às maiores vítimas do atentado.
Tanto a pequena lilácea quanto o homem alaranjado levantaram as sobrancelhas, perplexos frente a devastação orquestrada pelo recinto.
Em destaque, a imagem de Terpsícore, morta.
Nenhum deles enunciou qualquer comentário.
Eos levou as mãos à boca, atordoada. Hélios abaixou a cabeça e desviou o rosto.
Esse instante coincidiu com a chegada de outro grupo separado, que veio do corredor principal.
As filhas de Atena, juntas do jovem prateado, acompanhavam Melpômene.
— Impossível...
O mussito só escapou dos lábios de Chloe que, em paralelo à gêmea indiferente, franziu o cenho com pavor.
Silver também resguardou reações visíveis, contudo fechou as vistas em remorso.
Aquém das demais reações, um sorriso brotou no rosto da Musa da Tragédia. Resmungos baixos chamaram a atenção dos perplexos, até que uma risada subiu o peito.
Era como se duas facetas divergentes fossem reveladas.
Ambas alcançavam o pico máximo das emoções corrompidas, criando um conflito impossível de ser resolvido no interior machucado.
Ninguém ali podia dizer algo a respeito.
A dor era delas. Somente delas.
E cada uma lidaria à sua maneira.
O choro de Calíope diminuiu, sendo abafado pela pressão da face rosada no peito de Terpsícore.
Já Melpômene continuava sua gargalhada amargurada, que se misturava a fios de lágrimas imperceptíveis.
E ecoava por todos os cantos do Museion.
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