Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 6 – Arco 5

Capítulo 101: Ilha de Rodes

Sem enrolação, o grupo composto pelos sete membros da Corporação dos Deuses avançou ao porto de Atenas.

O navio já estava preparado, como a mediadora havia dito.

Com auxílio dos mortais responsáveis pela inspeção dos mantimentos, subiram a bordo e zarparam em direção à sudeste.

Alguns minutos se passaram desde o início da navegação pelo Mar Egeu.

Dali já podiam enxergar a grande estátua de bronze, marca registrada da entrada para a Ilha de Rodes.

Gael e Silver não poderiam se esquecer daquele que era batizado como o Colosso de Rodes. Enxergá-lo daquela distância já era o suficiente para reviver memórias da derrota absoluta em Argos.

O filho de Apolo respirou fundo. Embora sempre autêntico quanto a respectiva personalidade, sentia falta de suas companheiras, que permaneceriam em Delfos e Éfeso.

Já o filho de Poseidon desviou o olhar em direção às ondas e caminhou para a beirada da proa, onde ficaria sentado, como na viagem para Methana.

Chloe e Julie apreciavam o momento, encostadas na pilastra do mastro. Os ondulados fios de cabelo meneavam à medida que descansavam as vistas.

Melinoe encontrava-se deitada na popa. A cabeça apoiava-se na mão do braço flexionado, que tinha o cotovelo repousado na madeira.

Enquanto isso, Damon e Helena aproveitavam o silêncio pesado, entrecortado pelo som da água ao redor da embarcação.

O rapaz encarava o céu azulado, sem tantas nuvens por sua extensão. Já a meia-irmã contemplava o tapete que refletia a tonalidade superior.

Parecia brilhar como cristais graças à incidência do sol.

Ao perceber algo interessante, quase debruçada sobre a lateral do convés, ela quebrou o gelo:

— Ei, Damon! Venha ver isso.

Ele se desprendeu dos devaneios ao escutar a animada voz da mulher.

Vendo o sorriso esboçado por ela, que não desgrudava os globos esmeraldas da água, avançou até se juntar à observação.

Golfinhos podiam ser vistos na companhia do navio.

Tal cena o fez erguer um pouco as sobrancelhas, incapaz de negar o impressionismo. Mesmo já tendo visto algo parecido há não muito tempo.

Vez ou outra, dois ou três dos mamíferos saltitavam em piruetas, sem perder o encalço da embarcação.

— Eu fiquei sabendo sobre a sua amiga. — As palavras repentinas de Helena o pegaram de surpresa, de novo.

— Sei...

Cabisbaixo, não pôde falar muita coisa além daquilo.

Ao encará-lo de canto, a beldade lançou uma arfada pelas narinas e completou, confiante:

— Tenho certeza de que ela vai ficar bem!

A força, a segurança naquela colocação, aliado ao sorriso reconfortante, trouxeram o olhar do caçula de volta a si.

Damon somente assentiu em silêncio. Os lábios se curvaram de leve para o alto.

— E as pessoas de Delos? — E tentou mudar de assunto, se sentindo mais leve para dialogar.

Contente com aquele seguimento, Helena respondeu:

— Como disse, eles conseguem superar tudo que aconteceu. Sabe, como você também disse quando estava enfrentando Castor... Todos devemos seguir em frente.

Ao ser relembrado daquela determinação, o filho de Zeus encarou a palma destra, onde resquícios de cicatrizes e queimaduras descansavam.

Enfim dava-se conta da oportunidade que se desenhava para superar os problemas, jamais antes enfrentados, e retomar a trilha do próprio destino.

Para cumprir suas promessas, as declaradas ou as guardadas dentro do coração.

Para proteger aqueles que lhe eram mais caros, sem novos deslizes.

Sem falhar de novo...

Em concordância à visão de Helena e a de si mesmo, ele tornou a erguer o semblante.

Uma inédita lufada de motivação o dominou.

— Vamo’ conseguir. — Apertou o punho e relaxou o braço ao lado da perna. — Eu sinto.

A ruiva experimentou genuína felicidade ao fitar o meio-irmão tentar lhe entregar seu melhor sorriso.

Depois, voltaram a observar a combinação do clima ensolarado com o enorme oceano.

— Para falar a verdade — ela murmurou —, todas essas turbulências tinham-me feito esquecer sobre o quanto isso tudo é lindo...

— É. Não dá pra negar que a vista é bonita.

Passado metade do caminho necessário à chegada em Rodes, o cartão postal da zona portuária se tornou um monstro gigantesco, graças à perspectiva mais aproximada.

De todos os tripulantes, Gael mostrava a feição mais chamativa; os olhos esgazeados e a boca aberta, em pleno fascínio.

Damon e Helena se aproximaram da proa, onde a maioria se reuniu nos segundos que se passaram.

Julie subiu os degraus da parte dianteira do navio. A íris esverdeada dos globos semicerrados cintilou por breves segundos.

Por esse átimo, foi como se um farol rivalizasse com a claridade natural da manhã.

Rapidamente percebeu que, sobre a elevada construção na entrada da ilha, residia uma pessoa.

Aos poucos, sua tênue influência vital passou a se proliferar até a embarcação.

“Aviso: Aparentam já ter percebido”, a alva proclamou pela Telepatia.

Conforme a nau se aproximava cada vez mais, fazendo a estátua rodiana crescer ainda mais, começavam a perceber a silhueta da pessoa ganhar detalhes.

De braços cruzados, a mulher abriu os olhos.

Eram tão escuros quanto os enormes fios encaracolados de cor índigo, que se destacavam por ziguezaguearem em volta dos braços pálidos até a cintura.

Quando o navio se preparava para passar por entre as pernas do Colosso de Rodes, andou um passo de recuo e deixou o corpo ir de encontro à queda de costas.

— Ela...

— Pulou!!?

Espantados, Helena e Gael se complementaram ao enxergarem-na desaparecer de súbito, em um claro movimento proposital.

No exato momento em que transitavam pela passagem um tanto quanto extravagante, Melinoe, ainda deitada na popa, observava a tudo com um dos olhos aberto e entrefechado.

Não à toa foi a primeira a perceber a presença opositora pousar sobre o mastro do transporte, sem causar alardes.

Sem se deixar ser notada por qualquer um inferior a si.

Mesmo as filhas de Atena, sensitivas natas, só puderam notar segundos após a Classe Herói.

De toda forma, não se precipitaram como os demais, logo na sequência...

Repentinamente o navio perdeu força e começou a parar na sombra do colosso.

Então, todos se voltaram à direção para onde as gêmeas encaravam.

A invasora equilibrava-se sem dificuldades, mesmo estando nas pontas dos pés descalços.

Os mirava com soturnidade.

Sem desfazer a faceta austera, entoou em sua voz serena:

— Estávamos no aguardo de sua chegada, apóstolos do continente.

O impacto inicial causado pelo misto de suntuosidade e misticidade transmitidos por ela fez a maioria estremecer.

Era deslumbrante, embora carregasse uma essência nada radiante.

Gael mostrou os dentes ao alargar o riso eufórico:

— Ela parece ser forte!!

— De certo, esta mulher é deveras poderosa. Afinal, trata-se de uma Apóstola de Classe Superior: Selene, a Notívaga.

Perante as palavras centradas de Chloe, os acompanhantes resguardaram-se em silêncio.

Para todos, já era bem claro só de encará-la; seu nível se equiparava ao dos grandes deuses do Olimpo...

O resmungo ímpar proveniente da filha do Submundo, que se levantava da posição confortável, quebrou a apreensão construída acerca da recebedora.

Sem qualquer hesitação, sacou o punhal escuro da cintura e apertou o pequeno botão no centro.

Quando a alabarda se abriu, Damon não pôde deixar de evocar a foice de Lilith.

Os adornos ossificados, as caveiras sorridentes e a dupla lâmina que se abria como asas afiadas traziam um ar ainda mais lúgubre à portadora.

Essa que mirou acima da cabeça antes de executar um salto de absurdo impulso, capaz de criar uma leve corrente de ar sobre a embarcação.

Alcançou a vanguarda de Selene. O vento frio fez o grande vestido oscilar, assim como o capuz que cobria um pouco do volumoso cabelo escuro.

Investiu num corte veloz, na horizontal.

A purpúrea, no entanto, desviou ao realizar uma pirueta de costas. Foi tão rápido que quase ninguém foi capaz de vê-la iniciar o movimento.

Finalizou ao aterrissar graciosamente sobre o convés, bem próxima à proa, onde todos observavam atônitos — menos as filhas de Atena.

Silver, mesmo sempre sereno, sofreu de espanto ao perceber que tanto o deslocamento quanto a aterrissagem da mulher sequer produziram algum ruído.

Sua curiosidade acerca da respectiva só cresceu a partir de então.

Durante esse período, Melinoe regressou à superfície. Diferente da atacada, o couro de suas sandálias provocou rangidos estridentes por toda a madeira.

Mediante um resmungo risonho, disparou em direção à adversária, que não se moveu por qualquer milímetro.

Afinal, uma nova figura surgiu, de súbito, bem chamativa.

E, antes que as conclusões pudessem ser atingidas, protegeu a Notívaga ao bloquear o corte frontal da ctónica.

Todos perceberam ser um homem. Sua aura se proliferou e cercou os jovens, causando um tremendo choque térmico a todos os habituados à frieza desperta por Selene.

Agora, tudo ganhava quentura.

— Quem...? — Damon ameaçou indagar

— Este é Hélios, o Diurno. — Chloe explicou de imediato. — Os dois são... parentes fraternos.

A bainha da lâmina do referido possuía ilustrações de chamas tingidas em vermelho, laranja e amarelo, o bastante a fim de refletir a alabarda da ruiva.

A explosão de choque ganhou fraca intensidade, porém desequilibrou a embarcação toda.

A corrente criada pelo choque entre ambos fez seu arrepiado cabelo, de tom vermelho-amarelado como se fosse uma chama viva, oscilar.

— Devemos parar com tais atitudes insólitas, Fantasmagórica — murmurou ao pé do ouvido da mulher.

Sua voz soava comedida, embora carregasse furor.

Melinoe franziu a testa e recuou ao quase ser repelida.

— O quê? Só queria dar meus cumprimentos, Diurno. — Balançou a alabarda e apertou o botão, fazendo-a regressar ao formato de punhal. — Eu ‘tava com tanto tédio que precisava acordar um pouco. Não teria problema se eu cortasse a cabeça de vocês por acidente, certo?

— Sempre petulante, cria do Submundo. — Hélios arriou as sobrancelhas com vigor.

Os nervos inesperados, ao invés de atenuarem, somente se elevavam.

Apesar disso, nenhum dos dois aparentava ter intuito de retomar o confronto sem sentido.

— Que merda...? — Incrédulo, Damon encarou a irmã mais velha de Lilith.

Ela voltou a dar de ombros, desfazendo o semblante sorridente com pura malevolência.

Nenhum dos espectadores se arriscou a opinar quanto as atitudes tomadas pela veterana.

“Mas, se ela é Classe Herói...”, o filho de Zeus tornou a encarar os irmãos recém-apresentados.

Mesmo uma Classe Herói sequer tinha conseguido atingir alguém que tinha sido apresentada como Classe Superior, uma abaixo na “escadaria” da corporação.

Aquilo o deixou bem intrigado, mas...

— Acalme-se, Hélios. — Selene, com seus frios olhos índigo, tomou a frente. — Visto que já fomos apresentados de maneira devida... vocês são as descendentes da Deusa da Sabedoria, então.

— Sim, senhorita Selene. — Chloe respondeu pelas duas, mas ambas mesuraram.

— Sem formalidades. — Deu a volta, porém permaneceu as fitando por cima do ombro. — Já fomos informadas por suas verdadeiras anfitriãs. Iremos guiá-los até elas.

Sua voz serena, a forma requintada de falar... isso prendia e bem a atenção dos prodígios ao redor.

Nem parecia estar incomodada com o fato de ter sido atacada de forma deliberada pela filha de Hades.

Já Hélios, de quentes olhos alaranjados, aceitou o pedido da irmã, que parecia ser a mais velha, e relaxou a tensão dos ombros e da feição sisuda.

— Quem são “elas”!!? — Gael indagou, curioso.

— Em breve saberão.

Apesar da resposta esquivada pela Notívaga, o descendente solar assentiu com ânimo.

Assim, a viagem para a Ilha de Rodes, com uma chegada um tanto quanto peculiar, terminava.

O grupo atracou a embarcação em uma área isolada do litoral, em prol de evitar contato com os mortais rodeanos.

Em seguida, pegaram o caminho das Passagens Espectrais.

A cidade localizada na parte inicial da ilha era até que bem grande, como qualquer pólis do continente helênico.

Damon, Helena e Gael se impressionavam pela diferença de infraestrutura daquele local com a pacata vila de Delos.

— O que será que vamos fazer? — mussitou Helena, ao lado do meio-irmão.

— A Atena não te contou? — Ele a fitou de soslaio.

— Você sabe que nossa grande irmã gosta da surpresa. — Riu com leveza. — E parece que eles também.

Apontou com as vistas entrefechadas à dupla de veteranos responsável por conduzi-los no trajeto arco-íris.

— Bem... Nossa mãe nos contou que eles não simpatizam tanto com os deuses. — Chloe virou-se aos dois ao esclarecer. — Pelo mero fato de aceitarem o dever de auxiliar-nos, já demonstra uma consideração louvável de vossa parte.

— Pare que sim. — A filha de Zeus fez que sim a cabeça.

Pensou em como a poderosa lábia de Atena devia ter sido fundamental para fazê-los aceitar aquela tarefa.

Damon mirou as costas dos dois, de uma aura tão superior que pareciam ser maiores até do que eram de fato.

E a informação sobre a tal antipatia para com os deuses, é claro, lhe despertou certo interesse.

Até porque não aparentava ser mais um “caso isolado”.

— Seguiremos por aqui.

Selene indicou a descida do portal espectral até uma área recheada de vegetação.

O grupo sentiu a terra quente de novo, envoltos pelos ruídos provocados por vida animal e riachos nos arredores.

Diversos pássaros levantaram voo entre as árvores, criando farfalhares intensos, assim que os descendentes divinos surgiram do “nada”.

Só que a atenção dos demais logo foi puxada por um ronco fraco, vindo de meros metros à frente.

Selene e Hélios seguiram na dianteira. Os demais os acompanharam por breves passos, até encontrarem uma nova indivídua adormecida sobre um dos galhos de um arvoredo.

Ela, abraçada ao tronco que lhe apoiava para não cair, parecia feliz ao dormir. Sorria de orelha a orelha.

De aparência infantil, tinha o cabelo de tom violeta-escuro, amarrado em tranças giratórias acima das orelhas.

Duas madeixas onduladas caíam da franja até tocarem seus ombros, essas que as extremidades mudavam a um lilás bem leve.

— Acorda, Eos! Eles chegaram — bradou Hélios.

Ao ser acometida pela potência na voz do homem, a menina despertou os sonolentos olhos liláceos.

Antes mesmo de poder vê-los, já podia ver as auras reunidas logo adiante.

— Nuah... Não precisa gritar, maninho... — Esfregou as vistas e soltou um bocejo demorado. — Eles... quem eram... mesmo?...

— Os apóstolos do continente. Espera, você esqueceu? — O flamejante torceu uma sobrancelha.

Conforme despertava de forma lenta e gradativa, Eos enfim foi capaz de enxergar a forma de cada apóstolo.

— Nuah...! — Juntou as mãos delicadas e rodopiou, com auxílio das pernas, no galho, ficando de ponta-cabeça. — São esses os deusinhos!?

— Sim. São eles. — Selene foi quem respondeu.

A lilácea soltou-se da haste de madeira irregular e girou no próprio eixo até cair na terra, de pé.

Logo se lançou ao que se encontrava mais próximo dos responsáveis por despertá-la.

Apertou as mãos de Damon sem permiti-lo desviar. Nem reagir com espanto pôde...

— Eu sou a Eos!! Eu queria muito, muito, muito conhecer os deusinhos do continente!!

O garoto ficou sem ter o que dizer, apenas com os lábios separados e as vistas arregaladas.

Mesmo tão pequena e aparentemente frágil, a garota o segurava com força o bastante em prol de não o deixar se livrar da paralisia.

— Esta é a Aurora — explicou Chloe, sem se importar com o baque do companheiro. — Também é parente fraterna da Notívaga e do Diurno.

— Siiim! — Ao largar o olimpiano, abriu os braços para os referidos. — Esses são meu maninho e minha maninha!! O nome deles é...!!

— Eles já sabem. Nos apresentamos. — De braços cruzados, Hélios a antecipou.

Um breve átimo de silêncio se formou, até que todo o entusiasmo da pequena foi substituído por melancolia.

— Eles são... como posso dizer? — Damon, ainda impressionado, abriu e fechou as mãos trêmulas.

Peculiares... — Helena declarou por ele, descansando a palma aberta no rosto.

— Não obstante a pormenores, ainda são seres divinos, correto? — A filha de Atena olhou-os de canto, sempre comedida.

“Avaliação: Ela lembra um pouco de vossa irmãzinha, Mon-Mon”, Julie se pronunciou pela primeira vez por espontânea vontade.

— Ela não parece nem um pouco com a Daisy. — Analisou a expressão da jovem. — Só o tamanho.

Quando ele ergueu a mão, com a palma virada para baixo, à altura do peito, o gelo ficou ainda mais explícito.

Antes eufórica, depois melancólica, a metamorfose das feições de Eos alcançou um novo nível: o da raiva.

— Nuah! Posso ser pequena, mas sou muito, muito, muito mais velha e experiente e forte do que vocês!!! Hmpf!!

“É literalmente uma criança”, os descendentes do Rei dos Deuses prenderam a risada quando a pequena acusou o golpe, cruzou os braços e virou o rosto por pura birra.

— Tenha modos, Eos. — Selene postou-se entre a emburrada e os jovens.

— Maninha...

— Como disseram há pouco, não guardamos qualquer simpatia para com os deuses do Olimpo. Embora haja algumas e raras exceções. — A atmosfera entre o grupo tornou-se densa. Fria. — E em respeito a uma dessas exceções, aceitamos o requisito da Deusa da Sabedoria.

— Ra! Não simpatizam dos deuses e ainda assim servem pra eles! Que ironia! — Melinoe desdenhou, repousando o punho destro na cintura.

— Ironia é você falar isso, Fantasmagórica. — Hélios aproximou os cílios, recheado de veneno no olhar.

A ctónica resmungou antes de rebater:

— Eu não sou como vocês!

O Diurno apertou os lábios, segurando-se para não retornar às vias de fato com a mulher do Submundo.

— Todos temos nossos motivos. — Selene, mais uma vez, pôs-se a intervir. — E nenhum deles convêm no momento.

O flamejante desviou o rosto, o semblante emudecido após outra atitude apaziguadora da irmã.

Melinoe, da mesma maneira, ignorou a situação após tanto provocar e subiu os olhos, dando ombros aos demais.

Damon e os outros apóstolos continuavam desconfortáveis em meio àquilo tudo.

— Continuemos. — Foi quando a Notívaga os chamou para o foco primordial. — Estamos próximos do destino.

— Apesar de tudo, fosse somente pela Deusa da Sabedoria, poderíamos ter recusado o pedido. — Hélios complementou com um resmungo, enquanto acompanhava a irmã mais velha.

— Nuah! Considerem-se sortudos, pirralhos! — Em clara provocação a Damon e Melinoe, Eos também se pronunciou. — O desejo das musinhas também pesou muito na nossa escolha!

Os mais curiosos, claro, adorariam questioná-los sobre tudo que tinha sido discutido.

Alguém carregar antipatia para com os deuses estava longe de ser novidade.

Entretanto, não levou muito tempo até terminarem de atravessar a extensão da floresta, para serem recebidos de frente por um enorme templo.

Talvez o maior já visto por qualquer um naquele lugar.

Mesmo as filhas de Atena não seguraram o fascínio perante tamanha arquitetura.

Nenhum dos três condutores precisou confirmar a chegada, pois o reconhecimento do feito já era óbvio para todos.

Desse modo, o questionamento mais pertinente tornava-se outro:

— ‘Cês que moram nesse monstro? — O filho de Zeus apontou à edificação.

— De forma alguma — respondeu Selene, os encarando. — É aqui que todos darão início ao programa de treinamento especial.

Todos suspiraram ao escutar o termo inédito.

Gael estalou os dedos do palmo dominante. O sorriso se tornou feroz à medida que os nervos à flor da pele passavam a queimar com a ansiedade.

“Treinamento especial...”, Damon ponderou sozinho, porém seu foco foi arrastado para o ruído que reverberou da entrada do santuário.

Passos intercalados ecoaram em meio ao novo silêncio.

Das sombras interiores do recinto, uma mulher apareceu.

Sua pele alva parecia brilhar à luz do sol. O cabelo esverdeado, que caía até metade do pescoço, assemelhava-se a uma gema.

À exceção de Julie, de Melinoe e do trio adiante, os apóstolos reagiram boquiabertos ao passo que eram saudados pela influência acalentadora da verdadeira anfitriã.

A mão canhota segurava a destra, ambos os membros superiores na altura da cintura.

Por meio de um sorriso benigno, movimentou um dos braços na formação de um arco e entoou:

— Estávamos à vossa espera, jovens divindades! — Executou o mesmo com o esquerdo, literalmente os recebendo de braços abertos. — Sejam muito bem-vindos ao Museion; o panteão das Musas!

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