Volume 4 – Arco 4
Capítulo 71: Levantam as Sombras [Esmagados sem DÓ]
— Enfim... te encontrei! — O capuz voou da cabeça da garota, revelando sua face.
Elaine paralisou por completo ao encarar o liso cabelo rosa, que caía até um pouco abaixo do pescoço.
Seu volume quase inteiro estava nos dois coques laterais do penteado, responsáveis por prenderem ainda mais a atenção da garota.
“Por que...?”, ela mal conseguia retomar o controle das próprias ações. O coração palpitava numa força tremenda, a ponto de ameaçar pular pela boca. “Impossível...!”
A mente conflituosa trouxe nebulosidade aos olhos esgazeados.
Silver percebeu a súbita mudança da filha de Ártemis.
Toda a pulsação descontrolada era uma coisa, mas a respiração arfante — pela boca, por sinal — sequer precisava ser percebida pela audição sonar.
Estava pior do que toda a insegurança natural demonstrada desde o início do encontro.
Não obstante a isso, percebeu que a recém-chegada tinha os olhos fixados na respectiva.
Pelo semblante sorridente, alheio à frase anterior, exalava um júbilo singular em sua presença.
“Elas se conhecem?”, foi a indagação óbvia que surgiu, conforme encarava uma e depois outra.
O olhar correu até Gael, que mantinha os palmos cerrados à frente do tronco, pronto para o combate.
Com relação a ele, não parecia ser o caso...
— Você não faz ideia de como eu queria te ver de novo. — A rósea foi desfazendo o sorriso com lentidão. — O que foi? Não vai nem me cumprimentar?
“Não pode ser...”, a apóstola buscou algo no fundo das memórias.
Mas...
— Não me diga que ainda é aquela fracote de antigamente...
Quanto mais tentava raciocinar, pior se tornava o cenário.
Com as pernas trêmulas, Elaine parecia prestes a desmoronar em qualquer instante.
— Ei, você!! — Foi quando o filho de Apolo se intrometeu. — Eu reconheço esse manto preto que você ‘tá usando!! Isso me deixa esplendidamente ansioso!! Lute comigo!!
“Incrível como consegue falar essas coisas mesmo diante de uma energia nada normal”, o filho de Poseidon entrefechou as vistas.
Diferente do eufórico, estava pleno de que a melhor forma para responder àquela influência seria com cautela.
A de coques gêmeos enfim alterou a faceta por inteiro, forçando as sobrancelhas e os lábios para baixo.
Novamente, Elaine arrepiou-se mais do que os companheiros. Sentia o suor frio escorrer pelo rosto até pingar do queixo ao solo abaixo.
— Não tenho interesse algum em você. Eu sou a mais forte. Então não teria nenhuma graça, pra começo de conversa.
A resposta cortante combinou com o olhar de navalha.
— Ah, é mesmo!? — O solar reuniu energia sem nem pensar duas vezes. — Isso é esplêndido!! Fiquei com ainda mais vontade de te derrotar!!
Silver desejava findar os ânimos efusivos do aliado. Só que, antes que pudesse executar qualquer ação, o pugilista disparou por meio de um salto agressivo.
A garota sustentou a inércia, como se já esperasse aquela aproximação.
O brilho dourado preencheu o punho dominante dele que, ao chegar defronte ao alvo num piscar...
“Esses caras são diferentes!! Não vou me segurar!!”, apostou as fichas num começo de frenesi total.
A Autoridade Elementar do Fogo ganhou intensidade sobre a luva especial, espalhando um raio de calor por todos os lados.
— Arte do Sol, Primeiro Esplendor!!! — vociferou ao socar com tudo. — Punhos Solares!!!
O murro direcionado ao rosto da rósea explodiu com uma onda de choque violenta, capaz de levantar bastantes folhas do solo e as queimar no processo.
“Esse maldito...!”, Silver posicionou o braço livre diante do rosto, a fim de se proteger da corrente escaldante.
Notara que aquele golpe tinha sido tão poderoso quanto os utilizados contra a Hidra.
Por outro lado, Elaine permanecia paralisada, estremecida dos pés à cabeça.
No entanto, pôde recobrar parte do controle emocional assim que o parceiro finalizou seu ataque.
Gael permaneceu no ponto de onde tinha atacado. Rapidamente percebeu que tinha errado o alvo.
O teor de seu semblante mudou pela primeira vez, tornando a euforia em apreensão.
Mesmo com o jeitão efusivo, estava seguro sobre ter se movimentado de modo a evitar qualquer ação defensiva do lado opositor.
E, ainda assim, o golpe não tinha atingido.
Seu erro só foi ressaltado quando a força luminosa decresceu, revelando a presença da rósea.
— Fraco — mussitou ela, na retaguarda do rapaz. — Isso é tudo que o filho do Deus do Sol pode oferecer?
Ela não havia apenas desviado, como o ultrapassou sem que o permitisse notar.
O jovem dourado sustentou a pose, mas foi inevitável a ascensão de um arrepio indescritível por toda a espinha.
Por um instante, pensou até que tinha sido assolado por sua fobia; o que não era o caso, visto a chegada do amanhecer.
Sem se deixar vencer, buscou corrupiar o torso para atacar de novo.
Contudo, uma influência dolorosa o prendeu naquela posição.
Por mais óbvio, nem mesmo Silver ou Elaine foram capazes de compreender a natureza daquele átimo.
Era como se a energia deliberada pela garota os deliberasse um incômodo físico anômalo.
A filha de Ártemis já não sabia mais como proceder. Empenhava-se ao máximo em prol de não soltar a empunhadura da lâmina.
Por outro lado, o atlanti enfim conseguiu sacar a arma afiada da bainha na cintura.
Buscou realocar os nervos. Precisava se aprofundar na serenidade que conduzia o próprio estilo de batalha.
“Não consigo”, rangeu os dentes à constatação. “Essa pressão é absurda. Quem é essa garota?”
Os olhos se entrefecharam na adversária, ainda de costas entre eles e Gael.
— Esplêndido!! Então você sabe sobre meu pai!! — Esse forçou outro sorriso, enfim superando a dor invisível para girar. — Agora eu não posso deixar você escapar!!
Tentou socá-la com o punho contrário.
A adversária desviou sem nem olhar para ele, saltando para a esquerda. A luva arrancou fiapos de seu cabelo rosa.
— Vou repetir se não fui clara. — Sacou uma faca do manto que cobria o corpo. — Não estou interessada em nenhum de vocês, garotos.
Tentou cortar o apóstolo, mas ele recuou no ato.
Quando voltou a pisar na grama, experimentou uma leve recaída, ao passo que a dor estranha pesava cada vez mais em seu corpo.
“Ela também... conhece o tio Apolo”, a respiração de Elaine adquiria novos traços de ansiedade. “Só pode ser...”
Silver, inquieto, resolveu agir o mais rápido possível.
A partir da descoberta sobre a nova inimiga possuir conhecimento quanto as divindades olímpicas, o cenário ganhava novos contornos.
Como dito pelo filho de Apolo, aquela circunstância tornava a captura dela imprescindível.
Os joelhos de Elaine, de súbito, desabaram no solo.
Segundos cruciais foram perdidos quando virou o rosto de soslaio, a fim de observá-la.
Foi quando a pressão anormal cresceu em seu peito, espalhando-se por músculos e ossos.
— O que me dizem? — A misteriosa abriu os braços. Um sorriso vil preencheu seu rosto. — Como é sentir essa dor!?
“Como ela ‘tá fazendo isso!!?”, Gael tremia por todos os braços.
Não deveria sucumbir àquilo, portanto deixou que a energia interior trabalhasse ainda mais, em vista de interromper aquela autoridade lancinante.
“Induzir sua energia em outras pessoas...”, Silver deixou o impressionismo de lado para garantir algum resquício de serenidade em sua lâmina.
Seus primeiros passos enfim ocorreram, correndo em direção ao combate.
Ao perceber o deslocamento do oceânico, a de coques gêmeos rodou a faca pela mão que a empunhava.
Consciente de que não poderia utilizar a Arte do Oceano, o prateado seguiu em frente.
“Ainda posso desfrutar dessa energia”, banhou o releixo em uma camada de Autoridade Elementar da Água. Ele odiava ter que ceder, mas... “Vamos!”
Arregalou as vistas, no intuito de indicar ao descendente solar uma ação conjunta.
Gael percebeu isso e voltou a flanquear a inimiga, as luvas voltando a ser preenchidas pela Autoridade Elementar do Fogo.
Para a inerte filha de Ártemis, um intenso déjà-vu preencheu suas vistas.
Era o momento da decisão.
Como fizeram contra a Hidra de Lerna, golpeariam em conjunto para, de alguma maneira, encontrar um caminho rumo a vitória.
Diante das adversidades, só podiam pensar nessa maneira. O senso de grupo deveria se tornar ainda mais poderoso em prol de livrá-los da enrascada, até então, recheada de incógnitas.
Mas...
“Não...”
Diferente da visão deles, Elaine passou a renegar aquela opção.
Sem forças sequer para se reerguer, sentia uma dor no coração que ia além daquela imposta pela algoz.
Todas as dicas já tinham sido oferecidas, porém continuava a se recusar a acreditar.
E mesmo naquela posição, não queria que a batalha continuasse.
Afinal, só podia ser ela. E não parava de pensar nisso.
Pensamentos não podiam alcançar o que palavras faziam.
Silver e Gael seguiram na investida conjunta, que coincidiu com a posição adotada pela rósea.
Repleta de desinteresse, demonstrado pela expressão sombreada, evitou se mover até o instante derradeiro.
A ação adotada para a ocasião foi ligeiramente diferente.
Quando tirou um novo objeto do manto escuro, os apóstolos hesitaram por breves segundos.
O braço esticou-se até acima de sua cabeça.
A varinha, duas vezes o tamanho de sua mão, foi apontada para o céu, acima de sua cabeça.
— Saiam do caminho — ordenou.
Quando os prodígios executaram o corte e o soco, quase em simultâneo, um peso descomunal tombou sobre seus corpos.
O fogo nas luvas de Gael esvaneceu num piscar. A água na lâmina de Silver secou num átimo de segundo.
Ambos foram jogados ao solo com violência.
Os ossos esbravejaram com a dor, ao passo que uma pressão esmagadora os afundava em grama e terra. O solo que existia abaixo disso ganhou rachaduras de forma gradativa.
O descendente solar tentou se empurrar para o alto com as palmas contra o plano, mas a força invisível não o permitiu sucesso.
“Que merda...!?”, não tinha forças nem para completar a divagação.
O jovem prateado esgazeava as vistas, encontrando dificuldades até para sugar oxigênio aos pulmões.
Aos poucos sucumbiam à terrível imposição.
Conseguiu apenas levantar os globos cor de mel, fitando a responsável por aquilo.
Ela permanecia de pé, os encarando de cima através de um olhar impiedoso. Ao seu redor, uma aura parecia se distorcer no espaço.
De longe, Elaine separava os lábios sem entoar qualquer sílaba ou gemido.
A brasa das memórias ganhou ímpeto. Queimando em suas retinas, entregou toda a confirmação da qual tentava fugir.
Por puro medo, renegou todos os traços e dicas oferecidas desde sua aparição.
Agora...
— Se me dão licença. Cuido de vocês depois. — A agressora voltou a sorrir, deslumbrante. — Fazia tempo que eu esperava por isso. Eu queria muito te ver.
Virou o olhar à noturna, caminhando os primeiros passos à vertente dela.
“Você...”, ela perdeu toda a tremulação anterior, fixando a faceta pálida de regozijo. “Você é... de verdade...”
Mais do que nunca, desejara que não fosse verdade.
Lágrimas surgiram no canto de cada vista. De uma delas, verteram como finas cachoeiras sobre a bochecha corada.
— Elaine! — Gael levantou o rosto, forçando sua voz para a garota. — Fuja!...
— Vocês são bem valentes, admito. — Encarou por cima do ombro, sem interromper o avanço.
Alcançou a vanguarda da menina, que nem percebia o choro silencioso. A encarou de cima; sua postura erguida levantou uma sombra sobre ela.
Experimentou certo prazer ao conferir a incapacidade da jovem em mover um músculo.
— Bell... zinha...
Seu murmúrio fraco foi surpreendente para a cor-de-rosa.
Os garotos puderam escutar, porém não tinham forças para acompanhar o contexto.
Através de um soluço, Elaine remou contra toda a corrente que a induzia a negar a realidade.
— É... você... Bellzinha?...
O sorriso da inimiga se alargou quando a pergunta surgiu.
Se agachou, um dos joelhos tocando o solo. Arqueou-se até a apóstola e levou a mão que portava a varinha a envolver sua nuca.
Então, aproximou seu rosto ao dela.
Toda e qualquer reação natural foi dissolvida quando sentiu seus lábios entrando em contato.
As sobrancelhas da filha de Ártemis se alçaram ao limite da testa. Os olhos da misteriosa se fecharam, brandos.
Força alguma para interromper aquele beijo restava para a garota. Apenas deixou ser guiada pelo repentino, ao que a de manto escuro continuava a se aprofundar no momento.
Passados alguns segundos que pareceram a eternidade, os lábios deixaram uns aos outros.
Elaine não sentiu nada além de uma amargura fora do comum. O medo, contudo, foi varrido como um passe de mágica;
De certa forma, voltou a enxergar tudo à frente com maior clareza.
— Olha só, Eli. Estou emocionada por ter me reconhecido — disse a garota chamada de “Bellzinha”, ao levar os dedos sobre os contornos da boca. — Afinal você foi meu primeiro amor...
— Como...?
A lunar deixou escapar o pensamento inacabado em voz alta. Ainda procurava lidar com a confirmação daquele fato.
Só que não dispunha de tanto tempo em prol de divagar. A faca portada pela rósea encontrava-se rente à altura do pescoço, a ponta tocando sua pele.
— E em demonstração a esse amor... eu mesma vou te matar!
“Bellzinha... É realmente a Bellzinha, mas...”, a apóstola não conseguia discernir tudo que a garota falava.
— Por... quê?...
Um novo sussurro fugiu, dessa vez intencional.
Bellzinha conservou o sorriso plácido contrastante ao olhar afiado.
Procedeu com o deslocamento e se preparou a fim de lacerar a garganta da garota.
Mas antes que pudesse completar a ação, uma súbita detonação chacoalhou toda a falésia.
Virou o rosto de testa franzida ao ser assolada pela influência escaldante irradiada pelo filho de Apolo.
Ele usava todas as forças restantes no corpo dolorido para ficar de pé.
— Tire... as mãos... dela!! — esbravejou de forma gutural.
Diante dos ecos causados pela própria voz, deixou que sua energia interior transbordasse por todo o corpo.
Elaine deixou o choque de lado ao receber o calor formado pela aura visível do companheiro.
— Impressionante. Você conseguiu vencer minha magia. — A de coques gêmeos deu a volta, balançando a faca. — Isso também é irritante. Vou te matar primeiro.
Gael rangeu os dentes e avançou um passo pesado, ainda na disputa contra a força que desejava devolvê-lo à terra.
Manteve-se firme com punhos cerrados. Observou a adversária armar o próximo truque sem medo.
Nuvens carregadas já tomavam a extensão da abóbada, deixando o local um pouco mais escurecido.
Perceptiva a isso, Bellzinha contorceu as sobrancelhas.
Sem se importar com isso, o jovem dourado superou a magia invisível e disparou contra a agressora.
Essa reagiu abismada pela primeira vez, esgazeando as vistas. Não teve outra escolha senão saltar para evitar o murro poderoso.
Uma exorbitante explosão de ar empurrou Elaine para trás, quase caindo da falésia; fincou a lâmina na terra, segurando-se com ambas as mãos pela empunhadura.
A cor-de-rosa aterrissou com passos cuidadosos, porém foi surpreendida por outra investida do Classe Prodígio.
Girou em alta velocidade, experimentando o fogo raspar no manto em suas costas.
Apontou a varinha no decorrer do corrupio, ativando a violenta pressão que fez o rapaz voltar a ser empurrado para baixo.
Dessa vez, entretanto, não permitiu ser derrubado por inteiro.
Com as palmas abertas, impeliu a si mesmo para o alto, sua força contrária ainda mais intensa contra a força descomunal.
“A resistência está aumentando”, Bellzinha girou a faca e, no intuito de evitar que recobrasse a compostura, tentou atingi-lo.
No entanto o apóstolo excedeu os limites ao desferir um soco contra o plano.
Fogo surgiu e se alastrou numa celeridade assustadora, fazendo a garota hesitar no golpe.
O ar quente a envolveu de repente, mas isso não a impediu.
Prosseguiu com a faca virada para baixo, até perfurar o ombro do filho de Apolo.
Ele resmungou de dor quando a lâmina foi enfiada e retirada da região, enquanto sangue com Ícor espirrou em gotas.
O foco efusivo não foi arrancado.
Em contrapartida, a garota recuou.
“Gael...”, preocupada, Elaine já podia raciocinar com maior clareza.
As lágrimas já tinham secado em seus olhos. Balançou a cabeça para os lados, deixando de pensar no beijo de há pouco para se concentrar no embate.
“Preciso fazer algo...”, Silver continuava deitado, mas aproveitou o enfraquecimento da pressão invisível para erguer metade do torso.
Sem tirar mãos e joelhos da grama, enfrentava as dificuldades por não ser capaz de aprofundar a absorção.
Diferente dele, Gael continuava a contar com a ascensão de sua euforia em prol de suportar a dor lancinante.
Correu para acertá-la de novo, mas acabou sendo rejeitado pela faca dela sem dificuldades.
Continuaram a disputar entre socos e cortes afiados, no instante que uma energia fria se pronunciou por trás da rósea.
Ela confrontou a lâmina de Silver, que lanhou o espaço em busca de seu peito. Os gumes se encontraram, provocando um tilintar ecoante pelo ambiente.
Elaine também reagiu perplexa ao encontrar a recuperação silenciosa do filho de Poseidon.
Bellzinha disputou na força com o argênteo, mas sendo sua faca menor, preferiu chutá-lo na costela e se afastar enquanto era tempo.
— Sabia que ia conseguir!! — vibrou o dourado.
— De alguma forma. Foque na inimiga.
Após responder sem nem o encarar, o atlanti semicerrou as vistas. Ainda tentava encontrar a melhor forma de batalhar sem sua serenidade costumeira.
— Desgraçados — cuspiu como se fosse uma maldição.
— A gente não é tão fraco, garota!!
— Faremos com que se explique assim que a derrotarmos. Como você conhece a garota e para quem está trabalhando.
Desde o princípio nas rédeas da situação, Bellzinha tratou o anúncio de cada apóstolo como um simples esperneio.
No fim, foi um sorriso vil que voltou a ser delineado na face.
— Ponham-se em seus lugares...
Ergueu a varinha na direção do céu nublado, a exemplo da primeira ação.
Tal feito induziu os prodígios a avançar em conjunto contra ela. Mas era tarde...
— Arte da Gravidade! Primeira Mecânica! — Arregalou os olhos ao gritar. — Esmagamento Gravitacional!
De novo, o impacto esmagador retumbou sobre os dois, antes que pudessem atacá-la para prevenir o pior.
Toda a região estremeceu com elevada magnitude. E, dessa vez, nem a filha de Ártemis pôde escapar do alcance do esmagamento invisível.
Os três foram amassados contra o chão. A magia dominou a área inteira, não perdoando nem os pássaros silvestres da floresta adjacente.
Nem mesmo a euforia vital de Gael foi suficiente para combater aquele problema. Ainda assim, conseguia se sustentar de joelhos, sem cair com o corpo todo.
Com Silver acontecia o mesmo.
Conferir a resistência progressiva deles fez Bellzinha rugir enraivecida. Reuniu mais energia e fez com que a compressão aumentasse.
“Vou matá-los!”
Sendo a única pessoa com livre movimentação, girou a faca e mirou o pescoço dos apóstolos.
Elaine esforçou-se e esticou o braço. Por mais que o Esmagamento Gravitacional estivesse perto de quebrar seus ossos, precisava agir de alguma forma.
Precisava impedir que tudo terminasse daquele jeito.
Os filhos de Apolo e Poseidon sequer tinham força em prol de mover os membros em defesa pessoal.
Entregavam — não de propósito — a brecha tão aguardada pela inimiga, prestes a findar com suas vidas sem dó algum.
— Últimas palavras? — Encarou, primeiramente, o descendente solar.
— Você... é forte!! — respondeu, sem abandonar o sorriso.
— Eu sei. — Ela também riu.
Em hipótese alguma ele desistiria da própria vida.
Mantinha-se determinado a reverter o cenário, conforme o releixo afiado exalava o desejo de retalhar sua garganta.
Elaine queria gritar de tudo quanto era forma. Bellzinha já tinha a mira traçada e, impaciente, avançou para desferir o golpe.
No entanto, antes de atingir o objetivo, reconheceu uma influência diferenciada surgir dentre as árvores na retaguarda.
Como se por puro instinto, recuou através de um salto rápido, desistindo de finalizar o ataque contra o prodígio.
Nenhum dos subjugados compreendeu a razão para a atitude repentina. Mas a resposta logo os alcançou.
Fios de aço, quase tênues a olho nu, zuniram contra a rósea.
Com sua faca, rebateu algumas, reparando que eram constituídas por pontas de seta afiadas nas extremidades condutoras.
Arrastou os pés na terra e freou o recuo, à medida que repelia alguns disparos.
Se tornaram tantos que alguns chegaram a lhe cortar nos braços, pernas e até na bochecha, criando fios de sangue diminutos.
A magia de gravidade não esvaiu ou tampouco enfraqueceu. Ainda assim, todos puderam voltar as atenções ao indivíduo que surgiu da trilha aberta.
As fibras rebatidas retornaram, lentamente, até luvas feitas por ossos. Bocas de caveiras compunham os acessórios de onde as setas eram disparadas.
— Quem ‘tá usando essa autoridade chata... poderia parar? — Ele coçou o liso cabelo verde, que alcançava os ombros. — É um saco ter que lidar com isso...
Mesmo acometido pela magia devastadora da cor-de-rosa, enunciava sem qualquer disposição numa entonação sonolenta.
O inédito integrante da batalha exalou um lamento de desgosto pelo envolvimento inevitável naquele cenário.
Piscou algumas vezes os olhos desmotivados, que carregavam uma tonalidade rubra de extrema vivacidade.
O completo oposto do semblante apático.
— Que saco — resmungou entre os dentes.
Sem saber se considerava aquele intruso como uma ameaça real, Bellzinha resumiu-se a semicerrar as vistas.
Agradecimentos:
Gostaria de agradecer imensamente ao jovem Mortal:
Taldo Excamosh
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