Volume 4 – Arco 3
Capítulo 62: Após o Amanhecer
Uma paisagem era revisitada. Não fazia ideia de quanto tempo com exatidão. Contudo, lembrava cada minucioso detalhe, que lhe trazia a sensação de retorno em alma, carne e osso.
O cenário parecia queimar nas retinas, tal como o fogo dourado na pira que iluminava o cume do Olimpo.
A mesma cor dos pontos luminosos que recheavam a dominância carmim do sangue.
Posto no ponto mais alto de todos, como um lembrete para os mortais de que jamais conseguiriam alcançar os pés das divindades olímpicas...
O Fogo foi tomado.
A montanha, pela primeira vez, foi encoberta pelas trevas.
Carregada por uma palma que não queimava, correu a toda velocidade pelos salões celestiais.
Retornou ao sopé da montanha o quanto antes, rumando à cidade com pressa.
Então, tudo que existia nas sombras do monte alado passou a ganhar cores vivas, intensas.
A impossibilidade daqueles seres inferiores de ascender aos céus começava a desaparecer.
Esse seria o papel crucial daquele homem na Era Prateada; oferecera a luz aos que estavam habituados a viver na escuridão.
Dessa vez seria diferente. Ao receberem um propósito para com as respectivas vidas, almejariam a sobreposição daquele breu estendido por toda Hélade.
Contudo, as consequências não demorariam a chegar.
Nas paisagens que avançavam a cada piscar, a memória da suprema deidade tomou lugar no cenário.
A chama dourada jamais pôde retornar ao seu lugar.
Tudo que podia tirar dela foi usado, despertando a fúria celestial.
— Esta será a punição oferecida a vocês, irmãos que ousaram desafiar o Rei dos Deuses! — vociferou ao perfurar o corpo de um homem ensanguentado.
— Pare!!! Ele não fez nada! Eu fiz tudo sozinho!!!
O segundo, acorrentado, suplicou entre soluços ao constatar o sorriso daquele que sofria à frente.
Por sua causa.
Ao menos era o que imaginava, quando o homem robusto entoou:
— Ele também carrega seu pecado...
— O quê?... — Desacreditado, arregalou as sobrancelhas na constância que as contorcia em agonia.
— Pro... me... — A voz afônica do torturado voltou-se ao irmão. — Seu... so... nho... vai... se re... a...
Sem permiti-lo a completar, o Pai dos Céus usou a lâmina para terminar de retaliar o corpo de Epimeteu sem piedade.
E, mesmo na morte, ele nunca deixou de sorrir.
Desperto em um dos grandes cumes isolados no Cáucaso, o Titã da Astúcia concebia o próprio juramento conforme sofria para a eternidade.
Aquele era só o começo.
— Dois erros que jamais poderão ser desfeitos. Confiar em Titãs foi realmente uma lástima...
Prometeu jamais saberia por qual motivo seu irmão precisou ser morto daquela forma.
Imagens claras acompanhavam sons claros.
A voz deturpada proferida pelo remanescente alcançou os ouvidos, entrecortadas pelos ruídos metálicos das algemas escaldantes.
— Grave... essas palavras...! — dirigiu-se àquela que observava a tudo, em silêncio. — Um dia... um dia vocês sentirão a minha fúria!! Eu jamais irei perdoá-los! Jamais irei perdoá-los!! Jamais irei perdoá-los!!
Os ecos proliferavam-se em maior intensidade a cada repetição. Sua mente foi chacoalhada só de lembrar daquilo.
Talvez, nessa época, teria encarado os olhos rubros com indiferença.
No agora, podia compreender os sentimentos verdadeiros que o conduziam a gritar, da camada mais profunda de sua alma.
Atena despertou ao receber a luz do amanhecer.
Em um dos salões olímpicos, levou algum tempo até remoer as memórias revisitadas durante aquele curto cochilo.
Uma pitada de aflição subiu seu peito. Então, pensou sobre os jovens enviados ao Deserto da Perdição.
Pensar no quão árduo para eles seria enfrentar um Titã...
“Creio que seja necessário dosar a confiança”, estreitou as vistas esmeraldinas ao solo.
Confiava que os fatores extraordinários auxiliariam aqueles prodígios em constante crescimento.
Sem contar que suas filhas estavam lá. De certo, considerava-as prontas para encararem um desafio de tamanha magnitude.
Buscou certa positividade ao levantar-se da cadeira branca.
Mesmo que os retornados de Delos estivessem vindo de uma derrota completa, acreditava que a companhia das gêmeas poderia fazê-los virar a chave de maneira favorável.
Estava convicta de que a margem do sucesso pendia quase que totalmente sobre eles.
“Não há mais razões para esperar. As peças mais importantes já começaram a se mover.”
Balançou a cabeça, a fim de rebater todas as dúvidas trazidas por aquele devaneio.
— Atena?
A voz de Ártemis puxou seu olhar à escadaria, num sobressalto raro.
Dispersa dos pensamentos sequenciais, a Deusa da Sabedoria projetou um leve sorriso no rosto.
— Bom dia, irmã — saudou-a. — O que lhe traz por aqui, a esta hora?
Questionada pela sábia, a lunar tomou liberdade para se achegar com passos curtos.
— Vim buscar algo que esqueci. — Parou ao enxergar um colar de topázio na mão da semelhante. — Sempre um passo à frente, minha irmã. Deveras impressivo.
— Oh. Imaginei o caso. Acontece que o encontrei nas escadarias, por sorte. — Levantou-o à mostra da deusa, que estendeu a mão.
Devolveu o ornato perolado de bom grado, ao que a noturna voltou a acolhê-lo em volta do pescoço.
Ajeitou a extensão alongada do liso cabelo azul-escuro, deslizando os dedos sobre a nuca com leveza.
Nesse ínterim, Atena direcionou-se à paisagem que jamais deixaria de lado àquela altura da alvorada — ou do entardecer.
— Mas também me surpreendi — disse a lunar. — Você não tinha retornado a Atenas?
— Ah, sim. Porém...
Quando se uniram nas proximidades da balaustrada, o ranger da porta em suas costas as chamou a atenção.
Na mudança de foco, encontraram o cabelo vinho-escuro bagunçado, na iminência de quase engolir o rosto corado da menina de pé.
As diversas pontas cacheadas e desiguais — um charme — caíam até um pouco após a metade das costas.
O aspecto apresentado naquele instante encontrava-se tão desordenado que fazia parecer mais volumoso que o natural.
Ela esfregava um dos olhinhos, cobertos por madeixas embaraçadas na altura da franja.
Em seguida, soltou um bocejo e avançou, cambaleante, em direção às divindades.
— Enfim despertou, Daisy — disse Atena, relaxando as sobrancelhas.
— Bumdinha..., irmãzona...
Com a voz sonolenta, que tirou uma risadinha de Ártemis com o cumprimento, a criança parou diante da dupla.
“Agora entendi”, divagou.
E nem notou a respectiva a princípio, pois não parava de esfregar as vistas, que recusavam a receber a luz do exterior.
“Mas ela é um monstrinho enquanto dorme?”, a lunar sustentou o sorriso, em adoração à fofura irradiada pela pequena.
— Venha. Daremos um jeito neste cabelo. — Atena levou as mãos aos ombros dela, a girando no mesmo eixo. — Pode dar-me um momento, Ártemis?
— Se não se oferecesse a fazer isto, acredito que eu mesma tomaria a iniciativa — brincou.
Depois de assentir de volta, a sábia corrupiou-se e empurrou a irmãzinha com cuidado de volta à câmara de onde tinha saído.
Assim que a porta se fechou a deixando a sós, Ártemis encostou no guarda-corpo.
Podia enxergar o reluzir dos corcéis dourados que, a exemplo do mar e da terra, eram avivados pelo sol.
Pensando nas missões as quais sua filha e os demais foram enviados, fechou os olhos num átimo de serenidade...
— Ó, irmã! — A cantarolada voz masculina a alcançou.
Um desconforto aliado àquele famigerado timbre despertou a divindade dos pensamentos nublados.
Sua atenção veio à vertente do chamado. Por consequência, a íris soturna cravou o homem de estatura mediana, encostado na parede entre as escadarias.
— Minha querida Deusa da Lua, da Caça e dos animais selvagens!! O que traria vossa nobre presença até este monte, hm!?
Franziu o cenho ao constatar o semblante jovial do indivíduo, nutrido por um sorriso provocante.
O cabelo branco arrepiado semelhava a uma tocha que, combinado aos olhos azuis, entregava o parentesco herdado de seu pai.
O próprio Rei dos Deuses.
Só de fitar aquela pessoa já era capaz de enxergar todas as características daquele que, também, era seu progenitor.
Talvez fosse a aparência mais próxima dele por toda a prole, pensava.
Por conta disso era incapaz de deixar o singelo desconforto de lado.
— Animado e sorridente como sempre, Hermes. O que deseja ao fazer esta pergunta?
— Se eu disse que apenas fui atraído por sua belíssima aura, você acreditaria, hm!? — O Mensageiro dos Deuses jogava uma moeda para o alto, com o polegar. — Faz um bom tempo que não nos vemos. Você sabe que essa aqui é sua casa, hm!
— E é por isto que estou aqui. Sua pergunta foi retórica.
— Claro que sim! Mas não é tudo, hm?
Ao ver as sobrancelhas dele contorcerem num claro teor de instigação, a noturna exalou em um lamento:
— Vim aqui a convite de minha irmã. — E desviou o olhar.
— Entendo. Faz sentido, hm. — Segurou a moeda que caiu do ar. — Vocês foram as mediadoras desta vez. Uma união que agracia a quem vê, hm!!
A mulher conservou o silêncio e deixou o deus falar sozinho. Queria evitar os diálogos delongados com ele.
Até que a porta da câmara foi aberta em seguida. As atenções da dupla foram direcionadas à passagem.
Daisy caminhou à frente, agora arrumada e desperta da maneira devida. O cabelo ainda tinha suas pontas cacheadas naturais para o alto, porém estava penteado.
Em seguida, a Deusa da Sabedoria saiu.
O primeiro passo para fora da sala foi o suficiente para que sua visão cruzasse com a do mensageiro.
As pupilas afiadas de Hermes, idênticas às de seu pai, não se intimidaram perante sua expressão repreensiva.
— A mais bela de todas surge, hm!! — Prestou reverência à divindade ao inclinar o torso para frente. — Há quanto tempo, minha bela Deusa da Sabedoria!
— Cínico como sempre, Mensageiro dos Deuses. Lembre-se que você igualmente é um integrante dos Doze Tronos.
A retruca dela tornou o clima mais denso.
Foi o bastante para fazer a criança, envolta por tantos superiores, acuar-se de volta à passagem do recinto.
— E, também, rude como sempre, querida irmã. Mas não importa o que diga, não consigo deixar de nutrir paixão por ti, hm! — Ele ergueu o rosto, sorridente. — E creio que não seja necessário me lembrar. Conheço tanto minha posição quando a sua, hm!
A sábia sequer piscou ao perceber as curvas labiais do irmão, responsável por fazê-la irradiar metade do desprezo silencioso pela feição.
Para ela, aquele se tratava do membro mais problemático com quem podia lidar, desde que se conhecia como uma deusa.
Embora fosse a mais nova dentre todos os superiores, a última a adquirir seu lugar nos Doze Tronos, carregava a responsabilidade de mantê-lo em rédeas curtas.
Por serem deuses, tinham uma imagem a zelar.
— Pois então, estou curioso. — Ele desencostou da parede e avançou entre as mulheres. — Como vão seus pirralhos de estimação, hm!?
Em clara afronta, Hermes encarou a mulher de armadura, à sua destra.
Essa contou até dez em silêncio, as vistas fechadas. Procurava reprimir a aversão responsável por dificultar todas as linhas de diálogo com aquele indivíduo.
Tais momentos em que perdia o equilíbrio eram raros.
Por dentro, desejava puni-lo com os próprios punhos.
“Eu realmente o odeio”, confirmou consigo mesma, uma saída em prol de sustentar aquela repulsa.
O olhar receoso de Daisy foi avistado na sequência.
Remeter ao poder da Bênção dela quase obrigou Atena a reter o descontrole emocional — ainda não sendo nada de seu feitio.
Acima de tudo, não desejava preocupá-la com situações tão fúteis. A determinação valia para si.
Ártemis continuava a observar, quieta, aparentando maior controle do que a irmã.
E ela tinha notado isso.
— Recomendo que tenha mais zelo com as palavras, Hermes — entoou de repente, num timbre comedido. — Estes jovens fazem parte de um grupo especial, concebido tanto por nosso pai quanto pelos Doze Tronos, do qual você também é parte. São aqueles que podem tomar vosso lugar futuramente. Portanto, não os julgue a seu bel-prazer.
Apesar da irritação natural, a deusa tinha capacidade de rebater com primor.
E deu certo.
Aquela abordagem específica arrancou uma pontada de desconforto no irritante, que tremeu as sobrancelhas e franziu o cenho.
Sentindo a alfinetada, ele segurou o estalo que desejava fazer com a língua.
Mesmo a Deusa da Lua inclinou-se em um leve sorriso.
Diferente delas, Daisy ainda não compreendia muito bem o rumo da conversa.
Pôde identificar uma singela alteração emocional vinda do Mensageiro dos Deuses, o que a fez levar uma das mãos ao peito.
Só que, não demorou muito, ele forçou um novo sorriso de escárnio diante a sábia.
— Desse jeito você me magoa, minha irmã — redarguiu em um mussito sarcástico. — Não precisa me dizer isso. Creio que até mesmo você tenha conhecimento de que eu não seria substituído tão facilmente, hm!
— Faço das palavras de Atena as minhas. — Ártemis se pronunciou, girando o corpo ao irmão. — Muito cuidado com o que diz ou pensa em dizer sobre minha filha, Hermes. Por mais que eu seja bem passível quanto ao que falam sobre mim, não serei tão complacente caso a insultem desta maneira.
O mensageiro sentiu a pele gelar.
A frieza expelida pela declaração unida ao olhar da deusa lunar o fez engolir em seco.
Fazia tempo, também, que não apreciava aquele tipo de postura nela. Chegava a ser nostálgico, pensava em meio ao singelo tremor que dominou seus punhos.
Perceptivo à perda de vantagem no recinto, ergueu os braços, como se acusasse sua rendição.
— Mil perdões por esta abordagem, minha irmã. Prometo que serei mais cauteloso quanto a isto, para que não se sinta ofendida, hm!
Diante do pedido de desculpas, a deusa manteve-se inalterada, porém reduziu a hostilidade lançada sobre ele.
Voltou a levar os olhos à paisagem do continente, em prol de acompanhar o desfecho do lento amanhecer.
— Parece que não estou muito bem-vindo nesse momento... — exalou um suspiro. — Você estava aí garotinha, hm!
Encarou a criança, ofuscada por tantas presenças austeras, com certa euforia no olhar.
— O-olá, irmão Hermes... — ela respondeu com hesitação.
Os dois mantiveram os olhares trocados por algum tempo, como se o mensageiro avaliasse a determinação da menina.
— Bom, agora estou me despedindo. Espero que nos encontremos mais uma vez por aí! Afinal, você também é nossa irmãzinha, hm...
Daisy assentiu às palavras do mais velho que, por alguma razão, lhe trazia um certo incômodo somente pela presença naquele lugar.
Ao receber seu sorriso, pulou para se esconder nas costas da Deusa da Sabedoria, algo nada usual.
Hermes deu de ombros e voltou a erguer a postura. Caminhou até passar pelo flanco da sábia divindade, tocou seu ombro sem tanta delicadeza e sussurrou ao pé do ouvido:
— Você pode ser a favorita de nosso pai. Mas não é a única... — Seu tom soou ameaçador. — Espero que se lembre disso também.
Executou um salto a fim de se afastar, antes que a mulher pudesse agir. A velocidade assustadora criou uma onda de choque pelo saguão.
Atena, que tinha pensado em atacar por um breve instante, segurou a repulsa e encarou o novo destino do homem.
Ártemis não moveu um músculo, segurando para que o cabelo não descobrisse sua nuca enquanto esvoaçava na corrente de vento.
Já a criança recuou dois passos, impelida pelo puro impacto originado pelo mensageiro.
Esse que aterrissou com as sandálias aladas sobre a balaustrada e se despediu das deidades por meio de uma rápida piscada.
Não permitiu a nenhuma delas proferir algo. Somente saltou para as nuvens e desapareceu em questão de milésimos.
O equilíbrio da purpúrea retornou, tanto para o emocional quanto para o semblante.
Refugou um lamento curto ao constatar a dissolução do clima pesado — concebido, em partes, por ela mesma.
— Ele não muda nunca –— murmurou a lunar —, não importa quanto tempo se passe.
— E jamais irá mudar. Não assim.
Serena de novo, fitou a irmãzinha quase grudada a um de seus braços.
Entendia bem o motivo daquela reação, já que a presença do problemático irmão causava estímulos negativos a qualquer um — em sua visão.
Não era como se pudesse fazer muito sobre aquilo.
Afinal, ele não deixaria de ser parte importante do panteão.
— Pois bem. O que acham de oferecermos uma leve espiada em nossos prodígios?
A indagação feita por ela veio em melhor hora, arrancando um sorriso ansioso da cacheada.
— Sério mesmo!?
Impressionada com a mudança de espírito da caçula, trocou um aceno amigável com ela.
— É claro. — Olhou também para a Deusa da Lua. — Além de estar curiosa com suas tarefas, preciso checar algo.
— Como assim?
Atena desviou o olhar, pela primeira vez denotando alguma inquietude na feição.
— Eu recebi uma mensagem. E preciso conferir suas consequências com meus próprios olhos...
Pela passagem arco-íris acima das nuvens, a mulher caminhava em passos delicados com um sorriso encantador.
Contemplava a extensão superior tomada por um forte ciano em sua maioria.
O véu branco de ligeira transparência a acompanhava, arrastando-se pelo solo espectral.
Sua beldade sem igual parecia emitir brilho próprio.
Quem fosse agraciado com a oportunidade de contemplá-la naquele instante com certeza sofreria de severos problemas. E ela sabia disso.
Mas mesmo estando sozinha na passagem que pregava sua distância com o mundo mortal, não sentia solidão.
Com o avanço do tempo, suas expectativas foram atendidas ao se deparar com o surgimento de uma nova figura no caminho.
As ondulações naturais do sedoso cabelo loiro saltitaram ao interromper o passeio.
Os olhos encarnados como chamas intensas se conectaram ao indivíduo adiante.
— Não achei que mudaria de ideia. Mas para vir de tão longe e acessar esta passagem que poucos conhecem, vejo que está determinado.
Ela fechou as vistas ao alargar o sorriso amistoso.
— Você praticamente me forçou... — resmungou o homem de cabelo verde. — Que saco...
Sua voz saía afônica, sem muita força.
Quando, na realidade, era ele quem não estava a fim de impor um timbre mais forte nela.
— De qualquer forma, dê seu melhor!
— Sim, sim...
Sem um corpo tão robusto, deu a volta e desapareceu logo em seguida.
A divindade respirou satisfeita.
Antes que voltasse a prosseguir pelo trajeto, cerrou as vistas mais uma vez ao experimentar a segunda influência surgir em sua retaguarda.
Nem precisou se corrupiar em prol de delegar um murmúrio delicado a ele:
— Então você também escolheu vir. — Usou os dedos para criar cachos com suas madeixas. — Estaria finalmente disposto a ajudá-los?
— Não.
A voz do respectivo, com o rosto quase todo coberto por um volumoso cabelo loiro — tal qual o dela —, soou profunda.
— Estou indo apenas por obrigação.
A deusa assentiu.
— De qualquer forma, eles precisam de você. — Olhou por cima do ombro, de soslaio. — Conto com sua ajuda.
Sem entregar qualquer resposta verbal, também desapareceu do túnel num rápido piscar.
A afetuosa feição da mulher só cresceu, fazendo suas expectativas se elevarem junto aos batimentos cardíacos.
“Veremos do que são capazes... misteriosos jovens das sombras.”
Ao dar meia volta, avistou o imponente Monte Olimpo, criando cada vez mais distância.
Agradecimentos:
Gostaria de agradecer imensamente ao jovem Mortal:
Taldo Excamosh
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