Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 2 – Arco 2

Capítulo 38: Exórdio das Estrelas Errantes

Aquelas que eram conhecidas como as Cárites não entoavam suas melodias pelo Monte Olimpo.

Atentos ao sopro silencioso, vindo da ausência da singular harmonia musical, os membros da Corporação dos Deuses subiam as escadarias prateadas.

Pulavam cada degrau no compasso dos ruídos ocasionados pelas próprias sandálias. Reverberavam, solitários, durante o trajeto celestial.

Não levaram muito tempo para que alcançassem um dos salões encíclicos centrais.

Imediata à chegada deles, a Deusa da Sabedoria reagiu. Sua virada de rosto levou o olhar das outras duas divindades, pacientes no aguardo, à vertente dos jovens.

E foi através de um semblante carregado que, aliviada, a primeira se pronunciou:

— Sejam bem-vindos de volta. — Observou a presença da Classe Iniciante, em meio aos Prodígio. — Minhas congratulações pela conclusão da tarefa.

— Bem-vindos, garotos e garotas — comentou a Deusa da Lua, que foi respondida por um abraço de Elaine. — Olá, minha filha.

— O que é isso? Vocês estão um caco...

Diferente das cordiais mulheres, o Deus do Sol resmungou com aspereza ao conferir os ferimentos de cada um.

Seu filho tinha queimaduras leves nos braços. Mas o destaque ia para Damon e Lilith, ambos com cortes e perfurações cobertas por trapos improvisados.

Ao ser encarado pela irmã gêmea, com certo tom de acirramento nas sobrancelhas, ele suspirou fundo e completou:

— Tirem as bandagens. Vou cuidar disto.

Os parceiros sequer tiveram a oportunidade de recusar, puxados muito pela imponência na ordem de Apolo.

Portanto, se aproximaram do deus, se sentaram nas cadeiras dispostas ao lado e cumpriram com o chamado dele.

A filha de Hades retirou o pano branco envolto na perna direita. Já seu companheiro puxou as amarras da manta azul sobre o ombro e, depois, removeu a que estava no braço canhoto.

Analisando cada machucado nas minúcias, o solar assentiu em silêncio. Puxou uma flecha da aljava nas costas e entrefechou as vistas.

Sua Energia Vital cresceu de súbito, fazendo todos serem envoltos de uma vez.

Arte do Sol, Segundo Esplendor: Luz da Cura.

Gradualmente a ponta da flecha passou a ser dominada por um forte brilho dourado, de onde uma chama surgiu. Seu calor reconfortante foi emitido por todo o recinto.

Aproximou o objeto do ombro do olimpiano.

Ele torceu as sobrancelhas, preparado para a ardência e a dor. No entanto, nada além de um aconchego o dominou.

Pouco a pouco, as forças ganharam uma sobrevida. A laceração próxima do pescoço começou a cicatrizar. O poder regenerativo causou espanto nos mais novos, que nunca tinham visto algo semelhante.

Mesmo um tratamento tão eficaz, contudo, deveria levar um bom tempo até ser concluído.

Desse modo, Helena se antecipou em direção à Deusa da Sabedoria. Encontrou-se com o olhar majestoso da superior e, respeitosa, inclinou o torso adiante.

— Estou de volta, irmã Atena.

Recebidas as palavras tenras da jovem mulher, Atena planeou um sorriso e diminuiu a distância através de passos curtos.

Fez um rápido carinho na cabeça dela. Então, voltou o foco às bandagens derrubadas no solo. Todas manchadas de sangue.

De todo o grupo, somente Elaine mantinha integridade absoluta. A própria resgatada fora afligida por uma perfuração, também no ombro.

— Aparentemente, vocês passaram por certas tribulações desta vez — expressou ao remeter às condições positivas da tarefa na Ilha Methana.

— Ah, sério?... — Damon debochou, desviando o olhar.

Seu corte no ombro foi fechado no mesmo instante.

Restaria somente uma extensa cicatriz, a permanecer naquela área de agora em diante.

Tendo o primeiro processo finalizado, Apolo levou a seta de fogo ao braço perfurado dele.

— Certo. Como estamos todos presentes, acredito que seja uma ótima oportunidade em prol de discutirmos os relatórios da incumbência.

A sábia deidade dirigiu-se em retorno à balaustrada. Encarou o brilho intenso da lua quase cheia com seus olhos curiosos.

— Helena. Podemos começar convosco. — Voltou a encarar a ruiva-alaranjada. — Conte-nos sobre vosso paradeiro. Por conseguinte, enuncie todos os fatos sucessores a este.

Mediante o pedido cordial da purpúrea, a Classe Iniciante tomou sua posição e enunciou:

— Então, se me permite...

Levando a mão à altura do peito, controlou as emoções que voltavam a ascender o peito.

Depois de uma respirada funda, tratou de dar início às explicações.

Passou por toda a cronologia, desde o auxílio às delianas aspirantes a apóstolas até a descoberta sobre seus irmãos.

Discorreu, detalhe a detalhe, os eventos que culminaram em seu sequestro e prisão no Templo de Asteria.

As divindades não se espantavam, mas expressavam reações condizentes a cada persona. Nem a traição dos Classe Superior os arrancaram do prumo.

Em certo ponto, o relatório teve procedência através de Damon. Liberado pelo Deus do Sol, levantou-se da cadeira e começou a contar desde a chegada à ilha até o resgate da meia-irmã.

Lilith foi a próxima a receber o tratamento. Ver o pequeno buraco em sua perna se fechar aos poucos foi estonteante. Chegava a separar os lábios sem nem perceber.

Por fim, Helena foi tratada e, em proveito aos resquícios da energia calorosa, cuidou das queimaduras e lacerações superficiais em seu filho.

— Isso é assustador... — A ctónica abria e fechava os punhos com lentidão, totalmente recuperada.

O cacheado aproveitou para verificar seu estado. Girava o braço sem problemas e tinha reavido a liberdade de movimentação.

Sem fadiga alguma.

— Perdoem-me e indelicadeza. Apolo e Ártemis precisam regressar. — Atena cortou o impressionismo da dupla. — Poderiam terminar a história?

Chamado de volta pelas palavras contundentes — porém, serenas — da deusa, o rapaz encarou as divindades opostas, lado a lado.

Conferiu o semblante leve de cada um, então encarou o piso de mármore durante breves segundos.

A parte mais difícil tinha chegado. E seguiu com o discurso ao erguer o olhar mais uma vez, indo direto ao ponto:

— Aqueles Castor e Pollux atacaram a vila de Delos duas vezes. O primeiro foi o que eu já contei. Mas o segundo tomou muitas vidas mortais e destruiu mais de metade do lugar. — Fez uma breve pausa e cerrou os palmos. — Lutamos contra eles. Mas não conseguimos vencer...

A câmara semiaberta foi dominada por uma fração de taciturnidade. Nada mais que o fino zumbido da brisa noturna irrompeu pela região.

Como a mediadora principal, a sábia pigarreou apesar de pensativa. Sua retruca veio em sequência:

— Sou incapaz de ignorar vossa coragem em prol de batalhar contra Castor e Pollux. Eles fazem parte da Classe Superior, por óbvio são eminentes comparados a vocês. De toda forma, a incumbência tratava meramente do resgate de Helena. E esta sentença foi cumprida.

— Mas mesmo assim a gente perdeu!! — Gael externou a frustração. — A gente não pôde fazer nada demais!! Isso provou o quanto ainda somos fracos e imaturos!!

— E eles acabaram escapando — Elaine murmurou, de face virada.

Quando todos os olhares se dirigiram a ela, sua insegurança costumeira lhe empurrou a se esconder no braço da Deusa da Lua.

— Para onde fugiram? — Atena estreitou as vistas.

— A gente não sabe — resmungou Damon. — Um cara de capuz apareceu do nada e falou pra eles irem com ele. Depois disso, abriu um círculo estranho no ar e os três desapareceram.

— Encapuzado...

— Não conseguimos ver quem era, mas de uma coisa tenho certeza. Ele tinha uma energia assustadora. Se ele quisesse matar a gente...

O olimpiano nem completou, tamanha a vergonha que trazia em suas palavras.

Apesar das informações finais terem sido um pouco vagas, a purpúrea começou a cogitar diversas possibilidades relacionadas ao cenário de momento.

Em proveito da quietude geral, Helena timidamente ergueu a mão. As atenções voltaram a ela.

Rodeada pela expectativa dos presentes, começou por um mussito:

— Eu acho que posso responder essa questão... de alguma forma. — Fez uma nova pausa, sendo permitida e proceder por um gesto de Atena. — Quando usei minha Bênção, eu consegui descobrir o objetivo de meus... de Castor e Pollux.

Com a correção feita por ela, todos os Classe Prodígio abriram a boca num misto de surpresa.

E a insatisfação veio do espadachim:

— Quê!? Por que não contou logo?

— Não, aguarde — interrompeu a sábia. A palma à mostra ordenava que o irmão cessasse as palavras. — Escolha concreta. Foi ótimo que não tenha compartilhado a ninguém. Agradeço a perfeita tomada de decisão.

— Hã!? — Ainda desentendido, Damon voltou a protestar. — Se ela contasse, a gente iria ter feito algo diferente! Até agora, se pudermos...!

— É exatamente por isto. — Novamente, a deusa o antecipou e desconversou. — Por ora, peço que não se preocupem acerca de tais detalhes. Necessito de concentração mútua em prol da próxima tarefa.

Os dizeres convictos da mulher trouxeram uma lacuna de respostas ao irmão.

Todos os jovens prodígios demonstraram espanto quando as palavras “próxima tarefa” foram citadas, ainda de modo tão irreverente.

Como se esperassem a ficha cair, permitiram-na a caminhar com tranquilidade do respaldo ao meão do átrio.

— Peço que venha comigo, Helena. — Seguiu, de cabeça erguida, a alcançar a porta solitária da câmara principal. — Conversaremos a sós. Portanto, poderá discorrer acerca de todos os pormenores que descobrira através de vossa Bênção.

Sem hesitar, virou o corpo ao mover a maçaneta e empurrar a estrutura vertical.

Convidada a segui-la, Helena engoliu em seco e assim o fez, se aproximando dela com passos lentos.

Antes de concluir a passagem do arco entre interior e exterior, acabou interrompida por Damon.

Por meio de passadas aceleradas, ele se postou entre ambas e indagou com uma feição contorcida:

— Ou, ‘pera lá! Termina de falar! Que “próxima tarefa” é essa!?

— Esfrie a mente. Ártemis delegará tudo o que precisam saber. Oh, Lilith poderá ir até sua casa para se comunicar com seus pais, caso deseje. — Sorriu antes de completar: — Aliás, sei que não foram aptos a batalhar plenamente contra Castor e Pollux. Por isto, considerem estar uma oportunidade a fim de conhecerem mais das próprias capacidades.

Encerrando a conversa, a divindade não aliviou a aflição dominante nos demais apóstolos; apenas piorou.

Sem ter o que dizer em defesa deles, Helena passou pelo rapaz. Ainda prestou uma rápida reverência de agradecimento, antes de acessar o cômodo isolado.

Quanto a porta argêntea foi fechada, cada um permaneceu à mercê da incompreensão.

Sem restar mais nada para se agarrar na Deusa da Sabedoria, todos voltaram as atenções à enunciada por ela.

“Deixou a espada quente nas minhas mãos”, Ártemis prendia um sorriso de escárnio como a indicada fiel de sua irmã.

No entanto, responsabilidade era responsabilidade.

Tendo a tarefa de espairecer a mente conturbada dos jovens adiante, fechou os olhos e relaxou os lábios no costumeiro sorriso de gentileza.

Por outro lado...

— Se era isto, estou de retirada. — Apolo moveu-se à escadaria. — Boa sorte na nova missão.

— Sim!! Completarei esplendidamente, pai!! — Gael estendeu o polegar.

O homem acenou com a cabeça antes de desaparecer do recinto.

A deusa lunar manteve as aparências, mesmo com a despedida apressada do gêmeo. Pelo menos, poderia falar sobre o que interessava com os perplexos sem atribulações.

Com um gesto feito pelo braço, pediu que sua filha se desgarrasse dela e retornasse aos companheiros.

Habituada à presença deles, assim o fez após sinalizar num aceno silencioso.

A noturna prestou um contentamento rápido ao vê-la evoluir ante seus aliados. Assim, soltou um fraco pigarro e enunciou:

— Muito bem. Prestem atenção, garotos e garotas. Como solicitado por minha querida irmã, me encarregarei de delegá-los à sua nova missão...

A Lua no fim do quarto crescente já se encontrava no topo da abóbada estrelada.

A porta da câmara se abriu. O rangido metálico irrompeu o espaço silente.

Helena foi a primeira a sair. Percorreu todo o saguão com os olhos verdes.

A curiosidade cresceu quando encontrou apenas a Deusa da Lua, rente ao guarda-corpo.

Quieta, ela observava o horizonte abaixo das parcas nuvens.

Com certa ponderação, a apóstola se aproximou da mulher. De igual modo, pôde contemplar a paisagem. Dava para compreender a beleza proveniente daquela vista.

— Então eles já se foram? Nem pude me despedir — mussitou com certo pesar no olhar.

Embora já tivesse percebido a presença dela, Ártemis só virou a atenção quando a Deusa da Sabedoria saiu, segundos após.

Por meio de um sorriso solene, encontrou a feição neutra da irmã, sempre suprimindo as emoções com primor.

— Fiz como requisitou, Atena. Eles acabaram de partir.

— Agradeço o trabalho, minha irmã. — Encarou a apóstola, que devolveu um olhar dúbio. — O que pretende fazer a partir de então, Helena?

Num primeiro momento, a jovem permaneceu quieta. Desviou o olhar aos globos esmeraldinos da irmã, para depois direcioná-lo ao piso iluminado.

Levou a mão destra, cerrada, ao peito. O gesto característico lhe trouxe de volta a lembranças sobre os dias de estadia em Delos.

A princípio, tinha o objetivo de auxiliar as promissoras mortais. Ato esse interrompido por uma tragédia.

Não...

Por um desastre causado por seus irmãos, Castor e Pollux, além daquele ser misterioso.

— Eu ainda sou uma Apóstola de Classe Iniciante, pois sempre desejei ajudar aqueles que são capacitados a ingressarem na corporação, mesmo não possuindo sangue divino. E quero continuar fazendo isso, até onde for possível!

Através de um semblante determinado, voltou a vislumbrar a feição concordante da Deusa da Sabedoria.

— E agora? Neste exato momento. O que pretende fazer?

Insistiu através da abordagem, apropriada para deixar a jovem boquiaberta.

Passado um novo período de quietude, ela pensou bastante, em busca de encontrar a motivação que a faria seguir em frente.

Que a faria acompanhar a promessa feita para si mesma, durante o retorno da ilha.

Quando a ficha caiu, os lábios se curvaram em um sorriso.

Como forma de agradecê-la por ter oferecido o último empurrão, assentiu com a cabeça. Os olhos passaram a cintilar, de tão marejados que se tornaram.

— Eu quero voltar para Delos! Quero ajudar as pessoas que sobreviveram a se reerguerem!!

Tanto a sábia quanto a lunar assentiram ao desejo da ruiva-alaranjada. A primeira comentou, em seguida:

— Lhe ofereço a permissão para regressar e cuidar da reestruturação de Delos. Com uma condição. — Ergueu o indicador à frente dela. — Caso algo suspeito ocorra em vosso entorno, não aja por conta e nos contate.

— Sim! Farei isso, prometo!

Repetiu o gesto, deu meia-volta e correu até a escadaria. Ansiosa para desempenhar o novo papel imposto por si mesma, com o aval das grandes divindades, só podia encher o peito com ânimo.

Precisava se tornar mais forte, a exemplo daqueles que a salvaram.

No fim, as lágrimas surgiram, tenras. O rosto enrubescido ficou quente, graças a elas.

A imagem das irmãs gêmeas, que não estavam mais naquele plano, surgiu em sua mente.

Recordar sobre elas sorrindo, animadas como sempre deveria ser, sustentou a esperança viva em seu coração dolorido.

A força motriz no objetivo de continuar avançando.

— Ela é uma boa garota. — Ártemis exalou um suspiro e fitou sua irmã. — Então, vamos lá... Por que parece estar tão preocupada?

Apesar da omissão expressiva, Atena não podia esconder os detalhes inteiros da divindade lunar.

Ajeitou as mechas rebeldes do cabelo, a caírem à frente das vistas, antes de comentar:

— Helena me contou os pormenores que desvendou com a Oração da Verdade. Sobre Castor, Pollux, os ataques a Delos... e o tal ser encapuzado.

— E então?

Diante da insistência da noturna, a sábia se aproximou do respaldo frontal. Seus olhos pareciam pesados.

— Ainda sou incapaz de confirmar..., mas arrisco dizer que este seja o princípio de um problema que virá a se estender durante algum tempo. E acredito que os eventos culminados em Delos sejam o estopim disto.

— Há décadas onde não passamos por algum conflito sobre divindades ou respectivos descendentes. Então, qual poderia ser a gravidade deste novo problema?

— Necessito de novas informações acerca disto. Entretanto, algo é concreto: quando nosso pai souber que há a possibilidade, extremamente alta, eu diria, de uma afronta externa... o cenário se tornará complicado para lidar.

A Deusa da Lua não deixou de mirar o rosto tensionado da purpúrea.

Nada obstante às palavras comedidas, que ainda não elucidavam com total certeza a atual situação, pôde compreender suas razões para não se aprofundar no assunto.

Somado a seu feitio de não oferecer a análise completa enquanto desprovida de provas para concretizar as teses, tinha o cuidado com o qual o contexto atual pedia.

— Vamos nos concentrar no que podemos fazer por ora — completou a noturna.

— Sim... — Estreitou as sobrancelhas ao apertar, com as palmas, a coluna horizontal de mármore. — E, por ora, logramos de uma tribulação ainda maior... 

Relaxado num trono ligado ao solo, o homem sentia o calor das tochas rubras que o rodeavam, iluminando o salão oval recheado de pilares rochosos.

Batia o indicador no braço direito do assento repetidas vezes. O rosto sereno se deitava no outro punho cerrado.

Memórias desagradáveis dominavam sua mente cansada. A cólera ardente criava pontadas no abdômen e logo ascendiam ao peito, como se fosse explodir a qualquer instante.

Tal sensação, no entanto, foi repentinamente varrida assim que passos pesados ecoarem pelo corredor adiante. Os ouvidos cobertos pelo cabelo escuro, que caía à altura dos ombros, estremeceram.

Não demorou muito até o segundo indivíduo surgir da escuridão.

Aproximou-se ao centro do recinto e, ao parar de andar, cessou os ruídos proliferados pela armadura de ouro.

Coçou a volumosa barba grisalha, responsável por esconder seu sorriso avantajado.

— Sei não. Acho que vamos precisar agir, mesmo contra sua vontade — provocou ao erguer o queixo. — Até quando vai ficar parado nesse lugar sufocante?

O homem assentado o observou por meio de um olhar intrínseco. A repetição de toques sobre o apoio de pedra lateral cessou.

— Até quando for preciso. Não há necessidade de pressa — rebateu com sua voz rouca.

Em seguida, levou a mesma mão ao cabelo despenteado, a fim de arrumá-lo com as conexões entre os dedos.

— Ah, aquelas criaturinhas de asas acabaram de chegar. Devem cuidar de qualquer problema, então...

— Elas não serão necessárias. Eles não serão necessários. — O interrompeu, sem pudor no timbre. — Quando a hora chegar, matarei quem se opuser em meu caminho... até que eu possa retribuir todo o sofrimento que o Rei dos Deuses me fez passar.  

O de armadura desfez o sorriso falso, em projeção a um ar convencido diante daquela declaração.

— É você quem sabe. Pois então, cumprirei minha parte.

Girou sobre os tornozelos e retornou para onde tinha saído. Mais uma vez, desapareceu em meio às sombras.

Ao conferir a debandada do grisalho, o sujeito musculoso se levantou do assento e encarou a palma canhota, fechada até então.

Segura sobre as cicatrizes extensivas, um artefato circular que carregava uma pedra de tom ciano no centro descansava.

Unida ao objeto, uma fina corrente de ouro escorria, pêndula no espaço.

— Com certeza... eu terei minha vingança — fincou a mentalidade, conforme encarava a passagem coberta.

Em cada íris flamejante, nada além do ódio podia ser semeado.

As principais peças do destino começavam a se mover.

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