Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 2 – Arco 2

Capítulo 21: A Integração

No topo de uma antiga torre, toda feita de pedra, o homem de pele clara abriu os olhos esverdeados.

Deixando o liso cabelo flamejante cair na altura dos ombros, ergueu o corpo em prol de observar o pôr do sol. A demora para a chegada da noite apurava o assentamento do verão.

Rodeado por diversos arvoredos e outras construções mais antigas, fadadas ao iminente colapso, podia enxergar as imediações de uma pequena vila naquela porção de terra sobre o Egeu.

Ajeitou o manto escuro, que envolvia o corpo frágil. Aproximou as mãos às vistas, os dedos conectados tomavam um formato encíclico ao redor delas.

Nesse instante, uma voz grave encontrou seus ouvidos:

— Estava tendo um sonho e tanto...

Isso não bastou para desprender a atenção oferecida àquele pedaço da ilha.

Mesmo sem encarar o emissor das palavras, um tanto risonhas, o indivíduo respondeu com serenidade:

— E você, está se divertindo?

— A diversão ainda está para começar, meu irmão.

O segundo indivíduo se aproximou, ao lado do rapaz.

De pele escura, ostentava uma robustez capaz de deixar a capa preta justa em seu corpo.

— Realmente iremos fazer isso...

— Em breve, os deuses cairão, por todas as atrocidades que cometem. Iremos apenas auxiliar nesse processo. Afinal, você não esqueceu, certo? — Estreitou os olhos na direção do observador. — A forma na qual nossa mãe foi tratada após meu nascimento... Como esses merdas tratam aqueles que estão abaixo de suas sombras.

Com a voz soturna, fechou os punhos com vigor.

Sem dizer uma palavra, o caucasiano deixou a borda do terreno e virou o rosto. O olhar recheado de seriedade cruzou com o do outro, recheado de ódio.

Por meio de um forte suspiro, mirou as primeiras estrelas que começavam a surgir na abóbada. Aos poucos, o domínio azul-escuro pintava o tapete aquático na extensão inferior.

— Faremos justiça por ela. E por nós mesmos. — O robusto tocou o ombro do irmão. — Certo, Pollux?

— Não se preocupa, Castor. Não vou te abandonar agora.

Os semelhantes assentiram um para o outro. Podiam transmitir toda a determinação impregnada nas esferas de tonalidades dissemelhantes.

Aliviado, Castor abriu um sorriso.

Fez um alongamento de corpo inteiro, paciente pelo acender das tochas responsáveis por iluminar a vila coberta pela noite.

— Aliás, pretendo verificar aquilo...  Pode começar na minha frente?

Pollux olhou de canto.

— Como quiser. Só não demora muito.

Através de um aceno silente, o frágil escondeu o rosto sob o capuz negro na traseira da manta. Em seguida, saltou do topo, para desaparecer entre as árvores que infestava os arredores.

 “Tudo está correndo nos conformes desejados”, Castor terminou de aquecer o corpo.

Diferente do aliado veloz, preferiu descer as escadarias interiores com toda a calma, cantarolando.

Sem medo do perigo das ruínas, alcançou a base, defronte a trilha para a mata fechada. Ao se deparar com a meta, alargou a expressão sorridente.

Espalhados pela terra, ossos de diversas formas e tamanhos preenchiam o caminho. Lâminas enferrujadas e trajes maltrapilhos completavam a visão.

— Está na hora de despertarem...

Segundos após proferir o murmúrio, a legião de ossadas começou a tomar estrutura. A montagem de formas variadas os permitiu se erguerem perante os globos castanhos do rapaz.

No porto de Delfos, ainda antes do anoitecer ser completo, Lilith deixara toda a confiança adquirida na saída de sua casa cair por terra.

Adiante, a embarcação estava preparada, como prometido pelas deidades mediadoras.

Entretanto...

— Nós vamos... sozinhos?

Sinal sequer de marinheiros existia na região deserta.

— Você falou agora, mas eu não vi ninguém por aqui. — Damon fortificou, encarando o perímetro.

Estavam somente os quatro enviados divinos ali.

— Isso é simples!! Quando a noite começa a cair, os delfianos cessam todas as suas atividades!!        Afinal, sua graça é devotada somente pelo Rei Sol!! Esplêndido!!

Com a explicação de Gael, de braços cruzados, os desentendidos puderam se situar. Todavia, a voz avantajada de sempre tinha soado um pouco estranha aos ouvidos deles.

Nada que fosse capaz de desfazer as preocupações da filha de Hades. Mover aquele transporte por conta não seria fácil — tinha ciência disso ao lembrar do trabalho dos mortais na missão anterior.

Por outro lado, o jovem cacheado já tinha algumas possibilidades em mente; tudo graças à essa mesma experiência. Portanto, priorizou uma sequência básica para ser realizada naquele princípio.

Apontou ao dourado:

— Você solta o barco.

E depois às garotas:

— Vocês descem as velas. Eu vou fazer se mover.

Definidos os postos do trabalho, o filho de Zeus mirou a embarcação. Respirou fundo, pronto para as articular, mas um imbróglio inesperado...

— Ei, a gente pode ir logo, sim!!? Quero chegar o quanto antes na ilha para começarmos nossas buscas!!

Agora, tinha ficado ainda mais claro o estremecer no timbre do descendente solar. E não estava restrito à voz; o corpo também apresentava indícios de agitação.

Incompreendidos quanto ao comportamento, Damon e Lilith se entreolharam.

Deslocada do grupo, Elaine tentava ao máximo não cravar os olhos nos dois. Também parecia mais contraída que o normal — o “normal” conhecido há poucas horas, diga-se.

“Vai ser mais difícil do que pensei”, por um instante, o olimpiano sentiu saudades do filho de Poseidon, companheiro na tarefa de dois meses.

Se tinha achado a dupla estranha a princípio, a conjuntura só fazia a concepção piorar.

— Então, Lilith e você... retraída. — O apóstolo indicou, ao que a menina só concordou com um aceno fraco. — Se puderem abaixar essas velas logo, poderemos ir.

Sem esperar por uma resposta dos demais, se afastou a passos curtos.

Lilith foi a única que atendeu o chamado, indo em direção ao transporte. Deu meia volta e encarou a noturna.

— Pode ajudar?

Quieta, a filha de Ártemis olhou para o lado e fez que sim com a cabeça.

Para que qualquer confusão fosse evitada, subiu ao convés e dirigiu-se até o mastro.

Observando o complemento da função das duas, o filho de Zeus recebeu o sinal de polegar da parceira. Então, sua atenção dirigiu-se ao filho de Apolo.

Embora estremecido dos pés à cabeça, ele conseguiu remover a pesada âncora envolta em uma das colunas de madeira da pequena ponte sem tantas dificuldades.

Depois de trazer a corrente de aço consigo, jogou-a dentro da nau.

Por fim, Damon também entrou no transporte. Retirou a espada da bainha nas costas, balançando-a contra as velas arriadas.

Com o poderoso impacto de vento, o navio executou o primeiro solavanco. Repetiu o gesto mais algumas vezes, até criar forças o suficiente para que começassem a zarpar.

Gael fitava com atenção aos detalhes da arma portada pelo companheiro de corporação. Abriu um fraco sorriso, contrastante ao estado corporal que parecia piorar a cada minuto.

— Acho que nem vamos precisar remar — mussitou ao conferir o sucesso de sua tática.

Pouco a pouco, o navio dos apóstolos abriu distância com o porto de Delfos. A maré passou a conduzi-los ao natural, permitindo que o cacheado voltasse a embainhar o equipamento.

Àquela altura, a noite já tomava conta da extensão superior.

A ilha de nascimento dos Deuses do Sol e da Lua não aparentava ser tão distante, visto que sua terra já podia ser avistada no princípio da navegação.

Era provável que a viagem durasse até o amanhecer, no máximo, os jovens cogitavam.

De pé na proa, o filho de Zeus encarava o mar acalmado. Ao lado dele, a caudas gêmeas deixava que os fios ruivos dançassem diante da brisa gelada, incumbida de cortar o silêncio em conluio às ondas fracas.

No meio do caminho, se depararam com uma literal cidade flutuante. O garoto fitava de soslaio as luzes diversificadas que traziam um aspecto único ao local.

Lilith levou uma das mãos ao tufo que bloqueava a linha de visão, em prol de admirar o Reino diferenciado.

— Então essa é a tal Atlântida?...

— É — respondeu o garoto.

Em seguida, virou o rosto sobre o ombro, a fim de observar a disposição da outra dupla, localizada nos degraus da popa.

Ambos estavam sentados, sem qualquer interesse no ponto chamativo em meio ao mar. Enquanto Elaine observava o céu sem nuvens, Gael apoiava os cotovelos nos joelhos dobrados.

De mãos entrelaçadas, sustentava a testa virada para o piso de madeira. Ao mesmo tempo, batia o pé direito com frenesi, quase a ponto de arfar pela boca.

A repetição e consequente elevação desses ruídos fez a ctónica também se voltar a eles.

— Esse garoto mudou de forma tão drástica que nem dá pra acreditar — bufou, dirigindo o olhar ao parceiro. — Não ‘tá curioso pra saber o porquê?

— Nem um pouco.

Damon retornou com o foco ao trajeto aquático.

Por outro lado, a ruiva fechou o semblante. Deu dois passos à frente, apertou a borda da parede com as mãos e inclinou o corpo, até retomar a linha de visão dele.

— Se continuarem assim, nós vamos acabar prejudicados — sussurrou, com certa impaciência.

— Se eles não atrapalharem a gente, já é ótimo. E sai daí, vai acabar caindo — arquejou, fechando os olhos.

— Mas eles estão indo conosco por serem importantes.

— O quietão da última vez mal falava com a gente também. Por que ‘tá tão incomodada, de repente?

À pergunta feita pelo cacheado, Lilith rangeu os dentes sem respostas.

Depois de retornar à posição anterior, resmungou solitária ao rodopiar para a vertente contrária.

Damon olhou de lado, incapaz de compreender as atitudes da companheira. Aquilo não era de seu feitio, pensava enquanto a respectiva se afastava.

Por pouca coisa, o olhar dela tinha se tornado bem hostil.

Sem prestar satisfações, os passos pesados a fizeram atravessar o pavimento central do navio. Em pouco tempo, chegou na dupla que os acompanhava.

“O que você tá tentando fazer, Lilith?”, o olimpiano queria ignorar, porém confessava estar preocupado.

De cima aos alvos rebaixados, sobrepôs as batidas incessantes do jovem atormentado.

Elaine foi pega num leve sobressalto quando viu a silhueta da furiosa chegar até eles, de súbito. Gael ergueu a cabeça com lentidão, para mirar a postura erguida da apóstola.

Foi naquele momento, coberta por uma penumbra no rosto, que seus olhos rubis ganharam destaque fenomenal. Pareciam cintilar sob os dois. Tal efeito chegou a diminuir o nervosismo do descendente solar por um breve período.

Isso até ela começar a falar:

— O que aconteceu com você, amigo? Por acaso fica enjoado com navios? Ou tem medo do mar?

Apoiando o punho destro na cintura, a filha de Hades despontou um sorriso desafiador.

O de Apolo percebeu sua tentativa em exercer superioridade ante a situação. Portanto, estreitou as sobrancelhas trêmulas.

— Como assim!? — Esforçou-se para corresponder à altura.

— Vou falar a verdade: achei seu tom de voz muito chato no começo, mas agora você ‘tá todo acanhado. ‘Tá bem mais parecido com ela ali. — Olhou para a descendente lunar, que desviou o olhar como de praxe. — Só queria saber se o que falaram de vocês não é só papo. Vendo assim, ‘tô começando a achar que vão mais atrapalhar do que ajudar.

 “Ela ‘tá realmente falando sem pensar”, o cacheado continuava a acumular doses de receio sobre a discussão desnecessária.

— Oh! Você parece ser especialista nisso, né!? — O dourado mostrou os dentes.

— Talvez eu seja. — Ela ergueu o queixo em contrapartida.

Por alguma razão, tanto Elaine quanto Damon sentiram um tom nada convincente vindo daquela retruca.

Em princípio, o filho de Zeus aproximou os cílios do contato, enfim começando a compreender parte das ações tomadas pela aliada.

Já a filha de Ártemis passou a ser dominada por ansiedade. Sem saber como agir, concentrava a acanhada atenção em se alternar entre os falantes.

Tinha as mãos apertadas contra o próprio peito, em busca de reprimir a inquietação causada pela cena adiante. Por mais que fosse algo banal, o desconforto não levava isso em consideração.

Lilith insistiu, no ato de encurralar o rival. Em condições naturais, ele de certo a desafiaria para resolver tudo da respectiva maneira.

No presente instante, sequer conseguiria mover um dedo a desfavor dela.

— Vai! Conta de uma vez. Senão eu vou ter que deixar vocês pra trás.

— Ei, isso ‘tá indo longe demais — resmungou Damon, ao virar-se enfim para o lado deles.

— Eu já disse! Se eles forem nos atrapalhar...!

Enquanto um novo bate-boca se iniciava, agora entre a outra dupla, Elaine continuava a engolir as palavras que entalavam na garganta.

O desejo de defender seu parceiro, colocado contra a parede de modo injusto, ganhava cada vez mais evidência na feição contorcida.

À medida que os sentimentos entravam em parafusos, cada som vindo dos arredores se tornava inaudível.

A ruiva continuava a cutucar o fragilizado, que buscava não ceder aos esforços dela. O corpo dele não respondia com eficácia os próprios comandos.

O olimpiano, vez ou outra, fechava os lábios e apenas encarava. Parecia tomar um cuidado extra, em prol de não ferir nenhum dos companheiros com palavras — principalmente a ctónica.

“Parem...”, a mente absorta da jovem lunar ecoava em contrariedade a ambas as posturas.

Mordeu o lábio inferior, apertando os punhos derramados contra o peito. De cabeça baixa, foi ao limite contra o caso sem nexo criado pelos enviados divinos.

Num rompante, o corpo se levantou com impetuosidade do degrau onde se encontrava sentada. O movimento brusco brecou o esperneio de cada um, trazendo os olhares todos à sua direção.

Todo o impulso, tomado no objetivo de intervir na discórdia entre os membros, foi lavada em questão de segundos.

A elevação do atrito ocasionou uma reação da pessoa que todos menos esperavam reagir.

Os olhos marrons, pela primeira vez, estavam direcionados àqueles que se encontravam inertes. Tomou coragem, inspirou bastante do ar frio e...

— Pare de importunar o Gael!... —  Fechou os palmos e cerrou o olhar. — Se ele não quer te dizer, não fique pressionando!... Por favor!...

Lilith não tinha como responder de outro modo que não fosse ficar boquiaberta.

A bonita voz da menina, empurrada com toda força que aparentava ter, propagou-se e instituiu o novo ápice de silêncio pela nau.

Embora tivesse tentando gritar, a fala soara tão frágil que fez o rosto da filha de Hades tomar a cor de seus olhos num piscar.

Gael também se viu inapto a proferir qualquer opinião. Nem ele, companheiro de longa data da lunar, expectava por uma atitude tão efusiva àquela altura.

Ainda assim, elevou os lábios, contrariando os estímulos incômodos proliferados por todos o corpo.

Diante de tamanha comoção, Elaine voltou a notar o respectivo comportamento e tornou-se acuada novamente. Suor frio vertia por sua face pálida.

Na proa, Damon fixou os olhos cerúleos na filha de Ártemis, aguardando pelo desenrolar que as circunstâncias tomariam a partir dali.

— Isso foi incrível, Elaine! — A voz deturpada do descendente solar a assustou. — Você conseguiu falar com eles, sem medo!

Cresceu nela a dubiedade sobre aquilo ter sido algo bom ou ruim. De qualquer forma, era a primeira vez que ela tinha sucesso em quebrar as barreiras do acanho para se comunicar com um desconhecido.

Isso deixou Lilith intrigada. Perceptiva às dificuldades extremas que a jovem tinha para quebrar a barreira da insegurança, experimentou uma pontada específica lhe atiçar o coração.

Pequenos, porém, desconfortáveis sentimentos a atiçaram na quietude. Isso a acalmou um pouco.

Em retrospecto, veio a imagem de si mesma na cabeça. Por ter tentado descontar a frustração pessoal na dupla que nada tinha a ver, entendeu que só estava atuando conforme aqueles que oprimiam.

Não deveria ser assim. Não com ela.

Dito isso, buscou compreender melhor sobre os problemas reais deles, através dos métodos corretos.

— Então você sabe o que ele tem, certo? Ficaria grata se me contasse no lugar dele.

Apesar do timbre controlado — e um tanto afável — adotado pela ruiva, Elaine não encontrou forças para responder.

— Por que você quer tanto saber!? — Gael foi quem tomou partido, mesmo debilitado.

Na proa, Damon respirou fundo. Ao menos, a parceira tinha entendido que não chegaria a lugar algum daquela forma, ainda que pudesse entender em partes a conduta induzida dela.

Mais comedida, a ctónica deu um jeito de explicar:

— Nós somos uma equipe agora. Só quero conhecer melhor aqueles com quem vou trabalhar nessa missão. Acha que eu poderia confiar em alguém que não quer me contar o problema que está passando a caminho do objetivo?

“Parece até outra pessoa!”, o filho de Apolo não sabia se ficava animado ou continuava em negação.

Perante aquele pedido de desculpas mascarado, Elaine também encontrara uma maneira de entender melhor os intuitos da ctónica.

Ainda sentia um ar de intromissão no olhar dela. Porém, diferente de minutos atrás, podia ver que ela também carregava algo tormentoso consigo.

A exemplo dela e de seu parceiro, também sofria com problemas pessoais.

Por captar tal singularidade, ela resolveu falar:

Captando tal singularidade, a menina mordeu a isca:

— O Gael... fica com medo quando chega a noite...

— Elaine!! — O rapaz esbravejou, vexado.

O susto sofrido agora pela descendente do Submundo corroborou com a vergonha exacerbada da lunar, que voltou a fugir dos olhos preciosos dela.

Nem o filho de Zeus foi capaz de escapar da separação tênue dos lábios. “Medo da noite”, ponderou ainda incrédulo.

Enquanto a persistente, após conseguir sua vitória, se prendia para não rir depois de tudo que tinha dito, o filho de Apolo aceitou a derrota como um soco no estômago.

— Noite... medo da noite! — Com uma das mãos na barriga, Lilith não tinha mais forças para prender. — Mas como assim!?

Elaine queria muito voltar a esbravejar para que ela não zombasse do garoto. Contudo, a vergonha cresceu e venceu os desejos primitivos.

Agora, ela desejava se encolher até desaparecer daquele navio.

Mesmo Damon foi tão pego desprevenido que quase se perdeu na graça do momento.

“É cada um mais estranho que o outro”, determinou na iminência de exalar um lamento.

Foi quando, de súbito, um estranho odor pairou no espaço. Ele virou o rosto de volta ao trajeto, notando estar bem próximo da chegada na ilha; tinha sido mais rápido do que cogitara a princípio.

No mesmo átimo, Elaine voltou a deixar a casca invisível e, de repente, começou a andar à vertente de onde o olimpiano estava.

Tanto a ruiva quanto o dourado acompanharam sem proferir algo, até que a garota alcançou os degraus e subiu para a plataforma superior da proa.

— Isso é... estranho... — A voz fina e graciosa o alcançou.

Encarou de esguelha rapidamente, sem perder o foco no olfato aguçado encarregado de captar o aroma estranho.

— O que você...?

— Eu consigo ver... — A tímida o antecipou. As pupilas em seus globos escuros se mostravam extremamente afinadas. — Tem poucos barcos no porto... Não tem ninguém...

Ao entender, de alguma forma, o que levava a garota a entoar tais informações, ele devolveu o foco à aproximação para com a iluminada Ilha de Delos.

Por fim, Lilith e Gael se achegaram aos dois. Ambos experimentaram a inédita onda de tensão que tomava conta dos companheiros.

Toda a concentração dos quatro enviados dos Deuses Olímpicos era direcionada à terra à vista.

— Ei, Damon. O que você sentiu? — Lilith indagou, de volta à postura inquieta.

Quieto num primeiro momento, ele realizou uma nova fungada com veemência, como se a fim de ratificar a essência do que havia experimentado.

No mesmo átimo, a brisa tornou-se mais forte, acelerando o navio e fazendo suas mechas bagunçadas dançarem à frente do rosto circunspecto.

— Sangue.

A réplica singular e direta despertou um alerta intensivo em cada presente na cercania.

Permeado pela feição austera, o descendente celestial cerrou os palmos com força. Trabalhava a imaginação acerca do que encontraria quando chegasse ao escopo.

Gradativamente, as peculiaridades da missão de dois meses atrás começavam a se repetir naquela ocasião.

Agradecimentos:

Gostaria de agradecer imensamente aos apoiadores.

Primeiramente, os jovens Mortais:

Taldo Excamosh

Eduzim

E também ao grandíssimo Depurador:

Alonso Allen

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