Volume 10 – Arco 6
Capítulo 192: AS DONAS DO DESTINO [MOIRAS]

O brilho intenso se dissipou aos poucos.
Damon e Helena puderam abrir os olhos de novo. A tensão diminuiu após o período de susto, mas a jovem deusa não hesitou em arrancar o cordão do pescoço do garoto.
Levou a pedra junto e pensou em jogá-la o mais longe possível, mas o rapaz a parou com um tranco de ombro, visto que seu braço bom estava ao redor das costas dela.
— Ela disse que... ia proteger a gente...
— Mas pode ter chamado a atenção das moiras.
— Tanto faz... Já ‘tamo dentro da casa delas mesmo. — Semicerrou os olhos diante da expressão atônita da irmã. — A gente vai se encontrar... de qualquer maneira... a qualquer momento.
Sem palavras para ir contra os argumentos do garoto rouco, deixou o ímpeto súbito esfriar dentro de si, assim como a onda de angústia.
Respirou fundo por breves segundos antes de devolver o acessório a ele, o amarrando na altura da nuca para que ficasse firme consigo.
O calor irradiado da luz na pedra já tinha terminado de esvanecer. Quando voltou a descansar sobre seu peito, era fria outra vez.
Carentes de outra saída, resolveram seguir pela passagem disponível adiante.
Percorreram todo o trajeto em alguns minutos, pelos extensos corredores, subidas e descidas.
De repente, experimentaram uma explosão de influência vital, certamente provinda das gêmeas e... num piscar, ela desapareceu.
Os dois chegaram a interromper o avanço ao sentirem o sumiço inesperado dos poderosos fluxos misturados.
— Isso... — Helena balbuciou, aflita.
— Deve ser... ruim — completou por ela ao relembrar do evento no Deserto da Perdição.
Na ocorrência específica, a Autoridade poderosa das duas permaneceu ativa por muito mais tempo, mesmo após atravessar a couraça do Titã Condenado.
Sem trocar palavras, retomaram o avanço que custou mais um período mediano. Completaram algumas escadarias que os levaram a outra entrada.
Dali mesmo podiam experimentar a pressão colossal emanada por presenças no outro lado da porta.
Só podiam ser elas, pensou a Classe Iniciante, enquanto engolia em seco. Apenas depois disso notou, através da sensitividade vital, que as gêmeas estavam lá.
Damon sentiu o medo inteiro da meia-irmã ser destilado em sua cintura, por meio de um aperto repentino da parte dela.
Encarou-a de soslaio. Nada mais podia ser feito além de ultrapassar aquelas portas e se encontrar com o Destino.
Ela fechou os olhos por um breve átimo, medindo a respiração a fim de se controlar. Após trocar acenos positivos com o rapaz, utilizou a palma livre para empurrar a estrutura metálica.
Naquele instante, todas as histórias se cruzaram.

— Parem imediatamente. — A voz imponente percorreu o salão.
Átropos, preparada para ceifar a vida das visitantes, se assustou tanto quanto há meros minutos, quando experimentou outra influência emergir da entrada da torre.
Láquesis, que tinha passado pelo mesmo, encarou por cima do ombro, sem o temor necessário perante a mais velha em virtude da curiosidade acerca da manifestação singular.
Com extrema leveza, Cloto desceu flutuante, a exemplo de ambas. Os olhos turquesas entrefechados focavam as duas e, ao mesmo tempo, o trio inerte a alguns metros no piso espelhado.
Chloe, Julie e Irene já tinham perdido a conta de quantos calafrios sofreram desde a chegada no local. Um inédito agora as acometia.
A pressão não era tão avassaladora comparada à irradiada pelas outras duas; o diferencial vinha do frio que a rodeava.
Irene chegou a tropeçar no vento, caindo sentada no chão. As pernas estremecidas se negavam a fazê-la levantar de novo.
Por outro lado, as atenienses só se deixaram levar, desprovidas de qualquer outra forma de abordagem.
Assim que a pequena moira alcançou o plano, a única porta para aquele terreno foi aberta.
Todas as atenções se voltaram à entrada dos apóstolos que tinham experimentado tudo de antemão.
Ao encontrar os filhos de Zeus, a lanceira esgazeou as vistas. Como prometido, eles realmente conseguiram derrotar Keith e alcançar o fim do Templo dos Destinos.
O preço a ser pago vinha no estado deplorável de Damon, recheado de graves ferimentos.
Sabe-se lá como ainda permanecia consciente.
— E-essas são...? — Helena mal conseguiu completar.
Então, antes que qualquer outro pudesse se pronunciar, os olhos estrelados de Cloto se conectaram ao azul-escuro do olimpiano, o único aberto no momento.
— Estava no aguardo pela chegada de vocês. — As palavras entoadas por ela retumbaram aflição no local. — Tais conflitos não mais serão necessários. A partir de agora, eu cuidarei pessoalmente da situação.
A voz melódica e serena transmitia o mesmo gelo que sua mera presença.
Era suficiente para reclamar o domínio completo do ambiente para si, mesmo sendo tão delicada, de aparência frágil.
Nem Láquesis nem Átropos encontraram palavras a fim de retrucar ou questionar a suprema.
Sabiam que permaneceriam no limbo do desentendimento até que ela própria resolvesse contar.
Do outro lado, os demais deveriam ser preenchidos por alívio, mas isso esteve longe de ocorrer.
As gêmeas da sabedoria, tal como a pálida derrubada, experimentaram uma onda de ansiedade subir ao peito.
Helena sofreu de algo parecido, porém mais puxado à angústia de estar diante daquelas três entidades inconcebíveis para a concepção pessoal.
E Damon, por fim, foi o único que se manteve indiferente.
Claro, não era tão nervos de aço a ponto de se eximir das emoções compartilhadas pelos aliados naquela mesma posição.
Ainda assim, foi o único que aparentou estar determinado a não se permitir ser sobrepujado por elas; sua inabalável convicção o protegia da natureza inexplicável do Destino.
Notando tudo isso e mais um pouco naquela simples troca de olhares, a líder das Moiras escondeu o sorriso de canto ao pronunciar:
— Não ires machucá-los. Tampouco atentarei contra vossos Destinos. — Fechou os olhos, delicada. — Vamos conversar em um ambiente... mais apropriado.
Ao reabri-los no complemento do convite, o par de íris diferenciada mudou a um forte e augusto âmbar.
Ergueu a mão destra, assim a mantendo por um breve período de absoluto silêncio.
Láquesis e Átropos se moveram no intuito de abrir espaço à mais velha, que criou uma esfera de energia dourada ao redor dos cinco.
Nenhum dos jovens pôde identificar algum traço vital naquela manifestação, no entanto.
Nada parava de os surpreender naquele local, fazendo com que mais e mais dúvidas acerca da própria existência delas surgisse.
Apesar disso, puderam sentir os corpos serem conduzidos por aquele invólucro, como se pudessem flutuar que nem as próprias anfitriãs.
Tendo o controle do “transporte”, Cloto os conduziu aos níveis superiores da enorme torre do Templo dos Destinos.
As outras duas novamente se entreolharam, dúbias.
— Para onde nos levará? — Chloe conseguiu voltar a dizer algo com a nova configuração dos acontecimentos.
Diante da pergunta, a moira mais velha sequer encarou em retorno ao responder:
— Esclarecerei alguns fatores importantes a vocês. Então, encerrarei a tarefa que os trouxe até aqui.
A púrpura semicerrou as vistas, ainda desconfiada sobre as determinações tomadas pela mulher.
De todo modo, nada tinha a fazer àquela altura, então somente aceitou esperar para ver o que aconteceria.
Nesse meio-tempo, fitou os descendentes do Rei dos Deuses um pouco mais recuados.
“Eles cumpriram, de fato, a promessa”, ponderou solitária.
Julie, apesar de silente, concordou com aquele fato ao ser a única a receber tais palavras da irmã.
Helena devolveu o olhar à jovem ateniense, que trocou com ela um aceno positivo de cabeça.
O rangido dos portões dourados prendeu o foco dos jovens na passagem. A câmara foi revelada, assim como a extensão quase infinita dos incontáveis fios tênues.
Nenhum dos visitantes pôde conter o espanto, uns mais puxados ao fascínio do que outros.
Os emaranhados atravessavam o espaço inteiro, fosse pelo teto, chão ou na extensa divisão entre eles.
Puderam ver a enorme Roda da Fortuna, de onde todas as fibras eram geradas, assim como o espaço escuro onde todas eram findadas.
Quando as alas se fecharam, ocasionando um ruído ressonante pelo âmbito, Cloto estalou os dedos da mão direita.
A esfera envolta aos jovens se dissipou, os permitindo pisar no chão de novo. O porcelanato daquela área era quase um espelho.
— Eu sou Cloto, a responsável por tecer todos esses fios. — Deu a volta sobre o próprio eixo, ficando frente a frente com todos. — Láquesis é a responsável por medi-los, determinando a Sorte de seus caminhos, e Átropos por cortá-los, assim encerrando seu Destino. Essa é a Câmara de Tecer, onde realizamos todos esses trabalhos há Eras.
Após as apresentações iniciais, os apóstolos voltaram a conferir os arredores.
“Elas controlam tudo isso, todos os dias, desde sempre...”, Helena nem percebia estar boquiaberta diante das informações.
Chloe, por outro lado, procurava imaginar onde o seu fio e os dos demais poderiam ser encontrados.
Irene também alimentava curiosidade sobre esse assunto, mas referente, no caso, a sua mãe.
— Então foi essa aí... que controlou a gente até aqui? — Damon continuava focado nas mulheres.
A Sorteadora, encarada pela severidade do olho aberto do rapaz, sorriu desconcertada ao passar a mão pela nuca.
— Láquesis não os controla de fato. Ela pode influenciar em algumas de suas decisões ao determinar a Sorte, como disse. — Repousou a mão sob um dos fios que atravessava sua frente. — Por grande parte do tempo, ela pôde sortear as consequências de decisões tomadas por vocês durante a jornada, para o bem ou para o mal. Claro, isso culminou em caprichos dela a favor de determinadas ocorrências anteriores, quando o conflito entre os deuses e os Imperadores das Trevas veio à tona.
— Estava tudo bem divertido! — A esguia completou, sorridente. — Consegui criar alguns caminhos interessantes dos quais vocês enfrentaram e superaram com o tempo. Enquanto isso, minha asquerosa irmã queria muito me atrapalhar, mas confiamos no processo!
Ele levantou o polegar após a cutucada gratuita em Átropos, que a encarou de esguelha por meio de um olhar aniquilador mais um resmungo gutural.
Ignorando a desavença natural entre ambas, a Tecelã prosseguiu:
— Como disse, a determinação de Láquesis não passa de caprichos. Nossa Autoridade sobre o Destino é restrita aos três atos estipulados à vida: nascimento, desenvolvimento e morte. — Ergueu o fio que repousava na palma, o deixando flutuar acima da cabeça. — Não podemos controlá-los como marionetes, tampouco determinar seus desejos, falas, pensamentos e ações.
— Minha Autoridade consiste apenas em concretizar aquilo que desejam. Ou seja, diferentes possibilidades. — Levantou o indicador canhoto, educativa. — Imaginem só: quantas são as possibilidades existentes diante de uma pequena decisão? Quantos rumos podemos tomar ao escolhermos isso ou aquilo? Eu posso somente manipular o teor de sorte que terão, ou não, assim que essas decisões são determinadas. O que elas poderiam gerar?... Dificuldades, obstáculos... ou compensações.
Terminou ao abrir os braços, trazendo consigo inúmeras fibras que se repartiam em traçados diferentes.
— Foi assim que ela decidiu favorecer os deuses na Grande Guerra, há mais de um século.
— Err, não é bem assim, minha irmã. — Contorceu ainda mais o sorriso. — Eu não os favoreci! Só criei cenários que acabaram culminando na vitória deles, ao fim!
Tentou soar triunfante perante a seriedade da mais velha.
“Maldito orgulhosa”, Átropos, em contrapartida, guardou o ressentimento ao ficar do lado da Tecelã na discussão.
— Os próprios deuses foram os responsáveis por alcançar esse Destino! — continuou a Sorteadora, aproximando-se dos ouvintes. — Todas as vontades e atitudes deles e dos titãs são e foram totalmente pessoais. “Não é como se eu manipulasse toda a sua vida, do nascimento à morte”, foi isso que eu disse mais cedo, certo?
As gêmeas concordaram ao remeterem às palavras proferidas pela própria moira.
— No entanto... — Veio a nova interrupção de Cloto, muito mais contundente. — As decisões tomadas pelos deuses começam a acompanhar o mesmo rumo daquelas tomadas por seus antecessores. E caso isto se mantenha, serão conduzidos a uma indiscutível ruína, futuramente. Pois assim ocorre desde os primórdios da existência.
Um baque profundo preencheu o peito dos apóstolos, substituindo todo o fascínio pela angústia.
— Como eles poderiam ter feito isso? — Chloe perguntou.
— O fator crucial para isso... é o medo. — A mediadora abriu os braços. — O medo que induziu Cronos, o Rei dos Titãs, a cometer atitudes danosas para evitar o cumprimento de uma profecia feita contra si. Uma repetição dos eventos ocorridos com seu antecessor.
Fez uma pausa.
A tensão cresceu tanto a ponto de quase arrancar o ar dos visitantes.
Pouco se sabia sobre o passado de deuses e titãs, mas nada daquilo soava estranho a qualquer um ali.
Segundos depois, veio a sentença derradeira:
— Esse é o medo alimentado por Zeus, o Rei dos Deuses. Ele possui medo de perder o trono, o poder e a influência que conquistou. Por isso, foi induzido a nos colocar em posição de vilãs, assim como os Imperadores das Trevas. — Os olhos dela entrefecharam, pesados. — Tudo para proteger a si próprio.
Enfim a maior das revelações tinha chegado.
Como suspeitado por Chloe e Julie desde a primeira audiência, de fato a decisão tomada pelo Deus do Céu havia os usado como um “descarte de luxo”.
Caso pudessem conquistar algo impossível, ele sairia favorecido por ter se livrado do incômodo das Moiras.
Caso o natural ocorresse, também seria favorecido de outra forma...
As gêmeas escolheram não confirmar a segunda opção, pesada por si só.
No entanto, ao virar o rosto de leve, Chloe encontrou o olhar paralisado de Damon, claramente sentido ao chegar àquela mesma conclusão.
Óbvio que ele ficaria muito mais interessado no assunto ao ouvir o nome de seu pai ser jogado na conversa.
— Então, o que seriam as “profecias”? — Helena indagou.
— Há, dentre os seres divinos, aqueles que detém a habilidade de prever certas ocorrências futuras, muitas delas importantes para o seguimento do Destino. — Láquesis foi quem respondeu. — Geralmente, essas profecias não levam a desfechos positivos...
— Entretanto, tudo que ocorre a partir disso é culpa exclusiva daqueles que tomam suas próprias decisões. — Átropos enfim se pronunciou, sempre severa e cética. — Profecias são nada mais do que desculpas inventadas para aqueles tomados por esse medo.
Chloe, diante de tudo que via e ouvia, voltou a sondar:
— Portanto, lorde Zeus não foi influenciado em instante algum acerca da respectiva determinação?
— Nosso trabalho não é o de conceber um controle imutável e absoluto ao que geramos, guiamos e findamos. Imensuráveis Destinos passam por este enorme salão, todos os dias, incansavelmente. A Roda da Fortuna raramente para de girar.
— Influenciar em cada um destes fios não é tarefa simples. — Láquesis complementou o raciocínio da mais velha. — Apesar de eu possuir em mãos o Limite do Destino, aquele que impõe submissão absoluta a minhas determinações...
— Se ela optasse por deixar que o Destino de algum ser vivo caminhasse por si, sem a influência de sua Sorte, assim aconteceria. — Átropos encerrou com sua voz sombria.
Láquesis ficou emburrada, pois se sentiu interrompida assim que pretendia finalizar as explicações, mas dessa vez foi a mulher coberta pelo manto escuro que a ignorou.
Cloto aproveitou a deixa:
— Você não pode pegar toda a água dos mares na palma da mão. — Estendeu a mão pequena à altura do peito. — Independentemente do domínio que tenhamos, não somos onipotentes e tampouco oniscientes, como Láquesis pontuou. Embora a Autoridade do Destino seja parte de nossa Essência em si, não redigimos os incontáveis roteiros deste mundo. Ainda existe um curso natural, fora de nossas determinações, para tudo.
Chloe ainda levantava certas suspeitas, mas era inclinada a acreditar veementemente nas justificativas apresentadas pelas donas do Destino.
Mesmo sendo um ser tão poderoso, ela se incluía na experiência desses constantes defeitos. E eles sempre estiveram ali, a um palmo de distância dos jovens.
Os próprios deuses podiam ser exemplos crassos da gama de imperfeições que poderia impactar em inúmeros Destinos.
Eles mesmos, presentes diante de entidades tão supremas, se cansaram de vivenciar instantes de irregularidades até alcançar o inalcançável.
Tudo isso perdurar de seus antepassados, contudo, tornava suas nuances muito mais místicas.
Ou, até mesmo, casuais...
— Então, tenho um novo questionamento. — Chloe mirou a líder das Moiras. Estava decidida a arrancar até o último pingo de respostas possível delas. — Até que ponto do Destino puderam manipular até o presente momento?
— Após o desfecho da Grande Guerra, pouco foi influenciado no domínio de Láquesis. Aparentemente, as primeiras grandes anomalias começaram a surgir há poucos anos. — Entrefechou os olhos âmbares. — Contudo, creio que, em um passado não tão distante, algum ato específico serviu de gatilho para forjar os caminhos que levam até este presente.
— Pois é, nem mesma eu pude... Espera, como assim, irmã? — Nem mesmo Láquesis conseguiu compreender aquelas palavras.
— Ah, de fato. Eu deixei isso em segredo de vocês até agora. — Cloto prosseguiu como se tudo estivesse sob controle. — Mesmo se tentasse determinar as linhas de Destino, você não teria a capacidade de fazê-lo, Láquesis.
— Como não? Eu...
Láquesis interrompeu a si própria, como se tivesse matado a charada rapidamente.
Isso fez Cloto esboçar um tênue sorriso no rosto, sendo liberada para ir direto ao ponto:
— Como Láquesis disse, o Limite do Destino impõe submissão absoluta às determinações pontuais feitas por ela. No entanto, esse passou a ser burlado por algo que não pode ser afetado por tal controle. E somente certos seres são livres de nossa Autoridade.
— Um Primordial?...
A Sorteadora começou a sorrir de nervoso, incrédula como os visitantes diante das inéditas revelações da irmã.
Mesmo Átropos parecia ter dificuldades de engolir as informações deliberadas pela líder.
— Esta é somente uma hipótese. Afinal, há um segundo fator em tal cenário. — Mostrou, enfim, os fios que pertenciam aos visitantes. — Como antecipei, o primeiro gatilho se sucedeu há tempos mais distantes. Houve um novo, que nasceu recentemente, capaz de agravar a influência contra o Limite do Destino.
— ‘Pera — interrompeu Damon. — O que diabos... é um Primordial?
— Como o nome diz — respondeu Láquesis —, é um ser que nasceu antes de tudo. Os Primordiais são as próprias fundações deste mundo. Entidades além de nossa Autoridade...
— Então, desejam indicar que há um ser primordial ainda ativo neste presente? — Chloe semicerrou as vistas, aflita. — Caso determine que este seja, ainda que no campo das suposições, o primeiro “gatilho” denotado, então qual poderia ser o segundo?...
— É o que desejo desvendar. E graças a suas ações, que acabaram por ser o peso derradeiro em prol de romper o Limite, poderemos ver tal resposta surgir dentro de um futuro indeterminado...
A purpúrea continuava a se impressionar, pois novos horizontes não paravam de se abrir diante dos olhos.
A Tecelã deu de ombros e prosseguiu:
— De toda maneira... Láquesis. Você acabou por não perceber o nascimento destas anomalias, portanto permaneceu irredutível quanto à segurança na respectiva Autoridade. E não a culpo por isto. Realmente se trata de algo de extrema complexidade, que nem eu mesma pude identificar até o tempo presente. — Apontou na direção dos fios especiais separados pela caçula. — No mínimo, posso fornecer um fato irrefutável ao caso em específico: os Imperadores das Trevas tiveram sua origem sem qualquer interferência dos caminhos traçados.
A Moira da Sorte enfim pôde entender o motivo daquele fator que tanto a incomodava desde o início dos conflitos, embora escondesse das outras semelhantes na busca de lidar como podia.
No fim, deixou subir tanto à cabeça que esqueceu algo tão óbvio: todos os fios foram e eram originados por Cloto.
Tudo que passava uma única vez por suas mãos já estariam conectados à natureza dela, seu conhecimento.
Muito por razão disso, acabou envergonhada perante as revelações da Tecelã.
Tinha posto o divertimento acima do próprio trabalho, acabando por deixar passar o descontrole incomum.
Ainda assim, como uma líder, Cloto a isentou da culpa e puxou a responsabilidade.
— Me perdoem por esconder isto até então. Era necessário para que pudéssemos criar este caminho.
Apoiou a mão sobre o ombro da entristecida, reforçando o sorriso que geralmente surgia quase invisível em sua face.
O efeito não seria imediato, porém tal gesto já era bastante para lavar boa parte do peso concentrado nos ombros da Sorteadora.
Todos aguardaram o desfecho daquele momento inusitado em silêncio.
E não demorou para as esferas âmbares da pequena retornar a eles:
— E, agora que todos os Destinos se cruzaram por meio do rompimento definitivo do Limite, devo cumprir o que disse; encerrarei a missão designada a vocês, Apóstolos dos Deuses. — Apontou diretamente aos presentes. — Nosso pai acreditava que, um dia, surgiriam seres capazes de guiar essa história a um Destino nunca alcançado. E vendo vocês, eu tive um forte pressentimento.
Levou a mão dominante ao peito, expressando a maior vulnerabilidade demonstrada por qualquer uma das anfitriãs naquele encontro.
— Vocês devem ser aqueles que forjarão este caminho. — A testa se enrugou de leve. — Os responsáveis por alcançarem um novo futuro...
A ficha deles demoraria a cair.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de Epopeia do Fim, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história!
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