Epopeia do Fim Brasileira

Autor(a): Altair Vesta


Volume 10 – Arco 6

Capítulo 190: Chegada

A chuva tinha ido embora, assim como o estado de sono profundo após o combate destrutivo nas colinas.

O cheiro do solo gramado continuava impregnado nas narinas. A brisa gelada do amanhecer perdera intensidade.

O jovem abriu os olhos, deitado na mesma posição na qual tinha sido derrubado após sofrer o golpe derradeiro.

Seu corpo inteiro doía, com destaque às fraturas e queimaduras sobre o abdômen.

O soco violento desferido pelo descendente solar conseguiu sobrepujar as marcas do passado naquela mesma região.

Ainda sentindo aquele local arder, ergueu o torso sem muitos problemas. Permaneceu sentado, deixando os fios acinzentados esvoaçarem com a lufada.

E apesar dos machucados, sentiu parte de si revigorada por alguma razão.

O esperado seria despertar sem conseguir mover um músculo, graças à soma das lesões com o esgotamento do uso excessivo da própria Autoridade.

De todo modo, tinha ainda fraturas que não poderia curar por algum tempo.

Considerando as circunstâncias, não era tão ruim, pensou.

A título de curiosidade, fitou os braços e o restante do torso. Faltavam mais cortes, ponderou consigo; sobraram apenas os mais profundos e eles pareciam ter diminuído.

Depois, encarou o cenário ao seu redor. À exceção da árvore no centro da subida, todo o resto se encontrava devastado.

Prendeu um lamento dentro do peito. Aos poucos, tudo começou a se conectar.

Mesmo sendo adversários que lutaram até a morte — quase isso, na verdade —, aquele garoto o ajudou.

Podia ter lhe matado, com o intuito de preservar a integridade de seu pai, o Deus do Sol.

Mas essa foi a opção renegada.

“Talvez... Só talvez... não existam só deuses ruins”, foi inevitável de alimentar aquela divagação em silêncio.

Subiu o rosto para observar o céu repleto de nuvens desbotadas. Se fosse dessa maneira, não sobraria mais um propósito poderoso o suficiente para fazê-lo permanecer na caçada às donas do Destino.

Aceitou a derrota completa como uma afirmação de que jamais teria chances de continuar.

Convenceu-se a exonerar alguma parte da visão distorcida que alimentava sobre aqueles seres...

— Então beleza — murmurou consigo, semicerrando as vistas pesadas. — Vou te dar essa chance. Me mostre esse caminho que quer trilhar...

Decidiu levar adiante as palavras ditas por aquele que o superou, a fim de ver até onde aquela história iria se desenrolar.

— Isso é ótimo.

No entanto, tais pensamentos foram deslocados ao ouvir a voz levemente adocicada que veio de sua esquerda.

Encontrou a figura de um jovem como ele, parado de pé, ao lado da grande e ilesa árvore.

Foi inevitável também que seus olhos cinza-azulados arregalassem perante a sensação única provinda daquela pessoa.

Um mistério que se agravou por meio do sorriso de orelha a orelha desenhado pelos lábios rosados que nem os fios de seu cabelo volumoso.

Numa caminhada nada apressada, Gael se livrou das folhas volumosas responsáveis por bloquear sua passagem.

Enquanto isso, tinha nas luvas especiais uma porção canalizada de energia recuperada, a fim de curar alguns dos ferimentos mais graves.

Com boa parte de perfurações menores cicatrizadas, o foco nas mais profundas o permitiu reduzir os incômodos causados pelo impacto e as dores.

Dessa maneira, não sofreu de novos empecilhos para seguir na companhia da Classe Herói que liderava o trajeto.

Melinoe encarava por cima do ombro vez ou outra, sempre que o rapaz manifestava sua Autoridade Elementar do Fogo.

Ao estar próxima dele quase sempre, podia experimentar a influência vital também a envolver.

Embora se recusasse a ter os machucados cauterizados tratados pela Luz da Cura, era inevitável a sensação de alento.

Odiava admitir, por ele ser um Classe inferior, mas a mera transmissão daqueles resquícios era o suficiente para deixá-la mais confortável com seus machucados.

— Fico assustada com quão ingênuos vocês moleques conseguem ser — disparou entre os dentes, como num protesto àquela revitalização.

— Eu disse! Aquele garoto não era uma pessoa ruim!! — O filho de Thalia fitou o antebraço canhoto, livre dos problemas de cortes ou perfurações. — Só precisa abrir um pouco os olhos!!

Ao menos, ficariam as cicatrizes das lesões recém-fechadas.

Manter a estratégia de curar um pouco e esperar por intervalos tinha sido sua melhor escolha.

Também já parecia estar mais habituado ao desgaste excessivo que a Luz da Cura trazia para si.

A ctónica, ainda sem aceitar tal tipo de abordagem, resmungou consigo.

— Isso não é desculpa pra poupar um inimigo — rebateu, o olhar desinteressado. — Por isso ‘cês sempre acabam na beira da morte, moleques estúpidos!

— Eu só não pretendia repetir os mesmos erros!

O timbre da resposta oferecida pelo prodígio soou estranha em comparação à natureza eufórica de sempre.

Mesmo a Classe Herói, que nada tinha a se preocupar com o assunto em si — apenas consternava a indignação ante a “moleza” dos novos apóstolos —, deu atenção especial àquilo.

Só que, ao invés de bater mais na tecla, apenas entrefechou os olhos púrpuros.

Após terminarem de passar pela mata densa, os dois experimentaram a presença de alguém nas proximidades.

Ela dissipou tudo que pensava até o presente momento no ato de apanhar o punhal da cintura.

Nem hesitou em apertar o botão que abriu a arma na alabarda de duas lâminas.

— O que aconteceu!? — Um pouco perdido, Gael subiu os punhos à altura do peito.

Melinoe deu a volta no mesmo eixo, analisando o ambiente.

O olhar direcionou-se ao aglomerado de árvores à esquerda da trilha, onde pôde ver algo branco as atravessar.

Avançou de imediato ao local por meio de um salto rápido, a ponto de fazer o descendente solar boquiabrir.

Quando cortou os troncos paralelos, esses caíram para trás, provocando uma singela balbúrdia naquela trilha.

Nada tinha sido atingido além dos grandes corpos lenhosos.

— Ou!! Viu alguma coisa!!? — O solar juntou-se a ela após o baque.

No entanto, assim como ela, constatou a ausência de qualquer coisa interessante naquela área.

Nem mesmo um animal parecia ter passado por ali.

“Que merda foi essa!?”, irritadiça, a filha de Hades estalou a língua com força.

Ainda caçou a tal “presença” por um tempo, porém o resultado se repetiu.

Ela tinha certeza de que viu algo. Ainda não estava tão ruim a ponto de sua cabeça começar a criar coisas.

Também evitou o trabalho de responder o garoto, que pôde conferir sua “ação precipitada” com os próprios olhos.

Ele ofereceu uma última olhadela na vertente contrária antes de retomar o prosseguimento junto da zangada descendente do Submundo.

Isso pois a ação dela, de fato, passou longe de ter sido uma conduta infundada.

Escondida em uma das árvores adjacentes, a menina de cabelo branco e mechas turquesas prendeu uma risadinha.

Virou parte do corpo para observar a partida dos dois pela beirada do tronco, cheia de empolgação nos olhos puros como as claras nuvens de verão.

“A respiração dele parece estar piorando”, pensou Tríton enquanto carregava o irmão mais novo em suas costas.

Avançava a passadas serenas, ainda assim, por outra passagem de floresta da grande porção de terra.

Tinha perdido tempo por ter parado para descansar durante a madrugada chuvosa.

Apesar da impermeabilidade, lidar com Silver naquele estado tornava a missão um problema e tanto.

Só retomou o prosseguimento após o amanhecer.

E durante todo esse longo período, o garoto sequer deu indícios de recuperar a consciência.

Ao menos estava vivo, esse era seu pensamento.

Mantinha-se tranquilo acima de tudo. Precisava estar alerta para qualquer ataque que pudesse sofrer durante o trajeto, fosse de monstros irracionais ou de integrantes do grupo inimigo.

Claro que o cenário seria pior pela segunda opção e isso lhe trazia um incômodo. Apesar disso, semblante e emoções sustentavam-se na calma absoluta por meio das respirações profundas.

Conforme o dia clareava — o possível, graças às nuvens carregadas —, chegou a um novo pátio de subida.

Após pegar as escadarias e alcançar o topo do ponto de controle, observou o enorme abismo recheado de pilares gigantescos que precediam um local extravagante.

— Então é aqui — mussitou perante o Templo dos Destinos.

A jornada para a morte estava prestes a ser completada, divagou; ao menos, não seria apenas o caçula que deixaria sua mãe triste.

Dissipou tais devaneios intrusivos ao balançar a cabeça aos lados.

Ajeitou o desacordado em suas costas e avançou na descida rumo à passagem final do Berço da Terra.

Enquanto o rumo de todos os apóstolos era centrado à morada das Moiras, um outro grupo navegava pela maré contrária.

Selene e Hélios regressaram boa parte do trajeto construído durante os últimos dias em questão de horas.

Experientes por si só, os irmãos protetores de Rodes carregavam os outros irmãos encontrados pela ilha; dois integrantes dos Imperadores das Trevas.

Leon, amparado pela mulher, ainda estava acordado. Sentia dores latejarem por todo o corpo, mas não podia parar de andar no momento.

Às vezes virava o rosto, a fim de observar seu irmão, Heath, esse desmaiado; era levado sob o braço do rapaz flamejante de maneira nada confortável.

Os quatro tinham atravessado a área das ruínas, agora a caminho das correntes que os levariam aos Jardins Suspensos.

— O que faremos quando chegarmos, irmã? — Hélios indagou com certa dose de preocupação. — Só há um barco atracado na outra parte da ilha. Isso quer dizer que os outros ficarão sem opção de retorno.

Se eles sobreviverem — Selene retrucou sem nem olhar para trás. — Pensando por esse lado, a improbabilidade de que tal situação aconteça é maior. Só o fato de estarmos vivos até agora poderia ser considerado um milagre.

Hélios não disse nada a respeito. Somente pensou nas palavras da semelhante em silêncio.

O filho de Nice fez o mesmo; achava bastante curioso, para dizer o mínimo, aquele fator no caminho cruzado por eles até então.

Se as Moiras tinham controle absoluto do Destino de tudo e todos, vida, morte e até mesmo suas escolhas, serem guiados por elas a retornarem era bem esquisito.

“É possível...”, o moreno levantou a hipótese: “Talvez elas não nos considerem ameaças. Ou, então...”

— Ninguém saberá de nosso retorno. — A voz da purpúrea interrompeu os devaneios do garoto. — Atracaremos diretamente em Rodes. Fora do alcance limite do “radar” deles.

— Ainda acho arriscado.

— Estamos nos arriscando desde que pisamos nesse lugar. E até além disso... — Selene semicerrou os olhos ao encarar os elos metálicos. — Usaremos as Musas para intermediar com a Deusa da Sabedoria. Caso os outros sobrevivam, ela encontrará maneiras de buscá-los.

— E o que diremos a elas?

— Não precisamos dizer nada. — Apertou a pegada na cintura do jovem machucado. — Já fizemos um grande favor ao termos aceitado acompanhar aqueles pobres jovens. Nosso regresso antecipado terá sido obra de um “infortúnio durante a jornada”.

— E...? — O flamejante torceu uma das sobrancelhas.

— E nada além disso poderá ser feito. Nem mesmo ela possui controle irredutível sobre nós... — Flexionou as pernas, lentamente. — Caso o outro cenário improvável ocorra, sua preocupação estará toda destilada neles.

Depois de finalizar as pretensões, executou um salto veloz em direção à passagem estreita.

Leon prendeu a respiração com o susto daquele movimento abrupto, mas sentiu-se bem firme enquanto abraçado pela mulher.

Ele não teve nada a acrescentar diante da conversa dos irmãos que, há poucas horas, eram seus adversários mortais.

Mesmo se desejasse, desprovia de forças para se opor.

O fato de aqueles dois conhecerem sua mãe e, de fato, terem sido enganados quanto ao motivo de sua morte, o mantinha sossegado.

Quando parava para pensar mais a fundo, podia sentir uma singela conexão entre eles. Não sabia como colocar aquilo em palavras, entretanto.

Em dado momento, o assunto retornaria.

Por ora, só precisava aguentar ser carregado de uma forma tão segura por aquela mulher.

— Esses dois ficarão sob nossa guarda — complementou.

Ao chegar no outro lado das correntes, já sobre um dos pátios dos jardins, Selene virou-se para seu irmão, que também completava a travessia.

Ele se uniu a ela após meros segundos, assentindo em concordância àquela determinação.

Sem mais palavras necessárias, os dois rumaram à reta final do caminho reverso no Berço da Terra.

Os elos finais daquela jornada continuavam a ser desdobrados.

Nada conceituadas acerca do rompimento dos Limites do Destino, os grupos rumavam para seus desfechos imprevisíveis por toda a ilha das Moiras.

E para Chloe, Julie e Irene, aquele Destino reservara a tão aguardada audiência cara a cara com Láquesis.

— As únicas que sustentaram o rumo perfeito até nós... — mussitou a mulher, deleitosa ante a presença daquelas jovens.

Como já tinha dito, nada além de alguns deuses ou titãs haviam sido capazes de chegar até aquele ponto.

Tratava-se de centenas de anos de diferença para a atualidade. E, embora tal passagem sequer a afetasse, a síndrome da nostalgia batia forte em seu peito.

Ao colocar o fato de aqueles jovens serem tão novos na balança, se tornava ainda mais instigante para a moira.

— Se eu dissesse que estou superfeliz, vocês levariam fé em minhas palavras? — Terminou de descer, ficando bem à frente das três. — Mais uma vez, ofereço meus parabéns por terem chegado a esse recinto. E como minhas queridas irmãs estão ocupadas, eu, Láquesis, serei a mediadora desta audiência.

A imponência exalada por aquelas palavras quase podia originar novas correntes de vento pelo âmbito.

“Análise: Não sou capaz de ler vossa mente, minha irmã”, a voz de Julie ecoou pela cabeça da parceira.

“Ela certamente não aparenta mentir”, Chloe pensou ao verificar a estatura esguia da mulher. “Todavia, me leva a crer na ausência de total sinceridade...”

Ainda que a Sorteadora mantivesse uma postura relaxada, era impossível enxergar qualquer brecha.

— Mas é claro que não é capaz! — A resposta veio como um baque de alfinete.

Mesmo a inexpressiva arqueira não resistiu em levantar as sobrancelhas, espantada diante do tom brincalhão entoado pela anfitriã.

Nenhuma das duas ousou retrucar; afinal, sequer seriam capazes de fazê-lo naquele momento.

Apenas sentiram o calafrio impiedoso as congelar no local, quase na iminência de recuarem a mando do inconsciente.

— Vejamos... É certo que deixo um pouco a desejar no quesito “sinceridade”. Minhas irmãs fazem mais o tipo das carrancudas, sabe? Elas são bem “vista grossa” pra esse tipo de coisa, então tenho que mostrar algum bom-humor pra equilibrar! — Levou a mão esquerda sob o queixo. — Acompanhar vocês até aqui foi deveras prazeroso! E, garanto, essas palavras são totalmente sinceras.

Em uma conversa como aquela, falar sozinha seria o suficiente para a Sorteadora.

As gêmeas quase boquiabriam diante da antecipação que ela demonstrou aos seus pensamentos, o que mostrava, por si só, a utopia que buscavam.

Ter sua melhor arma, a mente, dominada, já era indicativo de que tinham perdido a batalha sem ela ter ao menos sido iniciada.

Em aceitação àquilo a ateniense cerrou o punho livre com vigor, no esforço de se controlar.

Com o emocional prestes a desabar, deixou as palavras escaparem dos lábios próximos:

— Chegamos aqui pois fomos ordenadas a interrompermos os Imperadores das Trevas de alterarem o Destino dos deuses.

— Sim! Vocês falaram! — Assentiu, sorridente.

— O Rei dos Deuses nos indicou a possibilidade de haver o benefício das senhoritas para com este grupo.

— É, ele disse isso mesmo. — Levantou os olhos, pensativa. — Esse Zeuzinho... Não sabia que ele seria tão complexado também.

— Por fim... Afirmastes que desconhecia sobre tal determinação. — Chloe estendeu a mão esquerda ao alto. — Portanto, aqui vai minha indagação? Até onde vosso controle se estende sobre os Destinos?

Os lábios curvados para o alto de escancararam ainda mais pelo rosto da moira.

Ela não hesitou em responder:

— Foi uma bela observação. É verdade que, embora todos pensem que posso controlar tudinho, eu só consigo ver aquilo que está ao meu alcance. — Juntou o polegar e o indicador, a envolverem o olho direito. — São inúmeros fios, sabe? Inúmeras vidas de inúmeros Destinos... É óbvio que eu não posso ver tudo ao mesmo tempo! Não é como se eu manipulasse toda a sua vida, do nascimento à morte. Sou uma entidade poderosa e absoluta, mas ainda não obtive onisciência!

O timbre risonho dela incomodava, e esse era o intuito. Mas as gêmeas buscaram ignorar esse mero detalhe a favor das informações valiosas.

— E se pensassem direitinho desde o princípio, o que imagino terem feito, iriam entender de antemão... — Abriu os braços, exalando sua austeridade. — Se desejássemos prejudicar de fato os Deuses Olímpicos, favorecendo os Imperadores das Trevas, teríamos feito há muito tempo. Entendem?

— Perfeitamente... — A purpúrea arriou as sobrancelhas. — É inegável.

Levada pela euforia das próprias palavras, a Moira da Sorte passou a flutuar ao redor das três jovens inertes enquanto prosseguia comentando:

— Eu sou conhecida por ter determinado diversos dos caminhos na trajetória da Grande Guerra, há mais de um século. Portanto, na concepção de deuses e titãs, houve um lado “favorecido” e outro “prejudicado”. Esse imaginário se estende até hoje, o que os faz acreditar que podemos literalmente fazer alguém vencer.

— Isto é...

Exato! — Apontou à lanceira ao a antecipar. — Nós nada mais fazemos do que criar, sortear e romper! Cloto tece o fio da vida, eu o meço e Átropos o corta. O ato interminável de tecer, medir e cortar não beneficia absolutamente ninguém em especial!

O silêncio perdurou, referente ao ânimo crescente na dissertação da moira.

Apesar de tudo, o brilho nos olhos das irmãs retornava. Era tudo muito intenso e isso fazia as descobertas serem mais incríveis do que o normal — que já era bem incrível por natureza.

— De fato, admito que às vezes sou levada a ajudar alguém aqui e acolá. Faz parte do jogo! — Rodopiou na flutuação, fazendo as barras do vestido espiralarem. — Mas ainda prefiro ver vocês próprios decidirem. Criar percalços nos caminhos através da Sorte é apenas uma maneira de fazê-los provar que são capazes de superar obstáculos. Pois, caso não forem...

Fez um movimento com os dedos indicador e médio, simulando uma tesoura cortando algo.

Encantadas com os detalhes referidos pela moira, as filhas de Atena relaxaram a tensão sobre os ombros.

Irene, por outro lado, ainda carregava certo receio por tamanha demonstração de influência.

Estava sedenta para perguntar sobre o que tinha ido buscar com elas, mas o ambiente a fazia se acuar consigo mesma.

Até que, de súbito, o clima mudou...

— Bom, agora que entreguei o bastante... Gostaria que fizessem em troca. — A mudança no tom da mulher, agora puxado a um teor de malevolência, retumbou nas garotas. — Já que chegaram até aqui, tão longe, com certo propósito... que tal me mostrarem?

— Perdão?... — Chloe levantou o rosto.

Só então percebeu que a moira flutuava sobre as três.

— Me mostrem como seria a concepção desse caminho... — Afunilou as vistas turquesas. — Vou bancar a vilã e brincar com vocês um pouquinho. Venham com tudo!

Voltou a abrir os braços, agora em um convite de recepção com o peito aberto.

Quando tudo parecia caminhar a um fim tranquilo...

Sabiam que seria inútil. Estavam muito bem cientes de que jamais conseguiriam vencer, quiçá causar algum arranhão naquela mulher.

Mesmo assim, um ímpeto inédito surgiu no coração das atenienses, levadas àquele desafio pela anfitriã.

Descobriram, tardiamente, que também desejavam testá-la; ou melhor, testar a si mesmas e a toda uma geração.

A chance inédita e talvez única de enfrentarem um ser que beirava o inalcançável, a divindade suprema daquela época...

Mas antes tarde do que nunca.

— Vamos... Julie — mussitou a purpúrea, ao ficar em guarda com sua lança.

“Resposta: Como quiser, minha irmã”, a alva puxou a primeira flecha da aljava, a posicionando na corda do arco.

— Vocês... vão mesmo...? — Única a recuar, a pálida apertou o cajado de madeira e flores contra o torso.

O mais inusitado dos caminhos tinha sido estabelecido.

Agora, era o momento para começar a pintá-lo.

Ansiosa para ter aquela experiência em primeira mão, Láquesis abriu o sorriso de orelha a orelha.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de Epopeia do Fim, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história! 

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