Emissários da Magia Brasileira

Autor(a): Gabriel Gonçalves


Volume 1

Capítulo 24: Uma Nova Ameaça

Um dos caçadores que tentou atacar Luther caiu no chão gritando de dor pelos dedos que haviam sido cortados pela lâmina de Jasmim, a emissária chutou o rosto dele para nocauteá-lo e evitar que ele causasse mais problemas. Um dos policiais correu em direção de Poltergeist para atirar em sua cabeça enquanto ele estava ocupado com Luther, mas o caçador notou a aproximação inimiga e se desvencilhando de Luther ele desliza no chão desviando do disparo e cortando a perna esquerda do policial.

Se afastando de Dídac, Jasmim empurrou o policial com o sopro de vento, antes que fosse decapitado por Poltergeist. 

“Ela está me subestimando?”, pensou Dídac.

O caçador, mesmo com diversos ferimentos no corpo, investiu contra a emissária, a atacando sem se poupar, mas Jasmim estava acompanhando o seu ritmo sem dar aberturas.

“Não posso desistir, preciso provar meu valor para o senhor Poltergeist, tenho que matar essa emissária nem que seja a última coisa que eu faça”, pensou Dídac.

Dídac não era o único que estava pensando daquela forma, o mesmo se passava pela mente de Nikolas que enfrentava Lia com grande dificuldade. Os movimentos fluidos da lança da emissária eram aparados pelo caçador a instantes de causar um ferimento grave, mas ele já estava sangrando demais e sabia que em breve não conseguiria se manter mais de pé.

“Esses emissários são melhores do que eu imaginava, mas eu não posso morrer agora, tenho que continuar pelos meus companheiros que caíram!", pensou Nikolas se afastando de Lia e cotovelando o ferimento em sua costela para a dor servir de combustível.

— Arte Elemental: Sopro de vento! — disse Lia usando a conjuração de forma direcionada para derrubar seu oponente.

— Não, não, não! — disse Nikolas em desespero ao cair e derrubar a sua arma.

Para conseguir impedir a lâmina da ponta da lança de atingi-lo, ele precisou a segurar com as suas duas mãos, rangendo os dentes enquanto sua carne era cortada pela lâmina e suas luvas ficavam manchadas de sangue.

— Você lutou bem, caçador, mas não posso mais perder tempo com você — falou Lia colocando ainda mais peso em sua lança.

— Eu ainda não acabei! — falou Nikolas resistindo com todas as suas forças.

Enquanto isso, Dídac bloqueou o ataque de Jasmim, que revezava seu olhar entre ele e Luther que lutava contra Poltergeist. 

“Precisamos acabar logo com isso, desde que senti aquela energia mágica, eu estou com pressentimento ruim”, pensou Jasmim.

— Acha que pode me vencer com a sua atenção dividida?! Não me subestime! — falou Dídac furioso.

O caçador se abaixando conseguiu se livrar da espada de Jasmim e a atingiu na coxa. A emissária se xingou pela sua falta de cuidado e mesmo com a dor, ela aproveitou a abertura do caçador para o acertar com um chute no rosto que o derrubou. 

Descontando um pouco de sua dor no caçador, ela usou os passos de vento para pegar a espada dele no chão e a cravou na coxa de Dídac para que ele não conseguisse se levantar mais.

Se contorcendo, Dídac segurava sua perna grunhindo de dor enquanto a kitsune ia para o seu próximo alvo.

“Droga, isso é tudo que consigo fazer. Eu sou um fracassado!”, pensou Dídac frustrado com a sua falha enquanto tentava desesperadamente suportar a dor que sentia.

Correndo na direção de Poltergeist acompanhada de Lia, Jasmim disse com seu olho fixos no oponente:

— Luther!

— Entendido! — disse Luther.

Sem nem ao menos olhar para suas companheiras, ele se retirou do caminho para que as duas conseguissem atacar Poltergeist que mesmo se defendendo levou alguns cortes.

— Isso aqui não vai ser como da última vez, Poltergeist — disse Jasmim controlando a respiração.

Poltergeist se movimentava com cautela, mantendo seus olhos atentos nos emissários, calculando em sua mente como deveria seguir com a luta.

— Vocês três parecem bem cansados, devem ter sido dias longos para vocês desde que chegaram aqui. Não conseguem nem perceber que mesmo que estejam lutando bem, nem todos os seus aliados estão — disse Poltergeist.

Com os emissários ocupados com o líder dos caçadores, a comandante Carla fazia seu melhor junto dos demais policiais para proteger os voluntários que estavam sendo abatidos pelos caçadores. Infelizmente os cidadãos que ainda eram elfos orgulhosos de suas raízes, não eram tão habilidosos em combate quanto um dia foram, por conta disso as suas armas não estavam sendo o bastante para protegê-los dos caçadores.

Para a comandante da polícia estava claro que se quanto mais aquela batalha se estendesse, melhor seria para os caçadores que tinham uma maior resistência.

As palavras de Poltergeist fizeram com os emissários se dessem conta de seus arredores. A antes bela estrada para a entrada de Port Strong se encontrava manchada por sangue e os emissários seguraram suas armas com ainda mais força, sentindo o peso da responsabilidade que tinham em acabar com o líder dos caçadores que sorria mesmo ferido e suado.

No entanto, antes mesmo que os emissários pudessem ser tocados pela culpa, o grito da comandante roubou a atenção deles:

— Continuem avançando, vamos nos tornar o pesadelo desses caçadores, continuaremos fortes até o fim! Pela nossa terra, pelas nossas famílias, pela nossa cidade! — disse a comandante Carla usando toda a força de sua voz.

Em resposta a fala da comandante, a força de defesa gritou, cada um com suas próprias motivações, mas todos unidos pela mesma vontade de manter Port Strong segura. 

Mas a motivação não durou muito tempo, pois todos sentiram mais uma vez uma forte energia mágica vindo de dentro da cidade. As pessoas comuns não conseguiam distinguir, mas os emissários e os caçadores perceberam que se tratavam de duas fontes diferentes.

Uma das fontes emanava uma energia densa que haviam sentido antes, mas outra, além de transmitir uma grande força, passava a sensação de estarem diante de uma criatura mágica prestes a devorá-los.

Os emissários se encaram desesperados suspeitando que uma das fontes era Castiel, pois era uma sensação semelhante ao que sentiram na primeira vez que Castiel usou sua mágica para proteger Jasmim, mas desta estava bem mais intensa do que antes. 

Até mesmo Poltergeist segurou firme o cabo de suas espadas, receoso.

“Droga, uma força desse tamanho deve estar vindo da Emissária de Sangue e do draconiano. Isami e Ash devem estar com problemas! Será que ainda vale a pena continuar com o plano de distrair os emissários?”, pensou o caçador.

Jasmim com sua mão trêmula encarou Luther, cheia de preocupações com o que poderia estar acontecendo na cidade e isso só piorou quando escutou um estrondo seguido de grunhido que paralisou por um segundo todos no campo de batalha.

— Luther… — disse Jasmim

— Temos que voltar para a cidade imediatamente! — disse Luther.

Lia, pressentindo que algo ruim estava prestes a acontecer, se virou rápido, assustando Luther.

Arte Elemental: Escudo de Vento! — disse Lia às pressas.

O escudo de Lia protegeu Luther da foice de Isami que surgiu em meio aos caçadores cheio de ferimentos, mas por fazer a conjuração muito rápido, o escudo quebrou após o primeiro golpe de Isami. Luther levantou sua espada o mais rápido possível para se defender, por um instante o emissário chegou a ver o caçador ceifar a sua vida.

Tirando proveito da distração de Isami, Dídac que havia tomado algumas pílulas fortes para aguentar a dor, removeu a espada de sua perna e a lançou na direção de Lia. Jasmim correu para protegê-la, mas Poltergeist a atacou. A emissária conseguiu desviar do caçador, mas caiu no chão por perder o equilíbrio.

Lia, preocupada com Jasmim, se distraiu por um instante, mas aquilo foi o suficiente para que ela ser atingida na barriga por uma adaga de Dídac.

— Eu… me recuso a ser um inútil aqui — disse Dídac se esforçando para manter a consciência.

Com a lâmina de Isami próxima de acertar seu olho, Luther usava toda a sua força para segurar sua espada e manter o caçador longe com a sensação de morte aumentando a cada segundo.

Porém, chegando tão rápido quanto uma ventania, uma mulher de cabelos brancos atacou Poltergeist com sua katana, mesmo bloqueando o golpe, o caçador foi lançado para trás com a força do impacto e Isami percebendo que a recém-chegada era perigosa lançou uma bomba de fumaça no chão.

Levando seu mestre para longe dos emissários, Isami disse:

— Eles provavelmente vão destruir a cidade lutando, precisávamos de mais pessoas para abater aquelas aberrações, eu falhei senhor…

— Onde está a Ash? — disse Poltergeist.

Isami ficou em silêncio, por um instante Poltergeist considerou entrar em Port Strong para ir atrás dela, mas ao ouvir mais estrondos vindo de dentro da cidade seguidos de mais grunhidos, ele gritou com raiva:

— Caçadores, recuar!

Escutando as ordens de seu líder, os demais caçadores seguiram o mesmo procedimento de Isami, usando bombas de fumaça para conseguirem fugir em segurança enquanto repetiam as ordens para os seus companheiros e levavam alguns que estavam feridos demais para fugirem sozinhos.

— Não deixem que eles escapem! — disse a comandante Carla mesmo ciente de que a fumaça dificultaria a tarefa.

Arte Elemental: Sopro de vento! — disse a emissária recém-chegada controlando o fluxo do vento para apenas dissipar a fumaça em suas proximidades.

— Sira! — disse Jasmim.

— Olá, Jasmim. Já faz um bom tempo, não é? — disse Sira a sua expressão séria.

Usando seu hanfu real com as cores azul e branco e com brasão de seu Clã nas costas, a princesa do Clã de Vento mantinha seu olhar fixo para o interior da cidade. Ao lado da princesa se aproximaram dois homens vestindo o hanfu e a armadura prateada das tropas do clã de vento. Os dois eram seus guarda-costas pessoais: Alastar e Sho.

Os três eram jovens como o grupo de Luther, mas tinham uma presença que faria qualquer ter certeza de que estavam diante de figuras importantes, principalmente a princesa transmitia a aura de alguém de seu título.

Jasmim, vendo de longe que Poltergeist estava partindo, se virou para Sira e disse:

— Não podemos deixar ele escapar!

— Esqueça aquele desertor! Temos um problema muito maior dentro dessa cidade! — disse Sira sacando sua segunda katana.

— Podemos nos dividir em dois grupos para auxiliar a polícia que está perseguindo os caçadores! — disse Lia.

— Você não está sentindo essa energia mágica ou barulho vindo de lá?! Isso é muito mais urgente! Quero todos comigo!

Luther encarou a princesa estranhando a rispidez dela, após tanto tempo ser ver seus amigos, mas considerando as circunstâncias que estavam, ele decidiu apenas ignorar.

— Lia vá com a policial, eu e a Jasmim…

— Não, não podemos perder mais tempo! Me sigam! Isso é uma ordem! — disse Sira interrompendo Luther.

Novamente decidindo ignorar a forma com que a princesa falava com ele, Luther olhou para Jasmim e Lia, que compartilhavam da mesma preocupação dele: Sira não tinha ainda ideia alguma sobre Castiel.

No entanto, Alastar e Sho perceberam haver alguma coisa errada e se aproximando de Jasmim, Alastar disse:

— Jas, se tem algo que você quer nos contar, precisa se agora! Não podemos mais perder tempo aqui!

A comandante Carla parou perto dos emissários e percebendo o olhar de Sira para o interior da cidade, ela disse:

— Querem que eu mande alguns dos meus homens com vocês para averiguar o que está acontecendo?

— Não será necessário comandante, é muito perigoso. Foquem em capturar o máximo de caçadores que puder. Se mantenham fora da cidade até os estrondos acabarem, é pela segurança de vocês — disse Luther.

— Entendido. Continuem avançando, vamos pegar esses desgraçados! — disse a comandante, voltando a acompanhar seus homens para dentro da floresta.

Jasmim suspirou receosa com o que falaria, mas recebendo a aprovação de Lia, ela disse:

— Tudo bem, vamos logo! Tem algo que eu preciso contar para vocês, mas eu explico no caminho!

Sira fitou Jasmim, desconfiada com o que estava por vir, e o grupo correu para o interior da cidade para dar um fim ao que quer que estivesse acontecendo por lá. Simultaneamente, Luther, Lia e Jasmim suplicavam aos deuses para que Castiel estivesse bem, assim como Kira e Jinn.



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